Ampliação dos Brics: Entenda qual pode ser o impacto para a economia brasileira


Analistas dizem que reflexo não deve ser grande e imediato; movimento é visto como geopolítico para contrapor a China aos Estados Unidos e à União Europeia

Por Luiz Guilherme Gerbelli
Atualização:

A ampliação do número de integrantes do grupo dos Brics não deve resultar num impacto grande e imediato para a economia brasileira, avaliam analistas consultados pelo Estadão. O movimento, dizem, pode representar o fortalecimento desses países nos organismos multilaterais no médio e longo prazo e tem mais a ver com um movimento geopolítico para contrapor a China aos Estados Unidos e à União Europeia.

Nesta quinta-feira, 24, a Cúpula do Brics - grupo composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - decidiu convidar formalmente Arábia Saudita, Argentina, Emirados Árabes Unidos, Egito, Irã e Etiópia para se tornarem novos membros a partir de 1º de janeiro de 2024.

Cúpula dos Brics decidiu convidar formalmente novos países  Foto: Gianluigi Guercia/Pool via AP
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“O organismo do Brics entre si não tem acordo de comércio. Os acordos são de caráter bilateral. E em termos concretos, o comércio com esses países que entraram é bem restrito”, afirma Lia Valls Pereira, pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). “O que eles podem formar é uma possível frente para ter mais voz nos organismos multilaterais.”

Entre janeiro e julho deste ano, por exemplo, a Índia foi o 13º país que mais comprou produtos do Brasil. As exportações somaram US$ 2,6 bilhões e representaram 1,34% do total. Para a Arábia, as vendas foram de US$ 1,8 bilhão - o equivalente a 1% do comercializado nos primeiros sete meses do ano.

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Os Brics realizaram a sua primeira cúpula - inicialmente sem a África do Sul - em 2009. A expressão foi criada por Jim O’Neill, ex-economista do banco Goldman Sachs, em 2001. Inicialmente, na discussão para a aumentar o bloco, o Brasil foi o mais reticente para aceitar a inclusão de novos integrantes. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que a ampliação deveria levar em conta a busca por mais representatividade nas instituições globais.

“A China está pilotando tudo isso. Nada do que está acontecendo é sem querer”, afirma José Augusto de Castro, presidente-executivo da Associação de Comércio Exterior (AEB). “É um novo mundo geopolítico que está se ajustando. São países satélites que vão ficar ao redor da China, teoricamente, dando apoio.”

“Se houver um impacto econômico, ele será pequeno porque o Brasil é um exportador de commodities. Em geral, é uma colheita por ano. Não é como aumentar a produção industrial com a possibilidade de criar um turno a mais (na fábrica)”, acrescenta Castro.

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Xadrez complicado

A indicação de que os países do Brics podem ser um contraponto aos Estados Unidos e à União Europeia também pode colocar o Brasil num cenário delicado.

“Com essas inclusões, a característica geopolítica (do Brics) foi reforçada no sentido de ter países com alinhamentos mais próximos da Rússia e da China”, afirma Silvio Campos Neto, economista e sócio da consultoria Tendências. “Nesse momento, a parte econômica me parece secundária. Ao longo desses ano, não houve uma iniciativa muito profunda do ponto de vista de laços comerciais e grandes acordos.”

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Um dos debates do grupo é a adoção de uma moeda para substituir o dólar nas trocas comerciais entre os países membros do bloco. “Tem de ver como o Brasil vai navegar nesse mar complicado. No fundo, um alinhamento muito pleno às ambições da China pode gerar uma certo contraponto aos Estados Unidos e à Europa Ocidental”, afirma Campos Neto.

Neste mês, uma reportagem do Financial Times afirmou que Jim O’Neill classificou como “ridícula” a ideia de que o grupo possa desenvolver sua própria moeda.

A ampliação do número de integrantes do grupo dos Brics não deve resultar num impacto grande e imediato para a economia brasileira, avaliam analistas consultados pelo Estadão. O movimento, dizem, pode representar o fortalecimento desses países nos organismos multilaterais no médio e longo prazo e tem mais a ver com um movimento geopolítico para contrapor a China aos Estados Unidos e à União Europeia.

Nesta quinta-feira, 24, a Cúpula do Brics - grupo composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - decidiu convidar formalmente Arábia Saudita, Argentina, Emirados Árabes Unidos, Egito, Irã e Etiópia para se tornarem novos membros a partir de 1º de janeiro de 2024.

Cúpula dos Brics decidiu convidar formalmente novos países  Foto: Gianluigi Guercia/Pool via AP

“O organismo do Brics entre si não tem acordo de comércio. Os acordos são de caráter bilateral. E em termos concretos, o comércio com esses países que entraram é bem restrito”, afirma Lia Valls Pereira, pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). “O que eles podem formar é uma possível frente para ter mais voz nos organismos multilaterais.”

Entre janeiro e julho deste ano, por exemplo, a Índia foi o 13º país que mais comprou produtos do Brasil. As exportações somaram US$ 2,6 bilhões e representaram 1,34% do total. Para a Arábia, as vendas foram de US$ 1,8 bilhão - o equivalente a 1% do comercializado nos primeiros sete meses do ano.

Os Brics realizaram a sua primeira cúpula - inicialmente sem a África do Sul - em 2009. A expressão foi criada por Jim O’Neill, ex-economista do banco Goldman Sachs, em 2001. Inicialmente, na discussão para a aumentar o bloco, o Brasil foi o mais reticente para aceitar a inclusão de novos integrantes. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que a ampliação deveria levar em conta a busca por mais representatividade nas instituições globais.

“A China está pilotando tudo isso. Nada do que está acontecendo é sem querer”, afirma José Augusto de Castro, presidente-executivo da Associação de Comércio Exterior (AEB). “É um novo mundo geopolítico que está se ajustando. São países satélites que vão ficar ao redor da China, teoricamente, dando apoio.”

“Se houver um impacto econômico, ele será pequeno porque o Brasil é um exportador de commodities. Em geral, é uma colheita por ano. Não é como aumentar a produção industrial com a possibilidade de criar um turno a mais (na fábrica)”, acrescenta Castro.

Xadrez complicado

A indicação de que os países do Brics podem ser um contraponto aos Estados Unidos e à União Europeia também pode colocar o Brasil num cenário delicado.

“Com essas inclusões, a característica geopolítica (do Brics) foi reforçada no sentido de ter países com alinhamentos mais próximos da Rússia e da China”, afirma Silvio Campos Neto, economista e sócio da consultoria Tendências. “Nesse momento, a parte econômica me parece secundária. Ao longo desses ano, não houve uma iniciativa muito profunda do ponto de vista de laços comerciais e grandes acordos.”

Um dos debates do grupo é a adoção de uma moeda para substituir o dólar nas trocas comerciais entre os países membros do bloco. “Tem de ver como o Brasil vai navegar nesse mar complicado. No fundo, um alinhamento muito pleno às ambições da China pode gerar uma certo contraponto aos Estados Unidos e à Europa Ocidental”, afirma Campos Neto.

Neste mês, uma reportagem do Financial Times afirmou que Jim O’Neill classificou como “ridícula” a ideia de que o grupo possa desenvolver sua própria moeda.

A ampliação do número de integrantes do grupo dos Brics não deve resultar num impacto grande e imediato para a economia brasileira, avaliam analistas consultados pelo Estadão. O movimento, dizem, pode representar o fortalecimento desses países nos organismos multilaterais no médio e longo prazo e tem mais a ver com um movimento geopolítico para contrapor a China aos Estados Unidos e à União Europeia.

Nesta quinta-feira, 24, a Cúpula do Brics - grupo composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - decidiu convidar formalmente Arábia Saudita, Argentina, Emirados Árabes Unidos, Egito, Irã e Etiópia para se tornarem novos membros a partir de 1º de janeiro de 2024.

Cúpula dos Brics decidiu convidar formalmente novos países  Foto: Gianluigi Guercia/Pool via AP

“O organismo do Brics entre si não tem acordo de comércio. Os acordos são de caráter bilateral. E em termos concretos, o comércio com esses países que entraram é bem restrito”, afirma Lia Valls Pereira, pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). “O que eles podem formar é uma possível frente para ter mais voz nos organismos multilaterais.”

Entre janeiro e julho deste ano, por exemplo, a Índia foi o 13º país que mais comprou produtos do Brasil. As exportações somaram US$ 2,6 bilhões e representaram 1,34% do total. Para a Arábia, as vendas foram de US$ 1,8 bilhão - o equivalente a 1% do comercializado nos primeiros sete meses do ano.

Os Brics realizaram a sua primeira cúpula - inicialmente sem a África do Sul - em 2009. A expressão foi criada por Jim O’Neill, ex-economista do banco Goldman Sachs, em 2001. Inicialmente, na discussão para a aumentar o bloco, o Brasil foi o mais reticente para aceitar a inclusão de novos integrantes. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que a ampliação deveria levar em conta a busca por mais representatividade nas instituições globais.

“A China está pilotando tudo isso. Nada do que está acontecendo é sem querer”, afirma José Augusto de Castro, presidente-executivo da Associação de Comércio Exterior (AEB). “É um novo mundo geopolítico que está se ajustando. São países satélites que vão ficar ao redor da China, teoricamente, dando apoio.”

“Se houver um impacto econômico, ele será pequeno porque o Brasil é um exportador de commodities. Em geral, é uma colheita por ano. Não é como aumentar a produção industrial com a possibilidade de criar um turno a mais (na fábrica)”, acrescenta Castro.

Xadrez complicado

A indicação de que os países do Brics podem ser um contraponto aos Estados Unidos e à União Europeia também pode colocar o Brasil num cenário delicado.

“Com essas inclusões, a característica geopolítica (do Brics) foi reforçada no sentido de ter países com alinhamentos mais próximos da Rússia e da China”, afirma Silvio Campos Neto, economista e sócio da consultoria Tendências. “Nesse momento, a parte econômica me parece secundária. Ao longo desses ano, não houve uma iniciativa muito profunda do ponto de vista de laços comerciais e grandes acordos.”

Um dos debates do grupo é a adoção de uma moeda para substituir o dólar nas trocas comerciais entre os países membros do bloco. “Tem de ver como o Brasil vai navegar nesse mar complicado. No fundo, um alinhamento muito pleno às ambições da China pode gerar uma certo contraponto aos Estados Unidos e à Europa Ocidental”, afirma Campos Neto.

Neste mês, uma reportagem do Financial Times afirmou que Jim O’Neill classificou como “ridícula” a ideia de que o grupo possa desenvolver sua própria moeda.

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