BRASÍLIA - O mercado de trabalho formal registrou um saldo positivo de 218,9 mil empregos com carteira assinada em julho, de acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados nesta segunda-feira, 29, pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social. Especialistas veem uma desaceleração na oferta de vagas com carteira assinada, principalmente no setor de serviços.
O resultado do mês passado decorreu de 1.886.537 de admissões e de 1.667.635 de demissões. Em julho de 2021, houve abertura de 306.477 vagas com carteira assinada. O resultado representa piora em relação a junho do ano passado, quando foram criados 306,5 mil empregos formais.
O mercado financeiro já esperava um novo avanço no emprego no mês, segundo estimativas coletadas pelo Estadão/Broadcast. Mas o saldo veio abaixo da maioria das previsões, calculada em 250 mil postos de trabalho.
Com ajuste sazonal, ou seja, ponderações feitas para comparar períodos diferentes, as contratações registradas pelo Caged recuaram 1,5% na margem. As demissões, em contrapartida, cresceram 1,9% em julho, também dessazonalizadas. “Eu leio como um número positivo, mas consigo ver uma certa perda de ímpeto”, afirma o economista do Banco Original Eduardo Vilarim.
No acumulado dos sete primeiros meses de 2022, o saldo do Caged já é positivo em 1.560.896 milhões de vagas. No mesmo período do ano passado, houve criação líquida de 1.785.489 postos formais.
Após a divulgação, Vilarim aumentou de 1,50 milhão para 1,60 milhão a projeção de criação total de vagas formais em 2022. ”Se você contar mais ou menos a sazonalidade do ano, em dezembro podem e devem ser desligadas mais ou menos 450 mil pessoas. Teria de ter um número muito baixo de criação nos meses até lá [para fechar em 1,50 milhão de vagas], de menos de 100 mil por mês”.
O Caged trata apenas do mercado formal, com carteira. Já o mercado de trabalho brasileiro é formado, na sua maior parte, pelo trabalho informal - daí a diferença com os números do IBGE.
“Desde janeiro de 2014, quando se iniciou uma crise econômica relevante no País, o saldo entre novos contratados e desligados é positivo em 2,8 milhões”, analisou o economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito. “Provavelmente devemos ver uma acomodação na criação de vagas, afinal, ela avançou bastante ao longo dos últimos meses”, completa.
Setores
Novamente, o setor de serviços foi o que puxou a geração de vagas com carteira assinada, com a criação de 81.873 postos formais, seguido pela indústria geral, que abriu 50.503 vagas.
Para o economista da GO Associado Lucas Godoi, a desaceleração na geração de vagas de serviços é o principal destaque do resultado. “Essa desaceleração, de certa forma, era previsível, tanto pelo aumento dos juros quanto pelo setor já ter recuperado um pouco o tempo perdido nos últimos dois anos”.
Já o comércio gerou 38.574 vagas em julho, enquanto houve um saldo de 32.082 na construção civil. Na agropecuária foram abertas 15.870 vagas no mês.
Para Godoi, a tendência nas próximas divulgações é de continuidade dessa desaceleração. “Não que vá passar muito disso, os serviços já contratam bastante em 2022, o setor tem um saldo positivo no ano que ultrapassa 870 mil vagas”, afirma o economista. “Nos próximos meses, temos uma questão de aumento de juros bem forte pegando, que deve afetar tanto comércio quanto serviços, gerando saldos menores no global.”
No sétimo mês do ano, todas as 27 Unidades da Federação obtiveram resultado positivo no Caged. O melhor desempenho foi novamente registrado em São Paulo, com a abertura de 67.009 postos de trabalho. Já o menor saldo foi o do Espírito Santo, que registrou a criação de 27 vagas em julho.
O salário médio de admissão nos empregos com carteira assinada chegou a R$ 1.926,54 em julho. Comparado ao mês anterior, houve acréscimo real de R$ 15,31. / COM BROADCAST