BC não seguir critérios técnicos é pior para o governo, como visto na Turquia, diz Megale, da XP


Para economista, Copom deixou claro que pode subir a Selic, mas é provável que taxa em 10,5%, que já é muito alta, seja suficiente para controlar a inflação

Por Francisco Carlos de Assis
Foto: Tiago Queiroz/Estadão
Entrevista comCaio MegaleEconomista-chefe da XP Investimentos

O comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) ao final da reunião de quarta-feira, 31, foi duro e deixou claro que o Banco Central pode aumentar os juros, se as condições econômicas continuarem piorando, na avaliação do economista-chefe da XP Investimentos, Caio Megale. Não é este, no entanto, o cenário base dele. Na XP, a expectativa é a de que a Selic permanecerá em 10,50% até o fim do ano que vem.

Um fator-chave para esse cenário é a confirmação do corte de juros pelo Federal Reserve este ano. Contudo, há um risco de essa redução não ser tão intensa ao longo do ciclo, por causa da campanha eleitoral polarizada e da eventual escalada na guerra no Oriente Médio, que pode fazer os EUA intensificarem sua participação no conflito e penalizar ainda mais a situação fiscal do país. Por essas razões é que o câmbio no Brasil não consegue ter alívio mesmo após o sinal de corte do Fed dado esta semana, segundo o economista. A seguir, os principais trechos da entrevista:

O Copom, em termos de taxa, fez aquilo que todo mundo esperava. Mas, e o comunicado?

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Achei que veio mais duro, porque as condições da inflação pioraram. As expectativas subiram e, no balanço de riscos, tem mais fatores para subir do que para cair. Então, naturalmente, por causa dessas projeções, ele tinha de ser mais duro do que foi na reunião passada. Colocou mais tinta na ideia de que há de se ter mais vigilância.

Requerer mais vigilância quer dizer exatamente o quê?

Que se as condições econômicas continuarem piorando, o BC vai mudar sua estratégia podendo vir a subir a taxa de juro. Foi assim que eu li a mensagem do comunicado. Então, neste sentido, foi uma mensagem dura dizendo que se precisar subir, ele vai subir.

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Muita gente, apesar de não ter colocado isso no cenário base, já via ingredientes para, em algum momento, aumentar a Selic.

O Copom diz no comunicado que o mundo continua volátil, que a projeção de inflação dele para o primeiro trimestre de 2026, com a taxa de juro constante, fica perto da meta, em 3,2%, e que as condições atuais não demandam ainda uma alta do juro, mas que o filme está piorando. Ou seja, se as expectativas de inflação piorarem e a taxa de câmbio se cristalizar no nível atual, ele vai atuar.

O Fed já deu os sinais claros na quarta-feira de que pode cortar o juro americano. Por que isso não levou a uma valorização do real?

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Essa sinalização do Fed deveria mesmo ter provocado uma valorização das moedas emergentes, se não de imediato, mas, no mínimo, conforme esse cenário foi se consolidando. Isso não aconteceu. É que a força do Fed para ajudar a trazer a nossa moeda para baixo se mostrou uma força muito fraquinha, praticamente inócua. Aconteceu o cenário que a gente queria, mas isso não se refletiu no câmbio.

E por que isso está acontecendo?

Porque tem incertezas eleitorais nos EUA, tem a guerra no Oriente Médio e tem o fator iene. Então, mesmo com o Fed sinalizando que vai cortar juros, não tem surtido efeito. Tanto que não é só o real que tem se desvalorizado. As outras moedas da América Latina, por exemplo, não se valorizaram.

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Os EUA deixaram de ser aquela variável que sozinha ditava os movimentos da economia mundial?

Até nos Estados Unidos a sensação é que, como o fiscal está muito ruim e a campanha eleitoral está polarizada, talvez o corte de juros não seja intenso. Na virada do semestre, a gente não sabia se o Fed ia cortar juro. Agora está claro que vai ter cortes, o que deveria ter levado à valorização das moedas emergentes e isso não tem aconteceu. Ou seja, a parte externa também está contribuindo para não ajudar, digamos assim.

Em que a guerra no Oriente Médio, que o sr. citou, impacta nisso tudo?

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Impacta política e economicamente. Como os Estados Unidos e a China reagirão se a guerra se intensificar? Se a guerra se intensificar, dificilmente o ajuste fiscal que deveria ser feito nos EUA e na Europa será feito. Tempo de guerra é tempo de gasto. E tempo de guerra junto com a eleição é pior ainda. E, ainda que os Estados Unidos não estejam na guerra, eles têm um lado muito claro nestes conflitos todos. China-Taiwan, Israel-Irã, Ucrânia-Rússia, os Estados Unidos têm um lado claro.

Mas se o Fed cortar juros e aqui o BC aqui mantiver a Selic em 10,50%, o diferencial de juro sobe. Isso não ajuda o câmbio?

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Sem dúvida que ajuda na taxa de câmbio. A questão é que essa queda de juro nos EUA meio que já estava na conta. Mas concordo com você de que vai nessa direção. Tanto que nossa projeção de câmbio é de R$ 5,40. Acho que vai ajudar a acalmar um pouco o câmbio aqui, talvez até aliviar um pouco as pressões de inflação.

Vocês na XP trabalham com a Selic em 10,50% até quando?

Até o final do ano que vem. Acho que é difícil um cenário de juros parado por tanto tempo, mas não está claro se há necessidade de subir os juros por enquanto. Se as condições continuarem se deteriorando, talvez o BC tenha de tomar uma decisão. Mas é possível que, nas próximas semanas, a gente tenha alguma acomodação e a Selic de 10,50%, que é uma taxa já bem alta, seja suficiente.

Quando prevê uma Selic em 10,50% até fim do ano que vem o sr. está dizendo que não teme uma mudança de rumo na política monetária pós-Campos Neto?

Não há, pelo menos por enquanto, nenhum sinal forte ou claro de que as decisões do BC estão sendo influenciadas por decisões políticas. Eu tenho convicção - e aí não é só para este governo e nem só no Brasil - de que todo governo quer juros mais baixos. O BC vinha cortando juros e o governo estava satisfeito com isso. Tomou a decisão de desacelerar o ritmo, de parar de cortar e agora pode subir a taxa de juros. E as coisas estão acontecendo. Se há seis meses alguém falasse que o BC ia parar de cortar juros, haveria um motim em Brasília. O desgaste para um governo de um BC não seguir critérios técnicos é maior, como aconteceu na Turquia (em 2021, em meio a um aumento da inflação, o presidente turco, Recep Erdogan, resolveu subverter a cartilha clássica e determinou ao BC do país que baixasse os juros, em vez de subir. A taxa caiu de 19% para 8,5%. O resultado foi que a inflação disparou e o país convive agora com juros na casa dos 50%).

O comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) ao final da reunião de quarta-feira, 31, foi duro e deixou claro que o Banco Central pode aumentar os juros, se as condições econômicas continuarem piorando, na avaliação do economista-chefe da XP Investimentos, Caio Megale. Não é este, no entanto, o cenário base dele. Na XP, a expectativa é a de que a Selic permanecerá em 10,50% até o fim do ano que vem.

Um fator-chave para esse cenário é a confirmação do corte de juros pelo Federal Reserve este ano. Contudo, há um risco de essa redução não ser tão intensa ao longo do ciclo, por causa da campanha eleitoral polarizada e da eventual escalada na guerra no Oriente Médio, que pode fazer os EUA intensificarem sua participação no conflito e penalizar ainda mais a situação fiscal do país. Por essas razões é que o câmbio no Brasil não consegue ter alívio mesmo após o sinal de corte do Fed dado esta semana, segundo o economista. A seguir, os principais trechos da entrevista:

O Copom, em termos de taxa, fez aquilo que todo mundo esperava. Mas, e o comunicado?

Achei que veio mais duro, porque as condições da inflação pioraram. As expectativas subiram e, no balanço de riscos, tem mais fatores para subir do que para cair. Então, naturalmente, por causa dessas projeções, ele tinha de ser mais duro do que foi na reunião passada. Colocou mais tinta na ideia de que há de se ter mais vigilância.

Requerer mais vigilância quer dizer exatamente o quê?

Que se as condições econômicas continuarem piorando, o BC vai mudar sua estratégia podendo vir a subir a taxa de juro. Foi assim que eu li a mensagem do comunicado. Então, neste sentido, foi uma mensagem dura dizendo que se precisar subir, ele vai subir.

Muita gente, apesar de não ter colocado isso no cenário base, já via ingredientes para, em algum momento, aumentar a Selic.

O Copom diz no comunicado que o mundo continua volátil, que a projeção de inflação dele para o primeiro trimestre de 2026, com a taxa de juro constante, fica perto da meta, em 3,2%, e que as condições atuais não demandam ainda uma alta do juro, mas que o filme está piorando. Ou seja, se as expectativas de inflação piorarem e a taxa de câmbio se cristalizar no nível atual, ele vai atuar.

O Fed já deu os sinais claros na quarta-feira de que pode cortar o juro americano. Por que isso não levou a uma valorização do real?

Essa sinalização do Fed deveria mesmo ter provocado uma valorização das moedas emergentes, se não de imediato, mas, no mínimo, conforme esse cenário foi se consolidando. Isso não aconteceu. É que a força do Fed para ajudar a trazer a nossa moeda para baixo se mostrou uma força muito fraquinha, praticamente inócua. Aconteceu o cenário que a gente queria, mas isso não se refletiu no câmbio.

E por que isso está acontecendo?

Porque tem incertezas eleitorais nos EUA, tem a guerra no Oriente Médio e tem o fator iene. Então, mesmo com o Fed sinalizando que vai cortar juros, não tem surtido efeito. Tanto que não é só o real que tem se desvalorizado. As outras moedas da América Latina, por exemplo, não se valorizaram.

Os EUA deixaram de ser aquela variável que sozinha ditava os movimentos da economia mundial?

Até nos Estados Unidos a sensação é que, como o fiscal está muito ruim e a campanha eleitoral está polarizada, talvez o corte de juros não seja intenso. Na virada do semestre, a gente não sabia se o Fed ia cortar juro. Agora está claro que vai ter cortes, o que deveria ter levado à valorização das moedas emergentes e isso não tem aconteceu. Ou seja, a parte externa também está contribuindo para não ajudar, digamos assim.

Em que a guerra no Oriente Médio, que o sr. citou, impacta nisso tudo?

Impacta política e economicamente. Como os Estados Unidos e a China reagirão se a guerra se intensificar? Se a guerra se intensificar, dificilmente o ajuste fiscal que deveria ser feito nos EUA e na Europa será feito. Tempo de guerra é tempo de gasto. E tempo de guerra junto com a eleição é pior ainda. E, ainda que os Estados Unidos não estejam na guerra, eles têm um lado muito claro nestes conflitos todos. China-Taiwan, Israel-Irã, Ucrânia-Rússia, os Estados Unidos têm um lado claro.

Mas se o Fed cortar juros e aqui o BC aqui mantiver a Selic em 10,50%, o diferencial de juro sobe. Isso não ajuda o câmbio?

Sem dúvida que ajuda na taxa de câmbio. A questão é que essa queda de juro nos EUA meio que já estava na conta. Mas concordo com você de que vai nessa direção. Tanto que nossa projeção de câmbio é de R$ 5,40. Acho que vai ajudar a acalmar um pouco o câmbio aqui, talvez até aliviar um pouco as pressões de inflação.

Vocês na XP trabalham com a Selic em 10,50% até quando?

Até o final do ano que vem. Acho que é difícil um cenário de juros parado por tanto tempo, mas não está claro se há necessidade de subir os juros por enquanto. Se as condições continuarem se deteriorando, talvez o BC tenha de tomar uma decisão. Mas é possível que, nas próximas semanas, a gente tenha alguma acomodação e a Selic de 10,50%, que é uma taxa já bem alta, seja suficiente.

Quando prevê uma Selic em 10,50% até fim do ano que vem o sr. está dizendo que não teme uma mudança de rumo na política monetária pós-Campos Neto?

Não há, pelo menos por enquanto, nenhum sinal forte ou claro de que as decisões do BC estão sendo influenciadas por decisões políticas. Eu tenho convicção - e aí não é só para este governo e nem só no Brasil - de que todo governo quer juros mais baixos. O BC vinha cortando juros e o governo estava satisfeito com isso. Tomou a decisão de desacelerar o ritmo, de parar de cortar e agora pode subir a taxa de juros. E as coisas estão acontecendo. Se há seis meses alguém falasse que o BC ia parar de cortar juros, haveria um motim em Brasília. O desgaste para um governo de um BC não seguir critérios técnicos é maior, como aconteceu na Turquia (em 2021, em meio a um aumento da inflação, o presidente turco, Recep Erdogan, resolveu subverter a cartilha clássica e determinou ao BC do país que baixasse os juros, em vez de subir. A taxa caiu de 19% para 8,5%. O resultado foi que a inflação disparou e o país convive agora com juros na casa dos 50%).

O comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) ao final da reunião de quarta-feira, 31, foi duro e deixou claro que o Banco Central pode aumentar os juros, se as condições econômicas continuarem piorando, na avaliação do economista-chefe da XP Investimentos, Caio Megale. Não é este, no entanto, o cenário base dele. Na XP, a expectativa é a de que a Selic permanecerá em 10,50% até o fim do ano que vem.

Um fator-chave para esse cenário é a confirmação do corte de juros pelo Federal Reserve este ano. Contudo, há um risco de essa redução não ser tão intensa ao longo do ciclo, por causa da campanha eleitoral polarizada e da eventual escalada na guerra no Oriente Médio, que pode fazer os EUA intensificarem sua participação no conflito e penalizar ainda mais a situação fiscal do país. Por essas razões é que o câmbio no Brasil não consegue ter alívio mesmo após o sinal de corte do Fed dado esta semana, segundo o economista. A seguir, os principais trechos da entrevista:

O Copom, em termos de taxa, fez aquilo que todo mundo esperava. Mas, e o comunicado?

Achei que veio mais duro, porque as condições da inflação pioraram. As expectativas subiram e, no balanço de riscos, tem mais fatores para subir do que para cair. Então, naturalmente, por causa dessas projeções, ele tinha de ser mais duro do que foi na reunião passada. Colocou mais tinta na ideia de que há de se ter mais vigilância.

Requerer mais vigilância quer dizer exatamente o quê?

Que se as condições econômicas continuarem piorando, o BC vai mudar sua estratégia podendo vir a subir a taxa de juro. Foi assim que eu li a mensagem do comunicado. Então, neste sentido, foi uma mensagem dura dizendo que se precisar subir, ele vai subir.

Muita gente, apesar de não ter colocado isso no cenário base, já via ingredientes para, em algum momento, aumentar a Selic.

O Copom diz no comunicado que o mundo continua volátil, que a projeção de inflação dele para o primeiro trimestre de 2026, com a taxa de juro constante, fica perto da meta, em 3,2%, e que as condições atuais não demandam ainda uma alta do juro, mas que o filme está piorando. Ou seja, se as expectativas de inflação piorarem e a taxa de câmbio se cristalizar no nível atual, ele vai atuar.

O Fed já deu os sinais claros na quarta-feira de que pode cortar o juro americano. Por que isso não levou a uma valorização do real?

Essa sinalização do Fed deveria mesmo ter provocado uma valorização das moedas emergentes, se não de imediato, mas, no mínimo, conforme esse cenário foi se consolidando. Isso não aconteceu. É que a força do Fed para ajudar a trazer a nossa moeda para baixo se mostrou uma força muito fraquinha, praticamente inócua. Aconteceu o cenário que a gente queria, mas isso não se refletiu no câmbio.

E por que isso está acontecendo?

Porque tem incertezas eleitorais nos EUA, tem a guerra no Oriente Médio e tem o fator iene. Então, mesmo com o Fed sinalizando que vai cortar juros, não tem surtido efeito. Tanto que não é só o real que tem se desvalorizado. As outras moedas da América Latina, por exemplo, não se valorizaram.

Os EUA deixaram de ser aquela variável que sozinha ditava os movimentos da economia mundial?

Até nos Estados Unidos a sensação é que, como o fiscal está muito ruim e a campanha eleitoral está polarizada, talvez o corte de juros não seja intenso. Na virada do semestre, a gente não sabia se o Fed ia cortar juro. Agora está claro que vai ter cortes, o que deveria ter levado à valorização das moedas emergentes e isso não tem aconteceu. Ou seja, a parte externa também está contribuindo para não ajudar, digamos assim.

Em que a guerra no Oriente Médio, que o sr. citou, impacta nisso tudo?

Impacta política e economicamente. Como os Estados Unidos e a China reagirão se a guerra se intensificar? Se a guerra se intensificar, dificilmente o ajuste fiscal que deveria ser feito nos EUA e na Europa será feito. Tempo de guerra é tempo de gasto. E tempo de guerra junto com a eleição é pior ainda. E, ainda que os Estados Unidos não estejam na guerra, eles têm um lado muito claro nestes conflitos todos. China-Taiwan, Israel-Irã, Ucrânia-Rússia, os Estados Unidos têm um lado claro.

Mas se o Fed cortar juros e aqui o BC aqui mantiver a Selic em 10,50%, o diferencial de juro sobe. Isso não ajuda o câmbio?

Sem dúvida que ajuda na taxa de câmbio. A questão é que essa queda de juro nos EUA meio que já estava na conta. Mas concordo com você de que vai nessa direção. Tanto que nossa projeção de câmbio é de R$ 5,40. Acho que vai ajudar a acalmar um pouco o câmbio aqui, talvez até aliviar um pouco as pressões de inflação.

Vocês na XP trabalham com a Selic em 10,50% até quando?

Até o final do ano que vem. Acho que é difícil um cenário de juros parado por tanto tempo, mas não está claro se há necessidade de subir os juros por enquanto. Se as condições continuarem se deteriorando, talvez o BC tenha de tomar uma decisão. Mas é possível que, nas próximas semanas, a gente tenha alguma acomodação e a Selic de 10,50%, que é uma taxa já bem alta, seja suficiente.

Quando prevê uma Selic em 10,50% até fim do ano que vem o sr. está dizendo que não teme uma mudança de rumo na política monetária pós-Campos Neto?

Não há, pelo menos por enquanto, nenhum sinal forte ou claro de que as decisões do BC estão sendo influenciadas por decisões políticas. Eu tenho convicção - e aí não é só para este governo e nem só no Brasil - de que todo governo quer juros mais baixos. O BC vinha cortando juros e o governo estava satisfeito com isso. Tomou a decisão de desacelerar o ritmo, de parar de cortar e agora pode subir a taxa de juros. E as coisas estão acontecendo. Se há seis meses alguém falasse que o BC ia parar de cortar juros, haveria um motim em Brasília. O desgaste para um governo de um BC não seguir critérios técnicos é maior, como aconteceu na Turquia (em 2021, em meio a um aumento da inflação, o presidente turco, Recep Erdogan, resolveu subverter a cartilha clássica e determinou ao BC do país que baixasse os juros, em vez de subir. A taxa caiu de 19% para 8,5%. O resultado foi que a inflação disparou e o país convive agora com juros na casa dos 50%).

Entrevista por Francisco Carlos de Assis

Francisco Carlos de Assis é repórter

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