Campos Neto: É ‘crucial’ que sucessor no BC saiba dizer ‘não’ para o presidente e o Congresso


Presidente do Banco Central defende que novo nome seja anunciado entre setembro e outubro; sobre participação no governo Tarcísio, em SP ou se eleito presidente, diz que tem grande admiração pelo trabalho dele, mas que quer sair da vida pública

Por Alvaro Gribel e Célia Froufe
Atualização:
Foto: GABRIELA BILO
Entrevista comRoberto Campos NetoPresidente do Banco Central

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em seus últimos meses à frente do cargo, mandou um recado para o seu sucessor. Para ele, o mais importante é que a nova pessoa a ocupar o posto saiba “dizer não”, seja para o Executivo, seja para o Legislativo. Em entrevista exclusiva para o Estadão/Broadcast, ele defendeu que a indicação seja feita entre os meses de setembro e outubro, para que haja tempo da sabatina pelo Senado, em meio às eleições municipais.

Veja abaixo trechos da entrevista.

O seu mandato está se aproximando do fim. Que recado deixaria para seu sucessor?

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A coisa mais importante, sentando na cadeira, é tentar olhar por cima, e não dentro do ruído. Há muitos ruídos de curto prazo: de economia, político. O mais importante é saber dizer não. Vão vir várias ideias e propostas que não são nem do interesse da sociedade e nem do Banco Central. Às vezes, é preciso dizer não para o Executivo. Às vezes, para o Legislativo. Que tenha a firmeza de dizer não, que tenha a capacidade de explicar a opinião e que passe transparência ao longo do tempo. Mas a capacidade de dizer não é crucial.

Que tenha a firmeza de dizer não, que tenha a capacidade de explicar a opinião e que passe transparência ao longo do tempo.

Roberto Campos Neto, presidente do BC

Quando o sr. entende que o novo nome para o Banco Central deve ser anunciado?

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Não sou eu que decido. Mas a pessoa tem de se preparar e fazer a sabatina. E temos de fazer até o fim de novembro, no máximo. Tem eleição no caminho. Quando anuncia muito cedo, coloca a pessoa em situação que pode inclusive inviabilizar a futura indicação. Acho que é um balanço entre as duas coisas. Não demorar demais para não correr o risco de fazer a sabatina e não antecipar demais para não inviabilizar a pessoa.

Mas quando deveria ser?

Pra mim, setembro ou outubro, final de setembro ou outubro.

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Supondo que o seu sucessor já esteja no colegiado hoje, já não seria uma forma de transição informal?

Quem está no Banco Central já adquiriu algum conhecimento de como funciona o banco, mas obviamente a presidência é muito diferente da diretoria. Eu tive uma transição muito longa: meu nome foi falado em novembro e esperei o Congresso voltar em fevereiro. Quem está na casa tem uma adaptação melhor, mas quando você está só se preparando para aquilo, há mais tempo para olhar o todo. Quando se está na diretoria, tem o dia-a-dia que consome bastante.

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Pela convivência que o sr. já tem com os atuais diretores, de um governo mais à esquerda, estará tranquilo para passar o bastão sem a política monetária virar uma fonte de incerteza?

Não sei se o mercado tem uma visão mais desconfiada de A, B ou C. Acho que o mercado deu um grande voto de confiança ao presidente Lula por um bom tempo, ao que foi feito no arcabouço fiscal, reclamou muito de algumas coisas que foram feitas no governo anterior. O mercado é um alocador de recursos, não é a causa, é o efeito. O Banco Central é técnico, tem corpo técnico muito bom. Tenho plena confiança de que o trabalho seguirá sendo técnico.

O sr. tem alguma pretensão de trabalhar com o governador Tarcísio de Freitas, seja no governo paulista ou em caso de candidatura dele à Presidência?

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Não sei o que vou fazer, então é difícil responder. Gosto dos campos de finanças e tecnologia, então provavelmente vou fazer alguma coisa que misture as duas coisas. O que ainda não sei, pois tenho seis meses (quarentena obrigatória para quem deixa cargos na cúpula do BC) para descansar e garanto que vou aproveitar.

O senhor não descarta o setor público?

Descarto. Não me vejo candidato a nada. Tenho uma relação muito próxima com Tarcísio. Talvez uma das pessoas do governo (passado) que, no final, a gente tenha ficado muito próximo. Tenho grande admiração pelo trabalho dele. Mas hoje meu projeto é sair da vida pública e aceitar algum tipo de desafio de mistura de tecnologia e finanças, que é o que eu sei fazer.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em seus últimos meses à frente do cargo, mandou um recado para o seu sucessor. Para ele, o mais importante é que a nova pessoa a ocupar o posto saiba “dizer não”, seja para o Executivo, seja para o Legislativo. Em entrevista exclusiva para o Estadão/Broadcast, ele defendeu que a indicação seja feita entre os meses de setembro e outubro, para que haja tempo da sabatina pelo Senado, em meio às eleições municipais.

Veja abaixo trechos da entrevista.

O seu mandato está se aproximando do fim. Que recado deixaria para seu sucessor?

A coisa mais importante, sentando na cadeira, é tentar olhar por cima, e não dentro do ruído. Há muitos ruídos de curto prazo: de economia, político. O mais importante é saber dizer não. Vão vir várias ideias e propostas que não são nem do interesse da sociedade e nem do Banco Central. Às vezes, é preciso dizer não para o Executivo. Às vezes, para o Legislativo. Que tenha a firmeza de dizer não, que tenha a capacidade de explicar a opinião e que passe transparência ao longo do tempo. Mas a capacidade de dizer não é crucial.

Que tenha a firmeza de dizer não, que tenha a capacidade de explicar a opinião e que passe transparência ao longo do tempo.

Roberto Campos Neto, presidente do BC

Quando o sr. entende que o novo nome para o Banco Central deve ser anunciado?

Não sou eu que decido. Mas a pessoa tem de se preparar e fazer a sabatina. E temos de fazer até o fim de novembro, no máximo. Tem eleição no caminho. Quando anuncia muito cedo, coloca a pessoa em situação que pode inclusive inviabilizar a futura indicação. Acho que é um balanço entre as duas coisas. Não demorar demais para não correr o risco de fazer a sabatina e não antecipar demais para não inviabilizar a pessoa.

Mas quando deveria ser?

Pra mim, setembro ou outubro, final de setembro ou outubro.

Supondo que o seu sucessor já esteja no colegiado hoje, já não seria uma forma de transição informal?

Quem está no Banco Central já adquiriu algum conhecimento de como funciona o banco, mas obviamente a presidência é muito diferente da diretoria. Eu tive uma transição muito longa: meu nome foi falado em novembro e esperei o Congresso voltar em fevereiro. Quem está na casa tem uma adaptação melhor, mas quando você está só se preparando para aquilo, há mais tempo para olhar o todo. Quando se está na diretoria, tem o dia-a-dia que consome bastante.

Pela convivência que o sr. já tem com os atuais diretores, de um governo mais à esquerda, estará tranquilo para passar o bastão sem a política monetária virar uma fonte de incerteza?

Não sei se o mercado tem uma visão mais desconfiada de A, B ou C. Acho que o mercado deu um grande voto de confiança ao presidente Lula por um bom tempo, ao que foi feito no arcabouço fiscal, reclamou muito de algumas coisas que foram feitas no governo anterior. O mercado é um alocador de recursos, não é a causa, é o efeito. O Banco Central é técnico, tem corpo técnico muito bom. Tenho plena confiança de que o trabalho seguirá sendo técnico.

O sr. tem alguma pretensão de trabalhar com o governador Tarcísio de Freitas, seja no governo paulista ou em caso de candidatura dele à Presidência?

Não sei o que vou fazer, então é difícil responder. Gosto dos campos de finanças e tecnologia, então provavelmente vou fazer alguma coisa que misture as duas coisas. O que ainda não sei, pois tenho seis meses (quarentena obrigatória para quem deixa cargos na cúpula do BC) para descansar e garanto que vou aproveitar.

O senhor não descarta o setor público?

Descarto. Não me vejo candidato a nada. Tenho uma relação muito próxima com Tarcísio. Talvez uma das pessoas do governo (passado) que, no final, a gente tenha ficado muito próximo. Tenho grande admiração pelo trabalho dele. Mas hoje meu projeto é sair da vida pública e aceitar algum tipo de desafio de mistura de tecnologia e finanças, que é o que eu sei fazer.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em seus últimos meses à frente do cargo, mandou um recado para o seu sucessor. Para ele, o mais importante é que a nova pessoa a ocupar o posto saiba “dizer não”, seja para o Executivo, seja para o Legislativo. Em entrevista exclusiva para o Estadão/Broadcast, ele defendeu que a indicação seja feita entre os meses de setembro e outubro, para que haja tempo da sabatina pelo Senado, em meio às eleições municipais.

Veja abaixo trechos da entrevista.

O seu mandato está se aproximando do fim. Que recado deixaria para seu sucessor?

A coisa mais importante, sentando na cadeira, é tentar olhar por cima, e não dentro do ruído. Há muitos ruídos de curto prazo: de economia, político. O mais importante é saber dizer não. Vão vir várias ideias e propostas que não são nem do interesse da sociedade e nem do Banco Central. Às vezes, é preciso dizer não para o Executivo. Às vezes, para o Legislativo. Que tenha a firmeza de dizer não, que tenha a capacidade de explicar a opinião e que passe transparência ao longo do tempo. Mas a capacidade de dizer não é crucial.

Que tenha a firmeza de dizer não, que tenha a capacidade de explicar a opinião e que passe transparência ao longo do tempo.

Roberto Campos Neto, presidente do BC

Quando o sr. entende que o novo nome para o Banco Central deve ser anunciado?

Não sou eu que decido. Mas a pessoa tem de se preparar e fazer a sabatina. E temos de fazer até o fim de novembro, no máximo. Tem eleição no caminho. Quando anuncia muito cedo, coloca a pessoa em situação que pode inclusive inviabilizar a futura indicação. Acho que é um balanço entre as duas coisas. Não demorar demais para não correr o risco de fazer a sabatina e não antecipar demais para não inviabilizar a pessoa.

Mas quando deveria ser?

Pra mim, setembro ou outubro, final de setembro ou outubro.

Supondo que o seu sucessor já esteja no colegiado hoje, já não seria uma forma de transição informal?

Quem está no Banco Central já adquiriu algum conhecimento de como funciona o banco, mas obviamente a presidência é muito diferente da diretoria. Eu tive uma transição muito longa: meu nome foi falado em novembro e esperei o Congresso voltar em fevereiro. Quem está na casa tem uma adaptação melhor, mas quando você está só se preparando para aquilo, há mais tempo para olhar o todo. Quando se está na diretoria, tem o dia-a-dia que consome bastante.

Pela convivência que o sr. já tem com os atuais diretores, de um governo mais à esquerda, estará tranquilo para passar o bastão sem a política monetária virar uma fonte de incerteza?

Não sei se o mercado tem uma visão mais desconfiada de A, B ou C. Acho que o mercado deu um grande voto de confiança ao presidente Lula por um bom tempo, ao que foi feito no arcabouço fiscal, reclamou muito de algumas coisas que foram feitas no governo anterior. O mercado é um alocador de recursos, não é a causa, é o efeito. O Banco Central é técnico, tem corpo técnico muito bom. Tenho plena confiança de que o trabalho seguirá sendo técnico.

O sr. tem alguma pretensão de trabalhar com o governador Tarcísio de Freitas, seja no governo paulista ou em caso de candidatura dele à Presidência?

Não sei o que vou fazer, então é difícil responder. Gosto dos campos de finanças e tecnologia, então provavelmente vou fazer alguma coisa que misture as duas coisas. O que ainda não sei, pois tenho seis meses (quarentena obrigatória para quem deixa cargos na cúpula do BC) para descansar e garanto que vou aproveitar.

O senhor não descarta o setor público?

Descarto. Não me vejo candidato a nada. Tenho uma relação muito próxima com Tarcísio. Talvez uma das pessoas do governo (passado) que, no final, a gente tenha ficado muito próximo. Tenho grande admiração pelo trabalho dele. Mas hoje meu projeto é sair da vida pública e aceitar algum tipo de desafio de mistura de tecnologia e finanças, que é o que eu sei fazer.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em seus últimos meses à frente do cargo, mandou um recado para o seu sucessor. Para ele, o mais importante é que a nova pessoa a ocupar o posto saiba “dizer não”, seja para o Executivo, seja para o Legislativo. Em entrevista exclusiva para o Estadão/Broadcast, ele defendeu que a indicação seja feita entre os meses de setembro e outubro, para que haja tempo da sabatina pelo Senado, em meio às eleições municipais.

Veja abaixo trechos da entrevista.

O seu mandato está se aproximando do fim. Que recado deixaria para seu sucessor?

A coisa mais importante, sentando na cadeira, é tentar olhar por cima, e não dentro do ruído. Há muitos ruídos de curto prazo: de economia, político. O mais importante é saber dizer não. Vão vir várias ideias e propostas que não são nem do interesse da sociedade e nem do Banco Central. Às vezes, é preciso dizer não para o Executivo. Às vezes, para o Legislativo. Que tenha a firmeza de dizer não, que tenha a capacidade de explicar a opinião e que passe transparência ao longo do tempo. Mas a capacidade de dizer não é crucial.

Que tenha a firmeza de dizer não, que tenha a capacidade de explicar a opinião e que passe transparência ao longo do tempo.

Roberto Campos Neto, presidente do BC

Quando o sr. entende que o novo nome para o Banco Central deve ser anunciado?

Não sou eu que decido. Mas a pessoa tem de se preparar e fazer a sabatina. E temos de fazer até o fim de novembro, no máximo. Tem eleição no caminho. Quando anuncia muito cedo, coloca a pessoa em situação que pode inclusive inviabilizar a futura indicação. Acho que é um balanço entre as duas coisas. Não demorar demais para não correr o risco de fazer a sabatina e não antecipar demais para não inviabilizar a pessoa.

Mas quando deveria ser?

Pra mim, setembro ou outubro, final de setembro ou outubro.

Supondo que o seu sucessor já esteja no colegiado hoje, já não seria uma forma de transição informal?

Quem está no Banco Central já adquiriu algum conhecimento de como funciona o banco, mas obviamente a presidência é muito diferente da diretoria. Eu tive uma transição muito longa: meu nome foi falado em novembro e esperei o Congresso voltar em fevereiro. Quem está na casa tem uma adaptação melhor, mas quando você está só se preparando para aquilo, há mais tempo para olhar o todo. Quando se está na diretoria, tem o dia-a-dia que consome bastante.

Pela convivência que o sr. já tem com os atuais diretores, de um governo mais à esquerda, estará tranquilo para passar o bastão sem a política monetária virar uma fonte de incerteza?

Não sei se o mercado tem uma visão mais desconfiada de A, B ou C. Acho que o mercado deu um grande voto de confiança ao presidente Lula por um bom tempo, ao que foi feito no arcabouço fiscal, reclamou muito de algumas coisas que foram feitas no governo anterior. O mercado é um alocador de recursos, não é a causa, é o efeito. O Banco Central é técnico, tem corpo técnico muito bom. Tenho plena confiança de que o trabalho seguirá sendo técnico.

O sr. tem alguma pretensão de trabalhar com o governador Tarcísio de Freitas, seja no governo paulista ou em caso de candidatura dele à Presidência?

Não sei o que vou fazer, então é difícil responder. Gosto dos campos de finanças e tecnologia, então provavelmente vou fazer alguma coisa que misture as duas coisas. O que ainda não sei, pois tenho seis meses (quarentena obrigatória para quem deixa cargos na cúpula do BC) para descansar e garanto que vou aproveitar.

O senhor não descarta o setor público?

Descarto. Não me vejo candidato a nada. Tenho uma relação muito próxima com Tarcísio. Talvez uma das pessoas do governo (passado) que, no final, a gente tenha ficado muito próximo. Tenho grande admiração pelo trabalho dele. Mas hoje meu projeto é sair da vida pública e aceitar algum tipo de desafio de mistura de tecnologia e finanças, que é o que eu sei fazer.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em seus últimos meses à frente do cargo, mandou um recado para o seu sucessor. Para ele, o mais importante é que a nova pessoa a ocupar o posto saiba “dizer não”, seja para o Executivo, seja para o Legislativo. Em entrevista exclusiva para o Estadão/Broadcast, ele defendeu que a indicação seja feita entre os meses de setembro e outubro, para que haja tempo da sabatina pelo Senado, em meio às eleições municipais.

Veja abaixo trechos da entrevista.

O seu mandato está se aproximando do fim. Que recado deixaria para seu sucessor?

A coisa mais importante, sentando na cadeira, é tentar olhar por cima, e não dentro do ruído. Há muitos ruídos de curto prazo: de economia, político. O mais importante é saber dizer não. Vão vir várias ideias e propostas que não são nem do interesse da sociedade e nem do Banco Central. Às vezes, é preciso dizer não para o Executivo. Às vezes, para o Legislativo. Que tenha a firmeza de dizer não, que tenha a capacidade de explicar a opinião e que passe transparência ao longo do tempo. Mas a capacidade de dizer não é crucial.

Que tenha a firmeza de dizer não, que tenha a capacidade de explicar a opinião e que passe transparência ao longo do tempo.

Roberto Campos Neto, presidente do BC

Quando o sr. entende que o novo nome para o Banco Central deve ser anunciado?

Não sou eu que decido. Mas a pessoa tem de se preparar e fazer a sabatina. E temos de fazer até o fim de novembro, no máximo. Tem eleição no caminho. Quando anuncia muito cedo, coloca a pessoa em situação que pode inclusive inviabilizar a futura indicação. Acho que é um balanço entre as duas coisas. Não demorar demais para não correr o risco de fazer a sabatina e não antecipar demais para não inviabilizar a pessoa.

Mas quando deveria ser?

Pra mim, setembro ou outubro, final de setembro ou outubro.

Supondo que o seu sucessor já esteja no colegiado hoje, já não seria uma forma de transição informal?

Quem está no Banco Central já adquiriu algum conhecimento de como funciona o banco, mas obviamente a presidência é muito diferente da diretoria. Eu tive uma transição muito longa: meu nome foi falado em novembro e esperei o Congresso voltar em fevereiro. Quem está na casa tem uma adaptação melhor, mas quando você está só se preparando para aquilo, há mais tempo para olhar o todo. Quando se está na diretoria, tem o dia-a-dia que consome bastante.

Pela convivência que o sr. já tem com os atuais diretores, de um governo mais à esquerda, estará tranquilo para passar o bastão sem a política monetária virar uma fonte de incerteza?

Não sei se o mercado tem uma visão mais desconfiada de A, B ou C. Acho que o mercado deu um grande voto de confiança ao presidente Lula por um bom tempo, ao que foi feito no arcabouço fiscal, reclamou muito de algumas coisas que foram feitas no governo anterior. O mercado é um alocador de recursos, não é a causa, é o efeito. O Banco Central é técnico, tem corpo técnico muito bom. Tenho plena confiança de que o trabalho seguirá sendo técnico.

O sr. tem alguma pretensão de trabalhar com o governador Tarcísio de Freitas, seja no governo paulista ou em caso de candidatura dele à Presidência?

Não sei o que vou fazer, então é difícil responder. Gosto dos campos de finanças e tecnologia, então provavelmente vou fazer alguma coisa que misture as duas coisas. O que ainda não sei, pois tenho seis meses (quarentena obrigatória para quem deixa cargos na cúpula do BC) para descansar e garanto que vou aproveitar.

O senhor não descarta o setor público?

Descarto. Não me vejo candidato a nada. Tenho uma relação muito próxima com Tarcísio. Talvez uma das pessoas do governo (passado) que, no final, a gente tenha ficado muito próximo. Tenho grande admiração pelo trabalho dele. Mas hoje meu projeto é sair da vida pública e aceitar algum tipo de desafio de mistura de tecnologia e finanças, que é o que eu sei fazer.

Entrevista por Alvaro Gribel

Repórter especial e colunista do Estadão em Brasília. Há mais de 15 anos acompanha os principais assuntos macroeconômicos no Brasil e no mundo. Foi colunista e coordenador de economia no Globo.

Célia Froufe

Repórter do Broadcast -serviço de tempo real do Grupo Estado- desde 2000, se especializou na cobertura de mercado financeiro (MBA da FIA-B3) em SP. Setorista do BC, em Brasília, e correspondente em Londres, cobriu G20, Fórum Econômico Mundial, BID, BRICS e Otan na África, Ásia, Europa e EUA. Hoje é repórter especial de Economia na capital federal.

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