Campos Neto e Haddad discutiram mudar metas de inflação de 2024 e 2025 antes de ataques de Lula


Sequência de críticas do presidente à autarquia interrompeu diálogo com o Executivo

Por Antonio Temóteo, Eduardo Rodrigues, Thaís Barcellos e Eduardo Gayer
Atualização:

BRASÍLIA - A equipe econômica já tinha uma sinalização positiva do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, para um ajuste nas metas de inflação dos próximos anos, quando a escalada de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à condução da política monetária pelo BC interrompeu o diálogo com a autarquia.

O Estadão/Broadcast apurou que, antes de Lula elevar o tom da fritura de Campos Neto, o presidente do BC e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, trataram reservadamente sobre a necessidade de mudança nas metas de 2024 e 2025 - consideradas apertadas demais pelo governo petista. Na conversa, relatada à reportagem por dois técnicos da equipe econômica, Campos Neto sinalizou que uma eventual mudança da meta de inflação de 2024, de 3% para 3,5%, poderia ter um efeito menos danoso na economia e contribuiria para uma eventual ancoragem das expectativas.

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Em meio ao acirramento das críticas do PT e do próprio Lula ao presidente do BC, porém, três técnicos da equipe econômica que acompanham o assunto informaram à reportagem que uma eventual mudança nas metas dos próximos anos ainda não está na pauta da reunião do entre os integrantes do Conselho Monetário Nacional (CMN) da quinta-feira que vem (16) - a primeira com a formação de Haddad, Campos Neto e Simone Tebet (Planejamento).

Conforme o decreto presidencial que definiu o regime de metas, cabe ao ministro da Fazenda propor o voto ao CMN com os objetivos que devem ser perseguidos pelo Banco Central. Segundo um técnico da equipe econômica, o assunto geralmente é tratado mais próximo de junho. Para ele, o assunto pode até discutido na reunião da próxima semana, mas não há voto para deliberação até o momento.

Lula tem feito críticas recorrentes ao Banco Central devido à taxa de juros considerada alta Foto: PEDRO KIRILOS / ESTADÃO
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Um consenso entre os técnicos ouvidos é de que mudar a meta de 2023 com o ano já em curso teria praticamente nenhum impacto sobre a política monetária, uma vez que a calibragem de juros já mira mais os efeitos sobre a inflação de 2024. Para possibilitar uma redução da Selic no curto prazo, a mudança da meta de 2023 teria que ser de grande magnitude, e não apenas um ajuste. De acordo com os economistas do mercado consultados semanalmente pelo BC na pesquisa Focus, a mediana para o IPCA deste ano está em 5,78%. Já os cálculos do próprio Comitê de Política Monetária (Copom) apontam para uma inflação de 5,6% em 2023.

Mesmo que o centro da meta deste ano passe de 3,25% para 3,5%, o teto continuaria estourando. Desde 2017, a margem de tolerância adotada para os objetivos anuais é de 1,5 ponto porcentual. Ainda que essa banda retorne para 2 p.p - como vigorou entre 2006 e 2016 - as projeções atuais seguiriam apontando para o descumprimento da meta de 2023, o que na prática continuaria a impedir uma queda mais imediata da Selic.

Por isso, para os técnicos, do ponto de vista da defasagem dos efeitos da política monetária, faria mais sentido afrouxar as metas de 2024 e 2025. Segundo um técnico do BC ouvido reservadamente, uma mudança de meta para 2023 seria um “tiro no pé”. A política monetária tem um horizonte de 12 a 18 meses para frente. Ou seja, na prática, o BC está preocupado com a inflação de 2024 e não com a do ano corrente. Se a meta deste é alterada, o efeito pode ser o contrário: a inflação tenderia a aumentar e os juros teriam que ficar mais altos por mais tempo.

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Publicamente, Campos Neto já disse que alterar as metas vigentes pode minar a credibilidade do atual regime de combate à inflação. Ontem, o diretor de Política Monetária, Bruno Serra, argumentou que até uns meses atrás os agentes entendiam que a meta era crível e que o BC seria capaz de entregá-la. Serra ainda afirmou que o CMN é quem estabelece a meta e que a autoridade monetária atua para atingir o alvo definido.

Nos bastidores, a visão é de que, apesar de ser prerrogativa do CMN, revisar alvos já estabelecidos é um tema delicado, pois pode diminuir a credibilidade do objetivo, o que tende a desancorar as expectativas de inflação, movimento que vai na direção contrária de quem quer juro mais baixo, como Lula.

BRASÍLIA - A equipe econômica já tinha uma sinalização positiva do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, para um ajuste nas metas de inflação dos próximos anos, quando a escalada de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à condução da política monetária pelo BC interrompeu o diálogo com a autarquia.

O Estadão/Broadcast apurou que, antes de Lula elevar o tom da fritura de Campos Neto, o presidente do BC e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, trataram reservadamente sobre a necessidade de mudança nas metas de 2024 e 2025 - consideradas apertadas demais pelo governo petista. Na conversa, relatada à reportagem por dois técnicos da equipe econômica, Campos Neto sinalizou que uma eventual mudança da meta de inflação de 2024, de 3% para 3,5%, poderia ter um efeito menos danoso na economia e contribuiria para uma eventual ancoragem das expectativas.

Em meio ao acirramento das críticas do PT e do próprio Lula ao presidente do BC, porém, três técnicos da equipe econômica que acompanham o assunto informaram à reportagem que uma eventual mudança nas metas dos próximos anos ainda não está na pauta da reunião do entre os integrantes do Conselho Monetário Nacional (CMN) da quinta-feira que vem (16) - a primeira com a formação de Haddad, Campos Neto e Simone Tebet (Planejamento).

Conforme o decreto presidencial que definiu o regime de metas, cabe ao ministro da Fazenda propor o voto ao CMN com os objetivos que devem ser perseguidos pelo Banco Central. Segundo um técnico da equipe econômica, o assunto geralmente é tratado mais próximo de junho. Para ele, o assunto pode até discutido na reunião da próxima semana, mas não há voto para deliberação até o momento.

Lula tem feito críticas recorrentes ao Banco Central devido à taxa de juros considerada alta Foto: PEDRO KIRILOS / ESTADÃO

Um consenso entre os técnicos ouvidos é de que mudar a meta de 2023 com o ano já em curso teria praticamente nenhum impacto sobre a política monetária, uma vez que a calibragem de juros já mira mais os efeitos sobre a inflação de 2024. Para possibilitar uma redução da Selic no curto prazo, a mudança da meta de 2023 teria que ser de grande magnitude, e não apenas um ajuste. De acordo com os economistas do mercado consultados semanalmente pelo BC na pesquisa Focus, a mediana para o IPCA deste ano está em 5,78%. Já os cálculos do próprio Comitê de Política Monetária (Copom) apontam para uma inflação de 5,6% em 2023.

Mesmo que o centro da meta deste ano passe de 3,25% para 3,5%, o teto continuaria estourando. Desde 2017, a margem de tolerância adotada para os objetivos anuais é de 1,5 ponto porcentual. Ainda que essa banda retorne para 2 p.p - como vigorou entre 2006 e 2016 - as projeções atuais seguiriam apontando para o descumprimento da meta de 2023, o que na prática continuaria a impedir uma queda mais imediata da Selic.

Por isso, para os técnicos, do ponto de vista da defasagem dos efeitos da política monetária, faria mais sentido afrouxar as metas de 2024 e 2025. Segundo um técnico do BC ouvido reservadamente, uma mudança de meta para 2023 seria um “tiro no pé”. A política monetária tem um horizonte de 12 a 18 meses para frente. Ou seja, na prática, o BC está preocupado com a inflação de 2024 e não com a do ano corrente. Se a meta deste é alterada, o efeito pode ser o contrário: a inflação tenderia a aumentar e os juros teriam que ficar mais altos por mais tempo.

Publicamente, Campos Neto já disse que alterar as metas vigentes pode minar a credibilidade do atual regime de combate à inflação. Ontem, o diretor de Política Monetária, Bruno Serra, argumentou que até uns meses atrás os agentes entendiam que a meta era crível e que o BC seria capaz de entregá-la. Serra ainda afirmou que o CMN é quem estabelece a meta e que a autoridade monetária atua para atingir o alvo definido.

Nos bastidores, a visão é de que, apesar de ser prerrogativa do CMN, revisar alvos já estabelecidos é um tema delicado, pois pode diminuir a credibilidade do objetivo, o que tende a desancorar as expectativas de inflação, movimento que vai na direção contrária de quem quer juro mais baixo, como Lula.

BRASÍLIA - A equipe econômica já tinha uma sinalização positiva do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, para um ajuste nas metas de inflação dos próximos anos, quando a escalada de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à condução da política monetária pelo BC interrompeu o diálogo com a autarquia.

O Estadão/Broadcast apurou que, antes de Lula elevar o tom da fritura de Campos Neto, o presidente do BC e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, trataram reservadamente sobre a necessidade de mudança nas metas de 2024 e 2025 - consideradas apertadas demais pelo governo petista. Na conversa, relatada à reportagem por dois técnicos da equipe econômica, Campos Neto sinalizou que uma eventual mudança da meta de inflação de 2024, de 3% para 3,5%, poderia ter um efeito menos danoso na economia e contribuiria para uma eventual ancoragem das expectativas.

Em meio ao acirramento das críticas do PT e do próprio Lula ao presidente do BC, porém, três técnicos da equipe econômica que acompanham o assunto informaram à reportagem que uma eventual mudança nas metas dos próximos anos ainda não está na pauta da reunião do entre os integrantes do Conselho Monetário Nacional (CMN) da quinta-feira que vem (16) - a primeira com a formação de Haddad, Campos Neto e Simone Tebet (Planejamento).

Conforme o decreto presidencial que definiu o regime de metas, cabe ao ministro da Fazenda propor o voto ao CMN com os objetivos que devem ser perseguidos pelo Banco Central. Segundo um técnico da equipe econômica, o assunto geralmente é tratado mais próximo de junho. Para ele, o assunto pode até discutido na reunião da próxima semana, mas não há voto para deliberação até o momento.

Lula tem feito críticas recorrentes ao Banco Central devido à taxa de juros considerada alta Foto: PEDRO KIRILOS / ESTADÃO

Um consenso entre os técnicos ouvidos é de que mudar a meta de 2023 com o ano já em curso teria praticamente nenhum impacto sobre a política monetária, uma vez que a calibragem de juros já mira mais os efeitos sobre a inflação de 2024. Para possibilitar uma redução da Selic no curto prazo, a mudança da meta de 2023 teria que ser de grande magnitude, e não apenas um ajuste. De acordo com os economistas do mercado consultados semanalmente pelo BC na pesquisa Focus, a mediana para o IPCA deste ano está em 5,78%. Já os cálculos do próprio Comitê de Política Monetária (Copom) apontam para uma inflação de 5,6% em 2023.

Mesmo que o centro da meta deste ano passe de 3,25% para 3,5%, o teto continuaria estourando. Desde 2017, a margem de tolerância adotada para os objetivos anuais é de 1,5 ponto porcentual. Ainda que essa banda retorne para 2 p.p - como vigorou entre 2006 e 2016 - as projeções atuais seguiriam apontando para o descumprimento da meta de 2023, o que na prática continuaria a impedir uma queda mais imediata da Selic.

Por isso, para os técnicos, do ponto de vista da defasagem dos efeitos da política monetária, faria mais sentido afrouxar as metas de 2024 e 2025. Segundo um técnico do BC ouvido reservadamente, uma mudança de meta para 2023 seria um “tiro no pé”. A política monetária tem um horizonte de 12 a 18 meses para frente. Ou seja, na prática, o BC está preocupado com a inflação de 2024 e não com a do ano corrente. Se a meta deste é alterada, o efeito pode ser o contrário: a inflação tenderia a aumentar e os juros teriam que ficar mais altos por mais tempo.

Publicamente, Campos Neto já disse que alterar as metas vigentes pode minar a credibilidade do atual regime de combate à inflação. Ontem, o diretor de Política Monetária, Bruno Serra, argumentou que até uns meses atrás os agentes entendiam que a meta era crível e que o BC seria capaz de entregá-la. Serra ainda afirmou que o CMN é quem estabelece a meta e que a autoridade monetária atua para atingir o alvo definido.

Nos bastidores, a visão é de que, apesar de ser prerrogativa do CMN, revisar alvos já estabelecidos é um tema delicado, pois pode diminuir a credibilidade do objetivo, o que tende a desancorar as expectativas de inflação, movimento que vai na direção contrária de quem quer juro mais baixo, como Lula.

BRASÍLIA - A equipe econômica já tinha uma sinalização positiva do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, para um ajuste nas metas de inflação dos próximos anos, quando a escalada de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à condução da política monetária pelo BC interrompeu o diálogo com a autarquia.

O Estadão/Broadcast apurou que, antes de Lula elevar o tom da fritura de Campos Neto, o presidente do BC e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, trataram reservadamente sobre a necessidade de mudança nas metas de 2024 e 2025 - consideradas apertadas demais pelo governo petista. Na conversa, relatada à reportagem por dois técnicos da equipe econômica, Campos Neto sinalizou que uma eventual mudança da meta de inflação de 2024, de 3% para 3,5%, poderia ter um efeito menos danoso na economia e contribuiria para uma eventual ancoragem das expectativas.

Em meio ao acirramento das críticas do PT e do próprio Lula ao presidente do BC, porém, três técnicos da equipe econômica que acompanham o assunto informaram à reportagem que uma eventual mudança nas metas dos próximos anos ainda não está na pauta da reunião do entre os integrantes do Conselho Monetário Nacional (CMN) da quinta-feira que vem (16) - a primeira com a formação de Haddad, Campos Neto e Simone Tebet (Planejamento).

Conforme o decreto presidencial que definiu o regime de metas, cabe ao ministro da Fazenda propor o voto ao CMN com os objetivos que devem ser perseguidos pelo Banco Central. Segundo um técnico da equipe econômica, o assunto geralmente é tratado mais próximo de junho. Para ele, o assunto pode até discutido na reunião da próxima semana, mas não há voto para deliberação até o momento.

Lula tem feito críticas recorrentes ao Banco Central devido à taxa de juros considerada alta Foto: PEDRO KIRILOS / ESTADÃO

Um consenso entre os técnicos ouvidos é de que mudar a meta de 2023 com o ano já em curso teria praticamente nenhum impacto sobre a política monetária, uma vez que a calibragem de juros já mira mais os efeitos sobre a inflação de 2024. Para possibilitar uma redução da Selic no curto prazo, a mudança da meta de 2023 teria que ser de grande magnitude, e não apenas um ajuste. De acordo com os economistas do mercado consultados semanalmente pelo BC na pesquisa Focus, a mediana para o IPCA deste ano está em 5,78%. Já os cálculos do próprio Comitê de Política Monetária (Copom) apontam para uma inflação de 5,6% em 2023.

Mesmo que o centro da meta deste ano passe de 3,25% para 3,5%, o teto continuaria estourando. Desde 2017, a margem de tolerância adotada para os objetivos anuais é de 1,5 ponto porcentual. Ainda que essa banda retorne para 2 p.p - como vigorou entre 2006 e 2016 - as projeções atuais seguiriam apontando para o descumprimento da meta de 2023, o que na prática continuaria a impedir uma queda mais imediata da Selic.

Por isso, para os técnicos, do ponto de vista da defasagem dos efeitos da política monetária, faria mais sentido afrouxar as metas de 2024 e 2025. Segundo um técnico do BC ouvido reservadamente, uma mudança de meta para 2023 seria um “tiro no pé”. A política monetária tem um horizonte de 12 a 18 meses para frente. Ou seja, na prática, o BC está preocupado com a inflação de 2024 e não com a do ano corrente. Se a meta deste é alterada, o efeito pode ser o contrário: a inflação tenderia a aumentar e os juros teriam que ficar mais altos por mais tempo.

Publicamente, Campos Neto já disse que alterar as metas vigentes pode minar a credibilidade do atual regime de combate à inflação. Ontem, o diretor de Política Monetária, Bruno Serra, argumentou que até uns meses atrás os agentes entendiam que a meta era crível e que o BC seria capaz de entregá-la. Serra ainda afirmou que o CMN é quem estabelece a meta e que a autoridade monetária atua para atingir o alvo definido.

Nos bastidores, a visão é de que, apesar de ser prerrogativa do CMN, revisar alvos já estabelecidos é um tema delicado, pois pode diminuir a credibilidade do objetivo, o que tende a desancorar as expectativas de inflação, movimento que vai na direção contrária de quem quer juro mais baixo, como Lula.

BRASÍLIA - A equipe econômica já tinha uma sinalização positiva do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, para um ajuste nas metas de inflação dos próximos anos, quando a escalada de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à condução da política monetária pelo BC interrompeu o diálogo com a autarquia.

O Estadão/Broadcast apurou que, antes de Lula elevar o tom da fritura de Campos Neto, o presidente do BC e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, trataram reservadamente sobre a necessidade de mudança nas metas de 2024 e 2025 - consideradas apertadas demais pelo governo petista. Na conversa, relatada à reportagem por dois técnicos da equipe econômica, Campos Neto sinalizou que uma eventual mudança da meta de inflação de 2024, de 3% para 3,5%, poderia ter um efeito menos danoso na economia e contribuiria para uma eventual ancoragem das expectativas.

Em meio ao acirramento das críticas do PT e do próprio Lula ao presidente do BC, porém, três técnicos da equipe econômica que acompanham o assunto informaram à reportagem que uma eventual mudança nas metas dos próximos anos ainda não está na pauta da reunião do entre os integrantes do Conselho Monetário Nacional (CMN) da quinta-feira que vem (16) - a primeira com a formação de Haddad, Campos Neto e Simone Tebet (Planejamento).

Conforme o decreto presidencial que definiu o regime de metas, cabe ao ministro da Fazenda propor o voto ao CMN com os objetivos que devem ser perseguidos pelo Banco Central. Segundo um técnico da equipe econômica, o assunto geralmente é tratado mais próximo de junho. Para ele, o assunto pode até discutido na reunião da próxima semana, mas não há voto para deliberação até o momento.

Lula tem feito críticas recorrentes ao Banco Central devido à taxa de juros considerada alta Foto: PEDRO KIRILOS / ESTADÃO

Um consenso entre os técnicos ouvidos é de que mudar a meta de 2023 com o ano já em curso teria praticamente nenhum impacto sobre a política monetária, uma vez que a calibragem de juros já mira mais os efeitos sobre a inflação de 2024. Para possibilitar uma redução da Selic no curto prazo, a mudança da meta de 2023 teria que ser de grande magnitude, e não apenas um ajuste. De acordo com os economistas do mercado consultados semanalmente pelo BC na pesquisa Focus, a mediana para o IPCA deste ano está em 5,78%. Já os cálculos do próprio Comitê de Política Monetária (Copom) apontam para uma inflação de 5,6% em 2023.

Mesmo que o centro da meta deste ano passe de 3,25% para 3,5%, o teto continuaria estourando. Desde 2017, a margem de tolerância adotada para os objetivos anuais é de 1,5 ponto porcentual. Ainda que essa banda retorne para 2 p.p - como vigorou entre 2006 e 2016 - as projeções atuais seguiriam apontando para o descumprimento da meta de 2023, o que na prática continuaria a impedir uma queda mais imediata da Selic.

Por isso, para os técnicos, do ponto de vista da defasagem dos efeitos da política monetária, faria mais sentido afrouxar as metas de 2024 e 2025. Segundo um técnico do BC ouvido reservadamente, uma mudança de meta para 2023 seria um “tiro no pé”. A política monetária tem um horizonte de 12 a 18 meses para frente. Ou seja, na prática, o BC está preocupado com a inflação de 2024 e não com a do ano corrente. Se a meta deste é alterada, o efeito pode ser o contrário: a inflação tenderia a aumentar e os juros teriam que ficar mais altos por mais tempo.

Publicamente, Campos Neto já disse que alterar as metas vigentes pode minar a credibilidade do atual regime de combate à inflação. Ontem, o diretor de Política Monetária, Bruno Serra, argumentou que até uns meses atrás os agentes entendiam que a meta era crível e que o BC seria capaz de entregá-la. Serra ainda afirmou que o CMN é quem estabelece a meta e que a autoridade monetária atua para atingir o alvo definido.

Nos bastidores, a visão é de que, apesar de ser prerrogativa do CMN, revisar alvos já estabelecidos é um tema delicado, pois pode diminuir a credibilidade do objetivo, o que tende a desancorar as expectativas de inflação, movimento que vai na direção contrária de quem quer juro mais baixo, como Lula.

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