BRASÍLIA E SÃO PAULO - O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse nesta quarta-feira, 2, que, a despeito do foco na Selic, a taxa básica de juros da economia, hoje em 10,75%, é importante fazer com que a taxa real neutra de juros do Brasil — calculada em 4,75% pela autoridade monetária — caia. Esse nível de juros, que não acelera, nem deprime a economia, é muito alto em relação a outras economias, afirmou.
“É óbvio que a gente precisa fazer isso cair”, disse Campos Neto, em um evento organizado pela Aurum Wealth Management e pela Veedha Investimentos, em São Paulo. “O fiscal tem o seu papel, tem um tema de produtividade, tem um tema de você ter mais crédito livre, porque aí a sua potência da política monetária aumenta.”
O chefe do BC lembrou que o aumento do crédito subsidiado diminui a potência da política monetária e tende a aumentar o juro neutro, e que o Brasil tem um volume de crédito subsidiado superior ao do restante do mundo emergente. E afirmou que o juro neutro maior no País é uma das razões pelas quais a taxa Selic é maior do que as taxas de outros pares.
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“Como o Brasil tem uma taxa de juros neutra muito alta, acaba que a taxa de juros real, quando a gente precisa frear a economia — e no caso agora a gente falou que o hiato está positivo, ou seja, a economia está rodando acima do potencial —, tem de ser um pouco mais alta quando se compara com os outros países”, afirmou.