Campos Neto leva cola para seguir script no Roda Viva


Presidente do Banco Central participou do programa nesta segunda-feira, 13; fichas foram estrategicamente preparadas

Por Adriana Fernandes
Atualização:

BRASÍLIA - Roberto Campos Neto chegou aos estúdios da TV Cultura para a entrevista do programa Roda Viva nesta segunda-feira, 13, com um bloquinho de fichas nas mãos para provavelmente a entrevista mais aguardada de toda a sua gestão no comando do Banco Central.

Único remanescente do governo Bolsonaro e com mandato no cargo até dezembro de 2024, Campos Neto se transformou em alvo das críticas do governo aos juros altos no País em meio ao debate capitaneado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a elevação das metas de inflação.

A “cola”, como ele próprio chamou as fichas assim que chegou ao estúdio, onde a entrevista foi gravada, foi estrategicamente preparada para não esquecer nenhum ponto dos recados que queria passar. Ao longo da entrevista, volta e meia recorreu aos seus apontamentos.

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Com o mercado ainda aberto quando a entrevista começou a ser gravada às 17 horas, todos que estavam no estúdio entraram sem celulares, inclusive a apresentadora Vera Magalhães, para evitar vazamentos.

Já sentado na famosa cadeira giratória do programa, no centro do cenário, ele fez questão de lembrar que era sua primeira vez ali, onde o seu avô, o economista Roberto Campos, um dos criadores do BC, esteve pela última vez em 1997.

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No mesmo dia em que lideranças do PT pediram “fora, Campos Neto” e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, dizia que os juros no Brasil estão totalmente fora de propósito, o presidente do BC pregou “harmonia”, mas sem abandonar os alertas para riscos fiscais, campo minado na relação com o novo governo.

“Fiscal é um dos problemas crônicos do País que explicam juros a 13,75%”, afirmou ele, com cuidado, a todo momento, para não aumentar a temperatura do confronto.

O tom foi conciliatório. Campos pregou o diálogo, disse querer trabalhar em “harmonia” com Lula e prometeu fazer de tudo para aproximar o BC do governo. Vendeu uma pauta social do BC ao presidente da República, após reconhecer a legitimidade das últimas eleições e afirmar que sua gestão não tem atuação política.

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Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, participa do programa Roda Viva, da TV Cultura.  Foto: TV CULTURA

Esse é justamente o ponto de maior desconfiança de Lula e do PT, que veem nele um infiltrado do ex-presidente Jair Bolsonaro no governo. O presidente do BC foi evasivo, no entanto, na resposta sobre o polêmico uso de uma camisa amarela, símbolo do bolsonarismo, na hora de votar nas eleições.

Também tergiversou sobre o fato de ter sido flagrado participado de grupo de WhatsApp de ministros do ex-presidente já no governo Lula. Procurou sair do embaraço político com o argumento de aprendizado com a independência do BC.

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“A autonomia do Banco Central é nova. Eu, que vim indicado por um governo, também estou aprendendo. Espero poder conversar bem com qualquer governo”, respondeu. Apesar da busca da paz com o governo, negou que tenha se antecipado e começado a negociar com Fernando Haddad uma mudança da meta de inflação, mas defendeu aperfeiçoamentos para aprimorar o modelo.

Os ruídos sobre a meta levaram ao aumento das expectativas de inflação, dos juros futuros e do câmbio. Ele não quis detalhar nada, no entanto, alegando que podia mexer com o mercado. Faltou transparência em explicar do que se tratavam esses estudos do BC, justamente para afastar as incertezas em torno do tema. Esse foi um dos pontos mais negativos da sua fala.

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No meio da entrevista, ele acabou revelando que se posicionou contra a tentativa da oposição do governo de incluir numa Medida Provisória um dispositivo para que a meta de inflação só pudesse ser alterada por unanimidade do Conselho Monetário Nacional (CMN). Também contou que, se não tivesse autonomia no governo anterior, teria pedido para sair do cargo. Ele e toda a diretoria.

Mesmo evitando o campo minado com o governo, ele não quis falar se o foco da equipe econômica na reforma tributária, deixando o projeto do novo arcabouço fiscal em segundo plano, trazia riscos. Mas não se furtou a falar das incertezas fiscais.

Sobre a tão esperada e cobrada queda dos juros, ele sinalizou que se a Medida Provisória do pacote de ajuste do ministro Haddad for aprovada antes da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o espaço para isso acontecer ficaria mais perto. Campos Neto não disse, mas a bola está com o Congresso e nas negociações políticas para aprovação do pacote.

BRASÍLIA - Roberto Campos Neto chegou aos estúdios da TV Cultura para a entrevista do programa Roda Viva nesta segunda-feira, 13, com um bloquinho de fichas nas mãos para provavelmente a entrevista mais aguardada de toda a sua gestão no comando do Banco Central.

Único remanescente do governo Bolsonaro e com mandato no cargo até dezembro de 2024, Campos Neto se transformou em alvo das críticas do governo aos juros altos no País em meio ao debate capitaneado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a elevação das metas de inflação.

A “cola”, como ele próprio chamou as fichas assim que chegou ao estúdio, onde a entrevista foi gravada, foi estrategicamente preparada para não esquecer nenhum ponto dos recados que queria passar. Ao longo da entrevista, volta e meia recorreu aos seus apontamentos.

Com o mercado ainda aberto quando a entrevista começou a ser gravada às 17 horas, todos que estavam no estúdio entraram sem celulares, inclusive a apresentadora Vera Magalhães, para evitar vazamentos.

Já sentado na famosa cadeira giratória do programa, no centro do cenário, ele fez questão de lembrar que era sua primeira vez ali, onde o seu avô, o economista Roberto Campos, um dos criadores do BC, esteve pela última vez em 1997.

No mesmo dia em que lideranças do PT pediram “fora, Campos Neto” e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, dizia que os juros no Brasil estão totalmente fora de propósito, o presidente do BC pregou “harmonia”, mas sem abandonar os alertas para riscos fiscais, campo minado na relação com o novo governo.

“Fiscal é um dos problemas crônicos do País que explicam juros a 13,75%”, afirmou ele, com cuidado, a todo momento, para não aumentar a temperatura do confronto.

O tom foi conciliatório. Campos pregou o diálogo, disse querer trabalhar em “harmonia” com Lula e prometeu fazer de tudo para aproximar o BC do governo. Vendeu uma pauta social do BC ao presidente da República, após reconhecer a legitimidade das últimas eleições e afirmar que sua gestão não tem atuação política.

Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, participa do programa Roda Viva, da TV Cultura.  Foto: TV CULTURA

Esse é justamente o ponto de maior desconfiança de Lula e do PT, que veem nele um infiltrado do ex-presidente Jair Bolsonaro no governo. O presidente do BC foi evasivo, no entanto, na resposta sobre o polêmico uso de uma camisa amarela, símbolo do bolsonarismo, na hora de votar nas eleições.

Também tergiversou sobre o fato de ter sido flagrado participado de grupo de WhatsApp de ministros do ex-presidente já no governo Lula. Procurou sair do embaraço político com o argumento de aprendizado com a independência do BC.

“A autonomia do Banco Central é nova. Eu, que vim indicado por um governo, também estou aprendendo. Espero poder conversar bem com qualquer governo”, respondeu. Apesar da busca da paz com o governo, negou que tenha se antecipado e começado a negociar com Fernando Haddad uma mudança da meta de inflação, mas defendeu aperfeiçoamentos para aprimorar o modelo.

Os ruídos sobre a meta levaram ao aumento das expectativas de inflação, dos juros futuros e do câmbio. Ele não quis detalhar nada, no entanto, alegando que podia mexer com o mercado. Faltou transparência em explicar do que se tratavam esses estudos do BC, justamente para afastar as incertezas em torno do tema. Esse foi um dos pontos mais negativos da sua fala.

No meio da entrevista, ele acabou revelando que se posicionou contra a tentativa da oposição do governo de incluir numa Medida Provisória um dispositivo para que a meta de inflação só pudesse ser alterada por unanimidade do Conselho Monetário Nacional (CMN). Também contou que, se não tivesse autonomia no governo anterior, teria pedido para sair do cargo. Ele e toda a diretoria.

Mesmo evitando o campo minado com o governo, ele não quis falar se o foco da equipe econômica na reforma tributária, deixando o projeto do novo arcabouço fiscal em segundo plano, trazia riscos. Mas não se furtou a falar das incertezas fiscais.

Sobre a tão esperada e cobrada queda dos juros, ele sinalizou que se a Medida Provisória do pacote de ajuste do ministro Haddad for aprovada antes da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o espaço para isso acontecer ficaria mais perto. Campos Neto não disse, mas a bola está com o Congresso e nas negociações políticas para aprovação do pacote.

BRASÍLIA - Roberto Campos Neto chegou aos estúdios da TV Cultura para a entrevista do programa Roda Viva nesta segunda-feira, 13, com um bloquinho de fichas nas mãos para provavelmente a entrevista mais aguardada de toda a sua gestão no comando do Banco Central.

Único remanescente do governo Bolsonaro e com mandato no cargo até dezembro de 2024, Campos Neto se transformou em alvo das críticas do governo aos juros altos no País em meio ao debate capitaneado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a elevação das metas de inflação.

A “cola”, como ele próprio chamou as fichas assim que chegou ao estúdio, onde a entrevista foi gravada, foi estrategicamente preparada para não esquecer nenhum ponto dos recados que queria passar. Ao longo da entrevista, volta e meia recorreu aos seus apontamentos.

Com o mercado ainda aberto quando a entrevista começou a ser gravada às 17 horas, todos que estavam no estúdio entraram sem celulares, inclusive a apresentadora Vera Magalhães, para evitar vazamentos.

Já sentado na famosa cadeira giratória do programa, no centro do cenário, ele fez questão de lembrar que era sua primeira vez ali, onde o seu avô, o economista Roberto Campos, um dos criadores do BC, esteve pela última vez em 1997.

No mesmo dia em que lideranças do PT pediram “fora, Campos Neto” e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, dizia que os juros no Brasil estão totalmente fora de propósito, o presidente do BC pregou “harmonia”, mas sem abandonar os alertas para riscos fiscais, campo minado na relação com o novo governo.

“Fiscal é um dos problemas crônicos do País que explicam juros a 13,75%”, afirmou ele, com cuidado, a todo momento, para não aumentar a temperatura do confronto.

O tom foi conciliatório. Campos pregou o diálogo, disse querer trabalhar em “harmonia” com Lula e prometeu fazer de tudo para aproximar o BC do governo. Vendeu uma pauta social do BC ao presidente da República, após reconhecer a legitimidade das últimas eleições e afirmar que sua gestão não tem atuação política.

Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, participa do programa Roda Viva, da TV Cultura.  Foto: TV CULTURA

Esse é justamente o ponto de maior desconfiança de Lula e do PT, que veem nele um infiltrado do ex-presidente Jair Bolsonaro no governo. O presidente do BC foi evasivo, no entanto, na resposta sobre o polêmico uso de uma camisa amarela, símbolo do bolsonarismo, na hora de votar nas eleições.

Também tergiversou sobre o fato de ter sido flagrado participado de grupo de WhatsApp de ministros do ex-presidente já no governo Lula. Procurou sair do embaraço político com o argumento de aprendizado com a independência do BC.

“A autonomia do Banco Central é nova. Eu, que vim indicado por um governo, também estou aprendendo. Espero poder conversar bem com qualquer governo”, respondeu. Apesar da busca da paz com o governo, negou que tenha se antecipado e começado a negociar com Fernando Haddad uma mudança da meta de inflação, mas defendeu aperfeiçoamentos para aprimorar o modelo.

Os ruídos sobre a meta levaram ao aumento das expectativas de inflação, dos juros futuros e do câmbio. Ele não quis detalhar nada, no entanto, alegando que podia mexer com o mercado. Faltou transparência em explicar do que se tratavam esses estudos do BC, justamente para afastar as incertezas em torno do tema. Esse foi um dos pontos mais negativos da sua fala.

No meio da entrevista, ele acabou revelando que se posicionou contra a tentativa da oposição do governo de incluir numa Medida Provisória um dispositivo para que a meta de inflação só pudesse ser alterada por unanimidade do Conselho Monetário Nacional (CMN). Também contou que, se não tivesse autonomia no governo anterior, teria pedido para sair do cargo. Ele e toda a diretoria.

Mesmo evitando o campo minado com o governo, ele não quis falar se o foco da equipe econômica na reforma tributária, deixando o projeto do novo arcabouço fiscal em segundo plano, trazia riscos. Mas não se furtou a falar das incertezas fiscais.

Sobre a tão esperada e cobrada queda dos juros, ele sinalizou que se a Medida Provisória do pacote de ajuste do ministro Haddad for aprovada antes da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o espaço para isso acontecer ficaria mais perto. Campos Neto não disse, mas a bola está com o Congresso e nas negociações políticas para aprovação do pacote.

BRASÍLIA - Roberto Campos Neto chegou aos estúdios da TV Cultura para a entrevista do programa Roda Viva nesta segunda-feira, 13, com um bloquinho de fichas nas mãos para provavelmente a entrevista mais aguardada de toda a sua gestão no comando do Banco Central.

Único remanescente do governo Bolsonaro e com mandato no cargo até dezembro de 2024, Campos Neto se transformou em alvo das críticas do governo aos juros altos no País em meio ao debate capitaneado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a elevação das metas de inflação.

A “cola”, como ele próprio chamou as fichas assim que chegou ao estúdio, onde a entrevista foi gravada, foi estrategicamente preparada para não esquecer nenhum ponto dos recados que queria passar. Ao longo da entrevista, volta e meia recorreu aos seus apontamentos.

Com o mercado ainda aberto quando a entrevista começou a ser gravada às 17 horas, todos que estavam no estúdio entraram sem celulares, inclusive a apresentadora Vera Magalhães, para evitar vazamentos.

Já sentado na famosa cadeira giratória do programa, no centro do cenário, ele fez questão de lembrar que era sua primeira vez ali, onde o seu avô, o economista Roberto Campos, um dos criadores do BC, esteve pela última vez em 1997.

No mesmo dia em que lideranças do PT pediram “fora, Campos Neto” e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, dizia que os juros no Brasil estão totalmente fora de propósito, o presidente do BC pregou “harmonia”, mas sem abandonar os alertas para riscos fiscais, campo minado na relação com o novo governo.

“Fiscal é um dos problemas crônicos do País que explicam juros a 13,75%”, afirmou ele, com cuidado, a todo momento, para não aumentar a temperatura do confronto.

O tom foi conciliatório. Campos pregou o diálogo, disse querer trabalhar em “harmonia” com Lula e prometeu fazer de tudo para aproximar o BC do governo. Vendeu uma pauta social do BC ao presidente da República, após reconhecer a legitimidade das últimas eleições e afirmar que sua gestão não tem atuação política.

Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, participa do programa Roda Viva, da TV Cultura.  Foto: TV CULTURA

Esse é justamente o ponto de maior desconfiança de Lula e do PT, que veem nele um infiltrado do ex-presidente Jair Bolsonaro no governo. O presidente do BC foi evasivo, no entanto, na resposta sobre o polêmico uso de uma camisa amarela, símbolo do bolsonarismo, na hora de votar nas eleições.

Também tergiversou sobre o fato de ter sido flagrado participado de grupo de WhatsApp de ministros do ex-presidente já no governo Lula. Procurou sair do embaraço político com o argumento de aprendizado com a independência do BC.

“A autonomia do Banco Central é nova. Eu, que vim indicado por um governo, também estou aprendendo. Espero poder conversar bem com qualquer governo”, respondeu. Apesar da busca da paz com o governo, negou que tenha se antecipado e começado a negociar com Fernando Haddad uma mudança da meta de inflação, mas defendeu aperfeiçoamentos para aprimorar o modelo.

Os ruídos sobre a meta levaram ao aumento das expectativas de inflação, dos juros futuros e do câmbio. Ele não quis detalhar nada, no entanto, alegando que podia mexer com o mercado. Faltou transparência em explicar do que se tratavam esses estudos do BC, justamente para afastar as incertezas em torno do tema. Esse foi um dos pontos mais negativos da sua fala.

No meio da entrevista, ele acabou revelando que se posicionou contra a tentativa da oposição do governo de incluir numa Medida Provisória um dispositivo para que a meta de inflação só pudesse ser alterada por unanimidade do Conselho Monetário Nacional (CMN). Também contou que, se não tivesse autonomia no governo anterior, teria pedido para sair do cargo. Ele e toda a diretoria.

Mesmo evitando o campo minado com o governo, ele não quis falar se o foco da equipe econômica na reforma tributária, deixando o projeto do novo arcabouço fiscal em segundo plano, trazia riscos. Mas não se furtou a falar das incertezas fiscais.

Sobre a tão esperada e cobrada queda dos juros, ele sinalizou que se a Medida Provisória do pacote de ajuste do ministro Haddad for aprovada antes da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o espaço para isso acontecer ficaria mais perto. Campos Neto não disse, mas a bola está com o Congresso e nas negociações políticas para aprovação do pacote.

BRASÍLIA - Roberto Campos Neto chegou aos estúdios da TV Cultura para a entrevista do programa Roda Viva nesta segunda-feira, 13, com um bloquinho de fichas nas mãos para provavelmente a entrevista mais aguardada de toda a sua gestão no comando do Banco Central.

Único remanescente do governo Bolsonaro e com mandato no cargo até dezembro de 2024, Campos Neto se transformou em alvo das críticas do governo aos juros altos no País em meio ao debate capitaneado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a elevação das metas de inflação.

A “cola”, como ele próprio chamou as fichas assim que chegou ao estúdio, onde a entrevista foi gravada, foi estrategicamente preparada para não esquecer nenhum ponto dos recados que queria passar. Ao longo da entrevista, volta e meia recorreu aos seus apontamentos.

Com o mercado ainda aberto quando a entrevista começou a ser gravada às 17 horas, todos que estavam no estúdio entraram sem celulares, inclusive a apresentadora Vera Magalhães, para evitar vazamentos.

Já sentado na famosa cadeira giratória do programa, no centro do cenário, ele fez questão de lembrar que era sua primeira vez ali, onde o seu avô, o economista Roberto Campos, um dos criadores do BC, esteve pela última vez em 1997.

No mesmo dia em que lideranças do PT pediram “fora, Campos Neto” e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, dizia que os juros no Brasil estão totalmente fora de propósito, o presidente do BC pregou “harmonia”, mas sem abandonar os alertas para riscos fiscais, campo minado na relação com o novo governo.

“Fiscal é um dos problemas crônicos do País que explicam juros a 13,75%”, afirmou ele, com cuidado, a todo momento, para não aumentar a temperatura do confronto.

O tom foi conciliatório. Campos pregou o diálogo, disse querer trabalhar em “harmonia” com Lula e prometeu fazer de tudo para aproximar o BC do governo. Vendeu uma pauta social do BC ao presidente da República, após reconhecer a legitimidade das últimas eleições e afirmar que sua gestão não tem atuação política.

Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, participa do programa Roda Viva, da TV Cultura.  Foto: TV CULTURA

Esse é justamente o ponto de maior desconfiança de Lula e do PT, que veem nele um infiltrado do ex-presidente Jair Bolsonaro no governo. O presidente do BC foi evasivo, no entanto, na resposta sobre o polêmico uso de uma camisa amarela, símbolo do bolsonarismo, na hora de votar nas eleições.

Também tergiversou sobre o fato de ter sido flagrado participado de grupo de WhatsApp de ministros do ex-presidente já no governo Lula. Procurou sair do embaraço político com o argumento de aprendizado com a independência do BC.

“A autonomia do Banco Central é nova. Eu, que vim indicado por um governo, também estou aprendendo. Espero poder conversar bem com qualquer governo”, respondeu. Apesar da busca da paz com o governo, negou que tenha se antecipado e começado a negociar com Fernando Haddad uma mudança da meta de inflação, mas defendeu aperfeiçoamentos para aprimorar o modelo.

Os ruídos sobre a meta levaram ao aumento das expectativas de inflação, dos juros futuros e do câmbio. Ele não quis detalhar nada, no entanto, alegando que podia mexer com o mercado. Faltou transparência em explicar do que se tratavam esses estudos do BC, justamente para afastar as incertezas em torno do tema. Esse foi um dos pontos mais negativos da sua fala.

No meio da entrevista, ele acabou revelando que se posicionou contra a tentativa da oposição do governo de incluir numa Medida Provisória um dispositivo para que a meta de inflação só pudesse ser alterada por unanimidade do Conselho Monetário Nacional (CMN). Também contou que, se não tivesse autonomia no governo anterior, teria pedido para sair do cargo. Ele e toda a diretoria.

Mesmo evitando o campo minado com o governo, ele não quis falar se o foco da equipe econômica na reforma tributária, deixando o projeto do novo arcabouço fiscal em segundo plano, trazia riscos. Mas não se furtou a falar das incertezas fiscais.

Sobre a tão esperada e cobrada queda dos juros, ele sinalizou que se a Medida Provisória do pacote de ajuste do ministro Haddad for aprovada antes da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o espaço para isso acontecer ficaria mais perto. Campos Neto não disse, mas a bola está com o Congresso e nas negociações políticas para aprovação do pacote.

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