Carne bovina deve ficar mais acessível e com preços atrativos em 2024


Alta do preço da arroba, por conta da oferta menor, é esperada para 2025

Por Tania Rabello
Atualização:

Se o ano de 2023 foi de altos e baixos na cadeia produtiva de bovinos de corte, 2024 tende a ser mais estável, segundo analistas ouvidos pelo Broadcast Agro. A expectativa é de preços firmes da arroba, oferta de animais ainda grande, porém mais ajustada à demanda, consumo interno de carne em recuperação, melhores margens para produtores e frigoríficos e exportações em bom ritmo.

Para o consumidor, a carne bovina ficou mais atrativa nos últimos meses de 2023. No próximo ano, o produto tende a seguir mais acessível, principalmente se a economia crescer e os juros continuarem caindo.

As fontes ouvidas dizem que a esperada “virada de ciclo” da pecuária - quando a arroba do boi gordo entra novamente em uma fase de alta pela oferta restrita - deve ocorrer somente em 2025, pois a disponibilidade de boiadas e de carne ainda não recuará de forma expressiva. O gerente da Consultoria Agro do Itaú BBA, César de Castro Alves, avalia que 2024 promete ser um ano menos turbulento e de transição, somente “para o produtor atravessar”.

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Os fundamentos do mercado de gado de corte no ano que vem não vão repetir 2023 - leia-se excesso de oferta de carne bovina por causa de abates recordes de vacas e bloqueio das exportações à China, após o caso atípico de vaca louca identificado no Brasil no primeiro trimestre. “A produção de carne bovina seguirá em altos patamares, mas não nos níveis extremos de 2023″, afirma o sócio-diretor da Scot Consultoria, Alcides Torres.

Alta de preço da carne bovina é esperada para 2025 Foto: Paulo Liebert/Estadão

Ele lembra que o acentuado abate de fêmeas, o principal fator na produção excessiva de carne, deve perder ritmo, já que os preços dos bezerros começam pontualmente a se recuperar. Tal situação motiva o criador a reter as vacas em vez de mandá-las para o frigorífico. Alves, do Itaú BBA, observa ainda que a oferta interna de boiadas em 2024 deve seguir estável em relação a 2023. O diferencial, enfatiza o analista, é quanto à matança de vacas. “O pecuarista talvez não tenha tanto ímpeto em descartar vacas como fez este ano, em função da perspectiva de arroba mais firme”, diz.

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Segundo o analista de Inteligência de Mercado da StoneX, Tomás Rigoletto, o principal fator que incentiva a retenção de fêmeas é o preço do bezerro, que veio em baixa em 2023. Com o abate recorde de vacas, porém, as cotações do animal de reposição estão começando a subir, embora de forma episódica. “É bom observar que não acontece da noite para o dia o preço do bezerro avançar para um patamar que desestimule o descarte de fêmeas”, adverte Rigoletto. “A cotação dessa categoria precisa se recuperar mais; temos visto altas pontuais em São Paulo desde setembro, mas são avanços erráticos”, prossegue o analista.

‘Berçário de bovinos’

Ele acrescenta que no “berçário” do Brasil, o Estado de Mato Grosso do Sul, a cotação do bezerro ainda está “andando de lado” e, em Mato Grosso, as valorizações “são tímidas”. “Estamos vendo os preços do bezerro subindo de forma bem gradual, por isso apostaria na virada de ciclo somente em 2025; podendo, talvez, começar no fim de 2024. É mais certo que seja em 2025.”

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O próximo ano será, enfim, de transição, com oferta ainda grande de boiadas, porém mais ajustada. O que não quer dizer ganhos expressivos para o criador, comenta Rigoletto, lembrando que os abates ainda estarão em altos patamares. “Observamos uma produção praticamente estável de carne bovina para 2024″, diz Rigoletto, citando números do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). O USDA projetou para 2024 volume de 11,38 milhões de toneladas, ou 2% mais ante os 11,16 milhões de toneladas de 2022 - 8% acima de 2021. “Ainda é um alto patamar de produção”, diz.

Consumo de carne deve ser impulsionado em 2024 por conta da queda dos juros e aumento do salário mínimo Foto: Wilton Junior/ Estadão

Consumo interno

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Um fator que pode contribuir para “enxugar” a oferta em 2024 é o consumo interno, que só patinou em 2023 e deve finalmente engatar, com redução da taxa de desemprego, aumento real do salário mínimo e a proteína vermelha a preços mais competitivos - a famosa “picanha barata” do primeiro ano do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. “Há também um cenário de juros mais baixos, que beneficia a recuperação econômica e, consequentemente, o consumo”, continua Rigoletto. “Assim, caso a economia de fato reaja em 2024, podemos ver um aumento no consumo doméstico de carne bovina.”

Quanto às exportações, Torres, da Scot, lembra que 2023 foi “o segundo melhor ano” para o Brasil em termos de embarques externos de carne bovina - mesmo com o “vácuo” de cem dias nas exportações para a China no primeiro trimestre. Até novembro deste ano, o Brasil já havia exportado 2,055 milhões de toneladas de carne bovina, quase o mesmo volume do ano inteiro de 2022, quando 2,090 milhões de toneladas foram exportadas, conforme dados do Agrostat, do Ministério da Agricultura.

Na visão de Torres, o preço da carne, que caiu em média 25% de 2022 para 2023, deve seguir estável, nos níveis de 2023. “Teremos um ano com um bom desempenho em volume, mas com preços dentro da normalidade. Aqueles ágios na carne exportada, que ocorreram em 2022, deixaram de existir”, continua. “A China entendeu como funciona o mercado brasileiro e sabe, agora, fazer pressão (sobre os preços) no momento adequado.”

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Um ponto de atenção sobre a China, diz Alves, do Itaú BBA, é se o gigante asiático conseguirá “atravessar seus desafios sem mais desvalorização cambial”. Caso isso ocorra, “tende a aumentar” a pressão chinesa para rebaixar mais os preços em dólares da carne adquirida do Brasil. “Mesmo assim, em termos de volume, ainda há um cenário positivo, com exportação crescente para lá”, diz.

Para Torres, um dos motivos pelos quais os chineses devem continuar adquirindo carne bovina brasileira em grandes volumes é a “classe média fabulosa deles, de 200 milhões de pessoas”. “Eles têm uma classe média que está se alimentando melhor, não é mais uma questão de comer para sobreviver, é ter um cardápio variado.”

Também favorece as exportações brasileiras de carne em 2024 o fato de que os Estados Unidos estão num ciclo de alta na bovinocultura de corte. “A carne norte-americana ainda estará mais cara em 2024, ao contrário da proteína do Brasil”, diz Torres. “Então a China não terá muita alternativa de mercado.”

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Quanto às margens dos frigoríficos, para 2023 a Scot estima que se situe em 22,3%, ante 12,9% em 2022. “Para 2024, com a expectativa do preço da arroba do boi gordo trabalhando em patamares próximos ao verificado neste fim de ano, a margem da indústria deverá cair um pouco, oscilando entre 15% e 19%”, diz Torres. Ainda assim, “uma margem ótima”, avalia.

Se o ano de 2023 foi de altos e baixos na cadeia produtiva de bovinos de corte, 2024 tende a ser mais estável, segundo analistas ouvidos pelo Broadcast Agro. A expectativa é de preços firmes da arroba, oferta de animais ainda grande, porém mais ajustada à demanda, consumo interno de carne em recuperação, melhores margens para produtores e frigoríficos e exportações em bom ritmo.

Para o consumidor, a carne bovina ficou mais atrativa nos últimos meses de 2023. No próximo ano, o produto tende a seguir mais acessível, principalmente se a economia crescer e os juros continuarem caindo.

As fontes ouvidas dizem que a esperada “virada de ciclo” da pecuária - quando a arroba do boi gordo entra novamente em uma fase de alta pela oferta restrita - deve ocorrer somente em 2025, pois a disponibilidade de boiadas e de carne ainda não recuará de forma expressiva. O gerente da Consultoria Agro do Itaú BBA, César de Castro Alves, avalia que 2024 promete ser um ano menos turbulento e de transição, somente “para o produtor atravessar”.

Os fundamentos do mercado de gado de corte no ano que vem não vão repetir 2023 - leia-se excesso de oferta de carne bovina por causa de abates recordes de vacas e bloqueio das exportações à China, após o caso atípico de vaca louca identificado no Brasil no primeiro trimestre. “A produção de carne bovina seguirá em altos patamares, mas não nos níveis extremos de 2023″, afirma o sócio-diretor da Scot Consultoria, Alcides Torres.

Alta de preço da carne bovina é esperada para 2025 Foto: Paulo Liebert/Estadão

Ele lembra que o acentuado abate de fêmeas, o principal fator na produção excessiva de carne, deve perder ritmo, já que os preços dos bezerros começam pontualmente a se recuperar. Tal situação motiva o criador a reter as vacas em vez de mandá-las para o frigorífico. Alves, do Itaú BBA, observa ainda que a oferta interna de boiadas em 2024 deve seguir estável em relação a 2023. O diferencial, enfatiza o analista, é quanto à matança de vacas. “O pecuarista talvez não tenha tanto ímpeto em descartar vacas como fez este ano, em função da perspectiva de arroba mais firme”, diz.

Segundo o analista de Inteligência de Mercado da StoneX, Tomás Rigoletto, o principal fator que incentiva a retenção de fêmeas é o preço do bezerro, que veio em baixa em 2023. Com o abate recorde de vacas, porém, as cotações do animal de reposição estão começando a subir, embora de forma episódica. “É bom observar que não acontece da noite para o dia o preço do bezerro avançar para um patamar que desestimule o descarte de fêmeas”, adverte Rigoletto. “A cotação dessa categoria precisa se recuperar mais; temos visto altas pontuais em São Paulo desde setembro, mas são avanços erráticos”, prossegue o analista.

‘Berçário de bovinos’

Ele acrescenta que no “berçário” do Brasil, o Estado de Mato Grosso do Sul, a cotação do bezerro ainda está “andando de lado” e, em Mato Grosso, as valorizações “são tímidas”. “Estamos vendo os preços do bezerro subindo de forma bem gradual, por isso apostaria na virada de ciclo somente em 2025; podendo, talvez, começar no fim de 2024. É mais certo que seja em 2025.”

O próximo ano será, enfim, de transição, com oferta ainda grande de boiadas, porém mais ajustada. O que não quer dizer ganhos expressivos para o criador, comenta Rigoletto, lembrando que os abates ainda estarão em altos patamares. “Observamos uma produção praticamente estável de carne bovina para 2024″, diz Rigoletto, citando números do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). O USDA projetou para 2024 volume de 11,38 milhões de toneladas, ou 2% mais ante os 11,16 milhões de toneladas de 2022 - 8% acima de 2021. “Ainda é um alto patamar de produção”, diz.

Consumo de carne deve ser impulsionado em 2024 por conta da queda dos juros e aumento do salário mínimo Foto: Wilton Junior/ Estadão

Consumo interno

Um fator que pode contribuir para “enxugar” a oferta em 2024 é o consumo interno, que só patinou em 2023 e deve finalmente engatar, com redução da taxa de desemprego, aumento real do salário mínimo e a proteína vermelha a preços mais competitivos - a famosa “picanha barata” do primeiro ano do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. “Há também um cenário de juros mais baixos, que beneficia a recuperação econômica e, consequentemente, o consumo”, continua Rigoletto. “Assim, caso a economia de fato reaja em 2024, podemos ver um aumento no consumo doméstico de carne bovina.”

Quanto às exportações, Torres, da Scot, lembra que 2023 foi “o segundo melhor ano” para o Brasil em termos de embarques externos de carne bovina - mesmo com o “vácuo” de cem dias nas exportações para a China no primeiro trimestre. Até novembro deste ano, o Brasil já havia exportado 2,055 milhões de toneladas de carne bovina, quase o mesmo volume do ano inteiro de 2022, quando 2,090 milhões de toneladas foram exportadas, conforme dados do Agrostat, do Ministério da Agricultura.

Na visão de Torres, o preço da carne, que caiu em média 25% de 2022 para 2023, deve seguir estável, nos níveis de 2023. “Teremos um ano com um bom desempenho em volume, mas com preços dentro da normalidade. Aqueles ágios na carne exportada, que ocorreram em 2022, deixaram de existir”, continua. “A China entendeu como funciona o mercado brasileiro e sabe, agora, fazer pressão (sobre os preços) no momento adequado.”

Um ponto de atenção sobre a China, diz Alves, do Itaú BBA, é se o gigante asiático conseguirá “atravessar seus desafios sem mais desvalorização cambial”. Caso isso ocorra, “tende a aumentar” a pressão chinesa para rebaixar mais os preços em dólares da carne adquirida do Brasil. “Mesmo assim, em termos de volume, ainda há um cenário positivo, com exportação crescente para lá”, diz.

Para Torres, um dos motivos pelos quais os chineses devem continuar adquirindo carne bovina brasileira em grandes volumes é a “classe média fabulosa deles, de 200 milhões de pessoas”. “Eles têm uma classe média que está se alimentando melhor, não é mais uma questão de comer para sobreviver, é ter um cardápio variado.”

Também favorece as exportações brasileiras de carne em 2024 o fato de que os Estados Unidos estão num ciclo de alta na bovinocultura de corte. “A carne norte-americana ainda estará mais cara em 2024, ao contrário da proteína do Brasil”, diz Torres. “Então a China não terá muita alternativa de mercado.”

Quanto às margens dos frigoríficos, para 2023 a Scot estima que se situe em 22,3%, ante 12,9% em 2022. “Para 2024, com a expectativa do preço da arroba do boi gordo trabalhando em patamares próximos ao verificado neste fim de ano, a margem da indústria deverá cair um pouco, oscilando entre 15% e 19%”, diz Torres. Ainda assim, “uma margem ótima”, avalia.

Se o ano de 2023 foi de altos e baixos na cadeia produtiva de bovinos de corte, 2024 tende a ser mais estável, segundo analistas ouvidos pelo Broadcast Agro. A expectativa é de preços firmes da arroba, oferta de animais ainda grande, porém mais ajustada à demanda, consumo interno de carne em recuperação, melhores margens para produtores e frigoríficos e exportações em bom ritmo.

Para o consumidor, a carne bovina ficou mais atrativa nos últimos meses de 2023. No próximo ano, o produto tende a seguir mais acessível, principalmente se a economia crescer e os juros continuarem caindo.

As fontes ouvidas dizem que a esperada “virada de ciclo” da pecuária - quando a arroba do boi gordo entra novamente em uma fase de alta pela oferta restrita - deve ocorrer somente em 2025, pois a disponibilidade de boiadas e de carne ainda não recuará de forma expressiva. O gerente da Consultoria Agro do Itaú BBA, César de Castro Alves, avalia que 2024 promete ser um ano menos turbulento e de transição, somente “para o produtor atravessar”.

Os fundamentos do mercado de gado de corte no ano que vem não vão repetir 2023 - leia-se excesso de oferta de carne bovina por causa de abates recordes de vacas e bloqueio das exportações à China, após o caso atípico de vaca louca identificado no Brasil no primeiro trimestre. “A produção de carne bovina seguirá em altos patamares, mas não nos níveis extremos de 2023″, afirma o sócio-diretor da Scot Consultoria, Alcides Torres.

Alta de preço da carne bovina é esperada para 2025 Foto: Paulo Liebert/Estadão

Ele lembra que o acentuado abate de fêmeas, o principal fator na produção excessiva de carne, deve perder ritmo, já que os preços dos bezerros começam pontualmente a se recuperar. Tal situação motiva o criador a reter as vacas em vez de mandá-las para o frigorífico. Alves, do Itaú BBA, observa ainda que a oferta interna de boiadas em 2024 deve seguir estável em relação a 2023. O diferencial, enfatiza o analista, é quanto à matança de vacas. “O pecuarista talvez não tenha tanto ímpeto em descartar vacas como fez este ano, em função da perspectiva de arroba mais firme”, diz.

Segundo o analista de Inteligência de Mercado da StoneX, Tomás Rigoletto, o principal fator que incentiva a retenção de fêmeas é o preço do bezerro, que veio em baixa em 2023. Com o abate recorde de vacas, porém, as cotações do animal de reposição estão começando a subir, embora de forma episódica. “É bom observar que não acontece da noite para o dia o preço do bezerro avançar para um patamar que desestimule o descarte de fêmeas”, adverte Rigoletto. “A cotação dessa categoria precisa se recuperar mais; temos visto altas pontuais em São Paulo desde setembro, mas são avanços erráticos”, prossegue o analista.

‘Berçário de bovinos’

Ele acrescenta que no “berçário” do Brasil, o Estado de Mato Grosso do Sul, a cotação do bezerro ainda está “andando de lado” e, em Mato Grosso, as valorizações “são tímidas”. “Estamos vendo os preços do bezerro subindo de forma bem gradual, por isso apostaria na virada de ciclo somente em 2025; podendo, talvez, começar no fim de 2024. É mais certo que seja em 2025.”

O próximo ano será, enfim, de transição, com oferta ainda grande de boiadas, porém mais ajustada. O que não quer dizer ganhos expressivos para o criador, comenta Rigoletto, lembrando que os abates ainda estarão em altos patamares. “Observamos uma produção praticamente estável de carne bovina para 2024″, diz Rigoletto, citando números do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). O USDA projetou para 2024 volume de 11,38 milhões de toneladas, ou 2% mais ante os 11,16 milhões de toneladas de 2022 - 8% acima de 2021. “Ainda é um alto patamar de produção”, diz.

Consumo de carne deve ser impulsionado em 2024 por conta da queda dos juros e aumento do salário mínimo Foto: Wilton Junior/ Estadão

Consumo interno

Um fator que pode contribuir para “enxugar” a oferta em 2024 é o consumo interno, que só patinou em 2023 e deve finalmente engatar, com redução da taxa de desemprego, aumento real do salário mínimo e a proteína vermelha a preços mais competitivos - a famosa “picanha barata” do primeiro ano do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. “Há também um cenário de juros mais baixos, que beneficia a recuperação econômica e, consequentemente, o consumo”, continua Rigoletto. “Assim, caso a economia de fato reaja em 2024, podemos ver um aumento no consumo doméstico de carne bovina.”

Quanto às exportações, Torres, da Scot, lembra que 2023 foi “o segundo melhor ano” para o Brasil em termos de embarques externos de carne bovina - mesmo com o “vácuo” de cem dias nas exportações para a China no primeiro trimestre. Até novembro deste ano, o Brasil já havia exportado 2,055 milhões de toneladas de carne bovina, quase o mesmo volume do ano inteiro de 2022, quando 2,090 milhões de toneladas foram exportadas, conforme dados do Agrostat, do Ministério da Agricultura.

Na visão de Torres, o preço da carne, que caiu em média 25% de 2022 para 2023, deve seguir estável, nos níveis de 2023. “Teremos um ano com um bom desempenho em volume, mas com preços dentro da normalidade. Aqueles ágios na carne exportada, que ocorreram em 2022, deixaram de existir”, continua. “A China entendeu como funciona o mercado brasileiro e sabe, agora, fazer pressão (sobre os preços) no momento adequado.”

Um ponto de atenção sobre a China, diz Alves, do Itaú BBA, é se o gigante asiático conseguirá “atravessar seus desafios sem mais desvalorização cambial”. Caso isso ocorra, “tende a aumentar” a pressão chinesa para rebaixar mais os preços em dólares da carne adquirida do Brasil. “Mesmo assim, em termos de volume, ainda há um cenário positivo, com exportação crescente para lá”, diz.

Para Torres, um dos motivos pelos quais os chineses devem continuar adquirindo carne bovina brasileira em grandes volumes é a “classe média fabulosa deles, de 200 milhões de pessoas”. “Eles têm uma classe média que está se alimentando melhor, não é mais uma questão de comer para sobreviver, é ter um cardápio variado.”

Também favorece as exportações brasileiras de carne em 2024 o fato de que os Estados Unidos estão num ciclo de alta na bovinocultura de corte. “A carne norte-americana ainda estará mais cara em 2024, ao contrário da proteína do Brasil”, diz Torres. “Então a China não terá muita alternativa de mercado.”

Quanto às margens dos frigoríficos, para 2023 a Scot estima que se situe em 22,3%, ante 12,9% em 2022. “Para 2024, com a expectativa do preço da arroba do boi gordo trabalhando em patamares próximos ao verificado neste fim de ano, a margem da indústria deverá cair um pouco, oscilando entre 15% e 19%”, diz Torres. Ainda assim, “uma margem ótima”, avalia.

Se o ano de 2023 foi de altos e baixos na cadeia produtiva de bovinos de corte, 2024 tende a ser mais estável, segundo analistas ouvidos pelo Broadcast Agro. A expectativa é de preços firmes da arroba, oferta de animais ainda grande, porém mais ajustada à demanda, consumo interno de carne em recuperação, melhores margens para produtores e frigoríficos e exportações em bom ritmo.

Para o consumidor, a carne bovina ficou mais atrativa nos últimos meses de 2023. No próximo ano, o produto tende a seguir mais acessível, principalmente se a economia crescer e os juros continuarem caindo.

As fontes ouvidas dizem que a esperada “virada de ciclo” da pecuária - quando a arroba do boi gordo entra novamente em uma fase de alta pela oferta restrita - deve ocorrer somente em 2025, pois a disponibilidade de boiadas e de carne ainda não recuará de forma expressiva. O gerente da Consultoria Agro do Itaú BBA, César de Castro Alves, avalia que 2024 promete ser um ano menos turbulento e de transição, somente “para o produtor atravessar”.

Os fundamentos do mercado de gado de corte no ano que vem não vão repetir 2023 - leia-se excesso de oferta de carne bovina por causa de abates recordes de vacas e bloqueio das exportações à China, após o caso atípico de vaca louca identificado no Brasil no primeiro trimestre. “A produção de carne bovina seguirá em altos patamares, mas não nos níveis extremos de 2023″, afirma o sócio-diretor da Scot Consultoria, Alcides Torres.

Alta de preço da carne bovina é esperada para 2025 Foto: Paulo Liebert/Estadão

Ele lembra que o acentuado abate de fêmeas, o principal fator na produção excessiva de carne, deve perder ritmo, já que os preços dos bezerros começam pontualmente a se recuperar. Tal situação motiva o criador a reter as vacas em vez de mandá-las para o frigorífico. Alves, do Itaú BBA, observa ainda que a oferta interna de boiadas em 2024 deve seguir estável em relação a 2023. O diferencial, enfatiza o analista, é quanto à matança de vacas. “O pecuarista talvez não tenha tanto ímpeto em descartar vacas como fez este ano, em função da perspectiva de arroba mais firme”, diz.

Segundo o analista de Inteligência de Mercado da StoneX, Tomás Rigoletto, o principal fator que incentiva a retenção de fêmeas é o preço do bezerro, que veio em baixa em 2023. Com o abate recorde de vacas, porém, as cotações do animal de reposição estão começando a subir, embora de forma episódica. “É bom observar que não acontece da noite para o dia o preço do bezerro avançar para um patamar que desestimule o descarte de fêmeas”, adverte Rigoletto. “A cotação dessa categoria precisa se recuperar mais; temos visto altas pontuais em São Paulo desde setembro, mas são avanços erráticos”, prossegue o analista.

‘Berçário de bovinos’

Ele acrescenta que no “berçário” do Brasil, o Estado de Mato Grosso do Sul, a cotação do bezerro ainda está “andando de lado” e, em Mato Grosso, as valorizações “são tímidas”. “Estamos vendo os preços do bezerro subindo de forma bem gradual, por isso apostaria na virada de ciclo somente em 2025; podendo, talvez, começar no fim de 2024. É mais certo que seja em 2025.”

O próximo ano será, enfim, de transição, com oferta ainda grande de boiadas, porém mais ajustada. O que não quer dizer ganhos expressivos para o criador, comenta Rigoletto, lembrando que os abates ainda estarão em altos patamares. “Observamos uma produção praticamente estável de carne bovina para 2024″, diz Rigoletto, citando números do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). O USDA projetou para 2024 volume de 11,38 milhões de toneladas, ou 2% mais ante os 11,16 milhões de toneladas de 2022 - 8% acima de 2021. “Ainda é um alto patamar de produção”, diz.

Consumo de carne deve ser impulsionado em 2024 por conta da queda dos juros e aumento do salário mínimo Foto: Wilton Junior/ Estadão

Consumo interno

Um fator que pode contribuir para “enxugar” a oferta em 2024 é o consumo interno, que só patinou em 2023 e deve finalmente engatar, com redução da taxa de desemprego, aumento real do salário mínimo e a proteína vermelha a preços mais competitivos - a famosa “picanha barata” do primeiro ano do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. “Há também um cenário de juros mais baixos, que beneficia a recuperação econômica e, consequentemente, o consumo”, continua Rigoletto. “Assim, caso a economia de fato reaja em 2024, podemos ver um aumento no consumo doméstico de carne bovina.”

Quanto às exportações, Torres, da Scot, lembra que 2023 foi “o segundo melhor ano” para o Brasil em termos de embarques externos de carne bovina - mesmo com o “vácuo” de cem dias nas exportações para a China no primeiro trimestre. Até novembro deste ano, o Brasil já havia exportado 2,055 milhões de toneladas de carne bovina, quase o mesmo volume do ano inteiro de 2022, quando 2,090 milhões de toneladas foram exportadas, conforme dados do Agrostat, do Ministério da Agricultura.

Na visão de Torres, o preço da carne, que caiu em média 25% de 2022 para 2023, deve seguir estável, nos níveis de 2023. “Teremos um ano com um bom desempenho em volume, mas com preços dentro da normalidade. Aqueles ágios na carne exportada, que ocorreram em 2022, deixaram de existir”, continua. “A China entendeu como funciona o mercado brasileiro e sabe, agora, fazer pressão (sobre os preços) no momento adequado.”

Um ponto de atenção sobre a China, diz Alves, do Itaú BBA, é se o gigante asiático conseguirá “atravessar seus desafios sem mais desvalorização cambial”. Caso isso ocorra, “tende a aumentar” a pressão chinesa para rebaixar mais os preços em dólares da carne adquirida do Brasil. “Mesmo assim, em termos de volume, ainda há um cenário positivo, com exportação crescente para lá”, diz.

Para Torres, um dos motivos pelos quais os chineses devem continuar adquirindo carne bovina brasileira em grandes volumes é a “classe média fabulosa deles, de 200 milhões de pessoas”. “Eles têm uma classe média que está se alimentando melhor, não é mais uma questão de comer para sobreviver, é ter um cardápio variado.”

Também favorece as exportações brasileiras de carne em 2024 o fato de que os Estados Unidos estão num ciclo de alta na bovinocultura de corte. “A carne norte-americana ainda estará mais cara em 2024, ao contrário da proteína do Brasil”, diz Torres. “Então a China não terá muita alternativa de mercado.”

Quanto às margens dos frigoríficos, para 2023 a Scot estima que se situe em 22,3%, ante 12,9% em 2022. “Para 2024, com a expectativa do preço da arroba do boi gordo trabalhando em patamares próximos ao verificado neste fim de ano, a margem da indústria deverá cair um pouco, oscilando entre 15% e 19%”, diz Torres. Ainda assim, “uma margem ótima”, avalia.

Se o ano de 2023 foi de altos e baixos na cadeia produtiva de bovinos de corte, 2024 tende a ser mais estável, segundo analistas ouvidos pelo Broadcast Agro. A expectativa é de preços firmes da arroba, oferta de animais ainda grande, porém mais ajustada à demanda, consumo interno de carne em recuperação, melhores margens para produtores e frigoríficos e exportações em bom ritmo.

Para o consumidor, a carne bovina ficou mais atrativa nos últimos meses de 2023. No próximo ano, o produto tende a seguir mais acessível, principalmente se a economia crescer e os juros continuarem caindo.

As fontes ouvidas dizem que a esperada “virada de ciclo” da pecuária - quando a arroba do boi gordo entra novamente em uma fase de alta pela oferta restrita - deve ocorrer somente em 2025, pois a disponibilidade de boiadas e de carne ainda não recuará de forma expressiva. O gerente da Consultoria Agro do Itaú BBA, César de Castro Alves, avalia que 2024 promete ser um ano menos turbulento e de transição, somente “para o produtor atravessar”.

Os fundamentos do mercado de gado de corte no ano que vem não vão repetir 2023 - leia-se excesso de oferta de carne bovina por causa de abates recordes de vacas e bloqueio das exportações à China, após o caso atípico de vaca louca identificado no Brasil no primeiro trimestre. “A produção de carne bovina seguirá em altos patamares, mas não nos níveis extremos de 2023″, afirma o sócio-diretor da Scot Consultoria, Alcides Torres.

Alta de preço da carne bovina é esperada para 2025 Foto: Paulo Liebert/Estadão

Ele lembra que o acentuado abate de fêmeas, o principal fator na produção excessiva de carne, deve perder ritmo, já que os preços dos bezerros começam pontualmente a se recuperar. Tal situação motiva o criador a reter as vacas em vez de mandá-las para o frigorífico. Alves, do Itaú BBA, observa ainda que a oferta interna de boiadas em 2024 deve seguir estável em relação a 2023. O diferencial, enfatiza o analista, é quanto à matança de vacas. “O pecuarista talvez não tenha tanto ímpeto em descartar vacas como fez este ano, em função da perspectiva de arroba mais firme”, diz.

Segundo o analista de Inteligência de Mercado da StoneX, Tomás Rigoletto, o principal fator que incentiva a retenção de fêmeas é o preço do bezerro, que veio em baixa em 2023. Com o abate recorde de vacas, porém, as cotações do animal de reposição estão começando a subir, embora de forma episódica. “É bom observar que não acontece da noite para o dia o preço do bezerro avançar para um patamar que desestimule o descarte de fêmeas”, adverte Rigoletto. “A cotação dessa categoria precisa se recuperar mais; temos visto altas pontuais em São Paulo desde setembro, mas são avanços erráticos”, prossegue o analista.

‘Berçário de bovinos’

Ele acrescenta que no “berçário” do Brasil, o Estado de Mato Grosso do Sul, a cotação do bezerro ainda está “andando de lado” e, em Mato Grosso, as valorizações “são tímidas”. “Estamos vendo os preços do bezerro subindo de forma bem gradual, por isso apostaria na virada de ciclo somente em 2025; podendo, talvez, começar no fim de 2024. É mais certo que seja em 2025.”

O próximo ano será, enfim, de transição, com oferta ainda grande de boiadas, porém mais ajustada. O que não quer dizer ganhos expressivos para o criador, comenta Rigoletto, lembrando que os abates ainda estarão em altos patamares. “Observamos uma produção praticamente estável de carne bovina para 2024″, diz Rigoletto, citando números do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). O USDA projetou para 2024 volume de 11,38 milhões de toneladas, ou 2% mais ante os 11,16 milhões de toneladas de 2022 - 8% acima de 2021. “Ainda é um alto patamar de produção”, diz.

Consumo de carne deve ser impulsionado em 2024 por conta da queda dos juros e aumento do salário mínimo Foto: Wilton Junior/ Estadão

Consumo interno

Um fator que pode contribuir para “enxugar” a oferta em 2024 é o consumo interno, que só patinou em 2023 e deve finalmente engatar, com redução da taxa de desemprego, aumento real do salário mínimo e a proteína vermelha a preços mais competitivos - a famosa “picanha barata” do primeiro ano do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. “Há também um cenário de juros mais baixos, que beneficia a recuperação econômica e, consequentemente, o consumo”, continua Rigoletto. “Assim, caso a economia de fato reaja em 2024, podemos ver um aumento no consumo doméstico de carne bovina.”

Quanto às exportações, Torres, da Scot, lembra que 2023 foi “o segundo melhor ano” para o Brasil em termos de embarques externos de carne bovina - mesmo com o “vácuo” de cem dias nas exportações para a China no primeiro trimestre. Até novembro deste ano, o Brasil já havia exportado 2,055 milhões de toneladas de carne bovina, quase o mesmo volume do ano inteiro de 2022, quando 2,090 milhões de toneladas foram exportadas, conforme dados do Agrostat, do Ministério da Agricultura.

Na visão de Torres, o preço da carne, que caiu em média 25% de 2022 para 2023, deve seguir estável, nos níveis de 2023. “Teremos um ano com um bom desempenho em volume, mas com preços dentro da normalidade. Aqueles ágios na carne exportada, que ocorreram em 2022, deixaram de existir”, continua. “A China entendeu como funciona o mercado brasileiro e sabe, agora, fazer pressão (sobre os preços) no momento adequado.”

Um ponto de atenção sobre a China, diz Alves, do Itaú BBA, é se o gigante asiático conseguirá “atravessar seus desafios sem mais desvalorização cambial”. Caso isso ocorra, “tende a aumentar” a pressão chinesa para rebaixar mais os preços em dólares da carne adquirida do Brasil. “Mesmo assim, em termos de volume, ainda há um cenário positivo, com exportação crescente para lá”, diz.

Para Torres, um dos motivos pelos quais os chineses devem continuar adquirindo carne bovina brasileira em grandes volumes é a “classe média fabulosa deles, de 200 milhões de pessoas”. “Eles têm uma classe média que está se alimentando melhor, não é mais uma questão de comer para sobreviver, é ter um cardápio variado.”

Também favorece as exportações brasileiras de carne em 2024 o fato de que os Estados Unidos estão num ciclo de alta na bovinocultura de corte. “A carne norte-americana ainda estará mais cara em 2024, ao contrário da proteína do Brasil”, diz Torres. “Então a China não terá muita alternativa de mercado.”

Quanto às margens dos frigoríficos, para 2023 a Scot estima que se situe em 22,3%, ante 12,9% em 2022. “Para 2024, com a expectativa do preço da arroba do boi gordo trabalhando em patamares próximos ao verificado neste fim de ano, a margem da indústria deverá cair um pouco, oscilando entre 15% e 19%”, diz Torres. Ainda assim, “uma margem ótima”, avalia.

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