Executivos fazem caminho de volta e trocam startups pela segurança das empresas tradicionais


Depois de ‘onda’ de migração para empresas nascentes, profissionais passaram a valorizar a possibilidade de levar um projeto até o fim em companhias mais estabelecidas, dizem especialistas em RH

Por Márcia De Chiara

A crise nas startups está levando executivos do alto escalão e de média gerência, egressos de empresas tradicionais e contratados no período de bonança, a fazer o caminho de volta. Esse movimento vem ocorrendo no setor financeiro, em seguradoras, bancos, empresas de tecnologia e também educação. Eles estão voltando às empresas tradicionais para ocupar cargos de diretoria e gerência nas áreas de finanças, comercial, recursos humanos e marketing.

O retorno dos profissionais das startups para companhias da velha economia é recente. Começou no início deste ano e ganhou força ao longo dos últimos meses. A mudança de rota coincide com a avalanche demissões que veio à tona nas startups. Muitas delas tiveram de enxugar projetos porque as fontes de financiamento minguaram.

Com a alta dos juros no mundo para conter a escalada global da inflação, fundos de investimentos abandonaram negócios mais arriscados, como as startups. E decidiram aplicar o dinheiro em portos mais seguros, como títulos do Tesouro Americano e empresas tradicionais com bom desempenho em Bolsa.

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Atualmente, ao menos 80% dos processos de seleção em andamento na Signium, consultoria americana especializada na contratação e seleção de executivos de alto escalão, por exemplo, têm como finalistas profissionais que trocaram empresas tradicionais pelas startups e agora estão voltando às origens. “O mercado de executivos deu uma invertida”, afirma Giovana Cervi, sócia da consultoria.

Essa tendência também foi observada pela Korn Ferry, outra importante consultoria especializada em recrutamento de altos executivos. Atualmente, 85% dos processos de seleção tocados pela consultoria são demandas de empresas tradicionais. Dois anos atrás, as startups respondiam por quase a metade dos projetos. “As startups buscavam executivos a peso de ouro”, lembra Márcio Gropillo, líder de recrutamento.

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Enquanto o fluxo de recursos diminuiu para as startups, os investimentos continuaram nas empresas tradicionais em setores nos quais a demanda está aquecida. “Entre as empresas tradicionais, há muitos segmentos crescendo e dinheiro sendo investido”, afirma Giovana.

Paulo Dias, da PageGroup, diz que executivos estão repetindo movimento feito pelos investidores Foto: ALEX SILVA/ESTADÃO

Paulo Dias, diretor da PageGroup, consultoria especializada em recursos humanos, compara a reação dos executivos ao cenário econômico com a dos investidores. “Os executivos começam a fazer agora um movimento que os investidores já fizeram.” Embora não tenha números, ele também percebe que há um retorno dos executivos das startups para empresas tradicionais.

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Interesses

Ao contratar profissionais que passaram por startups, as companhias tradicionais estão atrás da experiência. Nas startups, esses executivos aprenderam a trabalhar num ambiente mais dinâmico e inovador e com exigência de rápida adaptação a cenários adversos. Com isso, acumularam uma experiência de empreendedorismo que não é tão simples de encontrar no mercado, ressaltam os consultores.

Após dois anos no banco digital Bari (startup), o executivo Ricardo Sanfelice voltou para uma empresa tradicional e hoje é diretor executivo de Clientes, Dados e Inovação do Banco BV Foto: Dennis Ferreira Netto/Estadão - 2/12/20
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Esse foi o caso de Ricardo Sanfelice, de 46 anos. Desde de junho, ele é diretor executivo do banco BV, à frente da área de Cliente, Dados e Inovação, e responde diretamente ao CEO do banco.

Engenheiro eletrônico de formação, Sanfelice trabalhou por 20 anos na área de telecomunicações em empresas tradicionais. Foram 15 anos na GVT e mais cinco anos na Vivo, onde chegou a ser vice-presidente, responsável pela digitalização e inovação. No início de 2019, ele estava decidido a movimentar a sua carreira e ir para outro setor.

No começo de 2020, recebeu um convite para começar do zero um banco digital, o Bari, do grupo Barigui, de Curitiba (PR). Lá, ficou até março deste ano, quando concluiu que havia encerrado o ciclo na startup. Na sequência, surgiu o convite do BV para voltar ao mercado corporativo.

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Ele diz que o que o motivou a retornar a uma empresa tradicional – o quinto maior banco privado, com mais de 30 anos de existência e sócios de peso como o Banco do Brasil e o Banco Votorantim – foi o tamanho do projeto. “É um projeto encantador de transformação digital que eu estou liderando”, afirma.

Ele admite que a remuneração oferecida contou, mas ressalta que esse não foi o fator-chave para a tomada de decisão. “Queria voltar a trabalhar num projeto dessa envergadura”, diz, frisando que o Bari segue o seu caminho, sem obstáculos de financiamento enfrentados por outras startups.

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Previsibilidade

De acordo com consultores, neste momento de aperto de liquidez global, executivos que fazem o caminho de volta enxergam nas empresas tradicionais mais condições objetivas de recursos para desenvolver projetos profissionais e também maior previsibilidade em sua remuneração.

Na prática, para a maioria dos executivos que migram das startups para empresas tradicionais, não há grandes alterações nos pacotes de remuneração de curto prazo. O impacto da mudança, no entanto, está concentrado no potencial de ganhos de longo prazo. É que as startups vinculam parte dos benefícios dos executivos ao ritmo de crescimento do negócio que, por sua vez, depende das captações de recursos no mercado, que hoje enfrenta cenário desfavorável.

Giovana, da Signium, diz que os profissionais estão interessados em voltar para as grandes empresas porque, neste momento, veem nelas um “porto mais seguro”. No entanto, a consultora frisa que não se trata apenas de maior previsibilidade e segurança na remuneração para fisgar esses profissionais.

O fator de atração citado pelos executivos é o desafio do projeto, como foi apontado por Sanfelice, do BV. “É muito mais desafiador você estar numa agenda positiva de crescimento e realização do que numa agenda de redução de custos e ajuste de estrutura”, diz a consultora, lembrando que, no momento, essa é a situação de parte das startups.

A crise nas startups está levando executivos do alto escalão e de média gerência, egressos de empresas tradicionais e contratados no período de bonança, a fazer o caminho de volta. Esse movimento vem ocorrendo no setor financeiro, em seguradoras, bancos, empresas de tecnologia e também educação. Eles estão voltando às empresas tradicionais para ocupar cargos de diretoria e gerência nas áreas de finanças, comercial, recursos humanos e marketing.

O retorno dos profissionais das startups para companhias da velha economia é recente. Começou no início deste ano e ganhou força ao longo dos últimos meses. A mudança de rota coincide com a avalanche demissões que veio à tona nas startups. Muitas delas tiveram de enxugar projetos porque as fontes de financiamento minguaram.

Com a alta dos juros no mundo para conter a escalada global da inflação, fundos de investimentos abandonaram negócios mais arriscados, como as startups. E decidiram aplicar o dinheiro em portos mais seguros, como títulos do Tesouro Americano e empresas tradicionais com bom desempenho em Bolsa.

Atualmente, ao menos 80% dos processos de seleção em andamento na Signium, consultoria americana especializada na contratação e seleção de executivos de alto escalão, por exemplo, têm como finalistas profissionais que trocaram empresas tradicionais pelas startups e agora estão voltando às origens. “O mercado de executivos deu uma invertida”, afirma Giovana Cervi, sócia da consultoria.

Essa tendência também foi observada pela Korn Ferry, outra importante consultoria especializada em recrutamento de altos executivos. Atualmente, 85% dos processos de seleção tocados pela consultoria são demandas de empresas tradicionais. Dois anos atrás, as startups respondiam por quase a metade dos projetos. “As startups buscavam executivos a peso de ouro”, lembra Márcio Gropillo, líder de recrutamento.

Enquanto o fluxo de recursos diminuiu para as startups, os investimentos continuaram nas empresas tradicionais em setores nos quais a demanda está aquecida. “Entre as empresas tradicionais, há muitos segmentos crescendo e dinheiro sendo investido”, afirma Giovana.

Paulo Dias, da PageGroup, diz que executivos estão repetindo movimento feito pelos investidores Foto: ALEX SILVA/ESTADÃO

Paulo Dias, diretor da PageGroup, consultoria especializada em recursos humanos, compara a reação dos executivos ao cenário econômico com a dos investidores. “Os executivos começam a fazer agora um movimento que os investidores já fizeram.” Embora não tenha números, ele também percebe que há um retorno dos executivos das startups para empresas tradicionais.

Interesses

Ao contratar profissionais que passaram por startups, as companhias tradicionais estão atrás da experiência. Nas startups, esses executivos aprenderam a trabalhar num ambiente mais dinâmico e inovador e com exigência de rápida adaptação a cenários adversos. Com isso, acumularam uma experiência de empreendedorismo que não é tão simples de encontrar no mercado, ressaltam os consultores.

Após dois anos no banco digital Bari (startup), o executivo Ricardo Sanfelice voltou para uma empresa tradicional e hoje é diretor executivo de Clientes, Dados e Inovação do Banco BV Foto: Dennis Ferreira Netto/Estadão - 2/12/20

Esse foi o caso de Ricardo Sanfelice, de 46 anos. Desde de junho, ele é diretor executivo do banco BV, à frente da área de Cliente, Dados e Inovação, e responde diretamente ao CEO do banco.

Engenheiro eletrônico de formação, Sanfelice trabalhou por 20 anos na área de telecomunicações em empresas tradicionais. Foram 15 anos na GVT e mais cinco anos na Vivo, onde chegou a ser vice-presidente, responsável pela digitalização e inovação. No início de 2019, ele estava decidido a movimentar a sua carreira e ir para outro setor.

No começo de 2020, recebeu um convite para começar do zero um banco digital, o Bari, do grupo Barigui, de Curitiba (PR). Lá, ficou até março deste ano, quando concluiu que havia encerrado o ciclo na startup. Na sequência, surgiu o convite do BV para voltar ao mercado corporativo.

Ele diz que o que o motivou a retornar a uma empresa tradicional – o quinto maior banco privado, com mais de 30 anos de existência e sócios de peso como o Banco do Brasil e o Banco Votorantim – foi o tamanho do projeto. “É um projeto encantador de transformação digital que eu estou liderando”, afirma.

Ele admite que a remuneração oferecida contou, mas ressalta que esse não foi o fator-chave para a tomada de decisão. “Queria voltar a trabalhar num projeto dessa envergadura”, diz, frisando que o Bari segue o seu caminho, sem obstáculos de financiamento enfrentados por outras startups.

Previsibilidade

De acordo com consultores, neste momento de aperto de liquidez global, executivos que fazem o caminho de volta enxergam nas empresas tradicionais mais condições objetivas de recursos para desenvolver projetos profissionais e também maior previsibilidade em sua remuneração.

Na prática, para a maioria dos executivos que migram das startups para empresas tradicionais, não há grandes alterações nos pacotes de remuneração de curto prazo. O impacto da mudança, no entanto, está concentrado no potencial de ganhos de longo prazo. É que as startups vinculam parte dos benefícios dos executivos ao ritmo de crescimento do negócio que, por sua vez, depende das captações de recursos no mercado, que hoje enfrenta cenário desfavorável.

Giovana, da Signium, diz que os profissionais estão interessados em voltar para as grandes empresas porque, neste momento, veem nelas um “porto mais seguro”. No entanto, a consultora frisa que não se trata apenas de maior previsibilidade e segurança na remuneração para fisgar esses profissionais.

O fator de atração citado pelos executivos é o desafio do projeto, como foi apontado por Sanfelice, do BV. “É muito mais desafiador você estar numa agenda positiva de crescimento e realização do que numa agenda de redução de custos e ajuste de estrutura”, diz a consultora, lembrando que, no momento, essa é a situação de parte das startups.

A crise nas startups está levando executivos do alto escalão e de média gerência, egressos de empresas tradicionais e contratados no período de bonança, a fazer o caminho de volta. Esse movimento vem ocorrendo no setor financeiro, em seguradoras, bancos, empresas de tecnologia e também educação. Eles estão voltando às empresas tradicionais para ocupar cargos de diretoria e gerência nas áreas de finanças, comercial, recursos humanos e marketing.

O retorno dos profissionais das startups para companhias da velha economia é recente. Começou no início deste ano e ganhou força ao longo dos últimos meses. A mudança de rota coincide com a avalanche demissões que veio à tona nas startups. Muitas delas tiveram de enxugar projetos porque as fontes de financiamento minguaram.

Com a alta dos juros no mundo para conter a escalada global da inflação, fundos de investimentos abandonaram negócios mais arriscados, como as startups. E decidiram aplicar o dinheiro em portos mais seguros, como títulos do Tesouro Americano e empresas tradicionais com bom desempenho em Bolsa.

Atualmente, ao menos 80% dos processos de seleção em andamento na Signium, consultoria americana especializada na contratação e seleção de executivos de alto escalão, por exemplo, têm como finalistas profissionais que trocaram empresas tradicionais pelas startups e agora estão voltando às origens. “O mercado de executivos deu uma invertida”, afirma Giovana Cervi, sócia da consultoria.

Essa tendência também foi observada pela Korn Ferry, outra importante consultoria especializada em recrutamento de altos executivos. Atualmente, 85% dos processos de seleção tocados pela consultoria são demandas de empresas tradicionais. Dois anos atrás, as startups respondiam por quase a metade dos projetos. “As startups buscavam executivos a peso de ouro”, lembra Márcio Gropillo, líder de recrutamento.

Enquanto o fluxo de recursos diminuiu para as startups, os investimentos continuaram nas empresas tradicionais em setores nos quais a demanda está aquecida. “Entre as empresas tradicionais, há muitos segmentos crescendo e dinheiro sendo investido”, afirma Giovana.

Paulo Dias, da PageGroup, diz que executivos estão repetindo movimento feito pelos investidores Foto: ALEX SILVA/ESTADÃO

Paulo Dias, diretor da PageGroup, consultoria especializada em recursos humanos, compara a reação dos executivos ao cenário econômico com a dos investidores. “Os executivos começam a fazer agora um movimento que os investidores já fizeram.” Embora não tenha números, ele também percebe que há um retorno dos executivos das startups para empresas tradicionais.

Interesses

Ao contratar profissionais que passaram por startups, as companhias tradicionais estão atrás da experiência. Nas startups, esses executivos aprenderam a trabalhar num ambiente mais dinâmico e inovador e com exigência de rápida adaptação a cenários adversos. Com isso, acumularam uma experiência de empreendedorismo que não é tão simples de encontrar no mercado, ressaltam os consultores.

Após dois anos no banco digital Bari (startup), o executivo Ricardo Sanfelice voltou para uma empresa tradicional e hoje é diretor executivo de Clientes, Dados e Inovação do Banco BV Foto: Dennis Ferreira Netto/Estadão - 2/12/20

Esse foi o caso de Ricardo Sanfelice, de 46 anos. Desde de junho, ele é diretor executivo do banco BV, à frente da área de Cliente, Dados e Inovação, e responde diretamente ao CEO do banco.

Engenheiro eletrônico de formação, Sanfelice trabalhou por 20 anos na área de telecomunicações em empresas tradicionais. Foram 15 anos na GVT e mais cinco anos na Vivo, onde chegou a ser vice-presidente, responsável pela digitalização e inovação. No início de 2019, ele estava decidido a movimentar a sua carreira e ir para outro setor.

No começo de 2020, recebeu um convite para começar do zero um banco digital, o Bari, do grupo Barigui, de Curitiba (PR). Lá, ficou até março deste ano, quando concluiu que havia encerrado o ciclo na startup. Na sequência, surgiu o convite do BV para voltar ao mercado corporativo.

Ele diz que o que o motivou a retornar a uma empresa tradicional – o quinto maior banco privado, com mais de 30 anos de existência e sócios de peso como o Banco do Brasil e o Banco Votorantim – foi o tamanho do projeto. “É um projeto encantador de transformação digital que eu estou liderando”, afirma.

Ele admite que a remuneração oferecida contou, mas ressalta que esse não foi o fator-chave para a tomada de decisão. “Queria voltar a trabalhar num projeto dessa envergadura”, diz, frisando que o Bari segue o seu caminho, sem obstáculos de financiamento enfrentados por outras startups.

Previsibilidade

De acordo com consultores, neste momento de aperto de liquidez global, executivos que fazem o caminho de volta enxergam nas empresas tradicionais mais condições objetivas de recursos para desenvolver projetos profissionais e também maior previsibilidade em sua remuneração.

Na prática, para a maioria dos executivos que migram das startups para empresas tradicionais, não há grandes alterações nos pacotes de remuneração de curto prazo. O impacto da mudança, no entanto, está concentrado no potencial de ganhos de longo prazo. É que as startups vinculam parte dos benefícios dos executivos ao ritmo de crescimento do negócio que, por sua vez, depende das captações de recursos no mercado, que hoje enfrenta cenário desfavorável.

Giovana, da Signium, diz que os profissionais estão interessados em voltar para as grandes empresas porque, neste momento, veem nelas um “porto mais seguro”. No entanto, a consultora frisa que não se trata apenas de maior previsibilidade e segurança na remuneração para fisgar esses profissionais.

O fator de atração citado pelos executivos é o desafio do projeto, como foi apontado por Sanfelice, do BV. “É muito mais desafiador você estar numa agenda positiva de crescimento e realização do que numa agenda de redução de custos e ajuste de estrutura”, diz a consultora, lembrando que, no momento, essa é a situação de parte das startups.

A crise nas startups está levando executivos do alto escalão e de média gerência, egressos de empresas tradicionais e contratados no período de bonança, a fazer o caminho de volta. Esse movimento vem ocorrendo no setor financeiro, em seguradoras, bancos, empresas de tecnologia e também educação. Eles estão voltando às empresas tradicionais para ocupar cargos de diretoria e gerência nas áreas de finanças, comercial, recursos humanos e marketing.

O retorno dos profissionais das startups para companhias da velha economia é recente. Começou no início deste ano e ganhou força ao longo dos últimos meses. A mudança de rota coincide com a avalanche demissões que veio à tona nas startups. Muitas delas tiveram de enxugar projetos porque as fontes de financiamento minguaram.

Com a alta dos juros no mundo para conter a escalada global da inflação, fundos de investimentos abandonaram negócios mais arriscados, como as startups. E decidiram aplicar o dinheiro em portos mais seguros, como títulos do Tesouro Americano e empresas tradicionais com bom desempenho em Bolsa.

Atualmente, ao menos 80% dos processos de seleção em andamento na Signium, consultoria americana especializada na contratação e seleção de executivos de alto escalão, por exemplo, têm como finalistas profissionais que trocaram empresas tradicionais pelas startups e agora estão voltando às origens. “O mercado de executivos deu uma invertida”, afirma Giovana Cervi, sócia da consultoria.

Essa tendência também foi observada pela Korn Ferry, outra importante consultoria especializada em recrutamento de altos executivos. Atualmente, 85% dos processos de seleção tocados pela consultoria são demandas de empresas tradicionais. Dois anos atrás, as startups respondiam por quase a metade dos projetos. “As startups buscavam executivos a peso de ouro”, lembra Márcio Gropillo, líder de recrutamento.

Enquanto o fluxo de recursos diminuiu para as startups, os investimentos continuaram nas empresas tradicionais em setores nos quais a demanda está aquecida. “Entre as empresas tradicionais, há muitos segmentos crescendo e dinheiro sendo investido”, afirma Giovana.

Paulo Dias, da PageGroup, diz que executivos estão repetindo movimento feito pelos investidores Foto: ALEX SILVA/ESTADÃO

Paulo Dias, diretor da PageGroup, consultoria especializada em recursos humanos, compara a reação dos executivos ao cenário econômico com a dos investidores. “Os executivos começam a fazer agora um movimento que os investidores já fizeram.” Embora não tenha números, ele também percebe que há um retorno dos executivos das startups para empresas tradicionais.

Interesses

Ao contratar profissionais que passaram por startups, as companhias tradicionais estão atrás da experiência. Nas startups, esses executivos aprenderam a trabalhar num ambiente mais dinâmico e inovador e com exigência de rápida adaptação a cenários adversos. Com isso, acumularam uma experiência de empreendedorismo que não é tão simples de encontrar no mercado, ressaltam os consultores.

Após dois anos no banco digital Bari (startup), o executivo Ricardo Sanfelice voltou para uma empresa tradicional e hoje é diretor executivo de Clientes, Dados e Inovação do Banco BV Foto: Dennis Ferreira Netto/Estadão - 2/12/20

Esse foi o caso de Ricardo Sanfelice, de 46 anos. Desde de junho, ele é diretor executivo do banco BV, à frente da área de Cliente, Dados e Inovação, e responde diretamente ao CEO do banco.

Engenheiro eletrônico de formação, Sanfelice trabalhou por 20 anos na área de telecomunicações em empresas tradicionais. Foram 15 anos na GVT e mais cinco anos na Vivo, onde chegou a ser vice-presidente, responsável pela digitalização e inovação. No início de 2019, ele estava decidido a movimentar a sua carreira e ir para outro setor.

No começo de 2020, recebeu um convite para começar do zero um banco digital, o Bari, do grupo Barigui, de Curitiba (PR). Lá, ficou até março deste ano, quando concluiu que havia encerrado o ciclo na startup. Na sequência, surgiu o convite do BV para voltar ao mercado corporativo.

Ele diz que o que o motivou a retornar a uma empresa tradicional – o quinto maior banco privado, com mais de 30 anos de existência e sócios de peso como o Banco do Brasil e o Banco Votorantim – foi o tamanho do projeto. “É um projeto encantador de transformação digital que eu estou liderando”, afirma.

Ele admite que a remuneração oferecida contou, mas ressalta que esse não foi o fator-chave para a tomada de decisão. “Queria voltar a trabalhar num projeto dessa envergadura”, diz, frisando que o Bari segue o seu caminho, sem obstáculos de financiamento enfrentados por outras startups.

Previsibilidade

De acordo com consultores, neste momento de aperto de liquidez global, executivos que fazem o caminho de volta enxergam nas empresas tradicionais mais condições objetivas de recursos para desenvolver projetos profissionais e também maior previsibilidade em sua remuneração.

Na prática, para a maioria dos executivos que migram das startups para empresas tradicionais, não há grandes alterações nos pacotes de remuneração de curto prazo. O impacto da mudança, no entanto, está concentrado no potencial de ganhos de longo prazo. É que as startups vinculam parte dos benefícios dos executivos ao ritmo de crescimento do negócio que, por sua vez, depende das captações de recursos no mercado, que hoje enfrenta cenário desfavorável.

Giovana, da Signium, diz que os profissionais estão interessados em voltar para as grandes empresas porque, neste momento, veem nelas um “porto mais seguro”. No entanto, a consultora frisa que não se trata apenas de maior previsibilidade e segurança na remuneração para fisgar esses profissionais.

O fator de atração citado pelos executivos é o desafio do projeto, como foi apontado por Sanfelice, do BV. “É muito mais desafiador você estar numa agenda positiva de crescimento e realização do que numa agenda de redução de custos e ajuste de estrutura”, diz a consultora, lembrando que, no momento, essa é a situação de parte das startups.

A crise nas startups está levando executivos do alto escalão e de média gerência, egressos de empresas tradicionais e contratados no período de bonança, a fazer o caminho de volta. Esse movimento vem ocorrendo no setor financeiro, em seguradoras, bancos, empresas de tecnologia e também educação. Eles estão voltando às empresas tradicionais para ocupar cargos de diretoria e gerência nas áreas de finanças, comercial, recursos humanos e marketing.

O retorno dos profissionais das startups para companhias da velha economia é recente. Começou no início deste ano e ganhou força ao longo dos últimos meses. A mudança de rota coincide com a avalanche demissões que veio à tona nas startups. Muitas delas tiveram de enxugar projetos porque as fontes de financiamento minguaram.

Com a alta dos juros no mundo para conter a escalada global da inflação, fundos de investimentos abandonaram negócios mais arriscados, como as startups. E decidiram aplicar o dinheiro em portos mais seguros, como títulos do Tesouro Americano e empresas tradicionais com bom desempenho em Bolsa.

Atualmente, ao menos 80% dos processos de seleção em andamento na Signium, consultoria americana especializada na contratação e seleção de executivos de alto escalão, por exemplo, têm como finalistas profissionais que trocaram empresas tradicionais pelas startups e agora estão voltando às origens. “O mercado de executivos deu uma invertida”, afirma Giovana Cervi, sócia da consultoria.

Essa tendência também foi observada pela Korn Ferry, outra importante consultoria especializada em recrutamento de altos executivos. Atualmente, 85% dos processos de seleção tocados pela consultoria são demandas de empresas tradicionais. Dois anos atrás, as startups respondiam por quase a metade dos projetos. “As startups buscavam executivos a peso de ouro”, lembra Márcio Gropillo, líder de recrutamento.

Enquanto o fluxo de recursos diminuiu para as startups, os investimentos continuaram nas empresas tradicionais em setores nos quais a demanda está aquecida. “Entre as empresas tradicionais, há muitos segmentos crescendo e dinheiro sendo investido”, afirma Giovana.

Paulo Dias, da PageGroup, diz que executivos estão repetindo movimento feito pelos investidores Foto: ALEX SILVA/ESTADÃO

Paulo Dias, diretor da PageGroup, consultoria especializada em recursos humanos, compara a reação dos executivos ao cenário econômico com a dos investidores. “Os executivos começam a fazer agora um movimento que os investidores já fizeram.” Embora não tenha números, ele também percebe que há um retorno dos executivos das startups para empresas tradicionais.

Interesses

Ao contratar profissionais que passaram por startups, as companhias tradicionais estão atrás da experiência. Nas startups, esses executivos aprenderam a trabalhar num ambiente mais dinâmico e inovador e com exigência de rápida adaptação a cenários adversos. Com isso, acumularam uma experiência de empreendedorismo que não é tão simples de encontrar no mercado, ressaltam os consultores.

Após dois anos no banco digital Bari (startup), o executivo Ricardo Sanfelice voltou para uma empresa tradicional e hoje é diretor executivo de Clientes, Dados e Inovação do Banco BV Foto: Dennis Ferreira Netto/Estadão - 2/12/20

Esse foi o caso de Ricardo Sanfelice, de 46 anos. Desde de junho, ele é diretor executivo do banco BV, à frente da área de Cliente, Dados e Inovação, e responde diretamente ao CEO do banco.

Engenheiro eletrônico de formação, Sanfelice trabalhou por 20 anos na área de telecomunicações em empresas tradicionais. Foram 15 anos na GVT e mais cinco anos na Vivo, onde chegou a ser vice-presidente, responsável pela digitalização e inovação. No início de 2019, ele estava decidido a movimentar a sua carreira e ir para outro setor.

No começo de 2020, recebeu um convite para começar do zero um banco digital, o Bari, do grupo Barigui, de Curitiba (PR). Lá, ficou até março deste ano, quando concluiu que havia encerrado o ciclo na startup. Na sequência, surgiu o convite do BV para voltar ao mercado corporativo.

Ele diz que o que o motivou a retornar a uma empresa tradicional – o quinto maior banco privado, com mais de 30 anos de existência e sócios de peso como o Banco do Brasil e o Banco Votorantim – foi o tamanho do projeto. “É um projeto encantador de transformação digital que eu estou liderando”, afirma.

Ele admite que a remuneração oferecida contou, mas ressalta que esse não foi o fator-chave para a tomada de decisão. “Queria voltar a trabalhar num projeto dessa envergadura”, diz, frisando que o Bari segue o seu caminho, sem obstáculos de financiamento enfrentados por outras startups.

Previsibilidade

De acordo com consultores, neste momento de aperto de liquidez global, executivos que fazem o caminho de volta enxergam nas empresas tradicionais mais condições objetivas de recursos para desenvolver projetos profissionais e também maior previsibilidade em sua remuneração.

Na prática, para a maioria dos executivos que migram das startups para empresas tradicionais, não há grandes alterações nos pacotes de remuneração de curto prazo. O impacto da mudança, no entanto, está concentrado no potencial de ganhos de longo prazo. É que as startups vinculam parte dos benefícios dos executivos ao ritmo de crescimento do negócio que, por sua vez, depende das captações de recursos no mercado, que hoje enfrenta cenário desfavorável.

Giovana, da Signium, diz que os profissionais estão interessados em voltar para as grandes empresas porque, neste momento, veem nelas um “porto mais seguro”. No entanto, a consultora frisa que não se trata apenas de maior previsibilidade e segurança na remuneração para fisgar esses profissionais.

O fator de atração citado pelos executivos é o desafio do projeto, como foi apontado por Sanfelice, do BV. “É muito mais desafiador você estar numa agenda positiva de crescimento e realização do que numa agenda de redução de custos e ajuste de estrutura”, diz a consultora, lembrando que, no momento, essa é a situação de parte das startups.

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