Carro popular: Lula pediu mais tempo a industriais porque pacote não estava pronto; leia bastidor


Na reunião, foi sugerido ao presidente que o governo informasse ao público ao menos a linha de corte do mercado que seria afetado

Por Mariana Carneiro
Atualização:

BRASÍLIA – A expectativa por um pacote para o setor automotivo era grande entre empresários e trabalhadores, após as sinalizações de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva planejava relançar o chamado carro popular – e, assim, estimular a indústria.

Quatorze unidades produtivas pararam suas atividades no País, segundo informações da Anfavea, e as vendas estão em baixa. Para remediar a situação, auxiliares do presidente passaram a falar, nas últimas semanas, em baixar tributos e alavancar o crédito para impulsionar esse mercado, mas sem detalhes, nem abrangência.

Quando Lula convidou cerca de 40 empresários da indústria e sindicalistas para uma reunião na manhã desta quinta-feira, 25, no Palácio do Planalto, a expectativa era a de que o mistério fosse desfeito e as medidas, anunciadas. Mas, logo na chegada, o presidente avisou aos ouvintes de uma maneira que soou informal e franca: “Olha, não tem como ter anúncio agora, não. Vamos ter que acertar mais”, segundo relatou um dos ouvintes.

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O clima de decepção que se criou entre os presentes foi amenizado ao longo da reunião que durou cerca de duas horas e contou com falas também de Geraldo Alckmin e de Fernando Haddad. A presença do chefe da economia foi importante para os industriais, pois indicou que, apesar da urgência fiscal (de arrecadar mais), a Fazenda havia aceitado o plano do governo de abrir mão de impostos para ajudar a indústria.

Uma vez que não haveria anúncio, o presidente do grupo Stellantis (Fiat, Citröen, Jeep e Peugeot), Antonio Filosa, sugeriu que o governo informasse ao público pelo menos a linha de corte do mercado que seria afetado. Coube a Alckmin anunciar aos presentes que o governo mira benefícios para automóveis de até R$ 120 mil – o valor é considerado o de carros de entrada no mercado atualmente, além da faixa de desconto sobre o valor dos veículos, de 1,5% a 10,96% – teto esse que teve de ser corrigido pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) à tarde, uma vez que, na coletiva, Alckmin havia dito 10,79%.

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Não foi informado o impacto fiscal do programa, o prazo de duração, já que é temporário, tampouco a redução por alíquota do IPI e do PIS/Cofins.

Encomenda

Partiu do Palácio do Planalto, mais precisamente de Lula, a encomenda de um plano com foco no setor automotivo. A missão ficou a cargo do MDIC, que por sua vez estava trabalhando em agendas de mais longo prazo, como a chamada “neoindustrialização” e a próxima geração do Rota 2030, programa voltado ao setor automotivo para estimular a descarbonização.

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Anúncio das medidas foi feito pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin Foto: PEDRO KIRILOS / ESTADÃO

Não havia nada de carro popular na agenda do ministério, nem incentivos tributários, mas a missão foi acatada. Em 15 dias, segundo informou Alckmin, as medidas de impacto fiscal entregues para os cálculos da Fazenda serão anunciadas.

A espera pelo plano do governo provocou um efeito adverso, relatado a Lula por Filosa. Assim como os industriais, os consumidores haviam criado expectativas – e, com isso, o mercado, que já estava fraco, congelou. Quem estava prestes a comprar um carro decidiu esperar para ver o que virá do governo, sob pena de perder o desconto. E isso afetou as vendas até mesmo de carros mais caros. Por isso, foi sugerido a Lula que o governo informasse ao menos a linha de corte do mercado que seria afetado.

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Reação

Industriais estão cientes e se dizem conformados com o aviso, reafirmado na reunião, de que serão cobrados por contrapartidas, como a fabricação da maior parte dos automóveis no Brasil (conteúdo local), e de veículos menos poluentes. “Nós queremos empregos e a nacionalização da fabricação de peças”, disse Miguel Torres, presidente da Força Sindical, ao Estadão.

Os presentes não discordaram do governo quando ouviram previsões mais otimistas para o ambiente de negócios com a conclusão da votação do novo arcabouço fiscal e da reforma tributária. E após uma fala dura de Robson Andrade, presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), sobre a alta taxa de juros praticada pelo BC, todos os presentes demonstraram concordar.

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Mas ainda que não tenham saído com nada concreto nas mãos, os industriais se dizem mais prestigiados no governo Lula do que sob Jair Bolsonaro (PL), quando não existia MDIC, nem política industrial.

Alckmin é mencionado como um interlocutor importante nessa relação. Foi o vice-presidente quem telefonou e convidou pessoalmente alguns dos presentes. E a reunião que inicialmente seria exclusiva com representantes do setor automotivo, foi expandida para convidados de outros ramos industriais.

Lula observou no encontro que era a primeira vez que fazia uma reunião ampla com o setor produtivo no Palácio do Planalto – o lançamento do Conselhão ocorreu no Itamaraty e numa cerimônia sem deliberações. Se para críticos cinco meses de espera podem parecer muito tempo, para os executivos que estiveram com o presidente, o encontro sinalizou que o governo está disposto a trabalhar em propostas em conjunto após “organizar a casa”.

BRASÍLIA – A expectativa por um pacote para o setor automotivo era grande entre empresários e trabalhadores, após as sinalizações de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva planejava relançar o chamado carro popular – e, assim, estimular a indústria.

Quatorze unidades produtivas pararam suas atividades no País, segundo informações da Anfavea, e as vendas estão em baixa. Para remediar a situação, auxiliares do presidente passaram a falar, nas últimas semanas, em baixar tributos e alavancar o crédito para impulsionar esse mercado, mas sem detalhes, nem abrangência.

Quando Lula convidou cerca de 40 empresários da indústria e sindicalistas para uma reunião na manhã desta quinta-feira, 25, no Palácio do Planalto, a expectativa era a de que o mistério fosse desfeito e as medidas, anunciadas. Mas, logo na chegada, o presidente avisou aos ouvintes de uma maneira que soou informal e franca: “Olha, não tem como ter anúncio agora, não. Vamos ter que acertar mais”, segundo relatou um dos ouvintes.

O clima de decepção que se criou entre os presentes foi amenizado ao longo da reunião que durou cerca de duas horas e contou com falas também de Geraldo Alckmin e de Fernando Haddad. A presença do chefe da economia foi importante para os industriais, pois indicou que, apesar da urgência fiscal (de arrecadar mais), a Fazenda havia aceitado o plano do governo de abrir mão de impostos para ajudar a indústria.

Uma vez que não haveria anúncio, o presidente do grupo Stellantis (Fiat, Citröen, Jeep e Peugeot), Antonio Filosa, sugeriu que o governo informasse ao público pelo menos a linha de corte do mercado que seria afetado. Coube a Alckmin anunciar aos presentes que o governo mira benefícios para automóveis de até R$ 120 mil – o valor é considerado o de carros de entrada no mercado atualmente, além da faixa de desconto sobre o valor dos veículos, de 1,5% a 10,96% – teto esse que teve de ser corrigido pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) à tarde, uma vez que, na coletiva, Alckmin havia dito 10,79%.

Não foi informado o impacto fiscal do programa, o prazo de duração, já que é temporário, tampouco a redução por alíquota do IPI e do PIS/Cofins.

Encomenda

Partiu do Palácio do Planalto, mais precisamente de Lula, a encomenda de um plano com foco no setor automotivo. A missão ficou a cargo do MDIC, que por sua vez estava trabalhando em agendas de mais longo prazo, como a chamada “neoindustrialização” e a próxima geração do Rota 2030, programa voltado ao setor automotivo para estimular a descarbonização.

Anúncio das medidas foi feito pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin Foto: PEDRO KIRILOS / ESTADÃO

Não havia nada de carro popular na agenda do ministério, nem incentivos tributários, mas a missão foi acatada. Em 15 dias, segundo informou Alckmin, as medidas de impacto fiscal entregues para os cálculos da Fazenda serão anunciadas.

A espera pelo plano do governo provocou um efeito adverso, relatado a Lula por Filosa. Assim como os industriais, os consumidores haviam criado expectativas – e, com isso, o mercado, que já estava fraco, congelou. Quem estava prestes a comprar um carro decidiu esperar para ver o que virá do governo, sob pena de perder o desconto. E isso afetou as vendas até mesmo de carros mais caros. Por isso, foi sugerido a Lula que o governo informasse ao menos a linha de corte do mercado que seria afetado.

Reação

Industriais estão cientes e se dizem conformados com o aviso, reafirmado na reunião, de que serão cobrados por contrapartidas, como a fabricação da maior parte dos automóveis no Brasil (conteúdo local), e de veículos menos poluentes. “Nós queremos empregos e a nacionalização da fabricação de peças”, disse Miguel Torres, presidente da Força Sindical, ao Estadão.

Os presentes não discordaram do governo quando ouviram previsões mais otimistas para o ambiente de negócios com a conclusão da votação do novo arcabouço fiscal e da reforma tributária. E após uma fala dura de Robson Andrade, presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), sobre a alta taxa de juros praticada pelo BC, todos os presentes demonstraram concordar.

Mas ainda que não tenham saído com nada concreto nas mãos, os industriais se dizem mais prestigiados no governo Lula do que sob Jair Bolsonaro (PL), quando não existia MDIC, nem política industrial.

Alckmin é mencionado como um interlocutor importante nessa relação. Foi o vice-presidente quem telefonou e convidou pessoalmente alguns dos presentes. E a reunião que inicialmente seria exclusiva com representantes do setor automotivo, foi expandida para convidados de outros ramos industriais.

Lula observou no encontro que era a primeira vez que fazia uma reunião ampla com o setor produtivo no Palácio do Planalto – o lançamento do Conselhão ocorreu no Itamaraty e numa cerimônia sem deliberações. Se para críticos cinco meses de espera podem parecer muito tempo, para os executivos que estiveram com o presidente, o encontro sinalizou que o governo está disposto a trabalhar em propostas em conjunto após “organizar a casa”.

BRASÍLIA – A expectativa por um pacote para o setor automotivo era grande entre empresários e trabalhadores, após as sinalizações de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva planejava relançar o chamado carro popular – e, assim, estimular a indústria.

Quatorze unidades produtivas pararam suas atividades no País, segundo informações da Anfavea, e as vendas estão em baixa. Para remediar a situação, auxiliares do presidente passaram a falar, nas últimas semanas, em baixar tributos e alavancar o crédito para impulsionar esse mercado, mas sem detalhes, nem abrangência.

Quando Lula convidou cerca de 40 empresários da indústria e sindicalistas para uma reunião na manhã desta quinta-feira, 25, no Palácio do Planalto, a expectativa era a de que o mistério fosse desfeito e as medidas, anunciadas. Mas, logo na chegada, o presidente avisou aos ouvintes de uma maneira que soou informal e franca: “Olha, não tem como ter anúncio agora, não. Vamos ter que acertar mais”, segundo relatou um dos ouvintes.

O clima de decepção que se criou entre os presentes foi amenizado ao longo da reunião que durou cerca de duas horas e contou com falas também de Geraldo Alckmin e de Fernando Haddad. A presença do chefe da economia foi importante para os industriais, pois indicou que, apesar da urgência fiscal (de arrecadar mais), a Fazenda havia aceitado o plano do governo de abrir mão de impostos para ajudar a indústria.

Uma vez que não haveria anúncio, o presidente do grupo Stellantis (Fiat, Citröen, Jeep e Peugeot), Antonio Filosa, sugeriu que o governo informasse ao público pelo menos a linha de corte do mercado que seria afetado. Coube a Alckmin anunciar aos presentes que o governo mira benefícios para automóveis de até R$ 120 mil – o valor é considerado o de carros de entrada no mercado atualmente, além da faixa de desconto sobre o valor dos veículos, de 1,5% a 10,96% – teto esse que teve de ser corrigido pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) à tarde, uma vez que, na coletiva, Alckmin havia dito 10,79%.

Não foi informado o impacto fiscal do programa, o prazo de duração, já que é temporário, tampouco a redução por alíquota do IPI e do PIS/Cofins.

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Partiu do Palácio do Planalto, mais precisamente de Lula, a encomenda de um plano com foco no setor automotivo. A missão ficou a cargo do MDIC, que por sua vez estava trabalhando em agendas de mais longo prazo, como a chamada “neoindustrialização” e a próxima geração do Rota 2030, programa voltado ao setor automotivo para estimular a descarbonização.

Anúncio das medidas foi feito pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin Foto: PEDRO KIRILOS / ESTADÃO

Não havia nada de carro popular na agenda do ministério, nem incentivos tributários, mas a missão foi acatada. Em 15 dias, segundo informou Alckmin, as medidas de impacto fiscal entregues para os cálculos da Fazenda serão anunciadas.

A espera pelo plano do governo provocou um efeito adverso, relatado a Lula por Filosa. Assim como os industriais, os consumidores haviam criado expectativas – e, com isso, o mercado, que já estava fraco, congelou. Quem estava prestes a comprar um carro decidiu esperar para ver o que virá do governo, sob pena de perder o desconto. E isso afetou as vendas até mesmo de carros mais caros. Por isso, foi sugerido a Lula que o governo informasse ao menos a linha de corte do mercado que seria afetado.

Reação

Industriais estão cientes e se dizem conformados com o aviso, reafirmado na reunião, de que serão cobrados por contrapartidas, como a fabricação da maior parte dos automóveis no Brasil (conteúdo local), e de veículos menos poluentes. “Nós queremos empregos e a nacionalização da fabricação de peças”, disse Miguel Torres, presidente da Força Sindical, ao Estadão.

Os presentes não discordaram do governo quando ouviram previsões mais otimistas para o ambiente de negócios com a conclusão da votação do novo arcabouço fiscal e da reforma tributária. E após uma fala dura de Robson Andrade, presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), sobre a alta taxa de juros praticada pelo BC, todos os presentes demonstraram concordar.

Mas ainda que não tenham saído com nada concreto nas mãos, os industriais se dizem mais prestigiados no governo Lula do que sob Jair Bolsonaro (PL), quando não existia MDIC, nem política industrial.

Alckmin é mencionado como um interlocutor importante nessa relação. Foi o vice-presidente quem telefonou e convidou pessoalmente alguns dos presentes. E a reunião que inicialmente seria exclusiva com representantes do setor automotivo, foi expandida para convidados de outros ramos industriais.

Lula observou no encontro que era a primeira vez que fazia uma reunião ampla com o setor produtivo no Palácio do Planalto – o lançamento do Conselhão ocorreu no Itamaraty e numa cerimônia sem deliberações. Se para críticos cinco meses de espera podem parecer muito tempo, para os executivos que estiveram com o presidente, o encontro sinalizou que o governo está disposto a trabalhar em propostas em conjunto após “organizar a casa”.

BRASÍLIA – A expectativa por um pacote para o setor automotivo era grande entre empresários e trabalhadores, após as sinalizações de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva planejava relançar o chamado carro popular – e, assim, estimular a indústria.

Quatorze unidades produtivas pararam suas atividades no País, segundo informações da Anfavea, e as vendas estão em baixa. Para remediar a situação, auxiliares do presidente passaram a falar, nas últimas semanas, em baixar tributos e alavancar o crédito para impulsionar esse mercado, mas sem detalhes, nem abrangência.

Quando Lula convidou cerca de 40 empresários da indústria e sindicalistas para uma reunião na manhã desta quinta-feira, 25, no Palácio do Planalto, a expectativa era a de que o mistério fosse desfeito e as medidas, anunciadas. Mas, logo na chegada, o presidente avisou aos ouvintes de uma maneira que soou informal e franca: “Olha, não tem como ter anúncio agora, não. Vamos ter que acertar mais”, segundo relatou um dos ouvintes.

O clima de decepção que se criou entre os presentes foi amenizado ao longo da reunião que durou cerca de duas horas e contou com falas também de Geraldo Alckmin e de Fernando Haddad. A presença do chefe da economia foi importante para os industriais, pois indicou que, apesar da urgência fiscal (de arrecadar mais), a Fazenda havia aceitado o plano do governo de abrir mão de impostos para ajudar a indústria.

Uma vez que não haveria anúncio, o presidente do grupo Stellantis (Fiat, Citröen, Jeep e Peugeot), Antonio Filosa, sugeriu que o governo informasse ao público pelo menos a linha de corte do mercado que seria afetado. Coube a Alckmin anunciar aos presentes que o governo mira benefícios para automóveis de até R$ 120 mil – o valor é considerado o de carros de entrada no mercado atualmente, além da faixa de desconto sobre o valor dos veículos, de 1,5% a 10,96% – teto esse que teve de ser corrigido pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) à tarde, uma vez que, na coletiva, Alckmin havia dito 10,79%.

Não foi informado o impacto fiscal do programa, o prazo de duração, já que é temporário, tampouco a redução por alíquota do IPI e do PIS/Cofins.

Encomenda

Partiu do Palácio do Planalto, mais precisamente de Lula, a encomenda de um plano com foco no setor automotivo. A missão ficou a cargo do MDIC, que por sua vez estava trabalhando em agendas de mais longo prazo, como a chamada “neoindustrialização” e a próxima geração do Rota 2030, programa voltado ao setor automotivo para estimular a descarbonização.

Anúncio das medidas foi feito pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin Foto: PEDRO KIRILOS / ESTADÃO

Não havia nada de carro popular na agenda do ministério, nem incentivos tributários, mas a missão foi acatada. Em 15 dias, segundo informou Alckmin, as medidas de impacto fiscal entregues para os cálculos da Fazenda serão anunciadas.

A espera pelo plano do governo provocou um efeito adverso, relatado a Lula por Filosa. Assim como os industriais, os consumidores haviam criado expectativas – e, com isso, o mercado, que já estava fraco, congelou. Quem estava prestes a comprar um carro decidiu esperar para ver o que virá do governo, sob pena de perder o desconto. E isso afetou as vendas até mesmo de carros mais caros. Por isso, foi sugerido a Lula que o governo informasse ao menos a linha de corte do mercado que seria afetado.

Reação

Industriais estão cientes e se dizem conformados com o aviso, reafirmado na reunião, de que serão cobrados por contrapartidas, como a fabricação da maior parte dos automóveis no Brasil (conteúdo local), e de veículos menos poluentes. “Nós queremos empregos e a nacionalização da fabricação de peças”, disse Miguel Torres, presidente da Força Sindical, ao Estadão.

Os presentes não discordaram do governo quando ouviram previsões mais otimistas para o ambiente de negócios com a conclusão da votação do novo arcabouço fiscal e da reforma tributária. E após uma fala dura de Robson Andrade, presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), sobre a alta taxa de juros praticada pelo BC, todos os presentes demonstraram concordar.

Mas ainda que não tenham saído com nada concreto nas mãos, os industriais se dizem mais prestigiados no governo Lula do que sob Jair Bolsonaro (PL), quando não existia MDIC, nem política industrial.

Alckmin é mencionado como um interlocutor importante nessa relação. Foi o vice-presidente quem telefonou e convidou pessoalmente alguns dos presentes. E a reunião que inicialmente seria exclusiva com representantes do setor automotivo, foi expandida para convidados de outros ramos industriais.

Lula observou no encontro que era a primeira vez que fazia uma reunião ampla com o setor produtivo no Palácio do Planalto – o lançamento do Conselhão ocorreu no Itamaraty e numa cerimônia sem deliberações. Se para críticos cinco meses de espera podem parecer muito tempo, para os executivos que estiveram com o presidente, o encontro sinalizou que o governo está disposto a trabalhar em propostas em conjunto após “organizar a casa”.

BRASÍLIA – A expectativa por um pacote para o setor automotivo era grande entre empresários e trabalhadores, após as sinalizações de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva planejava relançar o chamado carro popular – e, assim, estimular a indústria.

Quatorze unidades produtivas pararam suas atividades no País, segundo informações da Anfavea, e as vendas estão em baixa. Para remediar a situação, auxiliares do presidente passaram a falar, nas últimas semanas, em baixar tributos e alavancar o crédito para impulsionar esse mercado, mas sem detalhes, nem abrangência.

Quando Lula convidou cerca de 40 empresários da indústria e sindicalistas para uma reunião na manhã desta quinta-feira, 25, no Palácio do Planalto, a expectativa era a de que o mistério fosse desfeito e as medidas, anunciadas. Mas, logo na chegada, o presidente avisou aos ouvintes de uma maneira que soou informal e franca: “Olha, não tem como ter anúncio agora, não. Vamos ter que acertar mais”, segundo relatou um dos ouvintes.

O clima de decepção que se criou entre os presentes foi amenizado ao longo da reunião que durou cerca de duas horas e contou com falas também de Geraldo Alckmin e de Fernando Haddad. A presença do chefe da economia foi importante para os industriais, pois indicou que, apesar da urgência fiscal (de arrecadar mais), a Fazenda havia aceitado o plano do governo de abrir mão de impostos para ajudar a indústria.

Uma vez que não haveria anúncio, o presidente do grupo Stellantis (Fiat, Citröen, Jeep e Peugeot), Antonio Filosa, sugeriu que o governo informasse ao público pelo menos a linha de corte do mercado que seria afetado. Coube a Alckmin anunciar aos presentes que o governo mira benefícios para automóveis de até R$ 120 mil – o valor é considerado o de carros de entrada no mercado atualmente, além da faixa de desconto sobre o valor dos veículos, de 1,5% a 10,96% – teto esse que teve de ser corrigido pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) à tarde, uma vez que, na coletiva, Alckmin havia dito 10,79%.

Não foi informado o impacto fiscal do programa, o prazo de duração, já que é temporário, tampouco a redução por alíquota do IPI e do PIS/Cofins.

Encomenda

Partiu do Palácio do Planalto, mais precisamente de Lula, a encomenda de um plano com foco no setor automotivo. A missão ficou a cargo do MDIC, que por sua vez estava trabalhando em agendas de mais longo prazo, como a chamada “neoindustrialização” e a próxima geração do Rota 2030, programa voltado ao setor automotivo para estimular a descarbonização.

Anúncio das medidas foi feito pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin Foto: PEDRO KIRILOS / ESTADÃO

Não havia nada de carro popular na agenda do ministério, nem incentivos tributários, mas a missão foi acatada. Em 15 dias, segundo informou Alckmin, as medidas de impacto fiscal entregues para os cálculos da Fazenda serão anunciadas.

A espera pelo plano do governo provocou um efeito adverso, relatado a Lula por Filosa. Assim como os industriais, os consumidores haviam criado expectativas – e, com isso, o mercado, que já estava fraco, congelou. Quem estava prestes a comprar um carro decidiu esperar para ver o que virá do governo, sob pena de perder o desconto. E isso afetou as vendas até mesmo de carros mais caros. Por isso, foi sugerido a Lula que o governo informasse ao menos a linha de corte do mercado que seria afetado.

Reação

Industriais estão cientes e se dizem conformados com o aviso, reafirmado na reunião, de que serão cobrados por contrapartidas, como a fabricação da maior parte dos automóveis no Brasil (conteúdo local), e de veículos menos poluentes. “Nós queremos empregos e a nacionalização da fabricação de peças”, disse Miguel Torres, presidente da Força Sindical, ao Estadão.

Os presentes não discordaram do governo quando ouviram previsões mais otimistas para o ambiente de negócios com a conclusão da votação do novo arcabouço fiscal e da reforma tributária. E após uma fala dura de Robson Andrade, presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), sobre a alta taxa de juros praticada pelo BC, todos os presentes demonstraram concordar.

Mas ainda que não tenham saído com nada concreto nas mãos, os industriais se dizem mais prestigiados no governo Lula do que sob Jair Bolsonaro (PL), quando não existia MDIC, nem política industrial.

Alckmin é mencionado como um interlocutor importante nessa relação. Foi o vice-presidente quem telefonou e convidou pessoalmente alguns dos presentes. E a reunião que inicialmente seria exclusiva com representantes do setor automotivo, foi expandida para convidados de outros ramos industriais.

Lula observou no encontro que era a primeira vez que fazia uma reunião ampla com o setor produtivo no Palácio do Planalto – o lançamento do Conselhão ocorreu no Itamaraty e numa cerimônia sem deliberações. Se para críticos cinco meses de espera podem parecer muito tempo, para os executivos que estiveram com o presidente, o encontro sinalizou que o governo está disposto a trabalhar em propostas em conjunto após “organizar a casa”.

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