Jornalista e comentarista de economia

Opinião|A Argentina e a campanha do medo


O medo da dor futura é o grande argumento eleitoral recíproco dessa reta final da eleição na Argentina, mas nenhum dos dois candidatos apresentaram antídotos suficientes para lidar com os causadores dessa sensação

Por Celso Ming
Atualização:

Vai ser medo contra medo. Medo de Massa contra medo de Milei.

A campanha do segundo turno na Argentina já começa a ser travada nesses termos. De um lado, Sergio Massa, o atual ministro da Economia, que promete mais do mesmo, mais bondades e mais emissões de moeda, portanto, mais rombo fiscal e mais crise. De outro, o economista libertário Javier Milei, que promete cirurgia fiscal com dolarização da economia e sabe-se o que mais.

A questão imediata a atacar é a inflação, hoje em 138% ao ano, que está artificialmente murchada, porque preços de produtos essenciais estão represados e o câmbio oficial, também travado, achata as cotações paralelas e os preços de muitos produtos importados. Enfim, o sistema de preço contra preço (preços relativos) está uma bagunça.

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A origem dessa inflação é fiscal: o governo gasta demais e paga muitas de suas contas com emissão de moeda e com aumento da dívida.

Tem, ainda, forte componente inercial. A inflação alta puxa o dólar para cima que, por sua vez, encarece em moeda nacional os produtos importados. Essa combinação exige mais distribuição de subsídios para que o orçamento do consumidor não entre em colapso. Subsídio para transporte, para energia elétrica e para educação; é a distribuição de dinheiro populista e isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 25 mil por mês.

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Ou seja, a inflação também é inercial porque gera mais inflação. Por isso, não basta atacar a inflação com austeridade fiscal; é preciso atacar o carrego de inflação para o período seguinte. E isso dói muito. O medo da dor futura é o grande argumento eleitoral recíproco dessa reta final da eleição na Argentina.

Sergio Massa e Javier Milei chegam ao segundo turno das eleições na Argentina sem propostas concretas para combate a inflação galopante.  Foto: Agustin Marcarian/ Reuters

Tecnicamente, nenhum dos dois candidatos apresenta tratamento minimamente confiável para a inflação. Milei avisa que derrubará em 15% as despesas do governo, extinguirá o banco central e varrerá a corrupção. Em nenhum momento esclareceu como fará isso com um Congresso adubado com fertilizantes oficiais, que pensa de outro jeito. Nem como aguentará os esperneios que seriam produzidos à medida que empresas e consumidores fossem espremidos por uma forte recessão e pelo desemprego.

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Massa, por sua vez, não consegue adiantar as políticas supostamente indolores a serem adotadas para domar a superinflação. Garante que o consumidor e o contribuinte não serão prejudicados. No posto de ministro da Economia só piorou as coisas. Seu projeto de manutenção dos subsídios, de maneira a não apertar demais a corda em torno da cintura do povo, é declaração de guerra ao Fundo Monetário Internacional e leva à promessa de mais calotes e deterioração da gota de confiança que eventualmente ainda prevaleça.

Enfim, medo contra medo só pode produzir ainda mais medo. Difícil saber qual dos dois candidatos conseguirá sobreviver ao segundo turno, no dia 19 de novembro. Mais difícil ainda é saber o que virá depois.

Vai ser medo contra medo. Medo de Massa contra medo de Milei.

A campanha do segundo turno na Argentina já começa a ser travada nesses termos. De um lado, Sergio Massa, o atual ministro da Economia, que promete mais do mesmo, mais bondades e mais emissões de moeda, portanto, mais rombo fiscal e mais crise. De outro, o economista libertário Javier Milei, que promete cirurgia fiscal com dolarização da economia e sabe-se o que mais.

A questão imediata a atacar é a inflação, hoje em 138% ao ano, que está artificialmente murchada, porque preços de produtos essenciais estão represados e o câmbio oficial, também travado, achata as cotações paralelas e os preços de muitos produtos importados. Enfim, o sistema de preço contra preço (preços relativos) está uma bagunça.

A origem dessa inflação é fiscal: o governo gasta demais e paga muitas de suas contas com emissão de moeda e com aumento da dívida.

Tem, ainda, forte componente inercial. A inflação alta puxa o dólar para cima que, por sua vez, encarece em moeda nacional os produtos importados. Essa combinação exige mais distribuição de subsídios para que o orçamento do consumidor não entre em colapso. Subsídio para transporte, para energia elétrica e para educação; é a distribuição de dinheiro populista e isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 25 mil por mês.

Ou seja, a inflação também é inercial porque gera mais inflação. Por isso, não basta atacar a inflação com austeridade fiscal; é preciso atacar o carrego de inflação para o período seguinte. E isso dói muito. O medo da dor futura é o grande argumento eleitoral recíproco dessa reta final da eleição na Argentina.

Sergio Massa e Javier Milei chegam ao segundo turno das eleições na Argentina sem propostas concretas para combate a inflação galopante.  Foto: Agustin Marcarian/ Reuters

Tecnicamente, nenhum dos dois candidatos apresenta tratamento minimamente confiável para a inflação. Milei avisa que derrubará em 15% as despesas do governo, extinguirá o banco central e varrerá a corrupção. Em nenhum momento esclareceu como fará isso com um Congresso adubado com fertilizantes oficiais, que pensa de outro jeito. Nem como aguentará os esperneios que seriam produzidos à medida que empresas e consumidores fossem espremidos por uma forte recessão e pelo desemprego.

Massa, por sua vez, não consegue adiantar as políticas supostamente indolores a serem adotadas para domar a superinflação. Garante que o consumidor e o contribuinte não serão prejudicados. No posto de ministro da Economia só piorou as coisas. Seu projeto de manutenção dos subsídios, de maneira a não apertar demais a corda em torno da cintura do povo, é declaração de guerra ao Fundo Monetário Internacional e leva à promessa de mais calotes e deterioração da gota de confiança que eventualmente ainda prevaleça.

Enfim, medo contra medo só pode produzir ainda mais medo. Difícil saber qual dos dois candidatos conseguirá sobreviver ao segundo turno, no dia 19 de novembro. Mais difícil ainda é saber o que virá depois.

Vai ser medo contra medo. Medo de Massa contra medo de Milei.

A campanha do segundo turno na Argentina já começa a ser travada nesses termos. De um lado, Sergio Massa, o atual ministro da Economia, que promete mais do mesmo, mais bondades e mais emissões de moeda, portanto, mais rombo fiscal e mais crise. De outro, o economista libertário Javier Milei, que promete cirurgia fiscal com dolarização da economia e sabe-se o que mais.

A questão imediata a atacar é a inflação, hoje em 138% ao ano, que está artificialmente murchada, porque preços de produtos essenciais estão represados e o câmbio oficial, também travado, achata as cotações paralelas e os preços de muitos produtos importados. Enfim, o sistema de preço contra preço (preços relativos) está uma bagunça.

A origem dessa inflação é fiscal: o governo gasta demais e paga muitas de suas contas com emissão de moeda e com aumento da dívida.

Tem, ainda, forte componente inercial. A inflação alta puxa o dólar para cima que, por sua vez, encarece em moeda nacional os produtos importados. Essa combinação exige mais distribuição de subsídios para que o orçamento do consumidor não entre em colapso. Subsídio para transporte, para energia elétrica e para educação; é a distribuição de dinheiro populista e isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 25 mil por mês.

Ou seja, a inflação também é inercial porque gera mais inflação. Por isso, não basta atacar a inflação com austeridade fiscal; é preciso atacar o carrego de inflação para o período seguinte. E isso dói muito. O medo da dor futura é o grande argumento eleitoral recíproco dessa reta final da eleição na Argentina.

Sergio Massa e Javier Milei chegam ao segundo turno das eleições na Argentina sem propostas concretas para combate a inflação galopante.  Foto: Agustin Marcarian/ Reuters

Tecnicamente, nenhum dos dois candidatos apresenta tratamento minimamente confiável para a inflação. Milei avisa que derrubará em 15% as despesas do governo, extinguirá o banco central e varrerá a corrupção. Em nenhum momento esclareceu como fará isso com um Congresso adubado com fertilizantes oficiais, que pensa de outro jeito. Nem como aguentará os esperneios que seriam produzidos à medida que empresas e consumidores fossem espremidos por uma forte recessão e pelo desemprego.

Massa, por sua vez, não consegue adiantar as políticas supostamente indolores a serem adotadas para domar a superinflação. Garante que o consumidor e o contribuinte não serão prejudicados. No posto de ministro da Economia só piorou as coisas. Seu projeto de manutenção dos subsídios, de maneira a não apertar demais a corda em torno da cintura do povo, é declaração de guerra ao Fundo Monetário Internacional e leva à promessa de mais calotes e deterioração da gota de confiança que eventualmente ainda prevaleça.

Enfim, medo contra medo só pode produzir ainda mais medo. Difícil saber qual dos dois candidatos conseguirá sobreviver ao segundo turno, no dia 19 de novembro. Mais difícil ainda é saber o que virá depois.

Vai ser medo contra medo. Medo de Massa contra medo de Milei.

A campanha do segundo turno na Argentina já começa a ser travada nesses termos. De um lado, Sergio Massa, o atual ministro da Economia, que promete mais do mesmo, mais bondades e mais emissões de moeda, portanto, mais rombo fiscal e mais crise. De outro, o economista libertário Javier Milei, que promete cirurgia fiscal com dolarização da economia e sabe-se o que mais.

A questão imediata a atacar é a inflação, hoje em 138% ao ano, que está artificialmente murchada, porque preços de produtos essenciais estão represados e o câmbio oficial, também travado, achata as cotações paralelas e os preços de muitos produtos importados. Enfim, o sistema de preço contra preço (preços relativos) está uma bagunça.

A origem dessa inflação é fiscal: o governo gasta demais e paga muitas de suas contas com emissão de moeda e com aumento da dívida.

Tem, ainda, forte componente inercial. A inflação alta puxa o dólar para cima que, por sua vez, encarece em moeda nacional os produtos importados. Essa combinação exige mais distribuição de subsídios para que o orçamento do consumidor não entre em colapso. Subsídio para transporte, para energia elétrica e para educação; é a distribuição de dinheiro populista e isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 25 mil por mês.

Ou seja, a inflação também é inercial porque gera mais inflação. Por isso, não basta atacar a inflação com austeridade fiscal; é preciso atacar o carrego de inflação para o período seguinte. E isso dói muito. O medo da dor futura é o grande argumento eleitoral recíproco dessa reta final da eleição na Argentina.

Sergio Massa e Javier Milei chegam ao segundo turno das eleições na Argentina sem propostas concretas para combate a inflação galopante.  Foto: Agustin Marcarian/ Reuters

Tecnicamente, nenhum dos dois candidatos apresenta tratamento minimamente confiável para a inflação. Milei avisa que derrubará em 15% as despesas do governo, extinguirá o banco central e varrerá a corrupção. Em nenhum momento esclareceu como fará isso com um Congresso adubado com fertilizantes oficiais, que pensa de outro jeito. Nem como aguentará os esperneios que seriam produzidos à medida que empresas e consumidores fossem espremidos por uma forte recessão e pelo desemprego.

Massa, por sua vez, não consegue adiantar as políticas supostamente indolores a serem adotadas para domar a superinflação. Garante que o consumidor e o contribuinte não serão prejudicados. No posto de ministro da Economia só piorou as coisas. Seu projeto de manutenção dos subsídios, de maneira a não apertar demais a corda em torno da cintura do povo, é declaração de guerra ao Fundo Monetário Internacional e leva à promessa de mais calotes e deterioração da gota de confiança que eventualmente ainda prevaleça.

Enfim, medo contra medo só pode produzir ainda mais medo. Difícil saber qual dos dois candidatos conseguirá sobreviver ao segundo turno, no dia 19 de novembro. Mais difícil ainda é saber o que virá depois.

Opinião por Celso Ming

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