Jornalista e comentarista de economia

Opinião|A confiança e seus limites


A confirmação desses indícios de volta da confiança depende de fortes condicionantes que, se forem frustrados, não garantem nada

Por Celso Ming

Há uma razoável recuperação da confiança, um sinal e, ao mesmo tempo, pré-requisito da retomada do crescimento da produção, da renda e do emprego. Mas a confirmação desses indícios depende de fortes condicionantes que, se forem frustrados, não garantem nada.

A Pesquisa Focus é um dos mais sólidos indicadores das expectativas dos agentes da economia. Baseia-se em levantamento semanal do Banco Central em cerca de cem instituições financeiras, consultorias e empresas relevantes. Seu objetivo é rastrear corações e mentes dos formadores de preços para auferir até que ponto vêm seguindo as projeções e coordenadas sugeridas pela autoridade monetária. Quanto maior a afinação entre o que pensa o Banco Central e o mercado, mais eficaz tende a ser a política monetária (política de juros) e, portanto, o controle da inflação.

 Foto: Infográficos/Estadão
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Há algumas semanas, a Pesquisa Focus vem mostrando melhora consistente das expectativas a respeito do comportamento de algumas variáveis importantes da economia, como inflação, câmbio, desempenho do PIB, balanço de pagamentos e entrada de investimentos estrangeiros diretos. (O gráfico aponta a evolução de duas dessas variáveis.)

Esses indicadores estão dizendo que os principais agentes econômicos passaram a trabalhar com a expectativa de melhora do desempenho da economia. É uma percepção que está sendo passada pelas escolhas feitas e pela maneira como vem se conduzindo a equipe econômica deste governo interino, em direção a maior solidez dos fundamentos da economia.

No entanto, essa postura do mercado não deve ser confundida nem com adesão nem com aposta firme nos resultados.

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Enormes incertezas continuam aí. A mais importante delas é a que cerca o desfecho do processo de impeachment. Se a decisão for pela continuação do mandato da presidente hoje afastada, enorme leque de incertezas se abrirá imediatamente, porque não se saberia qual seria a política econômica a ser adotada. A que subsistiu tanto no primeiro como na parcela do seu segundo mandato foi um experimento voluntarista que produziu uma cascata de distorções e desastres: atirou a economia na recessão, puxou pela inflação, produziu desemprego, quase quebrou a Petrobrás, desarticulou o setor elétrico e afundou a indústria.

Mesmo que a presidente Dilma se declare convertida aos preceitos que estão nos manuais de Economia Política, é preciso ainda saber se, depois de tudo o que aconteceu, contaria com apoio suficiente para conduzir a política econômica.

A outra incerteza envolve a administração Temer. É preciso saber se o governo terá condições políticas para aprovar o Projeto de Emenda à Constituição (PEC) que proíbe o aumento das despesas públicas acima da inflação do ano anterior. Esse é o dispositivo legal mais importante do atual programa de ajuste. Sem a sua aprovação todo o resto perde chão e a retomada da confiança que hoje se esboça também ficaria comprometida.

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CONFIRA:

 Foto: Infográficos/Estadão

O gráfico mostra que a produção da Petrobrás começa a crescer. Em junho foi batido o recorde histórico. No momento, 43% do petróleo e do gás produzidos provêm do pré-sal.

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Balança comercial As duas primeiras semanas de julho só tiveram seis dias úteis, mas apresentaram um excelente desempenho do comércio exterior. O superávit foi de US$ 1,5 bilhão. A média diária das exportações cresceu 2,9% sobre igual período do ano anterior. Apesar da queda das cotações do dólar, que reduziram as receitas do exportador em reais, o resultado segue promissor.

Há uma razoável recuperação da confiança, um sinal e, ao mesmo tempo, pré-requisito da retomada do crescimento da produção, da renda e do emprego. Mas a confirmação desses indícios depende de fortes condicionantes que, se forem frustrados, não garantem nada.

A Pesquisa Focus é um dos mais sólidos indicadores das expectativas dos agentes da economia. Baseia-se em levantamento semanal do Banco Central em cerca de cem instituições financeiras, consultorias e empresas relevantes. Seu objetivo é rastrear corações e mentes dos formadores de preços para auferir até que ponto vêm seguindo as projeções e coordenadas sugeridas pela autoridade monetária. Quanto maior a afinação entre o que pensa o Banco Central e o mercado, mais eficaz tende a ser a política monetária (política de juros) e, portanto, o controle da inflação.

 Foto: Infográficos/Estadão

Há algumas semanas, a Pesquisa Focus vem mostrando melhora consistente das expectativas a respeito do comportamento de algumas variáveis importantes da economia, como inflação, câmbio, desempenho do PIB, balanço de pagamentos e entrada de investimentos estrangeiros diretos. (O gráfico aponta a evolução de duas dessas variáveis.)

Esses indicadores estão dizendo que os principais agentes econômicos passaram a trabalhar com a expectativa de melhora do desempenho da economia. É uma percepção que está sendo passada pelas escolhas feitas e pela maneira como vem se conduzindo a equipe econômica deste governo interino, em direção a maior solidez dos fundamentos da economia.

No entanto, essa postura do mercado não deve ser confundida nem com adesão nem com aposta firme nos resultados.

Enormes incertezas continuam aí. A mais importante delas é a que cerca o desfecho do processo de impeachment. Se a decisão for pela continuação do mandato da presidente hoje afastada, enorme leque de incertezas se abrirá imediatamente, porque não se saberia qual seria a política econômica a ser adotada. A que subsistiu tanto no primeiro como na parcela do seu segundo mandato foi um experimento voluntarista que produziu uma cascata de distorções e desastres: atirou a economia na recessão, puxou pela inflação, produziu desemprego, quase quebrou a Petrobrás, desarticulou o setor elétrico e afundou a indústria.

Mesmo que a presidente Dilma se declare convertida aos preceitos que estão nos manuais de Economia Política, é preciso ainda saber se, depois de tudo o que aconteceu, contaria com apoio suficiente para conduzir a política econômica.

A outra incerteza envolve a administração Temer. É preciso saber se o governo terá condições políticas para aprovar o Projeto de Emenda à Constituição (PEC) que proíbe o aumento das despesas públicas acima da inflação do ano anterior. Esse é o dispositivo legal mais importante do atual programa de ajuste. Sem a sua aprovação todo o resto perde chão e a retomada da confiança que hoje se esboça também ficaria comprometida.

CONFIRA:

 Foto: Infográficos/Estadão

O gráfico mostra que a produção da Petrobrás começa a crescer. Em junho foi batido o recorde histórico. No momento, 43% do petróleo e do gás produzidos provêm do pré-sal.

Balança comercial As duas primeiras semanas de julho só tiveram seis dias úteis, mas apresentaram um excelente desempenho do comércio exterior. O superávit foi de US$ 1,5 bilhão. A média diária das exportações cresceu 2,9% sobre igual período do ano anterior. Apesar da queda das cotações do dólar, que reduziram as receitas do exportador em reais, o resultado segue promissor.

Há uma razoável recuperação da confiança, um sinal e, ao mesmo tempo, pré-requisito da retomada do crescimento da produção, da renda e do emprego. Mas a confirmação desses indícios depende de fortes condicionantes que, se forem frustrados, não garantem nada.

A Pesquisa Focus é um dos mais sólidos indicadores das expectativas dos agentes da economia. Baseia-se em levantamento semanal do Banco Central em cerca de cem instituições financeiras, consultorias e empresas relevantes. Seu objetivo é rastrear corações e mentes dos formadores de preços para auferir até que ponto vêm seguindo as projeções e coordenadas sugeridas pela autoridade monetária. Quanto maior a afinação entre o que pensa o Banco Central e o mercado, mais eficaz tende a ser a política monetária (política de juros) e, portanto, o controle da inflação.

 Foto: Infográficos/Estadão

Há algumas semanas, a Pesquisa Focus vem mostrando melhora consistente das expectativas a respeito do comportamento de algumas variáveis importantes da economia, como inflação, câmbio, desempenho do PIB, balanço de pagamentos e entrada de investimentos estrangeiros diretos. (O gráfico aponta a evolução de duas dessas variáveis.)

Esses indicadores estão dizendo que os principais agentes econômicos passaram a trabalhar com a expectativa de melhora do desempenho da economia. É uma percepção que está sendo passada pelas escolhas feitas e pela maneira como vem se conduzindo a equipe econômica deste governo interino, em direção a maior solidez dos fundamentos da economia.

No entanto, essa postura do mercado não deve ser confundida nem com adesão nem com aposta firme nos resultados.

Enormes incertezas continuam aí. A mais importante delas é a que cerca o desfecho do processo de impeachment. Se a decisão for pela continuação do mandato da presidente hoje afastada, enorme leque de incertezas se abrirá imediatamente, porque não se saberia qual seria a política econômica a ser adotada. A que subsistiu tanto no primeiro como na parcela do seu segundo mandato foi um experimento voluntarista que produziu uma cascata de distorções e desastres: atirou a economia na recessão, puxou pela inflação, produziu desemprego, quase quebrou a Petrobrás, desarticulou o setor elétrico e afundou a indústria.

Mesmo que a presidente Dilma se declare convertida aos preceitos que estão nos manuais de Economia Política, é preciso ainda saber se, depois de tudo o que aconteceu, contaria com apoio suficiente para conduzir a política econômica.

A outra incerteza envolve a administração Temer. É preciso saber se o governo terá condições políticas para aprovar o Projeto de Emenda à Constituição (PEC) que proíbe o aumento das despesas públicas acima da inflação do ano anterior. Esse é o dispositivo legal mais importante do atual programa de ajuste. Sem a sua aprovação todo o resto perde chão e a retomada da confiança que hoje se esboça também ficaria comprometida.

CONFIRA:

 Foto: Infográficos/Estadão

O gráfico mostra que a produção da Petrobrás começa a crescer. Em junho foi batido o recorde histórico. No momento, 43% do petróleo e do gás produzidos provêm do pré-sal.

Balança comercial As duas primeiras semanas de julho só tiveram seis dias úteis, mas apresentaram um excelente desempenho do comércio exterior. O superávit foi de US$ 1,5 bilhão. A média diária das exportações cresceu 2,9% sobre igual período do ano anterior. Apesar da queda das cotações do dólar, que reduziram as receitas do exportador em reais, o resultado segue promissor.

Opinião por Celso Ming

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