Jornalista e comentarista de economia

Opinião|Essa inflação dura de cair


Alimentos contribuíram para o avanço da inflação de janeiro, mas a principal fonte de tensão nas próximas semanas está no que deverá acontecer com os preços dos combustíveis

Por Celso Ming

A primeira inflação mensal do ano medida pelo IPCA (0,42%) veio mais baixa do que a de dezembro (0,56%), mas acima do que previam os analistas com base na evolução da inflação de 30 dias aferida em meados do mês, o IPCA-15, que havia ficado em 0,31%.

Em 12 meses, já não preocupa tanto quanto preocupava em 2022, quando chegou a 12,13%, em abril. Está agora em 4,51%. Mas algumas observações têm de ser feitas para melhor avaliar o que vem em seguida.

Por mais que tenha sido criticada pelo governo Lula, a atuação do Banco Central vem sendo decisiva para derrubar a evolução do custo de vida. O Copom se antecipou aos grandes bancos centrais no contra-ataque à esticada geral dos preços gerada pela pandemia, que havia desorganizado o sistema de produção e de distribuição ao redor do mundo. Com isso, pôde derrubar mais cedo os juros básicos (Selic), que chegaram ao teto dos 13,75% ao ano.

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A inflação em 12 meses já está praticamente emparelhada com o limite superior de tolerância, que é de 4,5% – os 3% da meta propriamente dita, mais a área de escape, de 1,5 ponto porcentual. A expectativa do mercado, medida pela Pesquisa Focus, do Banco Central, é de que a inflação terminará o ano em 3,81%.

A maior pressão sobre os preços em janeiro proveio dos alimentos. Em boa parte, tem a ver com os problemas climáticos que vêm reduzindo a produção ou inviabilizando o transporte. A boa notícia nesse particular é a de que as perdas da produção agrícola deste ano não são tão graves quanto se imaginava há semanas.

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Merece atenção o índice relativamente alto de difusão da inflação de janeiro. Nada menos que 65% dos itens que compõem a cesta de consumo apontaram alta de preços.

Para as próximas semanas a principal fonte de tensão está no que deverá acontecer com os preços dos combustíveis. Os reajustes já estão atrasados e podem ficar inevitáveis novas altas no óleo diesel e na gasolina. Os conflitos no Oriente Médio, responsáveis pela alta recente do petróleo, continuam se intensificando e não têm prazo para produzir alívio.

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Falta falar sobre as perspectivas da política de juros, que tem de ter a oferta de moeda calibrada de modo a conduzir a inflação para a meta.

O Banco Central vem apontando com boa antecedência os passos seguintes dos juros. Deve cortar a Selic em meio ponto porcentual nas reuniões de março e de maio. A vantagem disso é a boa condução das expectativas, que desestimula reajustes excessivos de preços. Essa é a razão pela qual o atual ritmo de corte dos juros deve prosseguir – a menos que sobrevenha alguma surpresa. l

A primeira inflação mensal do ano medida pelo IPCA (0,42%) veio mais baixa do que a de dezembro (0,56%), mas acima do que previam os analistas com base na evolução da inflação de 30 dias aferida em meados do mês, o IPCA-15, que havia ficado em 0,31%.

Em 12 meses, já não preocupa tanto quanto preocupava em 2022, quando chegou a 12,13%, em abril. Está agora em 4,51%. Mas algumas observações têm de ser feitas para melhor avaliar o que vem em seguida.

Por mais que tenha sido criticada pelo governo Lula, a atuação do Banco Central vem sendo decisiva para derrubar a evolução do custo de vida. O Copom se antecipou aos grandes bancos centrais no contra-ataque à esticada geral dos preços gerada pela pandemia, que havia desorganizado o sistema de produção e de distribuição ao redor do mundo. Com isso, pôde derrubar mais cedo os juros básicos (Selic), que chegaram ao teto dos 13,75% ao ano.

A inflação em 12 meses já está praticamente emparelhada com o limite superior de tolerância, que é de 4,5% – os 3% da meta propriamente dita, mais a área de escape, de 1,5 ponto porcentual. A expectativa do mercado, medida pela Pesquisa Focus, do Banco Central, é de que a inflação terminará o ano em 3,81%.

A maior pressão sobre os preços em janeiro proveio dos alimentos. Em boa parte, tem a ver com os problemas climáticos que vêm reduzindo a produção ou inviabilizando o transporte. A boa notícia nesse particular é a de que as perdas da produção agrícola deste ano não são tão graves quanto se imaginava há semanas.

Merece atenção o índice relativamente alto de difusão da inflação de janeiro. Nada menos que 65% dos itens que compõem a cesta de consumo apontaram alta de preços.

Para as próximas semanas a principal fonte de tensão está no que deverá acontecer com os preços dos combustíveis. Os reajustes já estão atrasados e podem ficar inevitáveis novas altas no óleo diesel e na gasolina. Os conflitos no Oriente Médio, responsáveis pela alta recente do petróleo, continuam se intensificando e não têm prazo para produzir alívio.

Falta falar sobre as perspectivas da política de juros, que tem de ter a oferta de moeda calibrada de modo a conduzir a inflação para a meta.

O Banco Central vem apontando com boa antecedência os passos seguintes dos juros. Deve cortar a Selic em meio ponto porcentual nas reuniões de março e de maio. A vantagem disso é a boa condução das expectativas, que desestimula reajustes excessivos de preços. Essa é a razão pela qual o atual ritmo de corte dos juros deve prosseguir – a menos que sobrevenha alguma surpresa. l

A primeira inflação mensal do ano medida pelo IPCA (0,42%) veio mais baixa do que a de dezembro (0,56%), mas acima do que previam os analistas com base na evolução da inflação de 30 dias aferida em meados do mês, o IPCA-15, que havia ficado em 0,31%.

Em 12 meses, já não preocupa tanto quanto preocupava em 2022, quando chegou a 12,13%, em abril. Está agora em 4,51%. Mas algumas observações têm de ser feitas para melhor avaliar o que vem em seguida.

Por mais que tenha sido criticada pelo governo Lula, a atuação do Banco Central vem sendo decisiva para derrubar a evolução do custo de vida. O Copom se antecipou aos grandes bancos centrais no contra-ataque à esticada geral dos preços gerada pela pandemia, que havia desorganizado o sistema de produção e de distribuição ao redor do mundo. Com isso, pôde derrubar mais cedo os juros básicos (Selic), que chegaram ao teto dos 13,75% ao ano.

A inflação em 12 meses já está praticamente emparelhada com o limite superior de tolerância, que é de 4,5% – os 3% da meta propriamente dita, mais a área de escape, de 1,5 ponto porcentual. A expectativa do mercado, medida pela Pesquisa Focus, do Banco Central, é de que a inflação terminará o ano em 3,81%.

A maior pressão sobre os preços em janeiro proveio dos alimentos. Em boa parte, tem a ver com os problemas climáticos que vêm reduzindo a produção ou inviabilizando o transporte. A boa notícia nesse particular é a de que as perdas da produção agrícola deste ano não são tão graves quanto se imaginava há semanas.

Merece atenção o índice relativamente alto de difusão da inflação de janeiro. Nada menos que 65% dos itens que compõem a cesta de consumo apontaram alta de preços.

Para as próximas semanas a principal fonte de tensão está no que deverá acontecer com os preços dos combustíveis. Os reajustes já estão atrasados e podem ficar inevitáveis novas altas no óleo diesel e na gasolina. Os conflitos no Oriente Médio, responsáveis pela alta recente do petróleo, continuam se intensificando e não têm prazo para produzir alívio.

Falta falar sobre as perspectivas da política de juros, que tem de ter a oferta de moeda calibrada de modo a conduzir a inflação para a meta.

O Banco Central vem apontando com boa antecedência os passos seguintes dos juros. Deve cortar a Selic em meio ponto porcentual nas reuniões de março e de maio. A vantagem disso é a boa condução das expectativas, que desestimula reajustes excessivos de preços. Essa é a razão pela qual o atual ritmo de corte dos juros deve prosseguir – a menos que sobrevenha alguma surpresa. l

Opinião por Celso Ming

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