Jornalista e comentarista de economia

Opinião|As cidades e o futuro a enfrentar


O envelhecimento da população e as transformações na área de mobilidade vão exigir grandes mudanças na infraestrutura das cidades e dos centros urbanos e os gestores públicos precisam desenvolver logo soluções para isso

Por Celso Ming

As cidades terão de mudar – e rapidamente. Terão de produzir arranjos não só para enfrentar as transformações nas áreas de eletrificação e mobilidade, como, também, nas do envelhecimento da população.

As grandes montadoras já assumiram o compromisso de parar de produzir veículos a combustão ou de passar por uma fase de transição por meio dos híbridos, o que, por si só, impõe severa reorganização da infraestrutura dos centros urbanos.

O desenvolvimento da malha de serviços de recarga para veículos elétricos no Brasil, por exemplo, acontece via iniciativa privada e pela boa vontade dos proprietários, sem nenhum planejamento estratégico do setor público. O Brasil conta hoje com cerca de 3,8 mil estações de recarga, como dão conta informações da Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE). Iniciativas pontuais tentam reorganizar a empreitada, como a da Aliança pela Mobilidade Sustentável, que conta com a participação de 13 empresas e pretende instalar 10 mil pontos públicos de recarga até 2025. Mas continuará a ser andorinha solitária se gestores e poder público não derem a devida importância para essa nova providência.

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No entanto, olhar apenas para a eletrificação da frota de automóveis particulares para criar medidas que preparem a cidade para o uso desses veículos não é o suficiente nem para reduzir as emissões de gases de efeito estufa do transporte urbano nem para garantir a sustentabilidade do mercado. Será preciso articulação para a criação de corredores interestaduais, incentivos e formação de mão de obra para ampliar e espalhar a malha de serviços e adoção de políticas públicas para aumentar a frota de transporte coletivo elétrico.

O “carro voador”, por sua vez, enfrenta a mesma falta de integração. A Embraer e sua subsidiária, a Eve, desenvolvem um eVTOL (sigla em inglês para veículo elétrico de pouso de decolagem vertical), que deve começar a operar comercialmente em 2026, e esperam atender 12,7 milhões de passageiros por ano em 2035 nas capitais de São Paulo e do Rio.

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Para isso, as cidades devem se preparar para a construção de vertiportos, como são chamados os pontos de chegada e de partida dos eVTOLs. Não apenas será preciso mudar a legislação sobre o uso do espaço aéreo urbano – atualmente focada no uso de helicópteros –, mas criar ou tornar mais rígidos a fiscalização e o controle do espaço aéreo.

Outra grande mudança que não pode passar alheia aos olhares do planejamento urbano é a do envelhecimento da população. Não é questão apenas de criar mais casas de amparo ou ampliar o conceito de cohousing sênior – condomínios de casas individuais com áreas de serviço e lazer compartilhadas que priorizam a socialização entre os residentes. Ou até mesmo de desenvolver um mercado imobiliário que erga edificações que contam com tecnologias que facilitem o acesso do morador a um serviço médico, em casos de urgência, ou ambulatórios médicos já instalados internamente.

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As cidades precisam se preparar para melhorar a infraestrutura para pedestres e ciclistas e colocar no centro do deslocamento e da mobilidade urbana o transporte coletivo. Além disso, são indispensáveis estratégias que integrem a terceira idade ao seu entorno.

Melhorar a infraestrutura para diminuir os obstáculos com nivelamento das calçadas, rampas e iluminação pública focada nas pessoas, e não nos automóveis, é um dos pontos que precisam estar nessa nova moldura urbana, como explica a professora e pesquisadora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Andréa Pfutzenreuter.

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“É primordial que a economia, a cultura, os serviços públicos estejam preparados para atendê-los e o ponto-chave aqui será a acessibilidade para garantir a mobilidade e bem-estar para essa faixa da população.”/COM PABLO SANTANA

As cidades terão de mudar – e rapidamente. Terão de produzir arranjos não só para enfrentar as transformações nas áreas de eletrificação e mobilidade, como, também, nas do envelhecimento da população.

As grandes montadoras já assumiram o compromisso de parar de produzir veículos a combustão ou de passar por uma fase de transição por meio dos híbridos, o que, por si só, impõe severa reorganização da infraestrutura dos centros urbanos.

O desenvolvimento da malha de serviços de recarga para veículos elétricos no Brasil, por exemplo, acontece via iniciativa privada e pela boa vontade dos proprietários, sem nenhum planejamento estratégico do setor público. O Brasil conta hoje com cerca de 3,8 mil estações de recarga, como dão conta informações da Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE). Iniciativas pontuais tentam reorganizar a empreitada, como a da Aliança pela Mobilidade Sustentável, que conta com a participação de 13 empresas e pretende instalar 10 mil pontos públicos de recarga até 2025. Mas continuará a ser andorinha solitária se gestores e poder público não derem a devida importância para essa nova providência.

No entanto, olhar apenas para a eletrificação da frota de automóveis particulares para criar medidas que preparem a cidade para o uso desses veículos não é o suficiente nem para reduzir as emissões de gases de efeito estufa do transporte urbano nem para garantir a sustentabilidade do mercado. Será preciso articulação para a criação de corredores interestaduais, incentivos e formação de mão de obra para ampliar e espalhar a malha de serviços e adoção de políticas públicas para aumentar a frota de transporte coletivo elétrico.

O “carro voador”, por sua vez, enfrenta a mesma falta de integração. A Embraer e sua subsidiária, a Eve, desenvolvem um eVTOL (sigla em inglês para veículo elétrico de pouso de decolagem vertical), que deve começar a operar comercialmente em 2026, e esperam atender 12,7 milhões de passageiros por ano em 2035 nas capitais de São Paulo e do Rio.

Para isso, as cidades devem se preparar para a construção de vertiportos, como são chamados os pontos de chegada e de partida dos eVTOLs. Não apenas será preciso mudar a legislação sobre o uso do espaço aéreo urbano – atualmente focada no uso de helicópteros –, mas criar ou tornar mais rígidos a fiscalização e o controle do espaço aéreo.

Outra grande mudança que não pode passar alheia aos olhares do planejamento urbano é a do envelhecimento da população. Não é questão apenas de criar mais casas de amparo ou ampliar o conceito de cohousing sênior – condomínios de casas individuais com áreas de serviço e lazer compartilhadas que priorizam a socialização entre os residentes. Ou até mesmo de desenvolver um mercado imobiliário que erga edificações que contam com tecnologias que facilitem o acesso do morador a um serviço médico, em casos de urgência, ou ambulatórios médicos já instalados internamente.

As cidades precisam se preparar para melhorar a infraestrutura para pedestres e ciclistas e colocar no centro do deslocamento e da mobilidade urbana o transporte coletivo. Além disso, são indispensáveis estratégias que integrem a terceira idade ao seu entorno.

Melhorar a infraestrutura para diminuir os obstáculos com nivelamento das calçadas, rampas e iluminação pública focada nas pessoas, e não nos automóveis, é um dos pontos que precisam estar nessa nova moldura urbana, como explica a professora e pesquisadora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Andréa Pfutzenreuter.

“É primordial que a economia, a cultura, os serviços públicos estejam preparados para atendê-los e o ponto-chave aqui será a acessibilidade para garantir a mobilidade e bem-estar para essa faixa da população.”/COM PABLO SANTANA

As cidades terão de mudar – e rapidamente. Terão de produzir arranjos não só para enfrentar as transformações nas áreas de eletrificação e mobilidade, como, também, nas do envelhecimento da população.

As grandes montadoras já assumiram o compromisso de parar de produzir veículos a combustão ou de passar por uma fase de transição por meio dos híbridos, o que, por si só, impõe severa reorganização da infraestrutura dos centros urbanos.

O desenvolvimento da malha de serviços de recarga para veículos elétricos no Brasil, por exemplo, acontece via iniciativa privada e pela boa vontade dos proprietários, sem nenhum planejamento estratégico do setor público. O Brasil conta hoje com cerca de 3,8 mil estações de recarga, como dão conta informações da Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE). Iniciativas pontuais tentam reorganizar a empreitada, como a da Aliança pela Mobilidade Sustentável, que conta com a participação de 13 empresas e pretende instalar 10 mil pontos públicos de recarga até 2025. Mas continuará a ser andorinha solitária se gestores e poder público não derem a devida importância para essa nova providência.

No entanto, olhar apenas para a eletrificação da frota de automóveis particulares para criar medidas que preparem a cidade para o uso desses veículos não é o suficiente nem para reduzir as emissões de gases de efeito estufa do transporte urbano nem para garantir a sustentabilidade do mercado. Será preciso articulação para a criação de corredores interestaduais, incentivos e formação de mão de obra para ampliar e espalhar a malha de serviços e adoção de políticas públicas para aumentar a frota de transporte coletivo elétrico.

O “carro voador”, por sua vez, enfrenta a mesma falta de integração. A Embraer e sua subsidiária, a Eve, desenvolvem um eVTOL (sigla em inglês para veículo elétrico de pouso de decolagem vertical), que deve começar a operar comercialmente em 2026, e esperam atender 12,7 milhões de passageiros por ano em 2035 nas capitais de São Paulo e do Rio.

Para isso, as cidades devem se preparar para a construção de vertiportos, como são chamados os pontos de chegada e de partida dos eVTOLs. Não apenas será preciso mudar a legislação sobre o uso do espaço aéreo urbano – atualmente focada no uso de helicópteros –, mas criar ou tornar mais rígidos a fiscalização e o controle do espaço aéreo.

Outra grande mudança que não pode passar alheia aos olhares do planejamento urbano é a do envelhecimento da população. Não é questão apenas de criar mais casas de amparo ou ampliar o conceito de cohousing sênior – condomínios de casas individuais com áreas de serviço e lazer compartilhadas que priorizam a socialização entre os residentes. Ou até mesmo de desenvolver um mercado imobiliário que erga edificações que contam com tecnologias que facilitem o acesso do morador a um serviço médico, em casos de urgência, ou ambulatórios médicos já instalados internamente.

As cidades precisam se preparar para melhorar a infraestrutura para pedestres e ciclistas e colocar no centro do deslocamento e da mobilidade urbana o transporte coletivo. Além disso, são indispensáveis estratégias que integrem a terceira idade ao seu entorno.

Melhorar a infraestrutura para diminuir os obstáculos com nivelamento das calçadas, rampas e iluminação pública focada nas pessoas, e não nos automóveis, é um dos pontos que precisam estar nessa nova moldura urbana, como explica a professora e pesquisadora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Andréa Pfutzenreuter.

“É primordial que a economia, a cultura, os serviços públicos estejam preparados para atendê-los e o ponto-chave aqui será a acessibilidade para garantir a mobilidade e bem-estar para essa faixa da população.”/COM PABLO SANTANA

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