Jornalista e comentarista de economia

Opinião|Aumentar a meta de inflação vai ajudar a economia brasileira?


O avanço sustentável do PIB depende de mais investimento, contas públicas equilibradas e maior confiança na condução da economia

Por Celso Ming

Por meio de “carta aberta” ou de artigos na imprensa, aumentam as pressões de economistas de formação neokeynesiana para que o Conselho Monetário Nacional abandone a meta de inflação de 3,0% em 12 meses, com área de escape de 1,5 ponto porcentual tanto para cima como para baixo, e adote uma meta de 4,0%, com tolerância de 2 pontos.

O objetivo da proposta é permitir que o Banco Central reduza os juros básicos (Selic), hoje em 11,25% ao ano, vistos como “entre os mais altos do mundo”.

Um argumento apresentado pelos defensores do aumento da meta é a necessidade de garantir mais crescimento econômico e mais empregos. O outro é o de que pouco adiantaria insistir na dureza monetária porque, no Brasil, cerca de um terço dos preços é corrigido pela inflação passada (indexação), qualquer que seja o nível dos juros, fator que tira eficácia da política monetária.

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Diferentemente do que acontece em outros países, cujos bancos centrais têm mandato duplo – o de combater a inflação e o de ajudar o avanço econômico –, o do Brasil detém o mandato único de combater a alta de preços. Mas a proposta de aumento da meta de inflação nada tem a ver com eventual revisão desse mandato único, embora pressuponha que uma meta mais alta ajude a puxar pelo avanço do PIB.

E aí está a principal falácia da proposta. A rigor, não é o tamanho dos juros que garante o crescimento sustentável. Neste ano, por exemplo, quando os juros estão “entre os mais altos do mundo”, o crescimento previsto do PIB é de 3,2%, podendo alcançar algo mais do que isso. O desemprego encerrou o último trimestre em 6,3% e nada garante que uma meta de inflação mais alta, que dê condições a juros mais baixos, entregue um crescimento econômico mais alto.

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É que o avanço sustentável do PIB depende de mais coisa: de mais investimento, de contas públicas equilibradas e de confiança na economia.

Também não serve de argumento o fato de que a economia está indexada demais. Uma meta de inflação mais alta não melhoraria a eficácia da política monetária. Muito provavelmente produziria mais inflação e indexação mais alta.

Além disso, o aumento da meta seria ineficaz sem ataque às causas das mazelas da economia: rombo fiscal, baixa produtividade do trabalho e até mesmo a indexação excessiva. O crédito e os negócios operam no longo prazo e são executados no pressuposto de que a política de juros será conduzida para cumprir os grandes objetivos da economia.

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Se o governo sucumbir a essa ideia de rever para cima a meta de inflação, acabaria por produzir mais incertezas e quebra da já fragilizada confiança na condução da política econômica

Por meio de “carta aberta” ou de artigos na imprensa, aumentam as pressões de economistas de formação neokeynesiana para que o Conselho Monetário Nacional abandone a meta de inflação de 3,0% em 12 meses, com área de escape de 1,5 ponto porcentual tanto para cima como para baixo, e adote uma meta de 4,0%, com tolerância de 2 pontos.

O objetivo da proposta é permitir que o Banco Central reduza os juros básicos (Selic), hoje em 11,25% ao ano, vistos como “entre os mais altos do mundo”.

Um argumento apresentado pelos defensores do aumento da meta é a necessidade de garantir mais crescimento econômico e mais empregos. O outro é o de que pouco adiantaria insistir na dureza monetária porque, no Brasil, cerca de um terço dos preços é corrigido pela inflação passada (indexação), qualquer que seja o nível dos juros, fator que tira eficácia da política monetária.

Diferentemente do que acontece em outros países, cujos bancos centrais têm mandato duplo – o de combater a inflação e o de ajudar o avanço econômico –, o do Brasil detém o mandato único de combater a alta de preços. Mas a proposta de aumento da meta de inflação nada tem a ver com eventual revisão desse mandato único, embora pressuponha que uma meta mais alta ajude a puxar pelo avanço do PIB.

E aí está a principal falácia da proposta. A rigor, não é o tamanho dos juros que garante o crescimento sustentável. Neste ano, por exemplo, quando os juros estão “entre os mais altos do mundo”, o crescimento previsto do PIB é de 3,2%, podendo alcançar algo mais do que isso. O desemprego encerrou o último trimestre em 6,3% e nada garante que uma meta de inflação mais alta, que dê condições a juros mais baixos, entregue um crescimento econômico mais alto.

É que o avanço sustentável do PIB depende de mais coisa: de mais investimento, de contas públicas equilibradas e de confiança na economia.

Também não serve de argumento o fato de que a economia está indexada demais. Uma meta de inflação mais alta não melhoraria a eficácia da política monetária. Muito provavelmente produziria mais inflação e indexação mais alta.

Além disso, o aumento da meta seria ineficaz sem ataque às causas das mazelas da economia: rombo fiscal, baixa produtividade do trabalho e até mesmo a indexação excessiva. O crédito e os negócios operam no longo prazo e são executados no pressuposto de que a política de juros será conduzida para cumprir os grandes objetivos da economia.

Se o governo sucumbir a essa ideia de rever para cima a meta de inflação, acabaria por produzir mais incertezas e quebra da já fragilizada confiança na condução da política econômica

Por meio de “carta aberta” ou de artigos na imprensa, aumentam as pressões de economistas de formação neokeynesiana para que o Conselho Monetário Nacional abandone a meta de inflação de 3,0% em 12 meses, com área de escape de 1,5 ponto porcentual tanto para cima como para baixo, e adote uma meta de 4,0%, com tolerância de 2 pontos.

O objetivo da proposta é permitir que o Banco Central reduza os juros básicos (Selic), hoje em 11,25% ao ano, vistos como “entre os mais altos do mundo”.

Um argumento apresentado pelos defensores do aumento da meta é a necessidade de garantir mais crescimento econômico e mais empregos. O outro é o de que pouco adiantaria insistir na dureza monetária porque, no Brasil, cerca de um terço dos preços é corrigido pela inflação passada (indexação), qualquer que seja o nível dos juros, fator que tira eficácia da política monetária.

Diferentemente do que acontece em outros países, cujos bancos centrais têm mandato duplo – o de combater a inflação e o de ajudar o avanço econômico –, o do Brasil detém o mandato único de combater a alta de preços. Mas a proposta de aumento da meta de inflação nada tem a ver com eventual revisão desse mandato único, embora pressuponha que uma meta mais alta ajude a puxar pelo avanço do PIB.

E aí está a principal falácia da proposta. A rigor, não é o tamanho dos juros que garante o crescimento sustentável. Neste ano, por exemplo, quando os juros estão “entre os mais altos do mundo”, o crescimento previsto do PIB é de 3,2%, podendo alcançar algo mais do que isso. O desemprego encerrou o último trimestre em 6,3% e nada garante que uma meta de inflação mais alta, que dê condições a juros mais baixos, entregue um crescimento econômico mais alto.

É que o avanço sustentável do PIB depende de mais coisa: de mais investimento, de contas públicas equilibradas e de confiança na economia.

Também não serve de argumento o fato de que a economia está indexada demais. Uma meta de inflação mais alta não melhoraria a eficácia da política monetária. Muito provavelmente produziria mais inflação e indexação mais alta.

Além disso, o aumento da meta seria ineficaz sem ataque às causas das mazelas da economia: rombo fiscal, baixa produtividade do trabalho e até mesmo a indexação excessiva. O crédito e os negócios operam no longo prazo e são executados no pressuposto de que a política de juros será conduzida para cumprir os grandes objetivos da economia.

Se o governo sucumbir a essa ideia de rever para cima a meta de inflação, acabaria por produzir mais incertezas e quebra da já fragilizada confiança na condução da política econômica

Opinião por Celso Ming

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