Jornalista e comentarista de economia

Opinião|O Desenrola e a queda da inadimplência no Brasil


Apesar dos números estarem bem abaixo da projeção inicial do governo, recuo da inadimplência revela que o programa de renegociação de dívidas tem seu êxito, mas o problema precisa ser encarado de outras formas

Por Celso Ming e Pablo Santana
Atualização:

O Desenrola Brasil, programa de renegociação de dívidas lançado pelo governo Lula, ainda não conseguiu atingir os grandiosos números apresentados pelo ministro Haddad meses atrás quando foi anunciado.

Até o momento, cerca de R$ 50 bilhões em dívidas foram renegociadas, operação que beneficiou 14 milhões de pessoas. A expectativa era de que fossem renegociados cerca de R$ 75 bilhões em dívidas de 70 milhões de consumidores.

Ampliar esses números é uma das razões pela qual o Desenrola ganhou uma sobrevida. Foi prorrogado por mais 50 dias, até o dia 20 de maio, para a Faixa 1 do programa que abrange pessoas com renda bruta mensal de até dois salários mínimos (R$ 2.824,00) ou inscritos no CadÚnico.

continua após a publicidade

Mas ainda não dá para dizer que a iniciativa ficou curta demais ou, então, que não produziu benefícios suficientes para a economia, de maneira a ajudar o consumo e o crescimento econômico.

Um dos seus gargalos foi a dificuldade encontrada pelo público para acessar a plataforma. Quando permitida a integração dos aplicativos de bancos e birôs de crédito ao ecossistema do Desenrola, o programa ganhou tração. A possibilidade de renegociação por meio das agências dos Correios também ajudou.

continua após a publicidade

Outro indicador de certo sucesso do programa foi o recuo da inadimplência. Dados da Confederação Nacional do Comércio (CNC) mostram que a inadimplência das famílias caiu em fevereiro, pelo quinto mês consecutivo, para os 28,1%. As estatísticas do Banco Central confirmam esse recuo. A inadimplência da carteira de crédito dos bancos com recursos livres para pessoas físicas fechou janeiro em 5,54%, menor valor desde agosto de 2022.

“Esses números parecem comprovar que o Desenrola vem conseguindo atingir a base da pirâmide, formada pelas famílias de baixa renda, as mais suscetíveis à volatilidade do mercado de trabalho. Isso mostra que o programa conseguiu endereçar bem como política voltada para enfrentar a inadimplência do segmento “, avalia Felipe Tavares, economista-chefe da CNC.

continua após a publicidade

No entanto, focar só as dívidas em atraso não é suficiente para reverter o nível de fragilidade financeira da maioria dos brasileiros. O Desenrola tem de ser entendido apenas como paliativo. São necessárias políticas que melhorem a renda e o emprego no País, o que implica uma estratégia de desenvolvimento sustentável. Sem isso, a inadimplência continuará sendo um problema crônico.

Alessandra Ribeiro, sócia-diretora da Tendências Consultoria, adverte que também são necessárias políticas que reduzam os riscos do crédito e aumentem a competição entre as instituições financeiras de modo a permitir a redução do custo do crédito, do nível de endividamento das famílias e melhores condições de consumo.

O Desenrola Brasil, programa de renegociação de dívidas lançado pelo governo Lula, ainda não conseguiu atingir os grandiosos números apresentados pelo ministro Haddad meses atrás quando foi anunciado.

Até o momento, cerca de R$ 50 bilhões em dívidas foram renegociadas, operação que beneficiou 14 milhões de pessoas. A expectativa era de que fossem renegociados cerca de R$ 75 bilhões em dívidas de 70 milhões de consumidores.

Ampliar esses números é uma das razões pela qual o Desenrola ganhou uma sobrevida. Foi prorrogado por mais 50 dias, até o dia 20 de maio, para a Faixa 1 do programa que abrange pessoas com renda bruta mensal de até dois salários mínimos (R$ 2.824,00) ou inscritos no CadÚnico.

Mas ainda não dá para dizer que a iniciativa ficou curta demais ou, então, que não produziu benefícios suficientes para a economia, de maneira a ajudar o consumo e o crescimento econômico.

Um dos seus gargalos foi a dificuldade encontrada pelo público para acessar a plataforma. Quando permitida a integração dos aplicativos de bancos e birôs de crédito ao ecossistema do Desenrola, o programa ganhou tração. A possibilidade de renegociação por meio das agências dos Correios também ajudou.

Outro indicador de certo sucesso do programa foi o recuo da inadimplência. Dados da Confederação Nacional do Comércio (CNC) mostram que a inadimplência das famílias caiu em fevereiro, pelo quinto mês consecutivo, para os 28,1%. As estatísticas do Banco Central confirmam esse recuo. A inadimplência da carteira de crédito dos bancos com recursos livres para pessoas físicas fechou janeiro em 5,54%, menor valor desde agosto de 2022.

“Esses números parecem comprovar que o Desenrola vem conseguindo atingir a base da pirâmide, formada pelas famílias de baixa renda, as mais suscetíveis à volatilidade do mercado de trabalho. Isso mostra que o programa conseguiu endereçar bem como política voltada para enfrentar a inadimplência do segmento “, avalia Felipe Tavares, economista-chefe da CNC.

No entanto, focar só as dívidas em atraso não é suficiente para reverter o nível de fragilidade financeira da maioria dos brasileiros. O Desenrola tem de ser entendido apenas como paliativo. São necessárias políticas que melhorem a renda e o emprego no País, o que implica uma estratégia de desenvolvimento sustentável. Sem isso, a inadimplência continuará sendo um problema crônico.

Alessandra Ribeiro, sócia-diretora da Tendências Consultoria, adverte que também são necessárias políticas que reduzam os riscos do crédito e aumentem a competição entre as instituições financeiras de modo a permitir a redução do custo do crédito, do nível de endividamento das famílias e melhores condições de consumo.

O Desenrola Brasil, programa de renegociação de dívidas lançado pelo governo Lula, ainda não conseguiu atingir os grandiosos números apresentados pelo ministro Haddad meses atrás quando foi anunciado.

Até o momento, cerca de R$ 50 bilhões em dívidas foram renegociadas, operação que beneficiou 14 milhões de pessoas. A expectativa era de que fossem renegociados cerca de R$ 75 bilhões em dívidas de 70 milhões de consumidores.

Ampliar esses números é uma das razões pela qual o Desenrola ganhou uma sobrevida. Foi prorrogado por mais 50 dias, até o dia 20 de maio, para a Faixa 1 do programa que abrange pessoas com renda bruta mensal de até dois salários mínimos (R$ 2.824,00) ou inscritos no CadÚnico.

Mas ainda não dá para dizer que a iniciativa ficou curta demais ou, então, que não produziu benefícios suficientes para a economia, de maneira a ajudar o consumo e o crescimento econômico.

Um dos seus gargalos foi a dificuldade encontrada pelo público para acessar a plataforma. Quando permitida a integração dos aplicativos de bancos e birôs de crédito ao ecossistema do Desenrola, o programa ganhou tração. A possibilidade de renegociação por meio das agências dos Correios também ajudou.

Outro indicador de certo sucesso do programa foi o recuo da inadimplência. Dados da Confederação Nacional do Comércio (CNC) mostram que a inadimplência das famílias caiu em fevereiro, pelo quinto mês consecutivo, para os 28,1%. As estatísticas do Banco Central confirmam esse recuo. A inadimplência da carteira de crédito dos bancos com recursos livres para pessoas físicas fechou janeiro em 5,54%, menor valor desde agosto de 2022.

“Esses números parecem comprovar que o Desenrola vem conseguindo atingir a base da pirâmide, formada pelas famílias de baixa renda, as mais suscetíveis à volatilidade do mercado de trabalho. Isso mostra que o programa conseguiu endereçar bem como política voltada para enfrentar a inadimplência do segmento “, avalia Felipe Tavares, economista-chefe da CNC.

No entanto, focar só as dívidas em atraso não é suficiente para reverter o nível de fragilidade financeira da maioria dos brasileiros. O Desenrola tem de ser entendido apenas como paliativo. São necessárias políticas que melhorem a renda e o emprego no País, o que implica uma estratégia de desenvolvimento sustentável. Sem isso, a inadimplência continuará sendo um problema crônico.

Alessandra Ribeiro, sócia-diretora da Tendências Consultoria, adverte que também são necessárias políticas que reduzam os riscos do crédito e aumentem a competição entre as instituições financeiras de modo a permitir a redução do custo do crédito, do nível de endividamento das famílias e melhores condições de consumo.

Opinião por Celso Ming

Comentarista de Economia

Pablo Santana

Repórter da editoria de Economia, atua na Coluna do Celso Ming desde 2021. Formado pela Universidade Federal da Bahia, com extensão em Jornalismo Econômico realizada durante o 9º Curso Estado de Jornalismo Econômico.

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.