Jornalista e comentarista de economia

Opinião|Intervir ou não intervir no dólar?


Cotação da moeda estrangeira tem disparado no País após decepção com o pacote fiscal anunciado pelo governo Lula; em um mês, o dólar subiu quase 5%, no ano, valorização é de 23,8%

Por Celso Ming
Atualização:

Foi só a cotação do dólar saltar para acima dos R$ 6,00 para que os intervencionistas de sempre pregassem mão pesada do Banco Central (BC) para derrubar as cotações na marra e, assim, matar no ovo um pedaço da inflação.

Não só o atual presidente, Roberto Campos Neto, como, também, o que vai tomar posse em janeiro, Gabriel Galípolo se recusaram a atender à recomendação: “É uma discussão que às vezes surge, de que o País tem US$ 370 bilhões em reservas, por que não segurar o dólar no peito? (...) Não é assim que funciona”, disse o futuro presidente do BC.

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No regime de livre flutuação cambial, como o adotado, o BC só intervém para evitar flutuações episódicas excessivas. Quando, por exemplo, uma empresa tem de comprar grande volume de dólares para pagar uma dívida ou a compra de uma máquina, o Banco Central fornece a moeda estrangeira para evitar a pancada no mercado.

Os que recomendam o despejo de moeda estrangeira na praça cometem erro de diagnóstico. Entendem que a forte demanda atual de dólares é fruto de especulação e não de uma perda de confiança na condução da política fiscal que leva empresas e pessoas físicas a se defenderem da desvalorização do real que viria com a inflação.

Ou seja, eventual derrame de dólares para aumentar a oferta não estaria atacando as causas da alta. Mais ainda, se a intervenção fosse eficaz e derrubasse a cotação, o mais provável é que, diante de um dólar mais barato, a procura aumentasse e tirasse força do movimento. Se isso acontecesse, viria uma segunda exigência: a de que o BC controlasse o fluxo (entrada e saída) de capitais. Bastaria uma decisão dessas para que grande volume de investimentos deixasse de vir para cá, porque nenhum bicho entra em buraco de que não possa sair. Seria artificialismo puxando por mais artificialismo.

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Por aí se vê que o regime de livre flutuação do mercado de moedas (sempre sob supervisão da mesa de câmbio do BC) é um mecanismo de ajuste não só do fluxo de capitais, mas, também, dos preços internos em reais.

Os mesmos que pedem canetadas no câmbio, em geral querem também a derrubada artificial dos juros, com o argumento de que, além de encarecer o crédito, juros altos aumentam a dívida pública.

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Achatar os juros desta forma implicaria injetar mais moeda, o que, pelo mecanismo da oferta e da procura, puxaria a inflação para cima e desorganizaria a economia. Não se trata de efeito da conspiração dos rentistas da Faria Lima. Trata-se da consequência das regras do jogo. Grande parte do crédito tem prazo longo de liquidação. Juros mais altos aumentam a conta dos devedores, inclusive a dos bancos que levantam dinheiro na praça para reemprestar aos clientes.

Foi só a cotação do dólar saltar para acima dos R$ 6,00 para que os intervencionistas de sempre pregassem mão pesada do Banco Central (BC) para derrubar as cotações na marra e, assim, matar no ovo um pedaço da inflação.

Não só o atual presidente, Roberto Campos Neto, como, também, o que vai tomar posse em janeiro, Gabriel Galípolo se recusaram a atender à recomendação: “É uma discussão que às vezes surge, de que o País tem US$ 370 bilhões em reservas, por que não segurar o dólar no peito? (...) Não é assim que funciona”, disse o futuro presidente do BC.

No regime de livre flutuação cambial, como o adotado, o BC só intervém para evitar flutuações episódicas excessivas. Quando, por exemplo, uma empresa tem de comprar grande volume de dólares para pagar uma dívida ou a compra de uma máquina, o Banco Central fornece a moeda estrangeira para evitar a pancada no mercado.

Os que recomendam o despejo de moeda estrangeira na praça cometem erro de diagnóstico. Entendem que a forte demanda atual de dólares é fruto de especulação e não de uma perda de confiança na condução da política fiscal que leva empresas e pessoas físicas a se defenderem da desvalorização do real que viria com a inflação.

Ou seja, eventual derrame de dólares para aumentar a oferta não estaria atacando as causas da alta. Mais ainda, se a intervenção fosse eficaz e derrubasse a cotação, o mais provável é que, diante de um dólar mais barato, a procura aumentasse e tirasse força do movimento. Se isso acontecesse, viria uma segunda exigência: a de que o BC controlasse o fluxo (entrada e saída) de capitais. Bastaria uma decisão dessas para que grande volume de investimentos deixasse de vir para cá, porque nenhum bicho entra em buraco de que não possa sair. Seria artificialismo puxando por mais artificialismo.

Por aí se vê que o regime de livre flutuação do mercado de moedas (sempre sob supervisão da mesa de câmbio do BC) é um mecanismo de ajuste não só do fluxo de capitais, mas, também, dos preços internos em reais.

Os mesmos que pedem canetadas no câmbio, em geral querem também a derrubada artificial dos juros, com o argumento de que, além de encarecer o crédito, juros altos aumentam a dívida pública.

Achatar os juros desta forma implicaria injetar mais moeda, o que, pelo mecanismo da oferta e da procura, puxaria a inflação para cima e desorganizaria a economia. Não se trata de efeito da conspiração dos rentistas da Faria Lima. Trata-se da consequência das regras do jogo. Grande parte do crédito tem prazo longo de liquidação. Juros mais altos aumentam a conta dos devedores, inclusive a dos bancos que levantam dinheiro na praça para reemprestar aos clientes.

Foi só a cotação do dólar saltar para acima dos R$ 6,00 para que os intervencionistas de sempre pregassem mão pesada do Banco Central (BC) para derrubar as cotações na marra e, assim, matar no ovo um pedaço da inflação.

Não só o atual presidente, Roberto Campos Neto, como, também, o que vai tomar posse em janeiro, Gabriel Galípolo se recusaram a atender à recomendação: “É uma discussão que às vezes surge, de que o País tem US$ 370 bilhões em reservas, por que não segurar o dólar no peito? (...) Não é assim que funciona”, disse o futuro presidente do BC.

No regime de livre flutuação cambial, como o adotado, o BC só intervém para evitar flutuações episódicas excessivas. Quando, por exemplo, uma empresa tem de comprar grande volume de dólares para pagar uma dívida ou a compra de uma máquina, o Banco Central fornece a moeda estrangeira para evitar a pancada no mercado.

Os que recomendam o despejo de moeda estrangeira na praça cometem erro de diagnóstico. Entendem que a forte demanda atual de dólares é fruto de especulação e não de uma perda de confiança na condução da política fiscal que leva empresas e pessoas físicas a se defenderem da desvalorização do real que viria com a inflação.

Ou seja, eventual derrame de dólares para aumentar a oferta não estaria atacando as causas da alta. Mais ainda, se a intervenção fosse eficaz e derrubasse a cotação, o mais provável é que, diante de um dólar mais barato, a procura aumentasse e tirasse força do movimento. Se isso acontecesse, viria uma segunda exigência: a de que o BC controlasse o fluxo (entrada e saída) de capitais. Bastaria uma decisão dessas para que grande volume de investimentos deixasse de vir para cá, porque nenhum bicho entra em buraco de que não possa sair. Seria artificialismo puxando por mais artificialismo.

Por aí se vê que o regime de livre flutuação do mercado de moedas (sempre sob supervisão da mesa de câmbio do BC) é um mecanismo de ajuste não só do fluxo de capitais, mas, também, dos preços internos em reais.

Os mesmos que pedem canetadas no câmbio, em geral querem também a derrubada artificial dos juros, com o argumento de que, além de encarecer o crédito, juros altos aumentam a dívida pública.

Achatar os juros desta forma implicaria injetar mais moeda, o que, pelo mecanismo da oferta e da procura, puxaria a inflação para cima e desorganizaria a economia. Não se trata de efeito da conspiração dos rentistas da Faria Lima. Trata-se da consequência das regras do jogo. Grande parte do crédito tem prazo longo de liquidação. Juros mais altos aumentam a conta dos devedores, inclusive a dos bancos que levantam dinheiro na praça para reemprestar aos clientes.

Opinião por Celso Ming

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