Jornalista e comentarista de economia

Opinião|Narrativa pra Faria Lima ver


Após dois anos seguidos atacando diretamente a autonomia do Banco Central e o seu presidente, Roberto Campos Neto, o presidente Lula mudou de discurso para apaziguar as relações com o mercado

Por Celso Ming

Às vezes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se trai e deixa passar coisas indizíveis em meio a suas manifestações costumeiras.

Há alguns meses, por exemplo, deixou transparecer que, para ele, a versão pode ser mais importante do que os fatos, quando afirmou que a qualidade da democracia na Venezuela era apenas questão de adotar a narrativa adequada.

Agora, depois de meses usando sua metralhadora giratória contra o mercado, contra os “juros irresponsáveis do Banco Central”, contra as maquinações dos banqueiros da Faria Lima, contra os que espalharam alarmismo com uma inflação “só um tiquinho acima dos 4%” e contra os analistas que vinham acendendo luzes amarelas diante do esparramo da gastança do governo – eis que o presidente Lula desdisse o que disse.

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Aconselhado a fazer as pazes com a Faria Lima, montou uma história ao contrário do que disse. Afirmou na semana passada que o governo não pode gastar mais do que arrecada, que “o combate à inflação é importante para proteger o poder de compra das famílias” e que tomará todas as medidas necessárias para proteger a nova regra fiscal.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, admitiu seguidas vezes que o pacote fiscal ficou curto demais: “Não é uma bala de prata”. O presidente Lula tentou, finalmente, assoprar na mesma flauta. Mas sobra a pergunta: esse novo discurso é para valer ou é só mais uma narrativa, para ver se cola?

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A política econômica do presidente Lula foi errática ao longo de 2024, mais talvez do que sua política externa que teve pretensões de acabar com as guerras da Ucrânia e de Israel apenas via gogó, sem levar em conta a enorme densidade histórica, cultural e geopolítica em jogo.

Gabriel Galípolo, futuro presidente do BC, e Lula em vídeo publicado nas redes sociais do presidente.  Foto: Reprodução X/@presidencia_br/Aud

Ao longo do ano, o governo Lula não conseguiu tapar o buraco da desoneração das despesas trabalhistas que favoreceram as empresas de alguns setores da economia. O tal arcabouço fiscal aprovado em 2023 virou alguma coisa muito próxima de ficção.

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A divulgação do pacote fiscal foi um desastre, não só de comunicação – porque foi misturado com proposta de aumentar a isenção do Imposto de Renda para salários mensais até R$ 5 mil –, mas, também, de conteúdo, porque prevaleceu a percepção de que a montanha urrou e estrebuchou, mas pariu um camundongo. E não cabe a desculpa de que o Congresso desidratou o projeto do governo, se o ministro Haddad admitira que o pacote já chegara insuficiente.

O resultado disso é um dólar acima dos R$ 6; inflação próximo a 5% ao ano, acima do teto da meta, de 4,5%; e Selic já contratada de 14,25% ao ano para março.

Mas, ao contrário do que fez nos últimos dois anos, o Banco Central e seu presidente deixaram de ser os bodes expiatórios do governo Lula. A narrativa agora é de que seu novo presidente, Gabriel Galípolo, terá a maior autonomia da história da política monetária brasileira – apenas porque saiu do peito do próprio Lula.

Às vezes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se trai e deixa passar coisas indizíveis em meio a suas manifestações costumeiras.

Há alguns meses, por exemplo, deixou transparecer que, para ele, a versão pode ser mais importante do que os fatos, quando afirmou que a qualidade da democracia na Venezuela era apenas questão de adotar a narrativa adequada.

Agora, depois de meses usando sua metralhadora giratória contra o mercado, contra os “juros irresponsáveis do Banco Central”, contra as maquinações dos banqueiros da Faria Lima, contra os que espalharam alarmismo com uma inflação “só um tiquinho acima dos 4%” e contra os analistas que vinham acendendo luzes amarelas diante do esparramo da gastança do governo – eis que o presidente Lula desdisse o que disse.

Aconselhado a fazer as pazes com a Faria Lima, montou uma história ao contrário do que disse. Afirmou na semana passada que o governo não pode gastar mais do que arrecada, que “o combate à inflação é importante para proteger o poder de compra das famílias” e que tomará todas as medidas necessárias para proteger a nova regra fiscal.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, admitiu seguidas vezes que o pacote fiscal ficou curto demais: “Não é uma bala de prata”. O presidente Lula tentou, finalmente, assoprar na mesma flauta. Mas sobra a pergunta: esse novo discurso é para valer ou é só mais uma narrativa, para ver se cola?

A política econômica do presidente Lula foi errática ao longo de 2024, mais talvez do que sua política externa que teve pretensões de acabar com as guerras da Ucrânia e de Israel apenas via gogó, sem levar em conta a enorme densidade histórica, cultural e geopolítica em jogo.

Gabriel Galípolo, futuro presidente do BC, e Lula em vídeo publicado nas redes sociais do presidente.  Foto: Reprodução X/@presidencia_br/Aud

Ao longo do ano, o governo Lula não conseguiu tapar o buraco da desoneração das despesas trabalhistas que favoreceram as empresas de alguns setores da economia. O tal arcabouço fiscal aprovado em 2023 virou alguma coisa muito próxima de ficção.

A divulgação do pacote fiscal foi um desastre, não só de comunicação – porque foi misturado com proposta de aumentar a isenção do Imposto de Renda para salários mensais até R$ 5 mil –, mas, também, de conteúdo, porque prevaleceu a percepção de que a montanha urrou e estrebuchou, mas pariu um camundongo. E não cabe a desculpa de que o Congresso desidratou o projeto do governo, se o ministro Haddad admitira que o pacote já chegara insuficiente.

O resultado disso é um dólar acima dos R$ 6; inflação próximo a 5% ao ano, acima do teto da meta, de 4,5%; e Selic já contratada de 14,25% ao ano para março.

Mas, ao contrário do que fez nos últimos dois anos, o Banco Central e seu presidente deixaram de ser os bodes expiatórios do governo Lula. A narrativa agora é de que seu novo presidente, Gabriel Galípolo, terá a maior autonomia da história da política monetária brasileira – apenas porque saiu do peito do próprio Lula.

Às vezes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se trai e deixa passar coisas indizíveis em meio a suas manifestações costumeiras.

Há alguns meses, por exemplo, deixou transparecer que, para ele, a versão pode ser mais importante do que os fatos, quando afirmou que a qualidade da democracia na Venezuela era apenas questão de adotar a narrativa adequada.

Agora, depois de meses usando sua metralhadora giratória contra o mercado, contra os “juros irresponsáveis do Banco Central”, contra as maquinações dos banqueiros da Faria Lima, contra os que espalharam alarmismo com uma inflação “só um tiquinho acima dos 4%” e contra os analistas que vinham acendendo luzes amarelas diante do esparramo da gastança do governo – eis que o presidente Lula desdisse o que disse.

Aconselhado a fazer as pazes com a Faria Lima, montou uma história ao contrário do que disse. Afirmou na semana passada que o governo não pode gastar mais do que arrecada, que “o combate à inflação é importante para proteger o poder de compra das famílias” e que tomará todas as medidas necessárias para proteger a nova regra fiscal.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, admitiu seguidas vezes que o pacote fiscal ficou curto demais: “Não é uma bala de prata”. O presidente Lula tentou, finalmente, assoprar na mesma flauta. Mas sobra a pergunta: esse novo discurso é para valer ou é só mais uma narrativa, para ver se cola?

A política econômica do presidente Lula foi errática ao longo de 2024, mais talvez do que sua política externa que teve pretensões de acabar com as guerras da Ucrânia e de Israel apenas via gogó, sem levar em conta a enorme densidade histórica, cultural e geopolítica em jogo.

Gabriel Galípolo, futuro presidente do BC, e Lula em vídeo publicado nas redes sociais do presidente.  Foto: Reprodução X/@presidencia_br/Aud

Ao longo do ano, o governo Lula não conseguiu tapar o buraco da desoneração das despesas trabalhistas que favoreceram as empresas de alguns setores da economia. O tal arcabouço fiscal aprovado em 2023 virou alguma coisa muito próxima de ficção.

A divulgação do pacote fiscal foi um desastre, não só de comunicação – porque foi misturado com proposta de aumentar a isenção do Imposto de Renda para salários mensais até R$ 5 mil –, mas, também, de conteúdo, porque prevaleceu a percepção de que a montanha urrou e estrebuchou, mas pariu um camundongo. E não cabe a desculpa de que o Congresso desidratou o projeto do governo, se o ministro Haddad admitira que o pacote já chegara insuficiente.

O resultado disso é um dólar acima dos R$ 6; inflação próximo a 5% ao ano, acima do teto da meta, de 4,5%; e Selic já contratada de 14,25% ao ano para março.

Mas, ao contrário do que fez nos últimos dois anos, o Banco Central e seu presidente deixaram de ser os bodes expiatórios do governo Lula. A narrativa agora é de que seu novo presidente, Gabriel Galípolo, terá a maior autonomia da história da política monetária brasileira – apenas porque saiu do peito do próprio Lula.

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