Jornalista e comentarista de economia

Opinião|Copom sinaliza novos cortes, mas sem melhora na área fiscal o governo joga contra o Banco Central


Quando gasta mais do que deve, o governo injeta dinheiro na economia e dificulta a atuação do Banco Central em controlar a demanda de moeda e a inflação

Por Celso Ming
Atualização:

O corte de mais 0,5 ponto porcentual ao ano nos juros básicos (Selic) decidido nesta quarta-feira pelo Comitê de Política Monetária (Copom) já eram favas contadas, porque foi anunciado em comunicado na reunião de agosto. Cortes, também de 0,5 ponto porcentual por vez, prosseguirão nas próximas reuniões. Falta saber até quando. Desta vez, a decisão foi tomada por unanimidade, e não com votação apertada, de 5 a 4, como a anterior.

A questão mais relevante que mexe com o futuro do preço do dinheiro (os juros) é a fiscal. Quando gasta mais do que deve, o governo injeta dinheiro na economia e faz gol contra o Banco Central, porque a demanda por moeda tem de ser controlada.

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Há dois meses, prevalecia a confiança de que o governo Lula afinal conseguiria emplacar um Orçamento equilibrado em 2024. Mas, no momento, se consolida a percepção de que o Tesouro não conseguiria arrecadar os R$ 168 bilhões adicionais de modo a empatar receita com despesa. Para empurrar a inflação para a meta de 3% em 2024, o Banco Central teria de enxugar dinheiro, teria de elevar os juros ou mantê-los mais tempo no alto. O Copom voltou a explicitar a questão fiscal que, na reunião de agosto permaneceu oculta, mas presente, como o rosto do fantasma da ópera.

Mas este não é o único fator que trabalha contra uma redução mais intensa dos juros e, portanto, contra mais crescimento da economia e mais criação de empregos.

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Os outros são de origem externa. O quadro de incertezas da economia mundial está se acirrando, confirmado com a decisão do Fed, o banco central dos Estados Unidos, de manter por mais tempo os juros básicos (Fed funds) na faixa de 5,25% a 5,50% ao ano, a fim de controlar a inflação que também está escapando da meta, que lá é de 2% em 12 meses.

Enquanto isso, a economia da Europa segue patinando e a da China continua uma incógnita. Europa e China são fortes mercados para o produto brasileiro, portanto o jogo mais retrancado deles, tende a conter as exportações do Brasil.

Outro fator que tende a aquecer os preços e a impedir uma queda maior dos juros é a escalada das cotações do petróleo, que embicam para os US$ 100 por barril. Mais cedo ou mais tarde, os reajustes dos combustíveis ficarão inevitáveis também por aqui – alta que tende a contaminar a estrutura interna de preços. O comunicado não menciona este problema.

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Enquanto isso, o Banco Central se esforça para seguir controlando essa coisa meio fluida, mas real, que é a expectativa de inflação. Mas, para que as expectativas não escapem do controle, é preciso que o Banco Central inspire confiança, o que não é fácil quando vira saco de pancadas do governo federal.

O corte de mais 0,5 ponto porcentual ao ano nos juros básicos (Selic) decidido nesta quarta-feira pelo Comitê de Política Monetária (Copom) já eram favas contadas, porque foi anunciado em comunicado na reunião de agosto. Cortes, também de 0,5 ponto porcentual por vez, prosseguirão nas próximas reuniões. Falta saber até quando. Desta vez, a decisão foi tomada por unanimidade, e não com votação apertada, de 5 a 4, como a anterior.

A questão mais relevante que mexe com o futuro do preço do dinheiro (os juros) é a fiscal. Quando gasta mais do que deve, o governo injeta dinheiro na economia e faz gol contra o Banco Central, porque a demanda por moeda tem de ser controlada.

Há dois meses, prevalecia a confiança de que o governo Lula afinal conseguiria emplacar um Orçamento equilibrado em 2024. Mas, no momento, se consolida a percepção de que o Tesouro não conseguiria arrecadar os R$ 168 bilhões adicionais de modo a empatar receita com despesa. Para empurrar a inflação para a meta de 3% em 2024, o Banco Central teria de enxugar dinheiro, teria de elevar os juros ou mantê-los mais tempo no alto. O Copom voltou a explicitar a questão fiscal que, na reunião de agosto permaneceu oculta, mas presente, como o rosto do fantasma da ópera.

Mas este não é o único fator que trabalha contra uma redução mais intensa dos juros e, portanto, contra mais crescimento da economia e mais criação de empregos.

Os outros são de origem externa. O quadro de incertezas da economia mundial está se acirrando, confirmado com a decisão do Fed, o banco central dos Estados Unidos, de manter por mais tempo os juros básicos (Fed funds) na faixa de 5,25% a 5,50% ao ano, a fim de controlar a inflação que também está escapando da meta, que lá é de 2% em 12 meses.

Enquanto isso, a economia da Europa segue patinando e a da China continua uma incógnita. Europa e China são fortes mercados para o produto brasileiro, portanto o jogo mais retrancado deles, tende a conter as exportações do Brasil.

Outro fator que tende a aquecer os preços e a impedir uma queda maior dos juros é a escalada das cotações do petróleo, que embicam para os US$ 100 por barril. Mais cedo ou mais tarde, os reajustes dos combustíveis ficarão inevitáveis também por aqui – alta que tende a contaminar a estrutura interna de preços. O comunicado não menciona este problema.

Enquanto isso, o Banco Central se esforça para seguir controlando essa coisa meio fluida, mas real, que é a expectativa de inflação. Mas, para que as expectativas não escapem do controle, é preciso que o Banco Central inspire confiança, o que não é fácil quando vira saco de pancadas do governo federal.

O corte de mais 0,5 ponto porcentual ao ano nos juros básicos (Selic) decidido nesta quarta-feira pelo Comitê de Política Monetária (Copom) já eram favas contadas, porque foi anunciado em comunicado na reunião de agosto. Cortes, também de 0,5 ponto porcentual por vez, prosseguirão nas próximas reuniões. Falta saber até quando. Desta vez, a decisão foi tomada por unanimidade, e não com votação apertada, de 5 a 4, como a anterior.

A questão mais relevante que mexe com o futuro do preço do dinheiro (os juros) é a fiscal. Quando gasta mais do que deve, o governo injeta dinheiro na economia e faz gol contra o Banco Central, porque a demanda por moeda tem de ser controlada.

Há dois meses, prevalecia a confiança de que o governo Lula afinal conseguiria emplacar um Orçamento equilibrado em 2024. Mas, no momento, se consolida a percepção de que o Tesouro não conseguiria arrecadar os R$ 168 bilhões adicionais de modo a empatar receita com despesa. Para empurrar a inflação para a meta de 3% em 2024, o Banco Central teria de enxugar dinheiro, teria de elevar os juros ou mantê-los mais tempo no alto. O Copom voltou a explicitar a questão fiscal que, na reunião de agosto permaneceu oculta, mas presente, como o rosto do fantasma da ópera.

Mas este não é o único fator que trabalha contra uma redução mais intensa dos juros e, portanto, contra mais crescimento da economia e mais criação de empregos.

Os outros são de origem externa. O quadro de incertezas da economia mundial está se acirrando, confirmado com a decisão do Fed, o banco central dos Estados Unidos, de manter por mais tempo os juros básicos (Fed funds) na faixa de 5,25% a 5,50% ao ano, a fim de controlar a inflação que também está escapando da meta, que lá é de 2% em 12 meses.

Enquanto isso, a economia da Europa segue patinando e a da China continua uma incógnita. Europa e China são fortes mercados para o produto brasileiro, portanto o jogo mais retrancado deles, tende a conter as exportações do Brasil.

Outro fator que tende a aquecer os preços e a impedir uma queda maior dos juros é a escalada das cotações do petróleo, que embicam para os US$ 100 por barril. Mais cedo ou mais tarde, os reajustes dos combustíveis ficarão inevitáveis também por aqui – alta que tende a contaminar a estrutura interna de preços. O comunicado não menciona este problema.

Enquanto isso, o Banco Central se esforça para seguir controlando essa coisa meio fluida, mas real, que é a expectativa de inflação. Mas, para que as expectativas não escapem do controle, é preciso que o Banco Central inspire confiança, o que não é fácil quando vira saco de pancadas do governo federal.

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