Jornalista e comentarista de economia

Opinião|Oppenheimer merece perdão?


Como Oppenheimer, outros grandes inventores também sentiram suas mãos cheias de sangue

Por Celso Ming

Desde que o homem é homem, as conquistas tecnológicas são moralmente neutras. Se são usadas para o bem ou para o mal, depende de quem e como as usa. A faca, por exemplo, serve para tanta coisa boa. E, no entanto, pode ser instrumento de barbaridades. Um barbante nas mãos de Francisco de Assis será usado para o bem; nas de um facínora, pode servir para cometer crimes hediondos.

O excelente filme em cartaz Oppenheimer, dirigido por Christopher Nolan, examina a intenção de quem liderou o Projeto Manhattan e a criação da bomba atômica. Envereda em seguida sobre os remorsos e os transtornos mentais que prevaleceram no day after.

A motivação declarada do físico J. Robert Oppenheimer foi não deixar a glória do invento aos nazistas. No entanto, mesmo depois da derrota da Alemanha na 2ª Grande Guerra Mundial e do suicídio de Hitler, o projeto continuou, alegadamente com outras motivações. Entusiasmado com sua criação, Oppenheimer queria chegar primeiro. E chegou.

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Já antes da destruição de Hiroshima e Nagasaki, em 1945, o Prometeu moderno sentiu que se tornou cúmplice da morte.Quanto a questões que envolvem conflito de prioridades, o filme lembra o longa-metragem dos anos 50,

Ponte do Rio Kwai, dirigido pelo britânico David Lean. É a história de um coronel engenheiro preso pelos japoneses na Guerra do Pacífico que foi obrigado a dirigir a construção de uma ponte ferroviária. Ele ficou empolgado com sua obra-prima. Quando recebeu a ordem de destruí-la, para impedir o avanço do inimigo, o coronel vacila, por não querer botar abaixo aquela maravilha. Por fim, entendeu qual era o objetivo prioritário e fez o que tinha de fazer.

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Cillian Murphy é J. Robert Oppenheimer no filme "Oppenheimer", escrito, produzido e dirigido por Christopher Nolan.  Foto: Universal Pictures

Como Oppenheimer, grandes inventores sentiram o uso perverso do que produziram. Alfred Nobel (1833-1896) se deu conta do poder destruidor da dinamite que saiu do seu gênio e, a título de reparação, instituiu o Prêmio Nobel. Santos-Dumont (1873-1932) se deprimiu com o que passaram a fazer com seu invento. Chegou a solicitar que a Liga das Nações proibisse o uso de aeronaves na guerra. Mas foi ignorado.

Muitos biólogos denunciaram o uso da biotecnologia para fins perversos. Geoffrey Hinton, o “padrinho” da Inteligência Artificial, acaba por declarar-se arrependido pelas potenciais consequências nefastas do que fez, e se demitiu do Google.

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Quando deixa a oficina do seu criador, a criatura adquire trajetória própria, como observou brutalmente o presidente Truman, quando Oppenheimer lhe disse que tinha sangue em suas mãos.

O ser humano segue tomado por conflitos e pelas contradições morais. Tantas e tantas vezes, é o poder econômico e político que manipula a criatura, sem considerações éticas.

Fica no ar a pergunta sobre se Oppenheimer pode ser perdoado. Como o Fausto de Goethe, que entregou sua alma ao diabo para obter conhecimento – e tecnologia –, paira sobre ele a vaga possibilidade de perdão, baseada na força redentora do arrependimento.

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Desde que o homem é homem, as conquistas tecnológicas são moralmente neutras. Se são usadas para o bem ou para o mal, depende de quem e como as usa. A faca, por exemplo, serve para tanta coisa boa. E, no entanto, pode ser instrumento de barbaridades. Um barbante nas mãos de Francisco de Assis será usado para o bem; nas de um facínora, pode servir para cometer crimes hediondos.

O excelente filme em cartaz Oppenheimer, dirigido por Christopher Nolan, examina a intenção de quem liderou o Projeto Manhattan e a criação da bomba atômica. Envereda em seguida sobre os remorsos e os transtornos mentais que prevaleceram no day after.

A motivação declarada do físico J. Robert Oppenheimer foi não deixar a glória do invento aos nazistas. No entanto, mesmo depois da derrota da Alemanha na 2ª Grande Guerra Mundial e do suicídio de Hitler, o projeto continuou, alegadamente com outras motivações. Entusiasmado com sua criação, Oppenheimer queria chegar primeiro. E chegou.

Já antes da destruição de Hiroshima e Nagasaki, em 1945, o Prometeu moderno sentiu que se tornou cúmplice da morte.Quanto a questões que envolvem conflito de prioridades, o filme lembra o longa-metragem dos anos 50,

Ponte do Rio Kwai, dirigido pelo britânico David Lean. É a história de um coronel engenheiro preso pelos japoneses na Guerra do Pacífico que foi obrigado a dirigir a construção de uma ponte ferroviária. Ele ficou empolgado com sua obra-prima. Quando recebeu a ordem de destruí-la, para impedir o avanço do inimigo, o coronel vacila, por não querer botar abaixo aquela maravilha. Por fim, entendeu qual era o objetivo prioritário e fez o que tinha de fazer.

Cillian Murphy é J. Robert Oppenheimer no filme "Oppenheimer", escrito, produzido e dirigido por Christopher Nolan.  Foto: Universal Pictures

Como Oppenheimer, grandes inventores sentiram o uso perverso do que produziram. Alfred Nobel (1833-1896) se deu conta do poder destruidor da dinamite que saiu do seu gênio e, a título de reparação, instituiu o Prêmio Nobel. Santos-Dumont (1873-1932) se deprimiu com o que passaram a fazer com seu invento. Chegou a solicitar que a Liga das Nações proibisse o uso de aeronaves na guerra. Mas foi ignorado.

Muitos biólogos denunciaram o uso da biotecnologia para fins perversos. Geoffrey Hinton, o “padrinho” da Inteligência Artificial, acaba por declarar-se arrependido pelas potenciais consequências nefastas do que fez, e se demitiu do Google.

Quando deixa a oficina do seu criador, a criatura adquire trajetória própria, como observou brutalmente o presidente Truman, quando Oppenheimer lhe disse que tinha sangue em suas mãos.

O ser humano segue tomado por conflitos e pelas contradições morais. Tantas e tantas vezes, é o poder econômico e político que manipula a criatura, sem considerações éticas.

Fica no ar a pergunta sobre se Oppenheimer pode ser perdoado. Como o Fausto de Goethe, que entregou sua alma ao diabo para obter conhecimento – e tecnologia –, paira sobre ele a vaga possibilidade de perdão, baseada na força redentora do arrependimento.

Desde que o homem é homem, as conquistas tecnológicas são moralmente neutras. Se são usadas para o bem ou para o mal, depende de quem e como as usa. A faca, por exemplo, serve para tanta coisa boa. E, no entanto, pode ser instrumento de barbaridades. Um barbante nas mãos de Francisco de Assis será usado para o bem; nas de um facínora, pode servir para cometer crimes hediondos.

O excelente filme em cartaz Oppenheimer, dirigido por Christopher Nolan, examina a intenção de quem liderou o Projeto Manhattan e a criação da bomba atômica. Envereda em seguida sobre os remorsos e os transtornos mentais que prevaleceram no day after.

A motivação declarada do físico J. Robert Oppenheimer foi não deixar a glória do invento aos nazistas. No entanto, mesmo depois da derrota da Alemanha na 2ª Grande Guerra Mundial e do suicídio de Hitler, o projeto continuou, alegadamente com outras motivações. Entusiasmado com sua criação, Oppenheimer queria chegar primeiro. E chegou.

Já antes da destruição de Hiroshima e Nagasaki, em 1945, o Prometeu moderno sentiu que se tornou cúmplice da morte.Quanto a questões que envolvem conflito de prioridades, o filme lembra o longa-metragem dos anos 50,

Ponte do Rio Kwai, dirigido pelo britânico David Lean. É a história de um coronel engenheiro preso pelos japoneses na Guerra do Pacífico que foi obrigado a dirigir a construção de uma ponte ferroviária. Ele ficou empolgado com sua obra-prima. Quando recebeu a ordem de destruí-la, para impedir o avanço do inimigo, o coronel vacila, por não querer botar abaixo aquela maravilha. Por fim, entendeu qual era o objetivo prioritário e fez o que tinha de fazer.

Cillian Murphy é J. Robert Oppenheimer no filme "Oppenheimer", escrito, produzido e dirigido por Christopher Nolan.  Foto: Universal Pictures

Como Oppenheimer, grandes inventores sentiram o uso perverso do que produziram. Alfred Nobel (1833-1896) se deu conta do poder destruidor da dinamite que saiu do seu gênio e, a título de reparação, instituiu o Prêmio Nobel. Santos-Dumont (1873-1932) se deprimiu com o que passaram a fazer com seu invento. Chegou a solicitar que a Liga das Nações proibisse o uso de aeronaves na guerra. Mas foi ignorado.

Muitos biólogos denunciaram o uso da biotecnologia para fins perversos. Geoffrey Hinton, o “padrinho” da Inteligência Artificial, acaba por declarar-se arrependido pelas potenciais consequências nefastas do que fez, e se demitiu do Google.

Quando deixa a oficina do seu criador, a criatura adquire trajetória própria, como observou brutalmente o presidente Truman, quando Oppenheimer lhe disse que tinha sangue em suas mãos.

O ser humano segue tomado por conflitos e pelas contradições morais. Tantas e tantas vezes, é o poder econômico e político que manipula a criatura, sem considerações éticas.

Fica no ar a pergunta sobre se Oppenheimer pode ser perdoado. Como o Fausto de Goethe, que entregou sua alma ao diabo para obter conhecimento – e tecnologia –, paira sobre ele a vaga possibilidade de perdão, baseada na força redentora do arrependimento.

Opinião por Celso Ming

Comentarista de Economia

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