Jornalista e comentarista de economia

Opinião|Os planos de saúde estão na UTI


Para superar a atual crise, especialistas apontam para a necessidade de uma regulação mais eficiente e em novos modelos de prestação de serviço

Por Celso Ming e Pablo Santana
Atualização:

Quem acha que sua saúde futura está garantida pela cobertura de um plano complementar poderá passar por forte decepção e por novos problemas.

Esses planos estão mergulhados em crise e nada indica sua recuperação. As margens das operadoras seguem fortemente pressionadas. A sinistralidade do segmento fechou o último semestre em 87,9%. Isso quer dizer que, a cada R$ 100 de receita advinda das mensalidades, R$ 88 foram canalizados ao pagamento das despesas com serviços médicos.

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Mesmo contando com número recorde de beneficiários, hoje de 50,8 milhões, como informam os dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o prejuízo operacional das operadoras acumulado em 12 meses no fim de junho foi de R$ 8,2 bilhões.

Na tentativa de equilibrar as contas, os planos têm comprimido as redes credenciadas, esticado o quanto podem tanto os reembolsos como o tempo de atendimento e, em alguns casos, têm cancelado contratos de adesão coletiva. Como desdobramento desse jogo retrancado, as reclamações dispararam. Dados do TJ-SP dão conta de que, apenas nos cinco primeiros meses deste ano, foi aberto na Justiça paulista um processo contra planos de saúde a cada 25 minutos.

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O descasamento entre receitas e despesas vem crescendo à medida que grande número de beneficiários retomou os exames clínicos e as cirurgias eletivas adiados durante a pandemia. Pesam também sobre o cenário adverso o aumento dos custos de insumos médicos e farmacêuticos, a ampliação da lista de procedimentos obrigatórios e o avanço dos gastos com reembolsos e fraudes.

A crise do setor já chega a afetar outros elos da cadeia, como os hospitais, que alegam atrasos de pagamentos por serviços já prestados de, no mínimo, R$ 2,3 bilhões.

Mas o que fazer diante de um quadro que caminha para o descalabro? Rogério Scarabel, advogado e ex-presidente da ANS, avisa que as operadoras de saúde precisam de mudanças radicais em seus modelos de atuação. Ele adverte que é preciso aumentar o foco em medicina preventiva, nos cuidados com a atenção primária e no tratamento de doenças crônicas, em vez de se concentrar apenas nas urgências.

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Para além da reformulação interna, Eric Brasil, diretor de planejamento e sócio da Tendências Consultoria, adverte que a modernização precisa ir além: “A regulação acaba agravando esses problemas conjunturais porque só foca no aumento da cobertura básica e no controle dos reajustes de preços”.

O consultor reforça que são necessárias medidas regulatórias que visem a reduzir os conflitos de interesse entre operadoras e prestadores de serviços e tragam maior transparência não só na relação contratual para prestação de serviço, mas, também, no cálculo das margens e dos preços finais dos planos de saúde.

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Outro ponto em que a regulação brasileira precisa atuar é para estimular a competição no setor e facilitar a migração dos beneficiários para outro convênio, permitindo maior coparticipação do segurado e com alternativas de cobertura básica, por exemplo.

“São medidas que ajudam a combater esse problema estrutural no longo prazo e aliviar a tensão sobre o setor para que, em momentos cíclicos de dificuldade como de agora no pós-pandemia, isso não acabe gerando resultados e decisões ruins dentro do mercado”, reforça Brasil.

Se não por outra razão, o governo federal deveria dar mais atenção à solução do problema porque, quanto mais se restringir o acesso das classes médias aos planos de saúde, maior será a pressão e o aumento dos custos do Sistema Único de Saúde, o SUS.

Quem acha que sua saúde futura está garantida pela cobertura de um plano complementar poderá passar por forte decepção e por novos problemas.

Esses planos estão mergulhados em crise e nada indica sua recuperação. As margens das operadoras seguem fortemente pressionadas. A sinistralidade do segmento fechou o último semestre em 87,9%. Isso quer dizer que, a cada R$ 100 de receita advinda das mensalidades, R$ 88 foram canalizados ao pagamento das despesas com serviços médicos.

Mesmo contando com número recorde de beneficiários, hoje de 50,8 milhões, como informam os dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o prejuízo operacional das operadoras acumulado em 12 meses no fim de junho foi de R$ 8,2 bilhões.

Na tentativa de equilibrar as contas, os planos têm comprimido as redes credenciadas, esticado o quanto podem tanto os reembolsos como o tempo de atendimento e, em alguns casos, têm cancelado contratos de adesão coletiva. Como desdobramento desse jogo retrancado, as reclamações dispararam. Dados do TJ-SP dão conta de que, apenas nos cinco primeiros meses deste ano, foi aberto na Justiça paulista um processo contra planos de saúde a cada 25 minutos.

O descasamento entre receitas e despesas vem crescendo à medida que grande número de beneficiários retomou os exames clínicos e as cirurgias eletivas adiados durante a pandemia. Pesam também sobre o cenário adverso o aumento dos custos de insumos médicos e farmacêuticos, a ampliação da lista de procedimentos obrigatórios e o avanço dos gastos com reembolsos e fraudes.

A crise do setor já chega a afetar outros elos da cadeia, como os hospitais, que alegam atrasos de pagamentos por serviços já prestados de, no mínimo, R$ 2,3 bilhões.

Mas o que fazer diante de um quadro que caminha para o descalabro? Rogério Scarabel, advogado e ex-presidente da ANS, avisa que as operadoras de saúde precisam de mudanças radicais em seus modelos de atuação. Ele adverte que é preciso aumentar o foco em medicina preventiva, nos cuidados com a atenção primária e no tratamento de doenças crônicas, em vez de se concentrar apenas nas urgências.

Para além da reformulação interna, Eric Brasil, diretor de planejamento e sócio da Tendências Consultoria, adverte que a modernização precisa ir além: “A regulação acaba agravando esses problemas conjunturais porque só foca no aumento da cobertura básica e no controle dos reajustes de preços”.

O consultor reforça que são necessárias medidas regulatórias que visem a reduzir os conflitos de interesse entre operadoras e prestadores de serviços e tragam maior transparência não só na relação contratual para prestação de serviço, mas, também, no cálculo das margens e dos preços finais dos planos de saúde.

Outro ponto em que a regulação brasileira precisa atuar é para estimular a competição no setor e facilitar a migração dos beneficiários para outro convênio, permitindo maior coparticipação do segurado e com alternativas de cobertura básica, por exemplo.

“São medidas que ajudam a combater esse problema estrutural no longo prazo e aliviar a tensão sobre o setor para que, em momentos cíclicos de dificuldade como de agora no pós-pandemia, isso não acabe gerando resultados e decisões ruins dentro do mercado”, reforça Brasil.

Se não por outra razão, o governo federal deveria dar mais atenção à solução do problema porque, quanto mais se restringir o acesso das classes médias aos planos de saúde, maior será a pressão e o aumento dos custos do Sistema Único de Saúde, o SUS.

Quem acha que sua saúde futura está garantida pela cobertura de um plano complementar poderá passar por forte decepção e por novos problemas.

Esses planos estão mergulhados em crise e nada indica sua recuperação. As margens das operadoras seguem fortemente pressionadas. A sinistralidade do segmento fechou o último semestre em 87,9%. Isso quer dizer que, a cada R$ 100 de receita advinda das mensalidades, R$ 88 foram canalizados ao pagamento das despesas com serviços médicos.

Mesmo contando com número recorde de beneficiários, hoje de 50,8 milhões, como informam os dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o prejuízo operacional das operadoras acumulado em 12 meses no fim de junho foi de R$ 8,2 bilhões.

Na tentativa de equilibrar as contas, os planos têm comprimido as redes credenciadas, esticado o quanto podem tanto os reembolsos como o tempo de atendimento e, em alguns casos, têm cancelado contratos de adesão coletiva. Como desdobramento desse jogo retrancado, as reclamações dispararam. Dados do TJ-SP dão conta de que, apenas nos cinco primeiros meses deste ano, foi aberto na Justiça paulista um processo contra planos de saúde a cada 25 minutos.

O descasamento entre receitas e despesas vem crescendo à medida que grande número de beneficiários retomou os exames clínicos e as cirurgias eletivas adiados durante a pandemia. Pesam também sobre o cenário adverso o aumento dos custos de insumos médicos e farmacêuticos, a ampliação da lista de procedimentos obrigatórios e o avanço dos gastos com reembolsos e fraudes.

A crise do setor já chega a afetar outros elos da cadeia, como os hospitais, que alegam atrasos de pagamentos por serviços já prestados de, no mínimo, R$ 2,3 bilhões.

Mas o que fazer diante de um quadro que caminha para o descalabro? Rogério Scarabel, advogado e ex-presidente da ANS, avisa que as operadoras de saúde precisam de mudanças radicais em seus modelos de atuação. Ele adverte que é preciso aumentar o foco em medicina preventiva, nos cuidados com a atenção primária e no tratamento de doenças crônicas, em vez de se concentrar apenas nas urgências.

Para além da reformulação interna, Eric Brasil, diretor de planejamento e sócio da Tendências Consultoria, adverte que a modernização precisa ir além: “A regulação acaba agravando esses problemas conjunturais porque só foca no aumento da cobertura básica e no controle dos reajustes de preços”.

O consultor reforça que são necessárias medidas regulatórias que visem a reduzir os conflitos de interesse entre operadoras e prestadores de serviços e tragam maior transparência não só na relação contratual para prestação de serviço, mas, também, no cálculo das margens e dos preços finais dos planos de saúde.

Outro ponto em que a regulação brasileira precisa atuar é para estimular a competição no setor e facilitar a migração dos beneficiários para outro convênio, permitindo maior coparticipação do segurado e com alternativas de cobertura básica, por exemplo.

“São medidas que ajudam a combater esse problema estrutural no longo prazo e aliviar a tensão sobre o setor para que, em momentos cíclicos de dificuldade como de agora no pós-pandemia, isso não acabe gerando resultados e decisões ruins dentro do mercado”, reforça Brasil.

Se não por outra razão, o governo federal deveria dar mais atenção à solução do problema porque, quanto mais se restringir o acesso das classes médias aos planos de saúde, maior será a pressão e o aumento dos custos do Sistema Único de Saúde, o SUS.

Opinião por Celso Ming

Comentarista de Economia

Pablo Santana

Repórter da editoria de Economia, atua na Coluna do Celso Ming desde 2021. Formado pela Universidade Federal da Bahia, com extensão em Jornalismo Econômico realizada durante o 9º Curso Estado de Jornalismo Econômico.

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