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Jornalista e comentarista de economia

Análise|Motor do PIB perde força no quarto trimestre e compromete o resultado de 2025


Poupança nacional e investimento continuam muito aquém da necessidade de garantir a expansão permanente da renda nacional

Por Celso Ming
Atualização:

O avanço do PIB em 2024, de 3,4% sobre o do ano anterior, foi o que se esperava. As novidades apareceram nos números do quarto trimestre, que indicaram um crescimento de 0,2% em relação ao do trimestre anterior, mais baixo do que o projetado. É por aí que se anteveem importantes indicações para a formação de renda que vem pela frente.

A boa surpresa é o impulso dado pelo investimento, conhecido por Formação Bruta do Capital Fixo, que aumentou 7,3% no quarto trimestre - o que mostra maior disposição do setor produtivo em ocupar o tal hiato do produto, ou seja, em ocupar a falta de capacidade de oferta da economia.

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Mas, atenção, tanto a poupança nacional como o investimento continuam muito aquém da necessidade de garantir a expansão permanente da renda nacional. Ficaram em 2024, respectivamente, em 14,5% e em 17,0% do PIB. É o brasileiro comendo e consumindo 83% do que ganha, o que deixa apenas R$ 170 de cada R$ 1 mil do seu salário para a produção futura. Para que o PIB deixe de ser voo de galinha e cresça pelo menos 3,5% de maneira sustentada, seriam necessários pelo menos investimentos de 22% do PIB.

A principal nota negativa é o resultado chinfrim do quarto trimestre: crescimento de apenas 0,2% que está relacionado com a queda de 1% no consumo das famílias. Duas são as principais explicações para isso: a disparada dos preços dos alimentos, que deixa pouco do salário para as outras despesas; e o alto endividamento. O brasileiro médio tem quase 50% de sua renda comprometida com pagamento das dívidas. É uma situação agravada pelo galope dos juros.

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A forte desaceleração da atividade econômica do quarto trimestre deixa um arrasto baixo para a movimentação do PIB no próximo horizonte. É como se o carro de fórmula 1 perdesse velocidade no último trecho da pista e, assim, comprometesse o desempenho da volta seguinte.

Pergunta inevitável: se a alta dos alimentos é um dos principais fatores que prejudica o poder aquisitivo do consumidor, até que ponto as decisões tomadas na quinta-feira, que pretenderam segurar novas altas, ajudarão a reverter essa perspectiva. A resposta não é lá muito animadora. Além de não atacar as causas da inflação (principalmente a gastança), elas são quase inócuas. Poucas empresas deverão importar café, milho e azeite de oliva apenas porque o governo zerou as tarifas de importação. A isenção alfandegária para o açúcar e para a carne parecem mais a ver com uma ação preventiva destinada a evitar tarifaços do presidente dos EUA Donald Trump.

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Se o presidente Lula estivesse convencido da eficácia dessas medidas, teria se encarregado ele próprio de divulgá-las para promover o auê de sempre. Levantamentos de poeira, costuma ele deixar para seus ministros. No caso, deixou para o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin

O avanço do PIB em 2024, de 3,4% sobre o do ano anterior, foi o que se esperava. As novidades apareceram nos números do quarto trimestre, que indicaram um crescimento de 0,2% em relação ao do trimestre anterior, mais baixo do que o projetado. É por aí que se anteveem importantes indicações para a formação de renda que vem pela frente.

A boa surpresa é o impulso dado pelo investimento, conhecido por Formação Bruta do Capital Fixo, que aumentou 7,3% no quarto trimestre - o que mostra maior disposição do setor produtivo em ocupar o tal hiato do produto, ou seja, em ocupar a falta de capacidade de oferta da economia.

Mas, atenção, tanto a poupança nacional como o investimento continuam muito aquém da necessidade de garantir a expansão permanente da renda nacional. Ficaram em 2024, respectivamente, em 14,5% e em 17,0% do PIB. É o brasileiro comendo e consumindo 83% do que ganha, o que deixa apenas R$ 170 de cada R$ 1 mil do seu salário para a produção futura. Para que o PIB deixe de ser voo de galinha e cresça pelo menos 3,5% de maneira sustentada, seriam necessários pelo menos investimentos de 22% do PIB.

A principal nota negativa é o resultado chinfrim do quarto trimestre: crescimento de apenas 0,2% que está relacionado com a queda de 1% no consumo das famílias. Duas são as principais explicações para isso: a disparada dos preços dos alimentos, que deixa pouco do salário para as outras despesas; e o alto endividamento. O brasileiro médio tem quase 50% de sua renda comprometida com pagamento das dívidas. É uma situação agravada pelo galope dos juros.

A forte desaceleração da atividade econômica do quarto trimestre deixa um arrasto baixo para a movimentação do PIB no próximo horizonte. É como se o carro de fórmula 1 perdesse velocidade no último trecho da pista e, assim, comprometesse o desempenho da volta seguinte.

Pergunta inevitável: se a alta dos alimentos é um dos principais fatores que prejudica o poder aquisitivo do consumidor, até que ponto as decisões tomadas na quinta-feira, que pretenderam segurar novas altas, ajudarão a reverter essa perspectiva. A resposta não é lá muito animadora. Além de não atacar as causas da inflação (principalmente a gastança), elas são quase inócuas. Poucas empresas deverão importar café, milho e azeite de oliva apenas porque o governo zerou as tarifas de importação. A isenção alfandegária para o açúcar e para a carne parecem mais a ver com uma ação preventiva destinada a evitar tarifaços do presidente dos EUA Donald Trump.

Se o presidente Lula estivesse convencido da eficácia dessas medidas, teria se encarregado ele próprio de divulgá-las para promover o auê de sempre. Levantamentos de poeira, costuma ele deixar para seus ministros. No caso, deixou para o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin

O avanço do PIB em 2024, de 3,4% sobre o do ano anterior, foi o que se esperava. As novidades apareceram nos números do quarto trimestre, que indicaram um crescimento de 0,2% em relação ao do trimestre anterior, mais baixo do que o projetado. É por aí que se anteveem importantes indicações para a formação de renda que vem pela frente.

A boa surpresa é o impulso dado pelo investimento, conhecido por Formação Bruta do Capital Fixo, que aumentou 7,3% no quarto trimestre - o que mostra maior disposição do setor produtivo em ocupar o tal hiato do produto, ou seja, em ocupar a falta de capacidade de oferta da economia.

Mas, atenção, tanto a poupança nacional como o investimento continuam muito aquém da necessidade de garantir a expansão permanente da renda nacional. Ficaram em 2024, respectivamente, em 14,5% e em 17,0% do PIB. É o brasileiro comendo e consumindo 83% do que ganha, o que deixa apenas R$ 170 de cada R$ 1 mil do seu salário para a produção futura. Para que o PIB deixe de ser voo de galinha e cresça pelo menos 3,5% de maneira sustentada, seriam necessários pelo menos investimentos de 22% do PIB.

A principal nota negativa é o resultado chinfrim do quarto trimestre: crescimento de apenas 0,2% que está relacionado com a queda de 1% no consumo das famílias. Duas são as principais explicações para isso: a disparada dos preços dos alimentos, que deixa pouco do salário para as outras despesas; e o alto endividamento. O brasileiro médio tem quase 50% de sua renda comprometida com pagamento das dívidas. É uma situação agravada pelo galope dos juros.

A forte desaceleração da atividade econômica do quarto trimestre deixa um arrasto baixo para a movimentação do PIB no próximo horizonte. É como se o carro de fórmula 1 perdesse velocidade no último trecho da pista e, assim, comprometesse o desempenho da volta seguinte.

Pergunta inevitável: se a alta dos alimentos é um dos principais fatores que prejudica o poder aquisitivo do consumidor, até que ponto as decisões tomadas na quinta-feira, que pretenderam segurar novas altas, ajudarão a reverter essa perspectiva. A resposta não é lá muito animadora. Além de não atacar as causas da inflação (principalmente a gastança), elas são quase inócuas. Poucas empresas deverão importar café, milho e azeite de oliva apenas porque o governo zerou as tarifas de importação. A isenção alfandegária para o açúcar e para a carne parecem mais a ver com uma ação preventiva destinada a evitar tarifaços do presidente dos EUA Donald Trump.

Se o presidente Lula estivesse convencido da eficácia dessas medidas, teria se encarregado ele próprio de divulgá-las para promover o auê de sempre. Levantamentos de poeira, costuma ele deixar para seus ministros. No caso, deixou para o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin

Análise por Celso Ming

Comentarista de Economia