Jornalista e comentarista de economia

Opinião|Pressões sobre o Banco Central


Há no momento um grave conflito entre o governo, que injeta dinheiro nos mercados, e o Banco Central que faz o contrário para conter a inflação

Por Celso Ming

A divulgação da inflação (evolução do IPCA) de fevereiro, prevista para esta sexta-feira, não será examinada apenas como uma nova estatística.

As previsões giram em torno de 0,78%, o que perfaria um aumento do custo de vida em 12 meses de 5,53%.

O governo Lula queima suas aflições econômicas em torno de três problemas: baixo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), pré-avaliado em 2023 em alguma coisa em torno de 0,85% sobre o ano anterior; estouro da inadimplência, tanto de empresas (piorada pelo colapso da Americanas) como das famílias; e o crescente estrangulamento do crédito, agravado pelos dois fatores anteriores. Daí a pressão sobre o Banco Central (BC) para que derrube imediatamente os juros.

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Um dos argumentos reverberados pelo governo é o de que a natureza desse estouro inflacionário, que não atinge apenas o Brasil, é de aumento de custos, especialmente dos combustíveis e dos alimentos. E isso nada teria a ver com expansão da demanda e, portanto, com excessivo despejo de dinheiro no mercado, mas com a escassez provocada pela guerra na Ucrânia. Isso posto, concluem as autoridades do governo Lula, essa inflação não se combate com redução da oferta de moeda (aumento dos juros).

O BC dispara dois contra-argumentos. O primeiro é o de que o núcleo da inflação (core inflation), que exclui combustíveis e alimentos, está rodando em torno dos 8% ao ano (veja o gráfico), bem mais alto do que o índice que mede a inflação oficial do País (IPCA), que gira abaixo dos 6%.

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E o segundo é o rombo fiscal de 2023, calculado em R$ 231 bilhões – 2,1% do PIB, produzido pelo despejo de dinheiro na economia por parte do governo, que atiça remarcações generalizadas de preços. Ou seja, há no momento um grave conflito entre o governo, que injeta dinheiro nos mercados, e o Banco Central – que faz o contrário.

Os Ministérios da Fazenda e do Planejamento preparam o que denominam de novo arcabouço fiscal, que deverá substituir o abandonado critério do teto de gastos, criado no governo Temer. O ministro Fernando Haddad garante que a nova âncora fiscal terá credibilidade suficiente para empurrar o Banco Central à redução dos juros, atualmente em 13,75% ao ano.

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Mesmo que o Copom se deixe convencer, o afrouxamento dos juros não deverá ser minimamente suficiente para puxar pelo PIB, para aliviar o peso do forte endividamento e para reduzir a inadimplência.

Daí a tentação potencial para pressionar ainda mais o Banco Central para derrubar mais fortemente os juros, o que acirraria o conflito que então ganharia enorme predominância política. A conferir.

A divulgação da inflação (evolução do IPCA) de fevereiro, prevista para esta sexta-feira, não será examinada apenas como uma nova estatística.

As previsões giram em torno de 0,78%, o que perfaria um aumento do custo de vida em 12 meses de 5,53%.

O governo Lula queima suas aflições econômicas em torno de três problemas: baixo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), pré-avaliado em 2023 em alguma coisa em torno de 0,85% sobre o ano anterior; estouro da inadimplência, tanto de empresas (piorada pelo colapso da Americanas) como das famílias; e o crescente estrangulamento do crédito, agravado pelos dois fatores anteriores. Daí a pressão sobre o Banco Central (BC) para que derrube imediatamente os juros.

Um dos argumentos reverberados pelo governo é o de que a natureza desse estouro inflacionário, que não atinge apenas o Brasil, é de aumento de custos, especialmente dos combustíveis e dos alimentos. E isso nada teria a ver com expansão da demanda e, portanto, com excessivo despejo de dinheiro no mercado, mas com a escassez provocada pela guerra na Ucrânia. Isso posto, concluem as autoridades do governo Lula, essa inflação não se combate com redução da oferta de moeda (aumento dos juros).

O BC dispara dois contra-argumentos. O primeiro é o de que o núcleo da inflação (core inflation), que exclui combustíveis e alimentos, está rodando em torno dos 8% ao ano (veja o gráfico), bem mais alto do que o índice que mede a inflação oficial do País (IPCA), que gira abaixo dos 6%.

E o segundo é o rombo fiscal de 2023, calculado em R$ 231 bilhões – 2,1% do PIB, produzido pelo despejo de dinheiro na economia por parte do governo, que atiça remarcações generalizadas de preços. Ou seja, há no momento um grave conflito entre o governo, que injeta dinheiro nos mercados, e o Banco Central – que faz o contrário.

Os Ministérios da Fazenda e do Planejamento preparam o que denominam de novo arcabouço fiscal, que deverá substituir o abandonado critério do teto de gastos, criado no governo Temer. O ministro Fernando Haddad garante que a nova âncora fiscal terá credibilidade suficiente para empurrar o Banco Central à redução dos juros, atualmente em 13,75% ao ano.

Mesmo que o Copom se deixe convencer, o afrouxamento dos juros não deverá ser minimamente suficiente para puxar pelo PIB, para aliviar o peso do forte endividamento e para reduzir a inadimplência.

Daí a tentação potencial para pressionar ainda mais o Banco Central para derrubar mais fortemente os juros, o que acirraria o conflito que então ganharia enorme predominância política. A conferir.

A divulgação da inflação (evolução do IPCA) de fevereiro, prevista para esta sexta-feira, não será examinada apenas como uma nova estatística.

As previsões giram em torno de 0,78%, o que perfaria um aumento do custo de vida em 12 meses de 5,53%.

O governo Lula queima suas aflições econômicas em torno de três problemas: baixo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), pré-avaliado em 2023 em alguma coisa em torno de 0,85% sobre o ano anterior; estouro da inadimplência, tanto de empresas (piorada pelo colapso da Americanas) como das famílias; e o crescente estrangulamento do crédito, agravado pelos dois fatores anteriores. Daí a pressão sobre o Banco Central (BC) para que derrube imediatamente os juros.

Um dos argumentos reverberados pelo governo é o de que a natureza desse estouro inflacionário, que não atinge apenas o Brasil, é de aumento de custos, especialmente dos combustíveis e dos alimentos. E isso nada teria a ver com expansão da demanda e, portanto, com excessivo despejo de dinheiro no mercado, mas com a escassez provocada pela guerra na Ucrânia. Isso posto, concluem as autoridades do governo Lula, essa inflação não se combate com redução da oferta de moeda (aumento dos juros).

O BC dispara dois contra-argumentos. O primeiro é o de que o núcleo da inflação (core inflation), que exclui combustíveis e alimentos, está rodando em torno dos 8% ao ano (veja o gráfico), bem mais alto do que o índice que mede a inflação oficial do País (IPCA), que gira abaixo dos 6%.

E o segundo é o rombo fiscal de 2023, calculado em R$ 231 bilhões – 2,1% do PIB, produzido pelo despejo de dinheiro na economia por parte do governo, que atiça remarcações generalizadas de preços. Ou seja, há no momento um grave conflito entre o governo, que injeta dinheiro nos mercados, e o Banco Central – que faz o contrário.

Os Ministérios da Fazenda e do Planejamento preparam o que denominam de novo arcabouço fiscal, que deverá substituir o abandonado critério do teto de gastos, criado no governo Temer. O ministro Fernando Haddad garante que a nova âncora fiscal terá credibilidade suficiente para empurrar o Banco Central à redução dos juros, atualmente em 13,75% ao ano.

Mesmo que o Copom se deixe convencer, o afrouxamento dos juros não deverá ser minimamente suficiente para puxar pelo PIB, para aliviar o peso do forte endividamento e para reduzir a inadimplência.

Daí a tentação potencial para pressionar ainda mais o Banco Central para derrubar mais fortemente os juros, o que acirraria o conflito que então ganharia enorme predominância política. A conferir.

Opinião por Celso Ming

Comentarista de Economia

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