Jornalista e comentarista de economia

Opinião|Questão fiscal não é um problema só no Brasil; dívida global deve ultrapassar US$ 100 tri este ano


O Fundo Monetário Internacional alerta as autoridades mundiais para colocar em ação melhores práticas de segurança fiscal para evitar crises

Por Celso Ming

O Fundo Monetário Internacional (FMI), normalmente cauteloso nas suas avaliações, acaba de lançar um relatório em que não esconde sua preocupação com o tamanho e a rápida expansão da dívida soberana global.

No documento “Colocando um Limite na Dívida Pública”, calcula que, no fim deste ano, a dívida pública global ultrapassará os US$ 100 trilhões – ou cerca de 93% do PIB mundial, e por volta de 2030 se aproximará dos 100% do PIB.

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Como explicar esse estouro? Os governos cederam às pressões por mais despesas públicas porque confiaram demais no crescimento econômico futuro e, portanto, na sua capacidade de arrecadação, e deixaram que a dívida se esticasse. O despejo de recursos pelos grandes bancos centrais a partir da crise de 2008 e os esforços para conter as consequências da pandemia de covid-19 também parecem ter propiciado políticas fiscais flácidas.

O problema, aponta o FMI, é que há pressões, ainda não contabilizadas nas atuais projeções da dívida pública, que vão exigir mais despesas públicas. Entre elas estão a necessidade de lidar com o envelhecimento da população, os investimentos na transição energética e no enfrentamento das mudanças climáticas, mais os gastos com defesa e armamentos, em consequência das crises geopolíticas.

Quem tenta ver o elefante inteiro, e não como os cegos que só apalpam partes dele, pode argumentar que só é possível dívida crescer porque há poupança global equivalente aplicada em títulos públicos. Ou seja, há riqueza de igual proporção em condições de bancar esse passivo. Caso contrário, os juros de longo prazo se esticariam para o alto, coisa que não ocorre.

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O filme não termina aí porque essa fantástica poupança global se baseia na confiança de que dívidas soberanas serão honradas. Caso esse cristal ameace trincar, a dinheirama tende a se deslocar de um poleiro a outro à velocidade da luz.

Por enquanto, os pilares do sistema financeiro mundial, hoje fincados em sólido terreno político, têm conseguido reverter as crises de confiança e, assim, evitar o estágio em que “tudo o que é sólido se desmancha no ar”. Mas em livro nenhum está escrito que o sistema está imunizado contra convulsões.

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O FMI não fala em catástrofe, mas adverte para “o aumento do risco de estresse soberano”. E avisa que uma dívida alta derruba as condições do setor público de combater a recessão. Este é o motivo pelo qual o FMI convoca as autoridades mundiais a colocar em marcha práticas de segurança fiscal.

O tom de advertência, bem mais duro, parece fazer parte de um processo de convencimento global de que são necessárias providências drásticas para evitar amargas crises futuras

O Fundo Monetário Internacional (FMI), normalmente cauteloso nas suas avaliações, acaba de lançar um relatório em que não esconde sua preocupação com o tamanho e a rápida expansão da dívida soberana global.

No documento “Colocando um Limite na Dívida Pública”, calcula que, no fim deste ano, a dívida pública global ultrapassará os US$ 100 trilhões – ou cerca de 93% do PIB mundial, e por volta de 2030 se aproximará dos 100% do PIB.

Como explicar esse estouro? Os governos cederam às pressões por mais despesas públicas porque confiaram demais no crescimento econômico futuro e, portanto, na sua capacidade de arrecadação, e deixaram que a dívida se esticasse. O despejo de recursos pelos grandes bancos centrais a partir da crise de 2008 e os esforços para conter as consequências da pandemia de covid-19 também parecem ter propiciado políticas fiscais flácidas.

O problema, aponta o FMI, é que há pressões, ainda não contabilizadas nas atuais projeções da dívida pública, que vão exigir mais despesas públicas. Entre elas estão a necessidade de lidar com o envelhecimento da população, os investimentos na transição energética e no enfrentamento das mudanças climáticas, mais os gastos com defesa e armamentos, em consequência das crises geopolíticas.

Quem tenta ver o elefante inteiro, e não como os cegos que só apalpam partes dele, pode argumentar que só é possível dívida crescer porque há poupança global equivalente aplicada em títulos públicos. Ou seja, há riqueza de igual proporção em condições de bancar esse passivo. Caso contrário, os juros de longo prazo se esticariam para o alto, coisa que não ocorre.

O filme não termina aí porque essa fantástica poupança global se baseia na confiança de que dívidas soberanas serão honradas. Caso esse cristal ameace trincar, a dinheirama tende a se deslocar de um poleiro a outro à velocidade da luz.

Por enquanto, os pilares do sistema financeiro mundial, hoje fincados em sólido terreno político, têm conseguido reverter as crises de confiança e, assim, evitar o estágio em que “tudo o que é sólido se desmancha no ar”. Mas em livro nenhum está escrito que o sistema está imunizado contra convulsões.

O FMI não fala em catástrofe, mas adverte para “o aumento do risco de estresse soberano”. E avisa que uma dívida alta derruba as condições do setor público de combater a recessão. Este é o motivo pelo qual o FMI convoca as autoridades mundiais a colocar em marcha práticas de segurança fiscal.

O tom de advertência, bem mais duro, parece fazer parte de um processo de convencimento global de que são necessárias providências drásticas para evitar amargas crises futuras

O Fundo Monetário Internacional (FMI), normalmente cauteloso nas suas avaliações, acaba de lançar um relatório em que não esconde sua preocupação com o tamanho e a rápida expansão da dívida soberana global.

No documento “Colocando um Limite na Dívida Pública”, calcula que, no fim deste ano, a dívida pública global ultrapassará os US$ 100 trilhões – ou cerca de 93% do PIB mundial, e por volta de 2030 se aproximará dos 100% do PIB.

Como explicar esse estouro? Os governos cederam às pressões por mais despesas públicas porque confiaram demais no crescimento econômico futuro e, portanto, na sua capacidade de arrecadação, e deixaram que a dívida se esticasse. O despejo de recursos pelos grandes bancos centrais a partir da crise de 2008 e os esforços para conter as consequências da pandemia de covid-19 também parecem ter propiciado políticas fiscais flácidas.

O problema, aponta o FMI, é que há pressões, ainda não contabilizadas nas atuais projeções da dívida pública, que vão exigir mais despesas públicas. Entre elas estão a necessidade de lidar com o envelhecimento da população, os investimentos na transição energética e no enfrentamento das mudanças climáticas, mais os gastos com defesa e armamentos, em consequência das crises geopolíticas.

Quem tenta ver o elefante inteiro, e não como os cegos que só apalpam partes dele, pode argumentar que só é possível dívida crescer porque há poupança global equivalente aplicada em títulos públicos. Ou seja, há riqueza de igual proporção em condições de bancar esse passivo. Caso contrário, os juros de longo prazo se esticariam para o alto, coisa que não ocorre.

O filme não termina aí porque essa fantástica poupança global se baseia na confiança de que dívidas soberanas serão honradas. Caso esse cristal ameace trincar, a dinheirama tende a se deslocar de um poleiro a outro à velocidade da luz.

Por enquanto, os pilares do sistema financeiro mundial, hoje fincados em sólido terreno político, têm conseguido reverter as crises de confiança e, assim, evitar o estágio em que “tudo o que é sólido se desmancha no ar”. Mas em livro nenhum está escrito que o sistema está imunizado contra convulsões.

O FMI não fala em catástrofe, mas adverte para “o aumento do risco de estresse soberano”. E avisa que uma dívida alta derruba as condições do setor público de combater a recessão. Este é o motivo pelo qual o FMI convoca as autoridades mundiais a colocar em marcha práticas de segurança fiscal.

O tom de advertência, bem mais duro, parece fazer parte de um processo de convencimento global de que são necessárias providências drásticas para evitar amargas crises futuras

Opinião por Celso Ming

Comentarista de Economia

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