Jornalista e comentarista de economia

Opinião|O temor de recessão nos EUA e o agigantamento das finanças globais


A globalização tornou o mercado financeiro um megassistema conectado, mas também suscetível a turbulências generalizadas que as nações e os bancos centrais podem ser incapazes de controlar

Por Celso Ming

O princípio de pânico no mercado financeiro global nos últimos dias foi rapidamente revertido. Se não houve uma reversão definitiva, pode-se dizer que as tensões se amenizaram sem que nada de especial tivesse acontecido nem para puxar pelo estresse nem para reduzi-lo.

É provável que turbulências passageiras desse tipo se multipliquem daqui pela frente. Isso sugere alguma reflexão.

Começa com o agigantamento do mercado financeiro global. Há alguns anos, não era equivalente a mais do que um PIB global. Hoje, seu tamanho já é superior a 20 PIBs globais.

continua após a publicidade

Isso tem a ver com dois fatores que agem simultaneamente. Com a expansão das dívidas públicas (emissão de títulos pelos tesouros nacionais) e com o crescimento da poupança global, que cria as reservas com as quais se adquirem os títulos.

Como as dívidas públicas são medidas em tamanho do Produto Interno Bruto e as poupanças nacionais correspondem às rendas não consumidas, o próprio crescimento do PIB global ajuda a expandir o mercado financeiro global. São cada vez mais recursos com alta liquidez girando como dervixes ao redor do mundo.

continua após a publicidade
SÃO PAULO - 16.02.2022 / BOLSA / B3 / BOVESPA / BOLSA DE VALORES DE SP / FACHADA / PRÉDIO / BM&F / BM & F - Fachada da B3 bolsa de valores, na Rua Quinze de Novembro, 275 na região central da capital paulista . FOTO:WERTHER SANTANA/ESTADÃO Foto: Werther Santana/Estadão

Outro fator a considerar é o alto índice de globalização dos capitais e do mercado financeiro que, a rigor, não dependem de deslocamentos físicos nem de logísticas sofisticadas. Durante a pandemia, a indústria e o comércio mundial sofreram muito, porque insumos, matérias-primas e componentes ficaram retidos nos portos ou não puderam ser produzidos. Foi o que derrubou as cadeias globais de produção e distribuição e rompeu os sistemas just in time (que definem o tempo certo em que insumos, componentes e peças devem chegar às linhas de produção).

As finanças não dependem desses deslocamentos físicos, são altamente digitalizadas e circulam à velocidade da luz. É uma dinheirama que circula freneticamente, alimentada por duas fontes contrárias: pelo medo de perda (como mostra o Índice Vix no gráfico) e pela ganância.

continua após a publicidade

É o que também explica por que, de repente, empresas que não valiam nada há alguns anos, como a Nvidia ou Mercado Livre, hoje valem mais do que conglomerados do setor de veículos ou de petróleo. É, também, o que explica a cada vez maior complexidade das finanças não bancárias. É muito capital solto correndo atrás de atrações.

O mercado financeiro se tornou um megassistema globalizado e, também, um sistema que opera a altíssima velocidade.

continua após a publicidade

Difícil saber até que ponto os Estados nacionais e os bancos centrais conseguirão controlar essas forças e mais difícil ainda prever até que ponto tudo isso não desemboque num forte movimento de ajuste.

O princípio de pânico no mercado financeiro global nos últimos dias foi rapidamente revertido. Se não houve uma reversão definitiva, pode-se dizer que as tensões se amenizaram sem que nada de especial tivesse acontecido nem para puxar pelo estresse nem para reduzi-lo.

É provável que turbulências passageiras desse tipo se multipliquem daqui pela frente. Isso sugere alguma reflexão.

Começa com o agigantamento do mercado financeiro global. Há alguns anos, não era equivalente a mais do que um PIB global. Hoje, seu tamanho já é superior a 20 PIBs globais.

Isso tem a ver com dois fatores que agem simultaneamente. Com a expansão das dívidas públicas (emissão de títulos pelos tesouros nacionais) e com o crescimento da poupança global, que cria as reservas com as quais se adquirem os títulos.

Como as dívidas públicas são medidas em tamanho do Produto Interno Bruto e as poupanças nacionais correspondem às rendas não consumidas, o próprio crescimento do PIB global ajuda a expandir o mercado financeiro global. São cada vez mais recursos com alta liquidez girando como dervixes ao redor do mundo.

SÃO PAULO - 16.02.2022 / BOLSA / B3 / BOVESPA / BOLSA DE VALORES DE SP / FACHADA / PRÉDIO / BM&F / BM & F - Fachada da B3 bolsa de valores, na Rua Quinze de Novembro, 275 na região central da capital paulista . FOTO:WERTHER SANTANA/ESTADÃO Foto: Werther Santana/Estadão

Outro fator a considerar é o alto índice de globalização dos capitais e do mercado financeiro que, a rigor, não dependem de deslocamentos físicos nem de logísticas sofisticadas. Durante a pandemia, a indústria e o comércio mundial sofreram muito, porque insumos, matérias-primas e componentes ficaram retidos nos portos ou não puderam ser produzidos. Foi o que derrubou as cadeias globais de produção e distribuição e rompeu os sistemas just in time (que definem o tempo certo em que insumos, componentes e peças devem chegar às linhas de produção).

As finanças não dependem desses deslocamentos físicos, são altamente digitalizadas e circulam à velocidade da luz. É uma dinheirama que circula freneticamente, alimentada por duas fontes contrárias: pelo medo de perda (como mostra o Índice Vix no gráfico) e pela ganância.

É o que também explica por que, de repente, empresas que não valiam nada há alguns anos, como a Nvidia ou Mercado Livre, hoje valem mais do que conglomerados do setor de veículos ou de petróleo. É, também, o que explica a cada vez maior complexidade das finanças não bancárias. É muito capital solto correndo atrás de atrações.

O mercado financeiro se tornou um megassistema globalizado e, também, um sistema que opera a altíssima velocidade.

Difícil saber até que ponto os Estados nacionais e os bancos centrais conseguirão controlar essas forças e mais difícil ainda prever até que ponto tudo isso não desemboque num forte movimento de ajuste.

O princípio de pânico no mercado financeiro global nos últimos dias foi rapidamente revertido. Se não houve uma reversão definitiva, pode-se dizer que as tensões se amenizaram sem que nada de especial tivesse acontecido nem para puxar pelo estresse nem para reduzi-lo.

É provável que turbulências passageiras desse tipo se multipliquem daqui pela frente. Isso sugere alguma reflexão.

Começa com o agigantamento do mercado financeiro global. Há alguns anos, não era equivalente a mais do que um PIB global. Hoje, seu tamanho já é superior a 20 PIBs globais.

Isso tem a ver com dois fatores que agem simultaneamente. Com a expansão das dívidas públicas (emissão de títulos pelos tesouros nacionais) e com o crescimento da poupança global, que cria as reservas com as quais se adquirem os títulos.

Como as dívidas públicas são medidas em tamanho do Produto Interno Bruto e as poupanças nacionais correspondem às rendas não consumidas, o próprio crescimento do PIB global ajuda a expandir o mercado financeiro global. São cada vez mais recursos com alta liquidez girando como dervixes ao redor do mundo.

SÃO PAULO - 16.02.2022 / BOLSA / B3 / BOVESPA / BOLSA DE VALORES DE SP / FACHADA / PRÉDIO / BM&F / BM & F - Fachada da B3 bolsa de valores, na Rua Quinze de Novembro, 275 na região central da capital paulista . FOTO:WERTHER SANTANA/ESTADÃO Foto: Werther Santana/Estadão

Outro fator a considerar é o alto índice de globalização dos capitais e do mercado financeiro que, a rigor, não dependem de deslocamentos físicos nem de logísticas sofisticadas. Durante a pandemia, a indústria e o comércio mundial sofreram muito, porque insumos, matérias-primas e componentes ficaram retidos nos portos ou não puderam ser produzidos. Foi o que derrubou as cadeias globais de produção e distribuição e rompeu os sistemas just in time (que definem o tempo certo em que insumos, componentes e peças devem chegar às linhas de produção).

As finanças não dependem desses deslocamentos físicos, são altamente digitalizadas e circulam à velocidade da luz. É uma dinheirama que circula freneticamente, alimentada por duas fontes contrárias: pelo medo de perda (como mostra o Índice Vix no gráfico) e pela ganância.

É o que também explica por que, de repente, empresas que não valiam nada há alguns anos, como a Nvidia ou Mercado Livre, hoje valem mais do que conglomerados do setor de veículos ou de petróleo. É, também, o que explica a cada vez maior complexidade das finanças não bancárias. É muito capital solto correndo atrás de atrações.

O mercado financeiro se tornou um megassistema globalizado e, também, um sistema que opera a altíssima velocidade.

Difícil saber até que ponto os Estados nacionais e os bancos centrais conseguirão controlar essas forças e mais difícil ainda prever até que ponto tudo isso não desemboque num forte movimento de ajuste.

O princípio de pânico no mercado financeiro global nos últimos dias foi rapidamente revertido. Se não houve uma reversão definitiva, pode-se dizer que as tensões se amenizaram sem que nada de especial tivesse acontecido nem para puxar pelo estresse nem para reduzi-lo.

É provável que turbulências passageiras desse tipo se multipliquem daqui pela frente. Isso sugere alguma reflexão.

Começa com o agigantamento do mercado financeiro global. Há alguns anos, não era equivalente a mais do que um PIB global. Hoje, seu tamanho já é superior a 20 PIBs globais.

Isso tem a ver com dois fatores que agem simultaneamente. Com a expansão das dívidas públicas (emissão de títulos pelos tesouros nacionais) e com o crescimento da poupança global, que cria as reservas com as quais se adquirem os títulos.

Como as dívidas públicas são medidas em tamanho do Produto Interno Bruto e as poupanças nacionais correspondem às rendas não consumidas, o próprio crescimento do PIB global ajuda a expandir o mercado financeiro global. São cada vez mais recursos com alta liquidez girando como dervixes ao redor do mundo.

SÃO PAULO - 16.02.2022 / BOLSA / B3 / BOVESPA / BOLSA DE VALORES DE SP / FACHADA / PRÉDIO / BM&F / BM & F - Fachada da B3 bolsa de valores, na Rua Quinze de Novembro, 275 na região central da capital paulista . FOTO:WERTHER SANTANA/ESTADÃO Foto: Werther Santana/Estadão

Outro fator a considerar é o alto índice de globalização dos capitais e do mercado financeiro que, a rigor, não dependem de deslocamentos físicos nem de logísticas sofisticadas. Durante a pandemia, a indústria e o comércio mundial sofreram muito, porque insumos, matérias-primas e componentes ficaram retidos nos portos ou não puderam ser produzidos. Foi o que derrubou as cadeias globais de produção e distribuição e rompeu os sistemas just in time (que definem o tempo certo em que insumos, componentes e peças devem chegar às linhas de produção).

As finanças não dependem desses deslocamentos físicos, são altamente digitalizadas e circulam à velocidade da luz. É uma dinheirama que circula freneticamente, alimentada por duas fontes contrárias: pelo medo de perda (como mostra o Índice Vix no gráfico) e pela ganância.

É o que também explica por que, de repente, empresas que não valiam nada há alguns anos, como a Nvidia ou Mercado Livre, hoje valem mais do que conglomerados do setor de veículos ou de petróleo. É, também, o que explica a cada vez maior complexidade das finanças não bancárias. É muito capital solto correndo atrás de atrações.

O mercado financeiro se tornou um megassistema globalizado e, também, um sistema que opera a altíssima velocidade.

Difícil saber até que ponto os Estados nacionais e os bancos centrais conseguirão controlar essas forças e mais difícil ainda prever até que ponto tudo isso não desemboque num forte movimento de ajuste.

Opinião por Celso Ming

Comentarista de Economia

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.