Cenário de juros altos alimenta temor de mais choques no sistema bancário dos EUA


Venda do First Republic Bank para o JPMorgan trouxe alívio para os investidores, mas não espantou o medo de que outros bancos peçam socorro

Por Altamiro Silva Junior, Aline Bronzati e André Marinho

SÃO PAULO E HOUSTON - A venda do First Republic Bank para o JPMorgan, na maior falência bancária nos Estados Unidos desde a crise financeira de 2008, trouxe certo alívio para os investidores, mas não espantou o temor de que mais bancos americanos possam estar com problemas, em meio a novos aumentos de juros no país, segundo analistas em Nova York. Um dos indícios foi a forte queda de ações de alguns bancos menores na terça-feira, 2, como o PacWest Bancorp, que encerrou o dia em baixa de 28%, e o Western Alliance, com recuo de 15%.

Um termômetro do setor, o índice SPDR S&P Regional Banking ETF, que reúne ações de bancos regionais, fechou o dia em baixa de 6,3%. Com os papéis despencando, as negociações de bancos menores em Nova York tiveram de ser suspensas várias vezes ao longo do pregão.

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Em Wall Street, analistas dizem que a solução para o First Republic, o terceiro banco a quebrar nos EUA desde março, vendido para o JP em um leilão no fim de semana, resolve um problema de curto prazo, que ameaçava a estabilidade do sistema financeiro americano, mas não impede que outros bancos venham a pedir socorro. Só em poucas semanas de março, o First Republic teve saques de US$ 100 bilhões.

“A fragilidade de hoje nas ações dos bancos americanos é consistente com a visão de que o longo tempo que se levou para lidar decisivamente com First Republic e a destruição de valor que isso implicou garantem um prêmio de risco adicional”, avaliou o principal conselheiro econômico da Allianz, Mohamed El-Erian, ao comentar a piora das ações dos bancos americanos desta terça-feira.

Silicon Valley Bank foi a primeira instituição a quebrar na onda atual Foto: AP Photo/Jeff Chiu
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O vice-presidente e diretor associado para bancos da FactSet, Sean Ryan, gostou do negócio, que teve a participação de outros três bancos além do JP, incluindo o PNC. “No geral, isso é muito bom para a saúde da indústria; bancos zumbis criam um empecilho para todo o sistema financeiro”, disse ele.

Nova quebra

O CEO do JPMorgan, Jamie Dimon, disse na teleconferência com investidores após a aquisição do First Republic que a solução para o caso praticamente resolve a crise bancária americana, embora “um outro pequeno banco” possa quebrar.

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Como pano de fundo, a expectativa de mais subidas de juros nos EUA, o que poderia levar a novas saídas de depósitos dos bancos, além de pressionar seus balanços. Já nesta semana, o consenso em Wall Street é que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) deve elevar as taxas em mais 0,25 ponto porcentual.

O megainvestidor de Wall Street, Bill Ackman, fez novo alerta sobre o impacto da subida de juros nos EUA para o sistema bancário local. Em março, na esteira do fechamento de três bancos, ele já havia alertado que se o processo de aperto monetário não fosse pausado, mais choques ocorreriam.

“Eu reitero o que eu disse. Quando os juros dos MMF (money market funds, na sigla em inglês, os fundos de investimento mais líquidos dos EUA) atingirem 5% na quinta-feira, quem não vai sacar os seus recursos dos bancos locais?”, questionou Ackman, em referência ao impacto da elevação dos juros na decisão dos investidores de onde investir.

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Banqueiros cautelosos

Os próprios banqueiros de Wall Street já haviam antecipado na recente divulgação de resultados que não havia uma “crise” no sistema americano, mas que mais dominós da indústria poderiam sofrer abalos e virem a cair. “Não estamos em uma crise bancária. Mas tivemos uma e pode ainda ter uma crise em alguns bancos”, disse o CEO do Morgan Stanley, James Gorman, em conversa recente com investidores e analistas.

Entre os analistas, os estrategistas da gestora Riverfront, Chris Konstantinos e Kaetlin Collins, avaliam que a ação dos reguladores americanos conseguiu conter o risco sistêmico, mas não devem evitar uma desaceleração no crédito, especialmente para menores empresas e o setor imobiliário. A maior cautela dos bancos para emprestar pode ajudar a piorar os resultados dos bancos pela frente e deve afetar a atividade econômica.

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O economista-chefe para os EUA da Capital Economics, Paul Ashworth, alerta que a demanda de bancos pela janela de redesconto do Fed, uma forma de tomar empréstimos oficiais do banco central, continua “extremamente elevada”. Ainda há uma fuga de depósitos, especialmente dos bancos menores, enquanto os juros avançam e levam investidores a buscarem alternativas que oferecem retorno mais alto, como fundos de investimento.

Nesse ambiente, o governo americano, que teve de intervir nos três bancos que faliram desde março, pode ter de mudar regras para o setor. A Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC), o fundo garantidor de crédito dos EUA, revelou um conjunto de propostas de reformas das regras sobre seguros que protegem depósitos em bancos no país. A agência pode ampliar o limite de proteção de depósitos especificamente para empresas e pode remover o teto para a garantia aos valores depositados nas instituições financeiras, atualmente em US$ 250 mil.

SÃO PAULO E HOUSTON - A venda do First Republic Bank para o JPMorgan, na maior falência bancária nos Estados Unidos desde a crise financeira de 2008, trouxe certo alívio para os investidores, mas não espantou o temor de que mais bancos americanos possam estar com problemas, em meio a novos aumentos de juros no país, segundo analistas em Nova York. Um dos indícios foi a forte queda de ações de alguns bancos menores na terça-feira, 2, como o PacWest Bancorp, que encerrou o dia em baixa de 28%, e o Western Alliance, com recuo de 15%.

Um termômetro do setor, o índice SPDR S&P Regional Banking ETF, que reúne ações de bancos regionais, fechou o dia em baixa de 6,3%. Com os papéis despencando, as negociações de bancos menores em Nova York tiveram de ser suspensas várias vezes ao longo do pregão.

Em Wall Street, analistas dizem que a solução para o First Republic, o terceiro banco a quebrar nos EUA desde março, vendido para o JP em um leilão no fim de semana, resolve um problema de curto prazo, que ameaçava a estabilidade do sistema financeiro americano, mas não impede que outros bancos venham a pedir socorro. Só em poucas semanas de março, o First Republic teve saques de US$ 100 bilhões.

“A fragilidade de hoje nas ações dos bancos americanos é consistente com a visão de que o longo tempo que se levou para lidar decisivamente com First Republic e a destruição de valor que isso implicou garantem um prêmio de risco adicional”, avaliou o principal conselheiro econômico da Allianz, Mohamed El-Erian, ao comentar a piora das ações dos bancos americanos desta terça-feira.

Silicon Valley Bank foi a primeira instituição a quebrar na onda atual Foto: AP Photo/Jeff Chiu

O vice-presidente e diretor associado para bancos da FactSet, Sean Ryan, gostou do negócio, que teve a participação de outros três bancos além do JP, incluindo o PNC. “No geral, isso é muito bom para a saúde da indústria; bancos zumbis criam um empecilho para todo o sistema financeiro”, disse ele.

Nova quebra

O CEO do JPMorgan, Jamie Dimon, disse na teleconferência com investidores após a aquisição do First Republic que a solução para o caso praticamente resolve a crise bancária americana, embora “um outro pequeno banco” possa quebrar.

Como pano de fundo, a expectativa de mais subidas de juros nos EUA, o que poderia levar a novas saídas de depósitos dos bancos, além de pressionar seus balanços. Já nesta semana, o consenso em Wall Street é que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) deve elevar as taxas em mais 0,25 ponto porcentual.

O megainvestidor de Wall Street, Bill Ackman, fez novo alerta sobre o impacto da subida de juros nos EUA para o sistema bancário local. Em março, na esteira do fechamento de três bancos, ele já havia alertado que se o processo de aperto monetário não fosse pausado, mais choques ocorreriam.

“Eu reitero o que eu disse. Quando os juros dos MMF (money market funds, na sigla em inglês, os fundos de investimento mais líquidos dos EUA) atingirem 5% na quinta-feira, quem não vai sacar os seus recursos dos bancos locais?”, questionou Ackman, em referência ao impacto da elevação dos juros na decisão dos investidores de onde investir.

Banqueiros cautelosos

Os próprios banqueiros de Wall Street já haviam antecipado na recente divulgação de resultados que não havia uma “crise” no sistema americano, mas que mais dominós da indústria poderiam sofrer abalos e virem a cair. “Não estamos em uma crise bancária. Mas tivemos uma e pode ainda ter uma crise em alguns bancos”, disse o CEO do Morgan Stanley, James Gorman, em conversa recente com investidores e analistas.

Entre os analistas, os estrategistas da gestora Riverfront, Chris Konstantinos e Kaetlin Collins, avaliam que a ação dos reguladores americanos conseguiu conter o risco sistêmico, mas não devem evitar uma desaceleração no crédito, especialmente para menores empresas e o setor imobiliário. A maior cautela dos bancos para emprestar pode ajudar a piorar os resultados dos bancos pela frente e deve afetar a atividade econômica.

O economista-chefe para os EUA da Capital Economics, Paul Ashworth, alerta que a demanda de bancos pela janela de redesconto do Fed, uma forma de tomar empréstimos oficiais do banco central, continua “extremamente elevada”. Ainda há uma fuga de depósitos, especialmente dos bancos menores, enquanto os juros avançam e levam investidores a buscarem alternativas que oferecem retorno mais alto, como fundos de investimento.

Nesse ambiente, o governo americano, que teve de intervir nos três bancos que faliram desde março, pode ter de mudar regras para o setor. A Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC), o fundo garantidor de crédito dos EUA, revelou um conjunto de propostas de reformas das regras sobre seguros que protegem depósitos em bancos no país. A agência pode ampliar o limite de proteção de depósitos especificamente para empresas e pode remover o teto para a garantia aos valores depositados nas instituições financeiras, atualmente em US$ 250 mil.

SÃO PAULO E HOUSTON - A venda do First Republic Bank para o JPMorgan, na maior falência bancária nos Estados Unidos desde a crise financeira de 2008, trouxe certo alívio para os investidores, mas não espantou o temor de que mais bancos americanos possam estar com problemas, em meio a novos aumentos de juros no país, segundo analistas em Nova York. Um dos indícios foi a forte queda de ações de alguns bancos menores na terça-feira, 2, como o PacWest Bancorp, que encerrou o dia em baixa de 28%, e o Western Alliance, com recuo de 15%.

Um termômetro do setor, o índice SPDR S&P Regional Banking ETF, que reúne ações de bancos regionais, fechou o dia em baixa de 6,3%. Com os papéis despencando, as negociações de bancos menores em Nova York tiveram de ser suspensas várias vezes ao longo do pregão.

Em Wall Street, analistas dizem que a solução para o First Republic, o terceiro banco a quebrar nos EUA desde março, vendido para o JP em um leilão no fim de semana, resolve um problema de curto prazo, que ameaçava a estabilidade do sistema financeiro americano, mas não impede que outros bancos venham a pedir socorro. Só em poucas semanas de março, o First Republic teve saques de US$ 100 bilhões.

“A fragilidade de hoje nas ações dos bancos americanos é consistente com a visão de que o longo tempo que se levou para lidar decisivamente com First Republic e a destruição de valor que isso implicou garantem um prêmio de risco adicional”, avaliou o principal conselheiro econômico da Allianz, Mohamed El-Erian, ao comentar a piora das ações dos bancos americanos desta terça-feira.

Silicon Valley Bank foi a primeira instituição a quebrar na onda atual Foto: AP Photo/Jeff Chiu

O vice-presidente e diretor associado para bancos da FactSet, Sean Ryan, gostou do negócio, que teve a participação de outros três bancos além do JP, incluindo o PNC. “No geral, isso é muito bom para a saúde da indústria; bancos zumbis criam um empecilho para todo o sistema financeiro”, disse ele.

Nova quebra

O CEO do JPMorgan, Jamie Dimon, disse na teleconferência com investidores após a aquisição do First Republic que a solução para o caso praticamente resolve a crise bancária americana, embora “um outro pequeno banco” possa quebrar.

Como pano de fundo, a expectativa de mais subidas de juros nos EUA, o que poderia levar a novas saídas de depósitos dos bancos, além de pressionar seus balanços. Já nesta semana, o consenso em Wall Street é que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) deve elevar as taxas em mais 0,25 ponto porcentual.

O megainvestidor de Wall Street, Bill Ackman, fez novo alerta sobre o impacto da subida de juros nos EUA para o sistema bancário local. Em março, na esteira do fechamento de três bancos, ele já havia alertado que se o processo de aperto monetário não fosse pausado, mais choques ocorreriam.

“Eu reitero o que eu disse. Quando os juros dos MMF (money market funds, na sigla em inglês, os fundos de investimento mais líquidos dos EUA) atingirem 5% na quinta-feira, quem não vai sacar os seus recursos dos bancos locais?”, questionou Ackman, em referência ao impacto da elevação dos juros na decisão dos investidores de onde investir.

Banqueiros cautelosos

Os próprios banqueiros de Wall Street já haviam antecipado na recente divulgação de resultados que não havia uma “crise” no sistema americano, mas que mais dominós da indústria poderiam sofrer abalos e virem a cair. “Não estamos em uma crise bancária. Mas tivemos uma e pode ainda ter uma crise em alguns bancos”, disse o CEO do Morgan Stanley, James Gorman, em conversa recente com investidores e analistas.

Entre os analistas, os estrategistas da gestora Riverfront, Chris Konstantinos e Kaetlin Collins, avaliam que a ação dos reguladores americanos conseguiu conter o risco sistêmico, mas não devem evitar uma desaceleração no crédito, especialmente para menores empresas e o setor imobiliário. A maior cautela dos bancos para emprestar pode ajudar a piorar os resultados dos bancos pela frente e deve afetar a atividade econômica.

O economista-chefe para os EUA da Capital Economics, Paul Ashworth, alerta que a demanda de bancos pela janela de redesconto do Fed, uma forma de tomar empréstimos oficiais do banco central, continua “extremamente elevada”. Ainda há uma fuga de depósitos, especialmente dos bancos menores, enquanto os juros avançam e levam investidores a buscarem alternativas que oferecem retorno mais alto, como fundos de investimento.

Nesse ambiente, o governo americano, que teve de intervir nos três bancos que faliram desde março, pode ter de mudar regras para o setor. A Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC), o fundo garantidor de crédito dos EUA, revelou um conjunto de propostas de reformas das regras sobre seguros que protegem depósitos em bancos no país. A agência pode ampliar o limite de proteção de depósitos especificamente para empresas e pode remover o teto para a garantia aos valores depositados nas instituições financeiras, atualmente em US$ 250 mil.

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