Censo 2022 está atrasado por falta de recenseadores


IBGE diz que tem tido dificuldade em encontrar mão de obra, por conta da remuneração considerada baixa

Por Daniela Amorim e Vinicius Neder
Atualização:

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a coleta do Censo Demográfico 2022 está atrasada por falta de recenseador. O trabalho de campo terá que se estender pelo menos até dezembro, e o órgão está levantando junto às suas unidades estaduais o valor que será necessário demandar ao governo para completar o levantamento censitário.

O IBGE tem 140.572 recenseadores contratados, mas apenas 95.448 deles produtivos. Embora haja dificuldade no recrutamento em alguns municípios específicos, o instituto reconhece que a retenção desses trabalhadores é um desafio, e a solução passa, fundamentalmente, pela melhora na taxa de remuneração, que obedece a uma tabela com nove faixas de valores, dependendo do grau de dificuldade do recenseamento.

Na faixa 1, a taxa mais baixa, o recenseador recebe apenas R$ 0,51 por domicílio visitado em área urbana, valor que pode ser acrescido de bônus conforme a quantidade de moradores ou a extensão do questionário aplicado, se o básico ou o amostral, mais longo. Já a maior faixa de remuneração, a taxa 9, em zona rural, paga R$ 1,33 por domicílio visitado, que também tem o valor acrescido de bônus por pessoa recenseada e tipo de questionário aplicado.

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“Nosso maior desafio hoje é aumentar o número (de recenseadores) que estejam efetivamente trabalhando”, contou Bruno Malheiros, coordenador de Recursos Humanos do IBGE. “A gente está aumentando a taxa de remuneração em diversos setores.”

Além da melhora na taxa de remuneração por questionários, o órgão também informou ter elevado o auxílio locomoção. “Acaba funcionando como um bônus”, disse Malheiros.

Recenseadores enfrentaram problemas no atraso de pagamento de auxílios e demora no depósito de salários, mas o IBGE diz que essas questões estão praticamente resolvidas, restando atualmente “situações extremamente pontuais”, segundo Malheiros.

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Recursos destinados ao Censo ficaram abaixo do que foi pedido pelo IBGE Foto: Geraldo Magela / Agência Senado

O órgão está realocando verbas de outras áreas da operação censitária para investir na elevação da taxa de produção e taxa de locomoção. Por ora, o dinheiro vem da “realocação de créditos orçamentários de outras rubricas”, como licitações fechadas por valor menor que o previsto, exemplificou Claudio Barbosa, coordenador operacional do Censo.

“Todo o crédito orçamentário que pedimos está disponível pro IBGE. Não houve nenhum contingenciamento”, afirmou Barbosa, embora reconheça que ainda avaliam a dimensão da necessidade de recursos extras.

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O IBGE decidiu prorrogar a coleta em campo do Censo Demográfico até o início de dezembro. O trabalho de levantamento de informações, que começou em 1.º de agosto, estava previsto para se estender apenas até o fim de outubro.“Ou seja, a operação está atrasada. A gente estava esperando que fosse encerrar a operação agora na primeira semana de outubro”, contou Cimar Azeredo, diretor de Pesquisas do IBGE.

O diretor confirma que o IBGE pode precisar de mais recursos para que o processo termine no prazo estimado. “É bem provável que sim, que a gente precise de mais recursos”, contou Azeredo.

Orçamento defasado

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O Censo Demográfico foi orçado inicialmente pela equipe técnica do IBGE em mais de R$ 3 bilhões para ir a campo em 2020, mas foi enxugado a R$ 2,3 bilhões para ocorrer em 2022, a despeito da inflação acumulada no período.

Até 2 de outubro, foram recenseadas 104.445.750 pessoas, em 36.567.808 domicílios, o equivalente a 49% da população estimada no País. No Censo Demográfico de 2010, a essa altura da coleta, 86,9% da população já tinham sido recenseados.

Os trabalhadores estão atuando em 282.838 dos 452.246 setores censitários do País, 62,54% do total. Sergipe é o Estado mais adiantado em termos de setores trabalhados, 80,78%, seguido por Rio Grande do Norte (79,69%) e Piauí (79,06%). Os Estados mais atrasados são Mato Grosso (apenas 38,49% dos setores trabalhados), Roraima (45,18%) e Acre (48,79%).

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Cerca de 2,27% dos domicílios visitados até o momento se recusaram a responder. O IBGE diz que enfrenta mais resistência da parte de administradores de condomínios de alta renda, que estão sendo mapeados para que o instituto consiga acesso do recenseador aos moradores.

Em relação ao tipo de questionário, 88,2% dos domicílios já visitados responderam ao questionário básico e 11,8% ao ampliado. A maior parte dos questionários (99,5%) foi respondida de forma presencial, enquanto 81.620 domicílios optaram por responder pela internet e 85.309, pelo telefone.

Preocupação

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O atraso na coleta dos dados do Censo 2022 preocupa o ex-presidente do IBGE Roberto Olinto, pesquisador associado do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). Para o pesquisador, o IBGE deveria tomar medidas urgentes para acelerar a coleta e reduzir os atrasos ao máximo. “Atrasar a coleta um mês é muito problemático. Exige uma atenção extra”, afirmou Olinto.

O ex-presidente do IBGE citou a imprecisão das informações prestadas pelos entrevistados como um dos problemas causados pelo atraso na coleta. Embora as entrevistas sejam feitas, Brasil afora, durante um período de poucos meses, as perguntas são feitas tendo como referência um período específico - chamado de “período de referência” por especialistas.

Segundo Olinto, quanto maior o período entre a entrevista e esse período de referência, menor a qualidade das informações prestadas, já que os entrevistados precisam puxar de memória algumas informações, como os dados sobre rendimentos.

Segundo Cimar Azeredo, a decisão de prorrogar a coleta mantém o compromisso de entregar os dados da contagem da população ainda no fim de dezembro ao Tribunal de Contas da União, para subsidiar a repartição do Fundo de Participação de Estados e Municípios. O diretor contou ainda que o IBGE está trabalhando na preparação de uma Medida Provisória para permitir a contratação emergencial de recenseadores em condições extraordinárias.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a coleta do Censo Demográfico 2022 está atrasada por falta de recenseador. O trabalho de campo terá que se estender pelo menos até dezembro, e o órgão está levantando junto às suas unidades estaduais o valor que será necessário demandar ao governo para completar o levantamento censitário.

O IBGE tem 140.572 recenseadores contratados, mas apenas 95.448 deles produtivos. Embora haja dificuldade no recrutamento em alguns municípios específicos, o instituto reconhece que a retenção desses trabalhadores é um desafio, e a solução passa, fundamentalmente, pela melhora na taxa de remuneração, que obedece a uma tabela com nove faixas de valores, dependendo do grau de dificuldade do recenseamento.

Na faixa 1, a taxa mais baixa, o recenseador recebe apenas R$ 0,51 por domicílio visitado em área urbana, valor que pode ser acrescido de bônus conforme a quantidade de moradores ou a extensão do questionário aplicado, se o básico ou o amostral, mais longo. Já a maior faixa de remuneração, a taxa 9, em zona rural, paga R$ 1,33 por domicílio visitado, que também tem o valor acrescido de bônus por pessoa recenseada e tipo de questionário aplicado.

“Nosso maior desafio hoje é aumentar o número (de recenseadores) que estejam efetivamente trabalhando”, contou Bruno Malheiros, coordenador de Recursos Humanos do IBGE. “A gente está aumentando a taxa de remuneração em diversos setores.”

Além da melhora na taxa de remuneração por questionários, o órgão também informou ter elevado o auxílio locomoção. “Acaba funcionando como um bônus”, disse Malheiros.

Recenseadores enfrentaram problemas no atraso de pagamento de auxílios e demora no depósito de salários, mas o IBGE diz que essas questões estão praticamente resolvidas, restando atualmente “situações extremamente pontuais”, segundo Malheiros.

Recursos destinados ao Censo ficaram abaixo do que foi pedido pelo IBGE Foto: Geraldo Magela / Agência Senado

O órgão está realocando verbas de outras áreas da operação censitária para investir na elevação da taxa de produção e taxa de locomoção. Por ora, o dinheiro vem da “realocação de créditos orçamentários de outras rubricas”, como licitações fechadas por valor menor que o previsto, exemplificou Claudio Barbosa, coordenador operacional do Censo.

“Todo o crédito orçamentário que pedimos está disponível pro IBGE. Não houve nenhum contingenciamento”, afirmou Barbosa, embora reconheça que ainda avaliam a dimensão da necessidade de recursos extras.

O IBGE decidiu prorrogar a coleta em campo do Censo Demográfico até o início de dezembro. O trabalho de levantamento de informações, que começou em 1.º de agosto, estava previsto para se estender apenas até o fim de outubro.“Ou seja, a operação está atrasada. A gente estava esperando que fosse encerrar a operação agora na primeira semana de outubro”, contou Cimar Azeredo, diretor de Pesquisas do IBGE.

O diretor confirma que o IBGE pode precisar de mais recursos para que o processo termine no prazo estimado. “É bem provável que sim, que a gente precise de mais recursos”, contou Azeredo.

Orçamento defasado

O Censo Demográfico foi orçado inicialmente pela equipe técnica do IBGE em mais de R$ 3 bilhões para ir a campo em 2020, mas foi enxugado a R$ 2,3 bilhões para ocorrer em 2022, a despeito da inflação acumulada no período.

Até 2 de outubro, foram recenseadas 104.445.750 pessoas, em 36.567.808 domicílios, o equivalente a 49% da população estimada no País. No Censo Demográfico de 2010, a essa altura da coleta, 86,9% da população já tinham sido recenseados.

Os trabalhadores estão atuando em 282.838 dos 452.246 setores censitários do País, 62,54% do total. Sergipe é o Estado mais adiantado em termos de setores trabalhados, 80,78%, seguido por Rio Grande do Norte (79,69%) e Piauí (79,06%). Os Estados mais atrasados são Mato Grosso (apenas 38,49% dos setores trabalhados), Roraima (45,18%) e Acre (48,79%).

Cerca de 2,27% dos domicílios visitados até o momento se recusaram a responder. O IBGE diz que enfrenta mais resistência da parte de administradores de condomínios de alta renda, que estão sendo mapeados para que o instituto consiga acesso do recenseador aos moradores.

Em relação ao tipo de questionário, 88,2% dos domicílios já visitados responderam ao questionário básico e 11,8% ao ampliado. A maior parte dos questionários (99,5%) foi respondida de forma presencial, enquanto 81.620 domicílios optaram por responder pela internet e 85.309, pelo telefone.

Preocupação

O atraso na coleta dos dados do Censo 2022 preocupa o ex-presidente do IBGE Roberto Olinto, pesquisador associado do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). Para o pesquisador, o IBGE deveria tomar medidas urgentes para acelerar a coleta e reduzir os atrasos ao máximo. “Atrasar a coleta um mês é muito problemático. Exige uma atenção extra”, afirmou Olinto.

O ex-presidente do IBGE citou a imprecisão das informações prestadas pelos entrevistados como um dos problemas causados pelo atraso na coleta. Embora as entrevistas sejam feitas, Brasil afora, durante um período de poucos meses, as perguntas são feitas tendo como referência um período específico - chamado de “período de referência” por especialistas.

Segundo Olinto, quanto maior o período entre a entrevista e esse período de referência, menor a qualidade das informações prestadas, já que os entrevistados precisam puxar de memória algumas informações, como os dados sobre rendimentos.

Segundo Cimar Azeredo, a decisão de prorrogar a coleta mantém o compromisso de entregar os dados da contagem da população ainda no fim de dezembro ao Tribunal de Contas da União, para subsidiar a repartição do Fundo de Participação de Estados e Municípios. O diretor contou ainda que o IBGE está trabalhando na preparação de uma Medida Provisória para permitir a contratação emergencial de recenseadores em condições extraordinárias.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a coleta do Censo Demográfico 2022 está atrasada por falta de recenseador. O trabalho de campo terá que se estender pelo menos até dezembro, e o órgão está levantando junto às suas unidades estaduais o valor que será necessário demandar ao governo para completar o levantamento censitário.

O IBGE tem 140.572 recenseadores contratados, mas apenas 95.448 deles produtivos. Embora haja dificuldade no recrutamento em alguns municípios específicos, o instituto reconhece que a retenção desses trabalhadores é um desafio, e a solução passa, fundamentalmente, pela melhora na taxa de remuneração, que obedece a uma tabela com nove faixas de valores, dependendo do grau de dificuldade do recenseamento.

Na faixa 1, a taxa mais baixa, o recenseador recebe apenas R$ 0,51 por domicílio visitado em área urbana, valor que pode ser acrescido de bônus conforme a quantidade de moradores ou a extensão do questionário aplicado, se o básico ou o amostral, mais longo. Já a maior faixa de remuneração, a taxa 9, em zona rural, paga R$ 1,33 por domicílio visitado, que também tem o valor acrescido de bônus por pessoa recenseada e tipo de questionário aplicado.

“Nosso maior desafio hoje é aumentar o número (de recenseadores) que estejam efetivamente trabalhando”, contou Bruno Malheiros, coordenador de Recursos Humanos do IBGE. “A gente está aumentando a taxa de remuneração em diversos setores.”

Além da melhora na taxa de remuneração por questionários, o órgão também informou ter elevado o auxílio locomoção. “Acaba funcionando como um bônus”, disse Malheiros.

Recenseadores enfrentaram problemas no atraso de pagamento de auxílios e demora no depósito de salários, mas o IBGE diz que essas questões estão praticamente resolvidas, restando atualmente “situações extremamente pontuais”, segundo Malheiros.

Recursos destinados ao Censo ficaram abaixo do que foi pedido pelo IBGE Foto: Geraldo Magela / Agência Senado

O órgão está realocando verbas de outras áreas da operação censitária para investir na elevação da taxa de produção e taxa de locomoção. Por ora, o dinheiro vem da “realocação de créditos orçamentários de outras rubricas”, como licitações fechadas por valor menor que o previsto, exemplificou Claudio Barbosa, coordenador operacional do Censo.

“Todo o crédito orçamentário que pedimos está disponível pro IBGE. Não houve nenhum contingenciamento”, afirmou Barbosa, embora reconheça que ainda avaliam a dimensão da necessidade de recursos extras.

O IBGE decidiu prorrogar a coleta em campo do Censo Demográfico até o início de dezembro. O trabalho de levantamento de informações, que começou em 1.º de agosto, estava previsto para se estender apenas até o fim de outubro.“Ou seja, a operação está atrasada. A gente estava esperando que fosse encerrar a operação agora na primeira semana de outubro”, contou Cimar Azeredo, diretor de Pesquisas do IBGE.

O diretor confirma que o IBGE pode precisar de mais recursos para que o processo termine no prazo estimado. “É bem provável que sim, que a gente precise de mais recursos”, contou Azeredo.

Orçamento defasado

O Censo Demográfico foi orçado inicialmente pela equipe técnica do IBGE em mais de R$ 3 bilhões para ir a campo em 2020, mas foi enxugado a R$ 2,3 bilhões para ocorrer em 2022, a despeito da inflação acumulada no período.

Até 2 de outubro, foram recenseadas 104.445.750 pessoas, em 36.567.808 domicílios, o equivalente a 49% da população estimada no País. No Censo Demográfico de 2010, a essa altura da coleta, 86,9% da população já tinham sido recenseados.

Os trabalhadores estão atuando em 282.838 dos 452.246 setores censitários do País, 62,54% do total. Sergipe é o Estado mais adiantado em termos de setores trabalhados, 80,78%, seguido por Rio Grande do Norte (79,69%) e Piauí (79,06%). Os Estados mais atrasados são Mato Grosso (apenas 38,49% dos setores trabalhados), Roraima (45,18%) e Acre (48,79%).

Cerca de 2,27% dos domicílios visitados até o momento se recusaram a responder. O IBGE diz que enfrenta mais resistência da parte de administradores de condomínios de alta renda, que estão sendo mapeados para que o instituto consiga acesso do recenseador aos moradores.

Em relação ao tipo de questionário, 88,2% dos domicílios já visitados responderam ao questionário básico e 11,8% ao ampliado. A maior parte dos questionários (99,5%) foi respondida de forma presencial, enquanto 81.620 domicílios optaram por responder pela internet e 85.309, pelo telefone.

Preocupação

O atraso na coleta dos dados do Censo 2022 preocupa o ex-presidente do IBGE Roberto Olinto, pesquisador associado do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). Para o pesquisador, o IBGE deveria tomar medidas urgentes para acelerar a coleta e reduzir os atrasos ao máximo. “Atrasar a coleta um mês é muito problemático. Exige uma atenção extra”, afirmou Olinto.

O ex-presidente do IBGE citou a imprecisão das informações prestadas pelos entrevistados como um dos problemas causados pelo atraso na coleta. Embora as entrevistas sejam feitas, Brasil afora, durante um período de poucos meses, as perguntas são feitas tendo como referência um período específico - chamado de “período de referência” por especialistas.

Segundo Olinto, quanto maior o período entre a entrevista e esse período de referência, menor a qualidade das informações prestadas, já que os entrevistados precisam puxar de memória algumas informações, como os dados sobre rendimentos.

Segundo Cimar Azeredo, a decisão de prorrogar a coleta mantém o compromisso de entregar os dados da contagem da população ainda no fim de dezembro ao Tribunal de Contas da União, para subsidiar a repartição do Fundo de Participação de Estados e Municípios. O diretor contou ainda que o IBGE está trabalhando na preparação de uma Medida Provisória para permitir a contratação emergencial de recenseadores em condições extraordinárias.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a coleta do Censo Demográfico 2022 está atrasada por falta de recenseador. O trabalho de campo terá que se estender pelo menos até dezembro, e o órgão está levantando junto às suas unidades estaduais o valor que será necessário demandar ao governo para completar o levantamento censitário.

O IBGE tem 140.572 recenseadores contratados, mas apenas 95.448 deles produtivos. Embora haja dificuldade no recrutamento em alguns municípios específicos, o instituto reconhece que a retenção desses trabalhadores é um desafio, e a solução passa, fundamentalmente, pela melhora na taxa de remuneração, que obedece a uma tabela com nove faixas de valores, dependendo do grau de dificuldade do recenseamento.

Na faixa 1, a taxa mais baixa, o recenseador recebe apenas R$ 0,51 por domicílio visitado em área urbana, valor que pode ser acrescido de bônus conforme a quantidade de moradores ou a extensão do questionário aplicado, se o básico ou o amostral, mais longo. Já a maior faixa de remuneração, a taxa 9, em zona rural, paga R$ 1,33 por domicílio visitado, que também tem o valor acrescido de bônus por pessoa recenseada e tipo de questionário aplicado.

“Nosso maior desafio hoje é aumentar o número (de recenseadores) que estejam efetivamente trabalhando”, contou Bruno Malheiros, coordenador de Recursos Humanos do IBGE. “A gente está aumentando a taxa de remuneração em diversos setores.”

Além da melhora na taxa de remuneração por questionários, o órgão também informou ter elevado o auxílio locomoção. “Acaba funcionando como um bônus”, disse Malheiros.

Recenseadores enfrentaram problemas no atraso de pagamento de auxílios e demora no depósito de salários, mas o IBGE diz que essas questões estão praticamente resolvidas, restando atualmente “situações extremamente pontuais”, segundo Malheiros.

Recursos destinados ao Censo ficaram abaixo do que foi pedido pelo IBGE Foto: Geraldo Magela / Agência Senado

O órgão está realocando verbas de outras áreas da operação censitária para investir na elevação da taxa de produção e taxa de locomoção. Por ora, o dinheiro vem da “realocação de créditos orçamentários de outras rubricas”, como licitações fechadas por valor menor que o previsto, exemplificou Claudio Barbosa, coordenador operacional do Censo.

“Todo o crédito orçamentário que pedimos está disponível pro IBGE. Não houve nenhum contingenciamento”, afirmou Barbosa, embora reconheça que ainda avaliam a dimensão da necessidade de recursos extras.

O IBGE decidiu prorrogar a coleta em campo do Censo Demográfico até o início de dezembro. O trabalho de levantamento de informações, que começou em 1.º de agosto, estava previsto para se estender apenas até o fim de outubro.“Ou seja, a operação está atrasada. A gente estava esperando que fosse encerrar a operação agora na primeira semana de outubro”, contou Cimar Azeredo, diretor de Pesquisas do IBGE.

O diretor confirma que o IBGE pode precisar de mais recursos para que o processo termine no prazo estimado. “É bem provável que sim, que a gente precise de mais recursos”, contou Azeredo.

Orçamento defasado

O Censo Demográfico foi orçado inicialmente pela equipe técnica do IBGE em mais de R$ 3 bilhões para ir a campo em 2020, mas foi enxugado a R$ 2,3 bilhões para ocorrer em 2022, a despeito da inflação acumulada no período.

Até 2 de outubro, foram recenseadas 104.445.750 pessoas, em 36.567.808 domicílios, o equivalente a 49% da população estimada no País. No Censo Demográfico de 2010, a essa altura da coleta, 86,9% da população já tinham sido recenseados.

Os trabalhadores estão atuando em 282.838 dos 452.246 setores censitários do País, 62,54% do total. Sergipe é o Estado mais adiantado em termos de setores trabalhados, 80,78%, seguido por Rio Grande do Norte (79,69%) e Piauí (79,06%). Os Estados mais atrasados são Mato Grosso (apenas 38,49% dos setores trabalhados), Roraima (45,18%) e Acre (48,79%).

Cerca de 2,27% dos domicílios visitados até o momento se recusaram a responder. O IBGE diz que enfrenta mais resistência da parte de administradores de condomínios de alta renda, que estão sendo mapeados para que o instituto consiga acesso do recenseador aos moradores.

Em relação ao tipo de questionário, 88,2% dos domicílios já visitados responderam ao questionário básico e 11,8% ao ampliado. A maior parte dos questionários (99,5%) foi respondida de forma presencial, enquanto 81.620 domicílios optaram por responder pela internet e 85.309, pelo telefone.

Preocupação

O atraso na coleta dos dados do Censo 2022 preocupa o ex-presidente do IBGE Roberto Olinto, pesquisador associado do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). Para o pesquisador, o IBGE deveria tomar medidas urgentes para acelerar a coleta e reduzir os atrasos ao máximo. “Atrasar a coleta um mês é muito problemático. Exige uma atenção extra”, afirmou Olinto.

O ex-presidente do IBGE citou a imprecisão das informações prestadas pelos entrevistados como um dos problemas causados pelo atraso na coleta. Embora as entrevistas sejam feitas, Brasil afora, durante um período de poucos meses, as perguntas são feitas tendo como referência um período específico - chamado de “período de referência” por especialistas.

Segundo Olinto, quanto maior o período entre a entrevista e esse período de referência, menor a qualidade das informações prestadas, já que os entrevistados precisam puxar de memória algumas informações, como os dados sobre rendimentos.

Segundo Cimar Azeredo, a decisão de prorrogar a coleta mantém o compromisso de entregar os dados da contagem da população ainda no fim de dezembro ao Tribunal de Contas da União, para subsidiar a repartição do Fundo de Participação de Estados e Municípios. O diretor contou ainda que o IBGE está trabalhando na preparação de uma Medida Provisória para permitir a contratação emergencial de recenseadores em condições extraordinárias.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a coleta do Censo Demográfico 2022 está atrasada por falta de recenseador. O trabalho de campo terá que se estender pelo menos até dezembro, e o órgão está levantando junto às suas unidades estaduais o valor que será necessário demandar ao governo para completar o levantamento censitário.

O IBGE tem 140.572 recenseadores contratados, mas apenas 95.448 deles produtivos. Embora haja dificuldade no recrutamento em alguns municípios específicos, o instituto reconhece que a retenção desses trabalhadores é um desafio, e a solução passa, fundamentalmente, pela melhora na taxa de remuneração, que obedece a uma tabela com nove faixas de valores, dependendo do grau de dificuldade do recenseamento.

Na faixa 1, a taxa mais baixa, o recenseador recebe apenas R$ 0,51 por domicílio visitado em área urbana, valor que pode ser acrescido de bônus conforme a quantidade de moradores ou a extensão do questionário aplicado, se o básico ou o amostral, mais longo. Já a maior faixa de remuneração, a taxa 9, em zona rural, paga R$ 1,33 por domicílio visitado, que também tem o valor acrescido de bônus por pessoa recenseada e tipo de questionário aplicado.

“Nosso maior desafio hoje é aumentar o número (de recenseadores) que estejam efetivamente trabalhando”, contou Bruno Malheiros, coordenador de Recursos Humanos do IBGE. “A gente está aumentando a taxa de remuneração em diversos setores.”

Além da melhora na taxa de remuneração por questionários, o órgão também informou ter elevado o auxílio locomoção. “Acaba funcionando como um bônus”, disse Malheiros.

Recenseadores enfrentaram problemas no atraso de pagamento de auxílios e demora no depósito de salários, mas o IBGE diz que essas questões estão praticamente resolvidas, restando atualmente “situações extremamente pontuais”, segundo Malheiros.

Recursos destinados ao Censo ficaram abaixo do que foi pedido pelo IBGE Foto: Geraldo Magela / Agência Senado

O órgão está realocando verbas de outras áreas da operação censitária para investir na elevação da taxa de produção e taxa de locomoção. Por ora, o dinheiro vem da “realocação de créditos orçamentários de outras rubricas”, como licitações fechadas por valor menor que o previsto, exemplificou Claudio Barbosa, coordenador operacional do Censo.

“Todo o crédito orçamentário que pedimos está disponível pro IBGE. Não houve nenhum contingenciamento”, afirmou Barbosa, embora reconheça que ainda avaliam a dimensão da necessidade de recursos extras.

O IBGE decidiu prorrogar a coleta em campo do Censo Demográfico até o início de dezembro. O trabalho de levantamento de informações, que começou em 1.º de agosto, estava previsto para se estender apenas até o fim de outubro.“Ou seja, a operação está atrasada. A gente estava esperando que fosse encerrar a operação agora na primeira semana de outubro”, contou Cimar Azeredo, diretor de Pesquisas do IBGE.

O diretor confirma que o IBGE pode precisar de mais recursos para que o processo termine no prazo estimado. “É bem provável que sim, que a gente precise de mais recursos”, contou Azeredo.

Orçamento defasado

O Censo Demográfico foi orçado inicialmente pela equipe técnica do IBGE em mais de R$ 3 bilhões para ir a campo em 2020, mas foi enxugado a R$ 2,3 bilhões para ocorrer em 2022, a despeito da inflação acumulada no período.

Até 2 de outubro, foram recenseadas 104.445.750 pessoas, em 36.567.808 domicílios, o equivalente a 49% da população estimada no País. No Censo Demográfico de 2010, a essa altura da coleta, 86,9% da população já tinham sido recenseados.

Os trabalhadores estão atuando em 282.838 dos 452.246 setores censitários do País, 62,54% do total. Sergipe é o Estado mais adiantado em termos de setores trabalhados, 80,78%, seguido por Rio Grande do Norte (79,69%) e Piauí (79,06%). Os Estados mais atrasados são Mato Grosso (apenas 38,49% dos setores trabalhados), Roraima (45,18%) e Acre (48,79%).

Cerca de 2,27% dos domicílios visitados até o momento se recusaram a responder. O IBGE diz que enfrenta mais resistência da parte de administradores de condomínios de alta renda, que estão sendo mapeados para que o instituto consiga acesso do recenseador aos moradores.

Em relação ao tipo de questionário, 88,2% dos domicílios já visitados responderam ao questionário básico e 11,8% ao ampliado. A maior parte dos questionários (99,5%) foi respondida de forma presencial, enquanto 81.620 domicílios optaram por responder pela internet e 85.309, pelo telefone.

Preocupação

O atraso na coleta dos dados do Censo 2022 preocupa o ex-presidente do IBGE Roberto Olinto, pesquisador associado do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). Para o pesquisador, o IBGE deveria tomar medidas urgentes para acelerar a coleta e reduzir os atrasos ao máximo. “Atrasar a coleta um mês é muito problemático. Exige uma atenção extra”, afirmou Olinto.

O ex-presidente do IBGE citou a imprecisão das informações prestadas pelos entrevistados como um dos problemas causados pelo atraso na coleta. Embora as entrevistas sejam feitas, Brasil afora, durante um período de poucos meses, as perguntas são feitas tendo como referência um período específico - chamado de “período de referência” por especialistas.

Segundo Olinto, quanto maior o período entre a entrevista e esse período de referência, menor a qualidade das informações prestadas, já que os entrevistados precisam puxar de memória algumas informações, como os dados sobre rendimentos.

Segundo Cimar Azeredo, a decisão de prorrogar a coleta mantém o compromisso de entregar os dados da contagem da população ainda no fim de dezembro ao Tribunal de Contas da União, para subsidiar a repartição do Fundo de Participação de Estados e Municípios. O diretor contou ainda que o IBGE está trabalhando na preparação de uma Medida Provisória para permitir a contratação emergencial de recenseadores em condições extraordinárias.

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