‘Sustentabilidade está no DNA da nossa empresa’, diz CEO da Suzano


Para Walter Schalka, preservar o planeta não é meta de um governo, mas de 8 bilhões de pessoas

Por Sonia Racy
Atualização:
Foto: Felipe Rau/Estadão
Entrevista comWalther SchalkaCEO da Suzano Papel e Celulose

A rotina de Walther Schalka na Suzano, que ele comanda desde 2013, não é pouca coisa. Maior produtora de celulose do mundo, que planta 1,2 milhão de eucaliptos por dia, ela está investindo neste ano R$ 18,5 bilhões, operando hubs na China, no Canadá e em Israel e exportando para um mercado de 2 bilhões de pessoas em 110 países, o que equivale a 18% do mercado global de celulose. Seu modus operandi, resume Schalka, é uma conexão entre inovação e sustentabilidade – que, para ele, constitui “o DNA da companhia”. Com um pé na academia e outro no compromisso com o futuro do planeta.

“É inexorável que temos de diminuir nossas emissões no mundo”, adverte o empresário, nesta entrevista a Cenários. A questão climática, avisa, “é um jogo no qual ou todo mundo ganha ou todo mundo perde”. A seguir, os principais trechos da conversa:

A Suzano criou na China um hub de inovabilidade. O que é, e como funciona?

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É a visão de futuro da empresa, uma conexão entre inovação e sustentabilidade. Ano que vem, completamos 100 anos e a inovação está no nosso DNA, assim como a sustentabilidade. A China será uma das fronteiras de crescimento nos próximos tempos – e, inevitavelmente, a maior economia do planeta. O hub é para marcar uma forte presença, com uma relação comercial construída nos últimos 40 anos.

Em suma, é uma estratégia global da empresa...

Sim. Também temos hubs de inovabilidade em Israel e no Canadá. Nós acreditamos na busca de ideias ligadas à academia. Atualmente, exportamos para 110 países – ou seja, cerca de 2 bilhões de pessoas consomem nossos produtos. São cerca de 18% do mercado global de celulose, com forte participação nos mercados americano, europeu e chinês. Em 2024, vamos inaugurar uma nova fábrica em Mato Grosso do Sul com capacidade para mais 2,5 milhões de toneladas de celulose. O maior investimento privado do Brasil, de R$ 22 bilhões.

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Walter Schalka, presidente da Suzano, defende sustentabilidade como fundamental para o futuro dos negócios Foto: FELIPE RAU / ESTADÃO

O preço da celulose está em queda. Como funciona esse ciclo para vocês?

A celulose é uma commodity com variação de preço como qualquer outra. Hoje, plantamos 1,2 milhão de árvores a cada dia, aumentando a base fundiária e florestal para atender às demandas do mercado. Nos 11 anos em que estou na Suzano, esse é o quarto ciclo de queda de preço que eu vivencio. Ele desce de elevador e depois sobe de escada. Nesse momento, subimos gradativamente.

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Como foi essa caminhada da Suzano para se tornar a maior do mundo no setor?

A competitividade é base fundamental desse crescimento. Hoje, a média de custo da celulose pela Suzano é da ordem de US$ 180 por tonelada, enquanto nossos players europeus estão em US$ 550; os chineses, em US$ 580; e os canadenses, em US$ 600. Esse diferencial competitivo começa no plantio das nossas árvores e continua nas fábricas ultramodernas e numa logística muito bem preparada. Esse nível de competitividade leva a uma geração de caixa constante. E reinvestimos 90% dessa geração, preparando o futuro. Já inauguramos uma fábrica na Finlândia com uma startup de lá. E outro passo que precisa de mais maturidade tecnológica é o do biocombustível.

Sim. E, no geral, de que modo a Suzano trata a questão da sustentabilidade?

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Acreditamos que, com o plantio das árvores – eminentemente, o eucalipto –, podemos transformar a sociedade global. O mundo da sustentabilidade é o da colaboração. O problema mais relevante é a crise climática. É inexorável que temos de diminuir nossas emissões no planeta. Já estamos no lado certo da equação, somos ‘carbono-negativo’, auditados por certificadoras internacionais. Tem outro eixo muito importante, que é a biodiversidade: temos um milhão de hectares de áreas nativas e vamos interligar metade disso a um milhão de hectares com corredores de biodiversidade.

À luz da COP de Glasgow, que outros compromissos tem com a Agenda 2030?

Além da questão climática, a diminuição da pobreza. Nossa meta é tirar 200 mil pessoas da pobreza até 2030, fazendo com que elas tenham renda sustentável. Não é filantropia, é renda sustentável. Poucas pessoas sabem, mas a Suzano é a maior produtora de mel do Brasil – e a receita disso é inteiramente destinada às comunidades. Elas trabalham com nosso eucalipto, nós fornecemos as roupas e equipamentos, e ajudamos com a distribuição desse mel que gera renda a partir de cooperativas. No total, investimos cerca de R$ 100 milhões por ano em programas sociais.

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Governo à parte, qual é, a seu ver, o papel da iniciativa privada na busca da sustentabilidade?

Aprendi ao longo do tempo que a responsabilidade da empresa vai além da nossa cerca. Essa ficha caiu há muito tempo, só que agora tem as três letrinhas, ESG. Não é só função dos governos, se trata de um jogo com 8 bilhões de pessoas, onde ou todos ganham ou todos perdem. Nós também temos a responsabilidade de assumir as questões como a crise climática, a da pobreza e a da diversidade. De criar um mundo melhor para essas 8 bilhões de pessoas.

A rotina de Walther Schalka na Suzano, que ele comanda desde 2013, não é pouca coisa. Maior produtora de celulose do mundo, que planta 1,2 milhão de eucaliptos por dia, ela está investindo neste ano R$ 18,5 bilhões, operando hubs na China, no Canadá e em Israel e exportando para um mercado de 2 bilhões de pessoas em 110 países, o que equivale a 18% do mercado global de celulose. Seu modus operandi, resume Schalka, é uma conexão entre inovação e sustentabilidade – que, para ele, constitui “o DNA da companhia”. Com um pé na academia e outro no compromisso com o futuro do planeta.

“É inexorável que temos de diminuir nossas emissões no mundo”, adverte o empresário, nesta entrevista a Cenários. A questão climática, avisa, “é um jogo no qual ou todo mundo ganha ou todo mundo perde”. A seguir, os principais trechos da conversa:

A Suzano criou na China um hub de inovabilidade. O que é, e como funciona?

É a visão de futuro da empresa, uma conexão entre inovação e sustentabilidade. Ano que vem, completamos 100 anos e a inovação está no nosso DNA, assim como a sustentabilidade. A China será uma das fronteiras de crescimento nos próximos tempos – e, inevitavelmente, a maior economia do planeta. O hub é para marcar uma forte presença, com uma relação comercial construída nos últimos 40 anos.

Em suma, é uma estratégia global da empresa...

Sim. Também temos hubs de inovabilidade em Israel e no Canadá. Nós acreditamos na busca de ideias ligadas à academia. Atualmente, exportamos para 110 países – ou seja, cerca de 2 bilhões de pessoas consomem nossos produtos. São cerca de 18% do mercado global de celulose, com forte participação nos mercados americano, europeu e chinês. Em 2024, vamos inaugurar uma nova fábrica em Mato Grosso do Sul com capacidade para mais 2,5 milhões de toneladas de celulose. O maior investimento privado do Brasil, de R$ 22 bilhões.

Walter Schalka, presidente da Suzano, defende sustentabilidade como fundamental para o futuro dos negócios Foto: FELIPE RAU / ESTADÃO

O preço da celulose está em queda. Como funciona esse ciclo para vocês?

A celulose é uma commodity com variação de preço como qualquer outra. Hoje, plantamos 1,2 milhão de árvores a cada dia, aumentando a base fundiária e florestal para atender às demandas do mercado. Nos 11 anos em que estou na Suzano, esse é o quarto ciclo de queda de preço que eu vivencio. Ele desce de elevador e depois sobe de escada. Nesse momento, subimos gradativamente.

Como foi essa caminhada da Suzano para se tornar a maior do mundo no setor?

A competitividade é base fundamental desse crescimento. Hoje, a média de custo da celulose pela Suzano é da ordem de US$ 180 por tonelada, enquanto nossos players europeus estão em US$ 550; os chineses, em US$ 580; e os canadenses, em US$ 600. Esse diferencial competitivo começa no plantio das nossas árvores e continua nas fábricas ultramodernas e numa logística muito bem preparada. Esse nível de competitividade leva a uma geração de caixa constante. E reinvestimos 90% dessa geração, preparando o futuro. Já inauguramos uma fábrica na Finlândia com uma startup de lá. E outro passo que precisa de mais maturidade tecnológica é o do biocombustível.

Sim. E, no geral, de que modo a Suzano trata a questão da sustentabilidade?

Acreditamos que, com o plantio das árvores – eminentemente, o eucalipto –, podemos transformar a sociedade global. O mundo da sustentabilidade é o da colaboração. O problema mais relevante é a crise climática. É inexorável que temos de diminuir nossas emissões no planeta. Já estamos no lado certo da equação, somos ‘carbono-negativo’, auditados por certificadoras internacionais. Tem outro eixo muito importante, que é a biodiversidade: temos um milhão de hectares de áreas nativas e vamos interligar metade disso a um milhão de hectares com corredores de biodiversidade.

À luz da COP de Glasgow, que outros compromissos tem com a Agenda 2030?

Além da questão climática, a diminuição da pobreza. Nossa meta é tirar 200 mil pessoas da pobreza até 2030, fazendo com que elas tenham renda sustentável. Não é filantropia, é renda sustentável. Poucas pessoas sabem, mas a Suzano é a maior produtora de mel do Brasil – e a receita disso é inteiramente destinada às comunidades. Elas trabalham com nosso eucalipto, nós fornecemos as roupas e equipamentos, e ajudamos com a distribuição desse mel que gera renda a partir de cooperativas. No total, investimos cerca de R$ 100 milhões por ano em programas sociais.

Governo à parte, qual é, a seu ver, o papel da iniciativa privada na busca da sustentabilidade?

Aprendi ao longo do tempo que a responsabilidade da empresa vai além da nossa cerca. Essa ficha caiu há muito tempo, só que agora tem as três letrinhas, ESG. Não é só função dos governos, se trata de um jogo com 8 bilhões de pessoas, onde ou todos ganham ou todos perdem. Nós também temos a responsabilidade de assumir as questões como a crise climática, a da pobreza e a da diversidade. De criar um mundo melhor para essas 8 bilhões de pessoas.

A rotina de Walther Schalka na Suzano, que ele comanda desde 2013, não é pouca coisa. Maior produtora de celulose do mundo, que planta 1,2 milhão de eucaliptos por dia, ela está investindo neste ano R$ 18,5 bilhões, operando hubs na China, no Canadá e em Israel e exportando para um mercado de 2 bilhões de pessoas em 110 países, o que equivale a 18% do mercado global de celulose. Seu modus operandi, resume Schalka, é uma conexão entre inovação e sustentabilidade – que, para ele, constitui “o DNA da companhia”. Com um pé na academia e outro no compromisso com o futuro do planeta.

“É inexorável que temos de diminuir nossas emissões no mundo”, adverte o empresário, nesta entrevista a Cenários. A questão climática, avisa, “é um jogo no qual ou todo mundo ganha ou todo mundo perde”. A seguir, os principais trechos da conversa:

A Suzano criou na China um hub de inovabilidade. O que é, e como funciona?

É a visão de futuro da empresa, uma conexão entre inovação e sustentabilidade. Ano que vem, completamos 100 anos e a inovação está no nosso DNA, assim como a sustentabilidade. A China será uma das fronteiras de crescimento nos próximos tempos – e, inevitavelmente, a maior economia do planeta. O hub é para marcar uma forte presença, com uma relação comercial construída nos últimos 40 anos.

Em suma, é uma estratégia global da empresa...

Sim. Também temos hubs de inovabilidade em Israel e no Canadá. Nós acreditamos na busca de ideias ligadas à academia. Atualmente, exportamos para 110 países – ou seja, cerca de 2 bilhões de pessoas consomem nossos produtos. São cerca de 18% do mercado global de celulose, com forte participação nos mercados americano, europeu e chinês. Em 2024, vamos inaugurar uma nova fábrica em Mato Grosso do Sul com capacidade para mais 2,5 milhões de toneladas de celulose. O maior investimento privado do Brasil, de R$ 22 bilhões.

Walter Schalka, presidente da Suzano, defende sustentabilidade como fundamental para o futuro dos negócios Foto: FELIPE RAU / ESTADÃO

O preço da celulose está em queda. Como funciona esse ciclo para vocês?

A celulose é uma commodity com variação de preço como qualquer outra. Hoje, plantamos 1,2 milhão de árvores a cada dia, aumentando a base fundiária e florestal para atender às demandas do mercado. Nos 11 anos em que estou na Suzano, esse é o quarto ciclo de queda de preço que eu vivencio. Ele desce de elevador e depois sobe de escada. Nesse momento, subimos gradativamente.

Como foi essa caminhada da Suzano para se tornar a maior do mundo no setor?

A competitividade é base fundamental desse crescimento. Hoje, a média de custo da celulose pela Suzano é da ordem de US$ 180 por tonelada, enquanto nossos players europeus estão em US$ 550; os chineses, em US$ 580; e os canadenses, em US$ 600. Esse diferencial competitivo começa no plantio das nossas árvores e continua nas fábricas ultramodernas e numa logística muito bem preparada. Esse nível de competitividade leva a uma geração de caixa constante. E reinvestimos 90% dessa geração, preparando o futuro. Já inauguramos uma fábrica na Finlândia com uma startup de lá. E outro passo que precisa de mais maturidade tecnológica é o do biocombustível.

Sim. E, no geral, de que modo a Suzano trata a questão da sustentabilidade?

Acreditamos que, com o plantio das árvores – eminentemente, o eucalipto –, podemos transformar a sociedade global. O mundo da sustentabilidade é o da colaboração. O problema mais relevante é a crise climática. É inexorável que temos de diminuir nossas emissões no planeta. Já estamos no lado certo da equação, somos ‘carbono-negativo’, auditados por certificadoras internacionais. Tem outro eixo muito importante, que é a biodiversidade: temos um milhão de hectares de áreas nativas e vamos interligar metade disso a um milhão de hectares com corredores de biodiversidade.

À luz da COP de Glasgow, que outros compromissos tem com a Agenda 2030?

Além da questão climática, a diminuição da pobreza. Nossa meta é tirar 200 mil pessoas da pobreza até 2030, fazendo com que elas tenham renda sustentável. Não é filantropia, é renda sustentável. Poucas pessoas sabem, mas a Suzano é a maior produtora de mel do Brasil – e a receita disso é inteiramente destinada às comunidades. Elas trabalham com nosso eucalipto, nós fornecemos as roupas e equipamentos, e ajudamos com a distribuição desse mel que gera renda a partir de cooperativas. No total, investimos cerca de R$ 100 milhões por ano em programas sociais.

Governo à parte, qual é, a seu ver, o papel da iniciativa privada na busca da sustentabilidade?

Aprendi ao longo do tempo que a responsabilidade da empresa vai além da nossa cerca. Essa ficha caiu há muito tempo, só que agora tem as três letrinhas, ESG. Não é só função dos governos, se trata de um jogo com 8 bilhões de pessoas, onde ou todos ganham ou todos perdem. Nós também temos a responsabilidade de assumir as questões como a crise climática, a da pobreza e a da diversidade. De criar um mundo melhor para essas 8 bilhões de pessoas.

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