Cinco pontos citados pelo CEO da Vale em sua primeira entrevista


Transição energética, controle de custos e negociações com o governo foram abordadas por Gustavo Pimenta um dia após a divulgação dos resultados do 3º trimestre e no dia do acordo de Mariana

Por Denise Luna e Altamiro Silva Junior
Atualização:

RIO E SÃO PAULO - Em sua primeira videoconferência com analistas para comentar os resultados da Vale como presidente da empresa, nesta sexta-feira, 25, um dia após a divulgação do balanço do terceiro trimestre, Gustavo Pimenta deixou claro as suas prioridades. Falou sobre temas estratégicos para a companhia, como as apostas para aumentar a participação na transição energética. Ressaltou a busca de corte de custos, tema a que já se dedicava no cargo anterior, como vice-presidente financeiro. Abordou também a questão de negociações com o governo federal de temas pendentes, como a renovação de concessão de trens, e celebrou o fim de um impasse de quase nove anos, no dia da assinatura do acordo de Mariana, além de falar sobre a política em relação a outras barragens. Confira abaixo o que o CEO falou sobre cinco temas.

Apostas em metais da transição energética

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Pimenta disse que a mineradora quer ser líder no segmento de metais da transição energética, como cobre e níquel. A meta, segundo o CEO, é melhorar o mix desses produtos e acelerar o crescimento da produção principalmente de cobre, com custos cada vez menores.

“Reduzimos mais uma vez o guidance (tendência) do custo all-in (o custo total para um cliente) do cobre”, informou Pimenta, ressaltando que prevê entregar o guidance de produção de 2024 no limite superior.

A Vale atualizou a sua estimativa de custo all-in de cobre em 2024 para entre US$ 2.900 e US$ 3.300 por tonelada. A projeção anterior girava entre US$ 3.300 e US$ 3.800.

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Sobre o níquel, metal crítico para a transição energética, o executivo afirmou que há um espaço grande no mercado. “Mas a gente precisa ter o portfólio correto de níquel, a depender das condições de mercado, sendo flexível para navegar por qualquer ciclo também”, disse Pimenta.

De acordo com o CEO da Vale Metais Básicos, Shaun Usmar, a Vale já tem passado por algumas melhorias no custo unitário do níquel, tem manutenções programadas e ressaltou que estão sendo feitos investimentos na área.

Pimenta quer 'levar a companhia para a parte inferior da curva de custos' Foto: Divulgação/Vale
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Corte de custos

Pimenta disse que o objetivo é levar a companhia para a parte inferior da curva de custos.

“Quanto mais eu olho a nossa base de custo mais confiante estou na nossa condição de chegar nesse guidance (abaixo de US$ 20 a tonelada até 2025), vai ser uma prioridade-chave para mim. Temos visto muita melhoria na nossa capacidade de retirar custos do sistema operando melhor”, disse Pimenta, citando ainda programas de eficiência concomitantes que a companhia está fazendo “e que também estão amadurecendo”.

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“Estamos partindo para o nosso sólido progresso para desenvolver a Visão Vale 2030, que pretendemos detalhar no nosso Vale Day no início de dezembro”, disse Pimenta, ressaltando que o movimento parte de três pilares.

O primeiro pilar é a manutenção do foco em segurança e excelência operacional para melhorar a competitividade; o segundo se refere a um portfólio superior, “vamos acelerar a nossa estratégia de minério ferro premium”; e o terceiro é mostrar aos stakeholders (públicos de interesse) que a empresa é confiável.

Nosso objetivo é produzir cerca de 350 milhões de toneladas de ferro, dos quais 80% a 90% serão produtos de alta qualidade”, informou. “Temos uma plataforma única de metais básicos com chance de crescimento muito grande”, adicionou.

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Acordo de Mariana

Ao falar sobre o acordo de reparação da tragédia ocorrida em 2015 em Mariana (MG), assinado nesta sexta-feira, 25, o CEO da Vale reafirmou que a jurisdição correta de negociação é o Brasil (e não o Reino Unido, onde corre um julgamento relativo à empresa BHP, sócia da Vale na Samarco, cuja represa se rompeu na cidade mineira).

“A decisão de se assinar o acordo hoje é um passo importantíssimo, nós sempre acreditamos, e hoje conseguimos corroborar isso, que a jurisdição correta para se fazer o acordo é o Brasil e conseguimos isso de forma exitosa”, afirmou, durante videoconferência com analista para comentar o resultado do terceiro trimestre do ano.

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O governo federal formalizou no evento o compromisso firmado com as empresas para o pagamento de R$ 100 bilhões em recursos novos destinados a políticas de reparação socioambientais. Esse valor será destinado ao Poder Público ao longo de 20 anos.

Além disso, há R$ 32 bilhões em obrigações a fazer, diretamente pelas empresas. Ou seja, são R$ 132 bilhões em valores novos e R$ 38 bilhões já desembolsados via Fundação Renova, totalizando o valor global de R$ 170 bilhões.

Eliminação de barragens à montante

Pimenta afirmou que a mineradora segue com a meta de eliminar todas as barragens à montante (esse tipo de barragem tem os seus rejeitos depositados nela mesmo, formando uma “praia” de resíduos da mineração) no Brasil, e afirmou que o acordo oficializado nesta sexta-feira com o governo, em Brasília, sobre o total de R$ 170 bilhões para reparação dos danos decorrentes da tragédia de Mariana, Minas Gerais, foi uma solução benéfica para todos.

“O dia de hoje marca capítulo importante da nossa história, com assinatura do acordo, que reforça o compromisso da Vale com a reparação justa. Chegamos a uma solução benéfica para todas as partes. O acordo de Marina confirma que instituições brasileiras são sólidas”, disse Pimenta.

Renovação de concessões de trens

A mineradora e o governo, segundo Pimenta, estão avançando nas conversas para a renovação das concessões dos trens usados pela mineradora. A expectativa é de que haja uma solução para o caso até o final deste ano.

“Temos avançado”, disse Pimenta, ao responder a uma pergunta de um analista na teleconferência de resultados. “Tem alguns procedimentos jurídicos que devem ser seguidos. Mas esperamos que até o final do ano a gente consiga resolver essa discussão.”

Na terça-feira,, 22, o ministro dos Transportes, Renan Filho, disse que o governo federal está próximo de fechar o acordo com a Vale para o pagamento de outorgas não quitadas na renovação antecipada de ferrovias. “Será neste ano com certeza”, afirmou ao Estadão/Broadcast.

A mesa de negociações foi formada no início do ano e, em maio, conforme antecipou o Estadão/Broadcast, a companhia apresentou a proposta de R$ 16 bilhões. O governo, que inicialmente cobrava R$ 25,7 bilhões, pediu uma nova proposta à companhia. O novo valor, segundo Renan Filho, é próximo de R$ 20 bilhões.

RIO E SÃO PAULO - Em sua primeira videoconferência com analistas para comentar os resultados da Vale como presidente da empresa, nesta sexta-feira, 25, um dia após a divulgação do balanço do terceiro trimestre, Gustavo Pimenta deixou claro as suas prioridades. Falou sobre temas estratégicos para a companhia, como as apostas para aumentar a participação na transição energética. Ressaltou a busca de corte de custos, tema a que já se dedicava no cargo anterior, como vice-presidente financeiro. Abordou também a questão de negociações com o governo federal de temas pendentes, como a renovação de concessão de trens, e celebrou o fim de um impasse de quase nove anos, no dia da assinatura do acordo de Mariana, além de falar sobre a política em relação a outras barragens. Confira abaixo o que o CEO falou sobre cinco temas.

Apostas em metais da transição energética

Pimenta disse que a mineradora quer ser líder no segmento de metais da transição energética, como cobre e níquel. A meta, segundo o CEO, é melhorar o mix desses produtos e acelerar o crescimento da produção principalmente de cobre, com custos cada vez menores.

“Reduzimos mais uma vez o guidance (tendência) do custo all-in (o custo total para um cliente) do cobre”, informou Pimenta, ressaltando que prevê entregar o guidance de produção de 2024 no limite superior.

A Vale atualizou a sua estimativa de custo all-in de cobre em 2024 para entre US$ 2.900 e US$ 3.300 por tonelada. A projeção anterior girava entre US$ 3.300 e US$ 3.800.

Sobre o níquel, metal crítico para a transição energética, o executivo afirmou que há um espaço grande no mercado. “Mas a gente precisa ter o portfólio correto de níquel, a depender das condições de mercado, sendo flexível para navegar por qualquer ciclo também”, disse Pimenta.

De acordo com o CEO da Vale Metais Básicos, Shaun Usmar, a Vale já tem passado por algumas melhorias no custo unitário do níquel, tem manutenções programadas e ressaltou que estão sendo feitos investimentos na área.

Pimenta quer 'levar a companhia para a parte inferior da curva de custos' Foto: Divulgação/Vale

Corte de custos

Pimenta disse que o objetivo é levar a companhia para a parte inferior da curva de custos.

“Quanto mais eu olho a nossa base de custo mais confiante estou na nossa condição de chegar nesse guidance (abaixo de US$ 20 a tonelada até 2025), vai ser uma prioridade-chave para mim. Temos visto muita melhoria na nossa capacidade de retirar custos do sistema operando melhor”, disse Pimenta, citando ainda programas de eficiência concomitantes que a companhia está fazendo “e que também estão amadurecendo”.

“Estamos partindo para o nosso sólido progresso para desenvolver a Visão Vale 2030, que pretendemos detalhar no nosso Vale Day no início de dezembro”, disse Pimenta, ressaltando que o movimento parte de três pilares.

O primeiro pilar é a manutenção do foco em segurança e excelência operacional para melhorar a competitividade; o segundo se refere a um portfólio superior, “vamos acelerar a nossa estratégia de minério ferro premium”; e o terceiro é mostrar aos stakeholders (públicos de interesse) que a empresa é confiável.

Nosso objetivo é produzir cerca de 350 milhões de toneladas de ferro, dos quais 80% a 90% serão produtos de alta qualidade”, informou. “Temos uma plataforma única de metais básicos com chance de crescimento muito grande”, adicionou.

Acordo de Mariana

Ao falar sobre o acordo de reparação da tragédia ocorrida em 2015 em Mariana (MG), assinado nesta sexta-feira, 25, o CEO da Vale reafirmou que a jurisdição correta de negociação é o Brasil (e não o Reino Unido, onde corre um julgamento relativo à empresa BHP, sócia da Vale na Samarco, cuja represa se rompeu na cidade mineira).

“A decisão de se assinar o acordo hoje é um passo importantíssimo, nós sempre acreditamos, e hoje conseguimos corroborar isso, que a jurisdição correta para se fazer o acordo é o Brasil e conseguimos isso de forma exitosa”, afirmou, durante videoconferência com analista para comentar o resultado do terceiro trimestre do ano.

O governo federal formalizou no evento o compromisso firmado com as empresas para o pagamento de R$ 100 bilhões em recursos novos destinados a políticas de reparação socioambientais. Esse valor será destinado ao Poder Público ao longo de 20 anos.

Além disso, há R$ 32 bilhões em obrigações a fazer, diretamente pelas empresas. Ou seja, são R$ 132 bilhões em valores novos e R$ 38 bilhões já desembolsados via Fundação Renova, totalizando o valor global de R$ 170 bilhões.

Eliminação de barragens à montante

Pimenta afirmou que a mineradora segue com a meta de eliminar todas as barragens à montante (esse tipo de barragem tem os seus rejeitos depositados nela mesmo, formando uma “praia” de resíduos da mineração) no Brasil, e afirmou que o acordo oficializado nesta sexta-feira com o governo, em Brasília, sobre o total de R$ 170 bilhões para reparação dos danos decorrentes da tragédia de Mariana, Minas Gerais, foi uma solução benéfica para todos.

“O dia de hoje marca capítulo importante da nossa história, com assinatura do acordo, que reforça o compromisso da Vale com a reparação justa. Chegamos a uma solução benéfica para todas as partes. O acordo de Marina confirma que instituições brasileiras são sólidas”, disse Pimenta.

Renovação de concessões de trens

A mineradora e o governo, segundo Pimenta, estão avançando nas conversas para a renovação das concessões dos trens usados pela mineradora. A expectativa é de que haja uma solução para o caso até o final deste ano.

“Temos avançado”, disse Pimenta, ao responder a uma pergunta de um analista na teleconferência de resultados. “Tem alguns procedimentos jurídicos que devem ser seguidos. Mas esperamos que até o final do ano a gente consiga resolver essa discussão.”

Na terça-feira,, 22, o ministro dos Transportes, Renan Filho, disse que o governo federal está próximo de fechar o acordo com a Vale para o pagamento de outorgas não quitadas na renovação antecipada de ferrovias. “Será neste ano com certeza”, afirmou ao Estadão/Broadcast.

A mesa de negociações foi formada no início do ano e, em maio, conforme antecipou o Estadão/Broadcast, a companhia apresentou a proposta de R$ 16 bilhões. O governo, que inicialmente cobrava R$ 25,7 bilhões, pediu uma nova proposta à companhia. O novo valor, segundo Renan Filho, é próximo de R$ 20 bilhões.

RIO E SÃO PAULO - Em sua primeira videoconferência com analistas para comentar os resultados da Vale como presidente da empresa, nesta sexta-feira, 25, um dia após a divulgação do balanço do terceiro trimestre, Gustavo Pimenta deixou claro as suas prioridades. Falou sobre temas estratégicos para a companhia, como as apostas para aumentar a participação na transição energética. Ressaltou a busca de corte de custos, tema a que já se dedicava no cargo anterior, como vice-presidente financeiro. Abordou também a questão de negociações com o governo federal de temas pendentes, como a renovação de concessão de trens, e celebrou o fim de um impasse de quase nove anos, no dia da assinatura do acordo de Mariana, além de falar sobre a política em relação a outras barragens. Confira abaixo o que o CEO falou sobre cinco temas.

Apostas em metais da transição energética

Pimenta disse que a mineradora quer ser líder no segmento de metais da transição energética, como cobre e níquel. A meta, segundo o CEO, é melhorar o mix desses produtos e acelerar o crescimento da produção principalmente de cobre, com custos cada vez menores.

“Reduzimos mais uma vez o guidance (tendência) do custo all-in (o custo total para um cliente) do cobre”, informou Pimenta, ressaltando que prevê entregar o guidance de produção de 2024 no limite superior.

A Vale atualizou a sua estimativa de custo all-in de cobre em 2024 para entre US$ 2.900 e US$ 3.300 por tonelada. A projeção anterior girava entre US$ 3.300 e US$ 3.800.

Sobre o níquel, metal crítico para a transição energética, o executivo afirmou que há um espaço grande no mercado. “Mas a gente precisa ter o portfólio correto de níquel, a depender das condições de mercado, sendo flexível para navegar por qualquer ciclo também”, disse Pimenta.

De acordo com o CEO da Vale Metais Básicos, Shaun Usmar, a Vale já tem passado por algumas melhorias no custo unitário do níquel, tem manutenções programadas e ressaltou que estão sendo feitos investimentos na área.

Pimenta quer 'levar a companhia para a parte inferior da curva de custos' Foto: Divulgação/Vale

Corte de custos

Pimenta disse que o objetivo é levar a companhia para a parte inferior da curva de custos.

“Quanto mais eu olho a nossa base de custo mais confiante estou na nossa condição de chegar nesse guidance (abaixo de US$ 20 a tonelada até 2025), vai ser uma prioridade-chave para mim. Temos visto muita melhoria na nossa capacidade de retirar custos do sistema operando melhor”, disse Pimenta, citando ainda programas de eficiência concomitantes que a companhia está fazendo “e que também estão amadurecendo”.

“Estamos partindo para o nosso sólido progresso para desenvolver a Visão Vale 2030, que pretendemos detalhar no nosso Vale Day no início de dezembro”, disse Pimenta, ressaltando que o movimento parte de três pilares.

O primeiro pilar é a manutenção do foco em segurança e excelência operacional para melhorar a competitividade; o segundo se refere a um portfólio superior, “vamos acelerar a nossa estratégia de minério ferro premium”; e o terceiro é mostrar aos stakeholders (públicos de interesse) que a empresa é confiável.

Nosso objetivo é produzir cerca de 350 milhões de toneladas de ferro, dos quais 80% a 90% serão produtos de alta qualidade”, informou. “Temos uma plataforma única de metais básicos com chance de crescimento muito grande”, adicionou.

Acordo de Mariana

Ao falar sobre o acordo de reparação da tragédia ocorrida em 2015 em Mariana (MG), assinado nesta sexta-feira, 25, o CEO da Vale reafirmou que a jurisdição correta de negociação é o Brasil (e não o Reino Unido, onde corre um julgamento relativo à empresa BHP, sócia da Vale na Samarco, cuja represa se rompeu na cidade mineira).

“A decisão de se assinar o acordo hoje é um passo importantíssimo, nós sempre acreditamos, e hoje conseguimos corroborar isso, que a jurisdição correta para se fazer o acordo é o Brasil e conseguimos isso de forma exitosa”, afirmou, durante videoconferência com analista para comentar o resultado do terceiro trimestre do ano.

O governo federal formalizou no evento o compromisso firmado com as empresas para o pagamento de R$ 100 bilhões em recursos novos destinados a políticas de reparação socioambientais. Esse valor será destinado ao Poder Público ao longo de 20 anos.

Além disso, há R$ 32 bilhões em obrigações a fazer, diretamente pelas empresas. Ou seja, são R$ 132 bilhões em valores novos e R$ 38 bilhões já desembolsados via Fundação Renova, totalizando o valor global de R$ 170 bilhões.

Eliminação de barragens à montante

Pimenta afirmou que a mineradora segue com a meta de eliminar todas as barragens à montante (esse tipo de barragem tem os seus rejeitos depositados nela mesmo, formando uma “praia” de resíduos da mineração) no Brasil, e afirmou que o acordo oficializado nesta sexta-feira com o governo, em Brasília, sobre o total de R$ 170 bilhões para reparação dos danos decorrentes da tragédia de Mariana, Minas Gerais, foi uma solução benéfica para todos.

“O dia de hoje marca capítulo importante da nossa história, com assinatura do acordo, que reforça o compromisso da Vale com a reparação justa. Chegamos a uma solução benéfica para todas as partes. O acordo de Marina confirma que instituições brasileiras são sólidas”, disse Pimenta.

Renovação de concessões de trens

A mineradora e o governo, segundo Pimenta, estão avançando nas conversas para a renovação das concessões dos trens usados pela mineradora. A expectativa é de que haja uma solução para o caso até o final deste ano.

“Temos avançado”, disse Pimenta, ao responder a uma pergunta de um analista na teleconferência de resultados. “Tem alguns procedimentos jurídicos que devem ser seguidos. Mas esperamos que até o final do ano a gente consiga resolver essa discussão.”

Na terça-feira,, 22, o ministro dos Transportes, Renan Filho, disse que o governo federal está próximo de fechar o acordo com a Vale para o pagamento de outorgas não quitadas na renovação antecipada de ferrovias. “Será neste ano com certeza”, afirmou ao Estadão/Broadcast.

A mesa de negociações foi formada no início do ano e, em maio, conforme antecipou o Estadão/Broadcast, a companhia apresentou a proposta de R$ 16 bilhões. O governo, que inicialmente cobrava R$ 25,7 bilhões, pediu uma nova proposta à companhia. O novo valor, segundo Renan Filho, é próximo de R$ 20 bilhões.

RIO E SÃO PAULO - Em sua primeira videoconferência com analistas para comentar os resultados da Vale como presidente da empresa, nesta sexta-feira, 25, um dia após a divulgação do balanço do terceiro trimestre, Gustavo Pimenta deixou claro as suas prioridades. Falou sobre temas estratégicos para a companhia, como as apostas para aumentar a participação na transição energética. Ressaltou a busca de corte de custos, tema a que já se dedicava no cargo anterior, como vice-presidente financeiro. Abordou também a questão de negociações com o governo federal de temas pendentes, como a renovação de concessão de trens, e celebrou o fim de um impasse de quase nove anos, no dia da assinatura do acordo de Mariana, além de falar sobre a política em relação a outras barragens. Confira abaixo o que o CEO falou sobre cinco temas.

Apostas em metais da transição energética

Pimenta disse que a mineradora quer ser líder no segmento de metais da transição energética, como cobre e níquel. A meta, segundo o CEO, é melhorar o mix desses produtos e acelerar o crescimento da produção principalmente de cobre, com custos cada vez menores.

“Reduzimos mais uma vez o guidance (tendência) do custo all-in (o custo total para um cliente) do cobre”, informou Pimenta, ressaltando que prevê entregar o guidance de produção de 2024 no limite superior.

A Vale atualizou a sua estimativa de custo all-in de cobre em 2024 para entre US$ 2.900 e US$ 3.300 por tonelada. A projeção anterior girava entre US$ 3.300 e US$ 3.800.

Sobre o níquel, metal crítico para a transição energética, o executivo afirmou que há um espaço grande no mercado. “Mas a gente precisa ter o portfólio correto de níquel, a depender das condições de mercado, sendo flexível para navegar por qualquer ciclo também”, disse Pimenta.

De acordo com o CEO da Vale Metais Básicos, Shaun Usmar, a Vale já tem passado por algumas melhorias no custo unitário do níquel, tem manutenções programadas e ressaltou que estão sendo feitos investimentos na área.

Pimenta quer 'levar a companhia para a parte inferior da curva de custos' Foto: Divulgação/Vale

Corte de custos

Pimenta disse que o objetivo é levar a companhia para a parte inferior da curva de custos.

“Quanto mais eu olho a nossa base de custo mais confiante estou na nossa condição de chegar nesse guidance (abaixo de US$ 20 a tonelada até 2025), vai ser uma prioridade-chave para mim. Temos visto muita melhoria na nossa capacidade de retirar custos do sistema operando melhor”, disse Pimenta, citando ainda programas de eficiência concomitantes que a companhia está fazendo “e que também estão amadurecendo”.

“Estamos partindo para o nosso sólido progresso para desenvolver a Visão Vale 2030, que pretendemos detalhar no nosso Vale Day no início de dezembro”, disse Pimenta, ressaltando que o movimento parte de três pilares.

O primeiro pilar é a manutenção do foco em segurança e excelência operacional para melhorar a competitividade; o segundo se refere a um portfólio superior, “vamos acelerar a nossa estratégia de minério ferro premium”; e o terceiro é mostrar aos stakeholders (públicos de interesse) que a empresa é confiável.

Nosso objetivo é produzir cerca de 350 milhões de toneladas de ferro, dos quais 80% a 90% serão produtos de alta qualidade”, informou. “Temos uma plataforma única de metais básicos com chance de crescimento muito grande”, adicionou.

Acordo de Mariana

Ao falar sobre o acordo de reparação da tragédia ocorrida em 2015 em Mariana (MG), assinado nesta sexta-feira, 25, o CEO da Vale reafirmou que a jurisdição correta de negociação é o Brasil (e não o Reino Unido, onde corre um julgamento relativo à empresa BHP, sócia da Vale na Samarco, cuja represa se rompeu na cidade mineira).

“A decisão de se assinar o acordo hoje é um passo importantíssimo, nós sempre acreditamos, e hoje conseguimos corroborar isso, que a jurisdição correta para se fazer o acordo é o Brasil e conseguimos isso de forma exitosa”, afirmou, durante videoconferência com analista para comentar o resultado do terceiro trimestre do ano.

O governo federal formalizou no evento o compromisso firmado com as empresas para o pagamento de R$ 100 bilhões em recursos novos destinados a políticas de reparação socioambientais. Esse valor será destinado ao Poder Público ao longo de 20 anos.

Além disso, há R$ 32 bilhões em obrigações a fazer, diretamente pelas empresas. Ou seja, são R$ 132 bilhões em valores novos e R$ 38 bilhões já desembolsados via Fundação Renova, totalizando o valor global de R$ 170 bilhões.

Eliminação de barragens à montante

Pimenta afirmou que a mineradora segue com a meta de eliminar todas as barragens à montante (esse tipo de barragem tem os seus rejeitos depositados nela mesmo, formando uma “praia” de resíduos da mineração) no Brasil, e afirmou que o acordo oficializado nesta sexta-feira com o governo, em Brasília, sobre o total de R$ 170 bilhões para reparação dos danos decorrentes da tragédia de Mariana, Minas Gerais, foi uma solução benéfica para todos.

“O dia de hoje marca capítulo importante da nossa história, com assinatura do acordo, que reforça o compromisso da Vale com a reparação justa. Chegamos a uma solução benéfica para todas as partes. O acordo de Marina confirma que instituições brasileiras são sólidas”, disse Pimenta.

Renovação de concessões de trens

A mineradora e o governo, segundo Pimenta, estão avançando nas conversas para a renovação das concessões dos trens usados pela mineradora. A expectativa é de que haja uma solução para o caso até o final deste ano.

“Temos avançado”, disse Pimenta, ao responder a uma pergunta de um analista na teleconferência de resultados. “Tem alguns procedimentos jurídicos que devem ser seguidos. Mas esperamos que até o final do ano a gente consiga resolver essa discussão.”

Na terça-feira,, 22, o ministro dos Transportes, Renan Filho, disse que o governo federal está próximo de fechar o acordo com a Vale para o pagamento de outorgas não quitadas na renovação antecipada de ferrovias. “Será neste ano com certeza”, afirmou ao Estadão/Broadcast.

A mesa de negociações foi formada no início do ano e, em maio, conforme antecipou o Estadão/Broadcast, a companhia apresentou a proposta de R$ 16 bilhões. O governo, que inicialmente cobrava R$ 25,7 bilhões, pediu uma nova proposta à companhia. O novo valor, segundo Renan Filho, é próximo de R$ 20 bilhões.

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