O preço médio da cesta básica aumentou em setembro, em relação ao mês anterior, em 11 das 16 capitais brasileiras pesquisadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Segundo a Pesquisa Nacional de Cesta Básica, divulgada nesta quarta-feira pela instituição, a elevações mais significativas no conjunto de produtos alimentícios essenciais ocorreram no Rio de Janeiro (5,22%) e nas capitais da Região Sul do País: Florianópolis (3,69%), Porto Alegre (3,47%) e Curitiba (2,51%). O comportamento, em setembro, pôs fim a uma seqüência de três meses em que o preço médio da cesta básica diminuiu em 14 das 16 capitais pesquisadas pelo Dieese. No mês passado, São Paulo, com 1,46%, Brasília, com 0,48%, e Belo Horizonte, com 0,58%, também seguiram a tendência de alta. Na outra ponta, somente cinco capitais apresentaram recuo no preço da cesta: Belém (-0,58%), João Pessoa (-0,75%), Aracaju (-0,82%), Natal (-1,02%) e Fortaleza, com a baixa mais expressiva, de 2,56%. Apesar do movimento de alta verificado em setembro, todas as 16 capitais pesquisadas acumularam, entre janeiro e setembro de 2006, variações negativas. As quedas mais expressivas registraram-se em Curitiba (-10,49%), Aracaju (-9,82%) e Vitória (-9,55%). A menor retração ocorreu em Salvador (-0,76%). São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília apresentaram declínios de 6,18%, 8,29% e 8,37%, respectivamente. Nos últimos 12 meses até setembro, o recuo no preço dos produtos básicos foi verificado em seis localidades, com destaque para Fortaleza (-4,75%), Aracaju (-1,56%) e Natal (-1,28%). Salvador (5,43%), Florianópolis (4,52%) e Belo Horizonte (4,00%) registraram os maiores aumentos no período. Em São Paulo, a cesta acumulou queda de 0,14%, enquanto, no Rio de Janeiro, houve alta de 0,95% e, em Brasília, de 2,28%. Porto Alegre A cidade de Porto Alegre apresentou a cesta básica mais cara do País em setembro. Foi o terceiro mês consecutivo em que a capital gaúcha liderou o ranking, desta vez com preço médio de R$ 177,68, que representou alta de 3,47% sobre o valor de agosto. O segundo maior valor de setembro para a cesta foi apurado em São Paulo, onde os gêneros de primeira necessidade custaram R$ 172,10. Os menores valores foram verificados em Fortaleza (R$ 126,15) e Natal (R$ 129,92). Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte apresentaram preços médios de R$ 163,33, R$ 162,36 e R$ 161,17, respectivamente. Salário mínimo O Dieese destacou que, com base no maior valor apurado para a cesta, em Porto Alegre, e levando em consideração o preceito constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para garantir as despesas familiares com alimentação, moradia, saúde, transportes, educação, vestuário, higiene, lazer e previdência, calculou que o mínimo deveria ser de R$ 1.492,69 em setembro, ou 4,26 vezes maior que o piso vigente, de R$ 350. Em agosto, esta relação era um pouco menor, e o salário mínimo necessário equivalia a R$ 1.442,62, ou 4,12 vezes o piso. Segundo o Dieese, após sucessivos recuos no tempo de trabalho necessário para aqueles que ganham salário mínimo adquirirem a cesta básica, em setembro, a jornada a ser cumprida, na média das 16 capitais pesquisadas, registrou pequeno acréscimo, chegando a 93 horas e 32 minutos, contra 92 horas e 33 minutos apurados em agosto. Mesmo assim, a instituição salientou que esta é a segunda menor jornada verificada no ano. Em setembro de 2005, eram necessárias 108 horas e 6 minutos para comprar os mesmos itens. A mesma situação pode ser vista, se for considerado o salário mínimo líquido - após o desconto da parcela referente à Previdência Social. Neste caso, a compra da cesta básica exigia, em setembro, 46,04% do rendimento líquido, enquanto em agosto necessitava 45,55%. Em setembro do ano passado eram comprometidos, em média, 53,20% do salário mínimo líquido, conforme cálculos do Dieese. Carne bovina Entre os produtos, o de maior peso na cesta básica, a carne bovina, apresentou alta em 13 capitais. As mais expressivas foram constatadas no Rio de Janeiro (7,02%), Recife (6,39%), Florianópolis (5,77%) e São Paulo (4,45%), enquanto as reduções ocorreram em Vitória (-0,36%), Porto Alegre (-1,16%) e Salvador (-1,22%). No acumulado do ano, a carne subiu em 14 localidades, com destaque para Florianópolis (11,86%), Recife (11,81%) e Brasília (10,14%). As reduções foram observadas em Belém (-0,13%) e Fortaleza (-3,79%). Na avaliação do Dieese, o fim da entressafra deve permitir redução no preço da carne. Entretanto, o aumento das exportações poderá retardar este barateamento. No mês passado, outros produtos de destaque que tiveram alta na maioria das capitais foram o pão, em oito cidades; e o tomate e o café, em dez municípios. Feijão Dentre os produtos em que houve predomínio de queda no preço, o destaque foi o feijão, que ficou mais barato em 13 capitais. As reduções mais expressivas ocorreram em Salvador (-12,50%), Natal (-11,37%), Aracaju (-8,94%), Vitória (-7,48%) e Rio de Janeiro (-6,89%). As altas foram anotadas em Belo Horizonte (4,60%), Florianópolis (1,44%) e Brasília (1,38%). Nos últimos 12 meses, o feijão ficou mais barato em todas as 16 capitais, com variações entre -2,08%, em Fortaleza, e -30,94%, em Curitiba. Segundo o Dieese, as safras para reposição de estoque, dado o preço atraente, foram boas e com oferta suficiente para a espera da safra das águas, que está em fase de plantio.