‘Comam amargor’, diz Xi Jinping aos jovens chineses que não encontram emprego


Em meio ao desemprego recorde dos jovens, líder chinês diz que eles não podem se achar bons demais para trabalhos manuais ou para voltar ao campo

Por Li Yuan

The New York Times - Gloria Li está desesperada para encontrar um emprego. Prestes a terminar um mestrado em design gráfico, ela começou a procurar uma vaga no final do ano passado, na esperança de encontrar uma posição de nível básico que pague cerca de US$ 1 mil por mês em uma grande cidade no centro da China. As poucas ofertas que recebeu, no entanto, são estágios que pagam de US$ 200 a US$ 300 por mês, sem benefícios.

Durante dois dias de maio ela enviou mensagens para mais de 200 recrutadores e mandou seu currículo para 32 empresas - e marcou exatamente duas entrevistas. Ela disse que aceitaria qualquer oferta, incluindo vendas, um setor que antes relutava em considerar.

“Mais ou menos uma década atrás, a China era próspera e cheia de oportunidades”, disse ela, em entrevista por telefone. “Agora, mesmo que eu queira brigar por uma oportunidade, não sei para qual direção devo ir.”

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Xi Jinping (C) tem lembrado aos jovens que ele mesmo foi mandado para o campo durante a Revolução Cultural Foto: Wang Ye/EFE

Os jovens da China estão enfrentando um desemprego recorde, já que a recuperação do país após a pandemia da covid-19 está oscilando. É uma luta profissional e emocional. No entanto, o Partido Comunista e o principal líder do país, Xi Jinping, estão dizendo a eles para pararem de pensar que estão numa posição que os impede de fazer trabalhos manuais ou se mudar para o campo. Eles devem aprender a “comer amargor”, instruiu Xi, usando uma expressão coloquial que significa suportar as dificuldades.

Mas muitos jovens chineses não estão engolindo isso. Eles argumentam que estudaram muito para obter um diploma universitário ou de pós-graduação, apenas para encontrar um mercado de trabalho cada vez menor, escala salarial em queda e jornadas de trabalho mais longas. Agora o governo está dizendo a eles para aguentarem as dificuldades. Mas para quê?

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“Pedir para ‘comermos amargor’ é uma forma de esperar que nos dediquemos incondicionalmente e assumamos tarefas que eles próprios não estão dispostos a fazer”, disse Li.

Pessoas como Li foram ensinadas por seus pais e professores sobre as virtudes das dificuldades. Agora, eles estão ouvindo isso do chefe de Estado.

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“Os inúmeros casos de sucesso na vida demonstram que, na juventude, escolher comer amargor também é escolher colher recompensas”, disse Xi em um artigo de primeira página do jornal oficial Diário do Povo, no Dia da Juventude, em maio.

O artigo, sobre as expectativas de Xi em relação à geração jovem, mencionou cinco vezes “comer amargor”. Ele também exortou repetidamente os jovens a “buscarem dificuldades auto-infligidas”, usando sua própria experiência de trabalho no campo durante a Revolução Cultural chinesa - o movimento liderado por Mao Tsé-tung entre 1966 e 1976.

Desemprego recorde

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Um recorde de 11,6 milhões de universitários graduados estão entrando no mercado de trabalho chinês este ano, e 1 em cada 5 jovens está desempregado. A liderança da China espera persuadir uma geração que cresceu em meio à crescente prosperidade a aceitar uma realidade diferente.

A taxa de desemprego da juventude é uma estatística que o Partido Comunista Chinês leva a sério, porque acredita que jovens ociosos podem ameaçar seu governo. Mao Tsé-Tung enviou mais de 16 milhões de jovens urbanos, incluindo Xi, para trabalhar nos campos durante a Revolução Cultural. O retorno desses jovens desempregados às cidades após a Revolução, em parte, forçou o partido a abraçar o emprego informal ou empregos fora da economia planificada do estado.

Anúncios de empregos em Zhengzhou, na província de Henan Foto: Jason Lee/Reuters
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Hoje, a máquina de propaganda do partido está contando histórias sobre jovens que ganham uma vida decente entregando refeições, reciclando lixo, montando barracas de comida, pescando e cultivando. É uma forma de manipulação oficial, tentando desviar a responsabilidade do governo por suas políticas de esmagamento da economia, como reprimir o setor privado, impor restrições desnecessariamente severas na pandemia da covid e isolar os parceiros comerciais da China.

Para muitas pessoas, é uma luta emocional. Uma jovem de Xangai chamada Zhang, que se formou no ano passado em um mestrado em planejamento urbano, enviou 130 currículos e não conseguiu nenhuma oferta de emprego, apenas algumas entrevistas. Morando em um pequeno quarto de 30 metros quadrados, ela mal consegue sobreviver com uma renda mensal de menos de US$ 700 como tutora, em meio período.

“No meu ponto emocional mais baixo, desejei ser um robô”, disse ela. “Pensei comigo mesmo: se não tivesse emoções, não me sentiria desamparada, impotente e desapontada. Eu poderia continuar enviando currículos.”

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Mas ela percebeu que não deveria ser muito dura consigo mesma. Os problemas são maiores do que ela, que não acredita na conversa sobre “amargura alimentar”.

“Pedir-nos para suportar as dificuldades é tentar desviar o foco do crescimento econômico anêmico e da diminuição das oportunidades de trabalho”, disse Zhang, que, como a maioria das pessoas entrevistadas, quis ser identificada apenas com o sobrenome, por questões de segurança. Alguns outros querem ser identificados apenas com seus nomes em inglês.

Volta às fazendas

A mensagem do partido é eficaz com algumas pessoas. Guo, um analista de dados em Xangai que está desempregado desde o verão passado, disse que não quer culpar a pandemia ou o Partido Comunista por seu desemprego. Ele culpa sua própria falta de sorte e capacidade.

Guo cancelou seus jogos online e assinaturas de música. Para pagar as contas, entregou refeições em dezembro passado, trabalhando de 11 a 12 horas por dia. No final, ganhou pouco mais de US$ 700 por mês. Ele desistiu porque o trabalho era fisicamente muito exaustivo.

Em outras palavras, ele falhou em comer amargor.

Na hierarquizada sociedade chinesa, o trabalho no campo é considerado de menor valor Foto: Kim Kyung Hoon/Reuters

A instrução de Xi para se mudar para o campo está igualmente fora do radar dos jovens ou da própria realidade da China. Em dezembro, ele disse às autoridades “para orientar sistematicamente os graduados da faculdade para as áreas rurais”. No Dia da Juventude, algumas semanas atrás, ele respondeu a uma carta de um grupo de estudantes de agricultura que trabalham em áreas rurais, elogiando-os por “buscarem dificuldades auto-infligidas”. A carta, também publicada na primeira página do Diário do Povo, desencadeou discussões sobre se Xi iniciaria uma campanha no estilo maoísta para enviar jovens urbanos para o campo.

Tal política devastaria o sonho chinês de ascensão social que muitos jovens e seus pais tanto prezam.

Wang, ex-executivo de publicidade em Kunming, no sudoeste da China, está desempregado desde dezembro de 2021, depois que a pandemia atingiu fortemente seu setor. Ele conversou com seus pais, ambos fazendeiros, sobre voltar para a aldeia e começar uma fazenda de porcos. Mas eles foram veementemente contra a ideia. “Eles disseram que gastaram muito dinheiro com minha educação exatamente para que eu não me tornasse um fazendeiro”, disse.

Na hierarquizada sociedade chinesa, os trabalhos manuais são menosprezados. A agricultura ocupa uma posição ainda mais baixa, por causa da enorme diferença de riqueza entre as cidades e as áreas rurais. “As mulheres não pensariam em namorar comigo se soubessem que eu entrego refeições”, disse Wang. E ele se sairia ainda pior no mercado de casamentos caso se tornasse um fazendeiro.

The New York Times - Gloria Li está desesperada para encontrar um emprego. Prestes a terminar um mestrado em design gráfico, ela começou a procurar uma vaga no final do ano passado, na esperança de encontrar uma posição de nível básico que pague cerca de US$ 1 mil por mês em uma grande cidade no centro da China. As poucas ofertas que recebeu, no entanto, são estágios que pagam de US$ 200 a US$ 300 por mês, sem benefícios.

Durante dois dias de maio ela enviou mensagens para mais de 200 recrutadores e mandou seu currículo para 32 empresas - e marcou exatamente duas entrevistas. Ela disse que aceitaria qualquer oferta, incluindo vendas, um setor que antes relutava em considerar.

“Mais ou menos uma década atrás, a China era próspera e cheia de oportunidades”, disse ela, em entrevista por telefone. “Agora, mesmo que eu queira brigar por uma oportunidade, não sei para qual direção devo ir.”

Xi Jinping (C) tem lembrado aos jovens que ele mesmo foi mandado para o campo durante a Revolução Cultural Foto: Wang Ye/EFE

Os jovens da China estão enfrentando um desemprego recorde, já que a recuperação do país após a pandemia da covid-19 está oscilando. É uma luta profissional e emocional. No entanto, o Partido Comunista e o principal líder do país, Xi Jinping, estão dizendo a eles para pararem de pensar que estão numa posição que os impede de fazer trabalhos manuais ou se mudar para o campo. Eles devem aprender a “comer amargor”, instruiu Xi, usando uma expressão coloquial que significa suportar as dificuldades.

Mas muitos jovens chineses não estão engolindo isso. Eles argumentam que estudaram muito para obter um diploma universitário ou de pós-graduação, apenas para encontrar um mercado de trabalho cada vez menor, escala salarial em queda e jornadas de trabalho mais longas. Agora o governo está dizendo a eles para aguentarem as dificuldades. Mas para quê?

“Pedir para ‘comermos amargor’ é uma forma de esperar que nos dediquemos incondicionalmente e assumamos tarefas que eles próprios não estão dispostos a fazer”, disse Li.

Pessoas como Li foram ensinadas por seus pais e professores sobre as virtudes das dificuldades. Agora, eles estão ouvindo isso do chefe de Estado.

“Os inúmeros casos de sucesso na vida demonstram que, na juventude, escolher comer amargor também é escolher colher recompensas”, disse Xi em um artigo de primeira página do jornal oficial Diário do Povo, no Dia da Juventude, em maio.

O artigo, sobre as expectativas de Xi em relação à geração jovem, mencionou cinco vezes “comer amargor”. Ele também exortou repetidamente os jovens a “buscarem dificuldades auto-infligidas”, usando sua própria experiência de trabalho no campo durante a Revolução Cultural chinesa - o movimento liderado por Mao Tsé-tung entre 1966 e 1976.

Desemprego recorde

Um recorde de 11,6 milhões de universitários graduados estão entrando no mercado de trabalho chinês este ano, e 1 em cada 5 jovens está desempregado. A liderança da China espera persuadir uma geração que cresceu em meio à crescente prosperidade a aceitar uma realidade diferente.

A taxa de desemprego da juventude é uma estatística que o Partido Comunista Chinês leva a sério, porque acredita que jovens ociosos podem ameaçar seu governo. Mao Tsé-Tung enviou mais de 16 milhões de jovens urbanos, incluindo Xi, para trabalhar nos campos durante a Revolução Cultural. O retorno desses jovens desempregados às cidades após a Revolução, em parte, forçou o partido a abraçar o emprego informal ou empregos fora da economia planificada do estado.

Anúncios de empregos em Zhengzhou, na província de Henan Foto: Jason Lee/Reuters

Hoje, a máquina de propaganda do partido está contando histórias sobre jovens que ganham uma vida decente entregando refeições, reciclando lixo, montando barracas de comida, pescando e cultivando. É uma forma de manipulação oficial, tentando desviar a responsabilidade do governo por suas políticas de esmagamento da economia, como reprimir o setor privado, impor restrições desnecessariamente severas na pandemia da covid e isolar os parceiros comerciais da China.

Para muitas pessoas, é uma luta emocional. Uma jovem de Xangai chamada Zhang, que se formou no ano passado em um mestrado em planejamento urbano, enviou 130 currículos e não conseguiu nenhuma oferta de emprego, apenas algumas entrevistas. Morando em um pequeno quarto de 30 metros quadrados, ela mal consegue sobreviver com uma renda mensal de menos de US$ 700 como tutora, em meio período.

“No meu ponto emocional mais baixo, desejei ser um robô”, disse ela. “Pensei comigo mesmo: se não tivesse emoções, não me sentiria desamparada, impotente e desapontada. Eu poderia continuar enviando currículos.”

Mas ela percebeu que não deveria ser muito dura consigo mesma. Os problemas são maiores do que ela, que não acredita na conversa sobre “amargura alimentar”.

“Pedir-nos para suportar as dificuldades é tentar desviar o foco do crescimento econômico anêmico e da diminuição das oportunidades de trabalho”, disse Zhang, que, como a maioria das pessoas entrevistadas, quis ser identificada apenas com o sobrenome, por questões de segurança. Alguns outros querem ser identificados apenas com seus nomes em inglês.

Volta às fazendas

A mensagem do partido é eficaz com algumas pessoas. Guo, um analista de dados em Xangai que está desempregado desde o verão passado, disse que não quer culpar a pandemia ou o Partido Comunista por seu desemprego. Ele culpa sua própria falta de sorte e capacidade.

Guo cancelou seus jogos online e assinaturas de música. Para pagar as contas, entregou refeições em dezembro passado, trabalhando de 11 a 12 horas por dia. No final, ganhou pouco mais de US$ 700 por mês. Ele desistiu porque o trabalho era fisicamente muito exaustivo.

Em outras palavras, ele falhou em comer amargor.

Na hierarquizada sociedade chinesa, o trabalho no campo é considerado de menor valor Foto: Kim Kyung Hoon/Reuters

A instrução de Xi para se mudar para o campo está igualmente fora do radar dos jovens ou da própria realidade da China. Em dezembro, ele disse às autoridades “para orientar sistematicamente os graduados da faculdade para as áreas rurais”. No Dia da Juventude, algumas semanas atrás, ele respondeu a uma carta de um grupo de estudantes de agricultura que trabalham em áreas rurais, elogiando-os por “buscarem dificuldades auto-infligidas”. A carta, também publicada na primeira página do Diário do Povo, desencadeou discussões sobre se Xi iniciaria uma campanha no estilo maoísta para enviar jovens urbanos para o campo.

Tal política devastaria o sonho chinês de ascensão social que muitos jovens e seus pais tanto prezam.

Wang, ex-executivo de publicidade em Kunming, no sudoeste da China, está desempregado desde dezembro de 2021, depois que a pandemia atingiu fortemente seu setor. Ele conversou com seus pais, ambos fazendeiros, sobre voltar para a aldeia e começar uma fazenda de porcos. Mas eles foram veementemente contra a ideia. “Eles disseram que gastaram muito dinheiro com minha educação exatamente para que eu não me tornasse um fazendeiro”, disse.

Na hierarquizada sociedade chinesa, os trabalhos manuais são menosprezados. A agricultura ocupa uma posição ainda mais baixa, por causa da enorme diferença de riqueza entre as cidades e as áreas rurais. “As mulheres não pensariam em namorar comigo se soubessem que eu entrego refeições”, disse Wang. E ele se sairia ainda pior no mercado de casamentos caso se tornasse um fazendeiro.

The New York Times - Gloria Li está desesperada para encontrar um emprego. Prestes a terminar um mestrado em design gráfico, ela começou a procurar uma vaga no final do ano passado, na esperança de encontrar uma posição de nível básico que pague cerca de US$ 1 mil por mês em uma grande cidade no centro da China. As poucas ofertas que recebeu, no entanto, são estágios que pagam de US$ 200 a US$ 300 por mês, sem benefícios.

Durante dois dias de maio ela enviou mensagens para mais de 200 recrutadores e mandou seu currículo para 32 empresas - e marcou exatamente duas entrevistas. Ela disse que aceitaria qualquer oferta, incluindo vendas, um setor que antes relutava em considerar.

“Mais ou menos uma década atrás, a China era próspera e cheia de oportunidades”, disse ela, em entrevista por telefone. “Agora, mesmo que eu queira brigar por uma oportunidade, não sei para qual direção devo ir.”

Xi Jinping (C) tem lembrado aos jovens que ele mesmo foi mandado para o campo durante a Revolução Cultural Foto: Wang Ye/EFE

Os jovens da China estão enfrentando um desemprego recorde, já que a recuperação do país após a pandemia da covid-19 está oscilando. É uma luta profissional e emocional. No entanto, o Partido Comunista e o principal líder do país, Xi Jinping, estão dizendo a eles para pararem de pensar que estão numa posição que os impede de fazer trabalhos manuais ou se mudar para o campo. Eles devem aprender a “comer amargor”, instruiu Xi, usando uma expressão coloquial que significa suportar as dificuldades.

Mas muitos jovens chineses não estão engolindo isso. Eles argumentam que estudaram muito para obter um diploma universitário ou de pós-graduação, apenas para encontrar um mercado de trabalho cada vez menor, escala salarial em queda e jornadas de trabalho mais longas. Agora o governo está dizendo a eles para aguentarem as dificuldades. Mas para quê?

“Pedir para ‘comermos amargor’ é uma forma de esperar que nos dediquemos incondicionalmente e assumamos tarefas que eles próprios não estão dispostos a fazer”, disse Li.

Pessoas como Li foram ensinadas por seus pais e professores sobre as virtudes das dificuldades. Agora, eles estão ouvindo isso do chefe de Estado.

“Os inúmeros casos de sucesso na vida demonstram que, na juventude, escolher comer amargor também é escolher colher recompensas”, disse Xi em um artigo de primeira página do jornal oficial Diário do Povo, no Dia da Juventude, em maio.

O artigo, sobre as expectativas de Xi em relação à geração jovem, mencionou cinco vezes “comer amargor”. Ele também exortou repetidamente os jovens a “buscarem dificuldades auto-infligidas”, usando sua própria experiência de trabalho no campo durante a Revolução Cultural chinesa - o movimento liderado por Mao Tsé-tung entre 1966 e 1976.

Desemprego recorde

Um recorde de 11,6 milhões de universitários graduados estão entrando no mercado de trabalho chinês este ano, e 1 em cada 5 jovens está desempregado. A liderança da China espera persuadir uma geração que cresceu em meio à crescente prosperidade a aceitar uma realidade diferente.

A taxa de desemprego da juventude é uma estatística que o Partido Comunista Chinês leva a sério, porque acredita que jovens ociosos podem ameaçar seu governo. Mao Tsé-Tung enviou mais de 16 milhões de jovens urbanos, incluindo Xi, para trabalhar nos campos durante a Revolução Cultural. O retorno desses jovens desempregados às cidades após a Revolução, em parte, forçou o partido a abraçar o emprego informal ou empregos fora da economia planificada do estado.

Anúncios de empregos em Zhengzhou, na província de Henan Foto: Jason Lee/Reuters

Hoje, a máquina de propaganda do partido está contando histórias sobre jovens que ganham uma vida decente entregando refeições, reciclando lixo, montando barracas de comida, pescando e cultivando. É uma forma de manipulação oficial, tentando desviar a responsabilidade do governo por suas políticas de esmagamento da economia, como reprimir o setor privado, impor restrições desnecessariamente severas na pandemia da covid e isolar os parceiros comerciais da China.

Para muitas pessoas, é uma luta emocional. Uma jovem de Xangai chamada Zhang, que se formou no ano passado em um mestrado em planejamento urbano, enviou 130 currículos e não conseguiu nenhuma oferta de emprego, apenas algumas entrevistas. Morando em um pequeno quarto de 30 metros quadrados, ela mal consegue sobreviver com uma renda mensal de menos de US$ 700 como tutora, em meio período.

“No meu ponto emocional mais baixo, desejei ser um robô”, disse ela. “Pensei comigo mesmo: se não tivesse emoções, não me sentiria desamparada, impotente e desapontada. Eu poderia continuar enviando currículos.”

Mas ela percebeu que não deveria ser muito dura consigo mesma. Os problemas são maiores do que ela, que não acredita na conversa sobre “amargura alimentar”.

“Pedir-nos para suportar as dificuldades é tentar desviar o foco do crescimento econômico anêmico e da diminuição das oportunidades de trabalho”, disse Zhang, que, como a maioria das pessoas entrevistadas, quis ser identificada apenas com o sobrenome, por questões de segurança. Alguns outros querem ser identificados apenas com seus nomes em inglês.

Volta às fazendas

A mensagem do partido é eficaz com algumas pessoas. Guo, um analista de dados em Xangai que está desempregado desde o verão passado, disse que não quer culpar a pandemia ou o Partido Comunista por seu desemprego. Ele culpa sua própria falta de sorte e capacidade.

Guo cancelou seus jogos online e assinaturas de música. Para pagar as contas, entregou refeições em dezembro passado, trabalhando de 11 a 12 horas por dia. No final, ganhou pouco mais de US$ 700 por mês. Ele desistiu porque o trabalho era fisicamente muito exaustivo.

Em outras palavras, ele falhou em comer amargor.

Na hierarquizada sociedade chinesa, o trabalho no campo é considerado de menor valor Foto: Kim Kyung Hoon/Reuters

A instrução de Xi para se mudar para o campo está igualmente fora do radar dos jovens ou da própria realidade da China. Em dezembro, ele disse às autoridades “para orientar sistematicamente os graduados da faculdade para as áreas rurais”. No Dia da Juventude, algumas semanas atrás, ele respondeu a uma carta de um grupo de estudantes de agricultura que trabalham em áreas rurais, elogiando-os por “buscarem dificuldades auto-infligidas”. A carta, também publicada na primeira página do Diário do Povo, desencadeou discussões sobre se Xi iniciaria uma campanha no estilo maoísta para enviar jovens urbanos para o campo.

Tal política devastaria o sonho chinês de ascensão social que muitos jovens e seus pais tanto prezam.

Wang, ex-executivo de publicidade em Kunming, no sudoeste da China, está desempregado desde dezembro de 2021, depois que a pandemia atingiu fortemente seu setor. Ele conversou com seus pais, ambos fazendeiros, sobre voltar para a aldeia e começar uma fazenda de porcos. Mas eles foram veementemente contra a ideia. “Eles disseram que gastaram muito dinheiro com minha educação exatamente para que eu não me tornasse um fazendeiro”, disse.

Na hierarquizada sociedade chinesa, os trabalhos manuais são menosprezados. A agricultura ocupa uma posição ainda mais baixa, por causa da enorme diferença de riqueza entre as cidades e as áreas rurais. “As mulheres não pensariam em namorar comigo se soubessem que eu entrego refeições”, disse Wang. E ele se sairia ainda pior no mercado de casamentos caso se tornasse um fazendeiro.

The New York Times - Gloria Li está desesperada para encontrar um emprego. Prestes a terminar um mestrado em design gráfico, ela começou a procurar uma vaga no final do ano passado, na esperança de encontrar uma posição de nível básico que pague cerca de US$ 1 mil por mês em uma grande cidade no centro da China. As poucas ofertas que recebeu, no entanto, são estágios que pagam de US$ 200 a US$ 300 por mês, sem benefícios.

Durante dois dias de maio ela enviou mensagens para mais de 200 recrutadores e mandou seu currículo para 32 empresas - e marcou exatamente duas entrevistas. Ela disse que aceitaria qualquer oferta, incluindo vendas, um setor que antes relutava em considerar.

“Mais ou menos uma década atrás, a China era próspera e cheia de oportunidades”, disse ela, em entrevista por telefone. “Agora, mesmo que eu queira brigar por uma oportunidade, não sei para qual direção devo ir.”

Xi Jinping (C) tem lembrado aos jovens que ele mesmo foi mandado para o campo durante a Revolução Cultural Foto: Wang Ye/EFE

Os jovens da China estão enfrentando um desemprego recorde, já que a recuperação do país após a pandemia da covid-19 está oscilando. É uma luta profissional e emocional. No entanto, o Partido Comunista e o principal líder do país, Xi Jinping, estão dizendo a eles para pararem de pensar que estão numa posição que os impede de fazer trabalhos manuais ou se mudar para o campo. Eles devem aprender a “comer amargor”, instruiu Xi, usando uma expressão coloquial que significa suportar as dificuldades.

Mas muitos jovens chineses não estão engolindo isso. Eles argumentam que estudaram muito para obter um diploma universitário ou de pós-graduação, apenas para encontrar um mercado de trabalho cada vez menor, escala salarial em queda e jornadas de trabalho mais longas. Agora o governo está dizendo a eles para aguentarem as dificuldades. Mas para quê?

“Pedir para ‘comermos amargor’ é uma forma de esperar que nos dediquemos incondicionalmente e assumamos tarefas que eles próprios não estão dispostos a fazer”, disse Li.

Pessoas como Li foram ensinadas por seus pais e professores sobre as virtudes das dificuldades. Agora, eles estão ouvindo isso do chefe de Estado.

“Os inúmeros casos de sucesso na vida demonstram que, na juventude, escolher comer amargor também é escolher colher recompensas”, disse Xi em um artigo de primeira página do jornal oficial Diário do Povo, no Dia da Juventude, em maio.

O artigo, sobre as expectativas de Xi em relação à geração jovem, mencionou cinco vezes “comer amargor”. Ele também exortou repetidamente os jovens a “buscarem dificuldades auto-infligidas”, usando sua própria experiência de trabalho no campo durante a Revolução Cultural chinesa - o movimento liderado por Mao Tsé-tung entre 1966 e 1976.

Desemprego recorde

Um recorde de 11,6 milhões de universitários graduados estão entrando no mercado de trabalho chinês este ano, e 1 em cada 5 jovens está desempregado. A liderança da China espera persuadir uma geração que cresceu em meio à crescente prosperidade a aceitar uma realidade diferente.

A taxa de desemprego da juventude é uma estatística que o Partido Comunista Chinês leva a sério, porque acredita que jovens ociosos podem ameaçar seu governo. Mao Tsé-Tung enviou mais de 16 milhões de jovens urbanos, incluindo Xi, para trabalhar nos campos durante a Revolução Cultural. O retorno desses jovens desempregados às cidades após a Revolução, em parte, forçou o partido a abraçar o emprego informal ou empregos fora da economia planificada do estado.

Anúncios de empregos em Zhengzhou, na província de Henan Foto: Jason Lee/Reuters

Hoje, a máquina de propaganda do partido está contando histórias sobre jovens que ganham uma vida decente entregando refeições, reciclando lixo, montando barracas de comida, pescando e cultivando. É uma forma de manipulação oficial, tentando desviar a responsabilidade do governo por suas políticas de esmagamento da economia, como reprimir o setor privado, impor restrições desnecessariamente severas na pandemia da covid e isolar os parceiros comerciais da China.

Para muitas pessoas, é uma luta emocional. Uma jovem de Xangai chamada Zhang, que se formou no ano passado em um mestrado em planejamento urbano, enviou 130 currículos e não conseguiu nenhuma oferta de emprego, apenas algumas entrevistas. Morando em um pequeno quarto de 30 metros quadrados, ela mal consegue sobreviver com uma renda mensal de menos de US$ 700 como tutora, em meio período.

“No meu ponto emocional mais baixo, desejei ser um robô”, disse ela. “Pensei comigo mesmo: se não tivesse emoções, não me sentiria desamparada, impotente e desapontada. Eu poderia continuar enviando currículos.”

Mas ela percebeu que não deveria ser muito dura consigo mesma. Os problemas são maiores do que ela, que não acredita na conversa sobre “amargura alimentar”.

“Pedir-nos para suportar as dificuldades é tentar desviar o foco do crescimento econômico anêmico e da diminuição das oportunidades de trabalho”, disse Zhang, que, como a maioria das pessoas entrevistadas, quis ser identificada apenas com o sobrenome, por questões de segurança. Alguns outros querem ser identificados apenas com seus nomes em inglês.

Volta às fazendas

A mensagem do partido é eficaz com algumas pessoas. Guo, um analista de dados em Xangai que está desempregado desde o verão passado, disse que não quer culpar a pandemia ou o Partido Comunista por seu desemprego. Ele culpa sua própria falta de sorte e capacidade.

Guo cancelou seus jogos online e assinaturas de música. Para pagar as contas, entregou refeições em dezembro passado, trabalhando de 11 a 12 horas por dia. No final, ganhou pouco mais de US$ 700 por mês. Ele desistiu porque o trabalho era fisicamente muito exaustivo.

Em outras palavras, ele falhou em comer amargor.

Na hierarquizada sociedade chinesa, o trabalho no campo é considerado de menor valor Foto: Kim Kyung Hoon/Reuters

A instrução de Xi para se mudar para o campo está igualmente fora do radar dos jovens ou da própria realidade da China. Em dezembro, ele disse às autoridades “para orientar sistematicamente os graduados da faculdade para as áreas rurais”. No Dia da Juventude, algumas semanas atrás, ele respondeu a uma carta de um grupo de estudantes de agricultura que trabalham em áreas rurais, elogiando-os por “buscarem dificuldades auto-infligidas”. A carta, também publicada na primeira página do Diário do Povo, desencadeou discussões sobre se Xi iniciaria uma campanha no estilo maoísta para enviar jovens urbanos para o campo.

Tal política devastaria o sonho chinês de ascensão social que muitos jovens e seus pais tanto prezam.

Wang, ex-executivo de publicidade em Kunming, no sudoeste da China, está desempregado desde dezembro de 2021, depois que a pandemia atingiu fortemente seu setor. Ele conversou com seus pais, ambos fazendeiros, sobre voltar para a aldeia e começar uma fazenda de porcos. Mas eles foram veementemente contra a ideia. “Eles disseram que gastaram muito dinheiro com minha educação exatamente para que eu não me tornasse um fazendeiro”, disse.

Na hierarquizada sociedade chinesa, os trabalhos manuais são menosprezados. A agricultura ocupa uma posição ainda mais baixa, por causa da enorme diferença de riqueza entre as cidades e as áreas rurais. “As mulheres não pensariam em namorar comigo se soubessem que eu entrego refeições”, disse Wang. E ele se sairia ainda pior no mercado de casamentos caso se tornasse um fazendeiro.

The New York Times - Gloria Li está desesperada para encontrar um emprego. Prestes a terminar um mestrado em design gráfico, ela começou a procurar uma vaga no final do ano passado, na esperança de encontrar uma posição de nível básico que pague cerca de US$ 1 mil por mês em uma grande cidade no centro da China. As poucas ofertas que recebeu, no entanto, são estágios que pagam de US$ 200 a US$ 300 por mês, sem benefícios.

Durante dois dias de maio ela enviou mensagens para mais de 200 recrutadores e mandou seu currículo para 32 empresas - e marcou exatamente duas entrevistas. Ela disse que aceitaria qualquer oferta, incluindo vendas, um setor que antes relutava em considerar.

“Mais ou menos uma década atrás, a China era próspera e cheia de oportunidades”, disse ela, em entrevista por telefone. “Agora, mesmo que eu queira brigar por uma oportunidade, não sei para qual direção devo ir.”

Xi Jinping (C) tem lembrado aos jovens que ele mesmo foi mandado para o campo durante a Revolução Cultural Foto: Wang Ye/EFE

Os jovens da China estão enfrentando um desemprego recorde, já que a recuperação do país após a pandemia da covid-19 está oscilando. É uma luta profissional e emocional. No entanto, o Partido Comunista e o principal líder do país, Xi Jinping, estão dizendo a eles para pararem de pensar que estão numa posição que os impede de fazer trabalhos manuais ou se mudar para o campo. Eles devem aprender a “comer amargor”, instruiu Xi, usando uma expressão coloquial que significa suportar as dificuldades.

Mas muitos jovens chineses não estão engolindo isso. Eles argumentam que estudaram muito para obter um diploma universitário ou de pós-graduação, apenas para encontrar um mercado de trabalho cada vez menor, escala salarial em queda e jornadas de trabalho mais longas. Agora o governo está dizendo a eles para aguentarem as dificuldades. Mas para quê?

“Pedir para ‘comermos amargor’ é uma forma de esperar que nos dediquemos incondicionalmente e assumamos tarefas que eles próprios não estão dispostos a fazer”, disse Li.

Pessoas como Li foram ensinadas por seus pais e professores sobre as virtudes das dificuldades. Agora, eles estão ouvindo isso do chefe de Estado.

“Os inúmeros casos de sucesso na vida demonstram que, na juventude, escolher comer amargor também é escolher colher recompensas”, disse Xi em um artigo de primeira página do jornal oficial Diário do Povo, no Dia da Juventude, em maio.

O artigo, sobre as expectativas de Xi em relação à geração jovem, mencionou cinco vezes “comer amargor”. Ele também exortou repetidamente os jovens a “buscarem dificuldades auto-infligidas”, usando sua própria experiência de trabalho no campo durante a Revolução Cultural chinesa - o movimento liderado por Mao Tsé-tung entre 1966 e 1976.

Desemprego recorde

Um recorde de 11,6 milhões de universitários graduados estão entrando no mercado de trabalho chinês este ano, e 1 em cada 5 jovens está desempregado. A liderança da China espera persuadir uma geração que cresceu em meio à crescente prosperidade a aceitar uma realidade diferente.

A taxa de desemprego da juventude é uma estatística que o Partido Comunista Chinês leva a sério, porque acredita que jovens ociosos podem ameaçar seu governo. Mao Tsé-Tung enviou mais de 16 milhões de jovens urbanos, incluindo Xi, para trabalhar nos campos durante a Revolução Cultural. O retorno desses jovens desempregados às cidades após a Revolução, em parte, forçou o partido a abraçar o emprego informal ou empregos fora da economia planificada do estado.

Anúncios de empregos em Zhengzhou, na província de Henan Foto: Jason Lee/Reuters

Hoje, a máquina de propaganda do partido está contando histórias sobre jovens que ganham uma vida decente entregando refeições, reciclando lixo, montando barracas de comida, pescando e cultivando. É uma forma de manipulação oficial, tentando desviar a responsabilidade do governo por suas políticas de esmagamento da economia, como reprimir o setor privado, impor restrições desnecessariamente severas na pandemia da covid e isolar os parceiros comerciais da China.

Para muitas pessoas, é uma luta emocional. Uma jovem de Xangai chamada Zhang, que se formou no ano passado em um mestrado em planejamento urbano, enviou 130 currículos e não conseguiu nenhuma oferta de emprego, apenas algumas entrevistas. Morando em um pequeno quarto de 30 metros quadrados, ela mal consegue sobreviver com uma renda mensal de menos de US$ 700 como tutora, em meio período.

“No meu ponto emocional mais baixo, desejei ser um robô”, disse ela. “Pensei comigo mesmo: se não tivesse emoções, não me sentiria desamparada, impotente e desapontada. Eu poderia continuar enviando currículos.”

Mas ela percebeu que não deveria ser muito dura consigo mesma. Os problemas são maiores do que ela, que não acredita na conversa sobre “amargura alimentar”.

“Pedir-nos para suportar as dificuldades é tentar desviar o foco do crescimento econômico anêmico e da diminuição das oportunidades de trabalho”, disse Zhang, que, como a maioria das pessoas entrevistadas, quis ser identificada apenas com o sobrenome, por questões de segurança. Alguns outros querem ser identificados apenas com seus nomes em inglês.

Volta às fazendas

A mensagem do partido é eficaz com algumas pessoas. Guo, um analista de dados em Xangai que está desempregado desde o verão passado, disse que não quer culpar a pandemia ou o Partido Comunista por seu desemprego. Ele culpa sua própria falta de sorte e capacidade.

Guo cancelou seus jogos online e assinaturas de música. Para pagar as contas, entregou refeições em dezembro passado, trabalhando de 11 a 12 horas por dia. No final, ganhou pouco mais de US$ 700 por mês. Ele desistiu porque o trabalho era fisicamente muito exaustivo.

Em outras palavras, ele falhou em comer amargor.

Na hierarquizada sociedade chinesa, o trabalho no campo é considerado de menor valor Foto: Kim Kyung Hoon/Reuters

A instrução de Xi para se mudar para o campo está igualmente fora do radar dos jovens ou da própria realidade da China. Em dezembro, ele disse às autoridades “para orientar sistematicamente os graduados da faculdade para as áreas rurais”. No Dia da Juventude, algumas semanas atrás, ele respondeu a uma carta de um grupo de estudantes de agricultura que trabalham em áreas rurais, elogiando-os por “buscarem dificuldades auto-infligidas”. A carta, também publicada na primeira página do Diário do Povo, desencadeou discussões sobre se Xi iniciaria uma campanha no estilo maoísta para enviar jovens urbanos para o campo.

Tal política devastaria o sonho chinês de ascensão social que muitos jovens e seus pais tanto prezam.

Wang, ex-executivo de publicidade em Kunming, no sudoeste da China, está desempregado desde dezembro de 2021, depois que a pandemia atingiu fortemente seu setor. Ele conversou com seus pais, ambos fazendeiros, sobre voltar para a aldeia e começar uma fazenda de porcos. Mas eles foram veementemente contra a ideia. “Eles disseram que gastaram muito dinheiro com minha educação exatamente para que eu não me tornasse um fazendeiro”, disse.

Na hierarquizada sociedade chinesa, os trabalhos manuais são menosprezados. A agricultura ocupa uma posição ainda mais baixa, por causa da enorme diferença de riqueza entre as cidades e as áreas rurais. “As mulheres não pensariam em namorar comigo se soubessem que eu entrego refeições”, disse Wang. E ele se sairia ainda pior no mercado de casamentos caso se tornasse um fazendeiro.

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