BRASÍLIA - A China liberou a retomada da importação de carne de frango do Brasil, à exceção de produtos avícolas provenientes ou originários do Rio Grande do Sul. O aval foi enviado em carta pela Administração Geral de Alfândegas da China (GACC) à Embaixada do Brasil em Pequim, obtida pelo Estadão/Broadcast.
O Bureau de Inocuidade de Alimentos Importados e Exportados da GACC autorizou a retomada da exportação de produtos avícolas de frigoríficos localizados em Estados não atingidos pela doença de Newcastle a partir de 12 de agosto.
As exportações do frango brasileiro para a China estavam suspensas desde 17 de julho, após a confirmação de um caso da doença de Newcastle em um aviário comercial em Anta Gorda, no Rio Grande do Sul — foco já encerrado. O protocolo acordado entre Brasil e China prevê a suspensão imediata e cautelar das emissões dos certificados de exportação, em casos de doença animal.
O governo brasileiro negociava a flexibilização do protocolo com a China desde o fim do foco da doença em 25 de julho. Com a liberação, 50 frigoríficos brasileiros estão autorizados a voltar a exportar produtos avícolas para a China.
Na carta, a GAAC revogou a suspensão voluntária das exportações de produtos avícolas de todos os Estados livres da doença de Newcastle e manteve a suspensão sobre as cargas provenientes do Rio Grande do Sul que foram embarcadas após 17 de julho (data de confirmação do foco de Newcastle).
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Com isso, seguem suspensas exportações de produtos avícolas oito frigoríficos do Rio Grande do Sul, habilitados para a comercialização ao país. São eles: Cooperativa Central Aurora Alimentos, de Erechim (SIF 68); BRF S.A., de Serafina Corrêa (SIF 103); Cooperativa Languiru Ltda, de Westfalia (SIF 730); JBS Aves Ltda, de Passo Fundo (SIF 922); Companhia Minuano de Alimentos, de Lajeado (SIF 1661); BRF S.A., de Marau (SIF 2014); JBS Aves Ltda, de Montenegro (SIF 2032); e Agrosul Agroavicola Indústrial S/A, de São Sebastião do Caí (SIF 4017).
Agora, o governo brasileiro vai buscar a liberação também para os produtos avícolas provenientes do Rio Grande do Sul. O fim do foco da doença no Estado já foi comunicado à Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) e não há novos sintomas da doença em raio de 10 km de onde o caso foi constatado.
“Depois de intensa negociação e entendimento com as autoridades chinesas, chegamos a liberação para exportação de aves do Brasil para a China, com exceção do Rio Grande do Sul. Continuamos em tratativas para liberação dos produtos avícolas do Rio Grande do Sul. A embaixada do Brasil em Pequim e os adidos agrícolas foram essenciais nesta negociação”, disse o secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Roberto Perosa, ao Estadão/Broadcast.
Para cargas produzidas antes de 2 de agosto em Estados não acometidos pela doença, a liberação dependerá de inspeção e análise laboratorial lote por lote pelas aduanas chinesas, conforme comunicado anterior da GACC ao governo brasileiro. A GACC manteve a proibição também sobre abate de frangos do Rio Grande do Sul em outros Estados para exportação ao país.
Na carta ao governo brasileiro, a GACC afirmou que o lado chinês reconhece a “comunicação tempestiva” das informações relacionadas ao foco e a suspensão voluntária das exportações de carne de aves para a China pelo lado brasileiro. “Solicita-se que o lado brasileiro implemente rigorosamente os requisitos previstos no protocolo bilateral e realize devidamente o controle na origem de produção e a supervisão de inspeção sanitária da carne de aves destinada à exportação para a China, além de adotar medidas eficazes para evitar as exportações dos produtos originários do Estado onde foi detectada a doença para a China por “outros caminhos”.
No caso de nova ocorrência de doenças ou risco à segurança de alimentos, solicita-se a pronta comunicação ao lado chinês e a adoção das medidas de controle de risco estabelecidas no protocolo”, afirmou o Bureau de Inocuidade de Alimentos Importados e Exportados da GACC.
Tanto o mercado privado quanto o governo brasileiro aguardavam apreensivos o fim da suspensão pela China. O país asiático é o principal destino do frango brasileiro. No primeiro semestre deste ano, o Brasil exportou 276,1 mil toneladas de carne de frango para a China, com receita de US$ 600,9 milhões, com participação de 13% na receita e 11% no volume total embarcado, segundo os dados do Agrostat, sistema de estatísticas de comércio exterior do agronegócio brasileiro.