Além da economia

E o Brasil com isso?


Trump mirou 'coração' dos EUA ao rejeitar qualquer concorrente de fora do país

Por Cida Damasco

Protecionista ou isolacionista? Distante ou de costas para a América Latina? Ainda atordoados com os resultados das eleições americanas, empresários, economistas e políticos passaram as últimas horas tentando decifrar o que representará o novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para o Brasil. Embaralhados todos os rótulos partidários – sim, lá também --, há muito perdeu sentido aquela máxima de que republicanos eram menos protecionistas do que democratas e, portanto, mais favoráveis aos interesses do Brasil. Os mais otimistas tentam se agarrar ao tom do discurso de vitória de Trump, mais sóbrio do que suas histriônicas falas de campanha. Em sua primeira manifestação, ele pregou a conciliação, comprometeu-se a trabalhar pelos americanos “esquecidos” e disse que os EUA irão se relacionar com todos os países.

A disputa feroz entre Hillary e Donald Trump pôs às claras diferenças importantes entre os dois candidatos. Mas, em termos de prioridade à América Latina e, em particular ao Brasil, nada de relevante apareceu na campanha. Simplesmente porque a região não estava no radar de nenhum dos dois candidatos – e, portanto, não estará no radar da Presidência dos EUA. Objetivamente, Trump foi eleito mirando o “coração” dos EUA, os tais americanos esquecidos, o que significa impor barreiras à imigração e rejeitar qualquer aproximação que favoreça concorrentes fora das fronteiras americanas – seja na Ásia, na Europa ou na América Latina.

Brasil e EUA tiveram uma relação conturbada durante toda a era petista. A afinidade existente entre Lula e George W. Bush não se repetiu com Obama. Houve apenas alguns momentos de distensão, como aquele em que o ex-presidente brasileiro foi chamado de “o cara” pelo colega americano. Com Dilma, ocorreu uma tentativa de renovação do diálogo. Mas o escândalo da espionagem de empresas brasileiras pela NSA, a agência de segurança do governo americano, acabou levando ao cancelamento da viagem da ex-presidente aos EUA, em 2013, e a um esfriamento das relações bilaterais. O degelo só veio com um pedido de desculpas de Obama, mas já era tarde para uma efetiva reaproximação.

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O Brasil fez uma opção clara pelo diálogo Sul-Sul e pelas negociações multilaterais dentro da Organização Mundial do Comércio (OMC). E os EUA cultivaram tratados regionais, mas mantiveram suas ações protecionistas. É o caso das restrições ao algodão brasileiro – contencioso encerrado só em 2014, com um acordo favorável ao Brasil – e também ao aço. A parceria entre os dois países, porém, continua significativa: neste ano, a corrente de comércio totalizou US$ 38,4 bilhões, superada apenas pelos negócios Brasil-China.

Está claríssimo, porém, que Trump não é igual a Hillary. Por maior que seja o viés protecionista de Hillary, não tem a dimensão do explicitado por Trump. Ele prometeu rever não só o ambicioso Tratado Transpacífico (TPP), que deverá cortar barreiras comerciais em 12 países, ainda em formatação, como acordos já em vigor. Para o Brasil, o risco é que o governo Temer tenha decidido pelo realinhamento da diplomacia comercial, em direção aos EUA, no timing inadequado, ou seja, no momento em que a palavra de ordem, por lá, passa a ser “vamos fechar as fronteiras”.

A grande dúvida, agora, é se Trump presidente pelo menos baixará o tom em relação a Trump candidato. Mesmo considerando-se que ele foi eleito justamente por falar com essa parte da população que se sentia abandonada e atribuía o sumiço de seus empregos à globalização. A maioria republicana conquistada no Congresso dificilmente dará um cheque em branco a Trump, já que ele foi “adotado” pelo partido mas ainda encontra resistências das suas lideranças.

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Mercados caíram pelo mundo, sob o impacto dessa surpresa. Teme-se que a guerra à globalização prometida por Trump – e que já havia se manifestado no Brexit – tenha desdobramentos em outras paragens. Teme-se, também, que as pressões do novo presidente contra o Fed produzam turbulências na política monetária do país, com reflexos no fluxo de capitais para todo o mundo. Enfim, certeza mesmo é de tempos de volatilidade pela frente.

Protecionista ou isolacionista? Distante ou de costas para a América Latina? Ainda atordoados com os resultados das eleições americanas, empresários, economistas e políticos passaram as últimas horas tentando decifrar o que representará o novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para o Brasil. Embaralhados todos os rótulos partidários – sim, lá também --, há muito perdeu sentido aquela máxima de que republicanos eram menos protecionistas do que democratas e, portanto, mais favoráveis aos interesses do Brasil. Os mais otimistas tentam se agarrar ao tom do discurso de vitória de Trump, mais sóbrio do que suas histriônicas falas de campanha. Em sua primeira manifestação, ele pregou a conciliação, comprometeu-se a trabalhar pelos americanos “esquecidos” e disse que os EUA irão se relacionar com todos os países.

A disputa feroz entre Hillary e Donald Trump pôs às claras diferenças importantes entre os dois candidatos. Mas, em termos de prioridade à América Latina e, em particular ao Brasil, nada de relevante apareceu na campanha. Simplesmente porque a região não estava no radar de nenhum dos dois candidatos – e, portanto, não estará no radar da Presidência dos EUA. Objetivamente, Trump foi eleito mirando o “coração” dos EUA, os tais americanos esquecidos, o que significa impor barreiras à imigração e rejeitar qualquer aproximação que favoreça concorrentes fora das fronteiras americanas – seja na Ásia, na Europa ou na América Latina.

Brasil e EUA tiveram uma relação conturbada durante toda a era petista. A afinidade existente entre Lula e George W. Bush não se repetiu com Obama. Houve apenas alguns momentos de distensão, como aquele em que o ex-presidente brasileiro foi chamado de “o cara” pelo colega americano. Com Dilma, ocorreu uma tentativa de renovação do diálogo. Mas o escândalo da espionagem de empresas brasileiras pela NSA, a agência de segurança do governo americano, acabou levando ao cancelamento da viagem da ex-presidente aos EUA, em 2013, e a um esfriamento das relações bilaterais. O degelo só veio com um pedido de desculpas de Obama, mas já era tarde para uma efetiva reaproximação.

O Brasil fez uma opção clara pelo diálogo Sul-Sul e pelas negociações multilaterais dentro da Organização Mundial do Comércio (OMC). E os EUA cultivaram tratados regionais, mas mantiveram suas ações protecionistas. É o caso das restrições ao algodão brasileiro – contencioso encerrado só em 2014, com um acordo favorável ao Brasil – e também ao aço. A parceria entre os dois países, porém, continua significativa: neste ano, a corrente de comércio totalizou US$ 38,4 bilhões, superada apenas pelos negócios Brasil-China.

Está claríssimo, porém, que Trump não é igual a Hillary. Por maior que seja o viés protecionista de Hillary, não tem a dimensão do explicitado por Trump. Ele prometeu rever não só o ambicioso Tratado Transpacífico (TPP), que deverá cortar barreiras comerciais em 12 países, ainda em formatação, como acordos já em vigor. Para o Brasil, o risco é que o governo Temer tenha decidido pelo realinhamento da diplomacia comercial, em direção aos EUA, no timing inadequado, ou seja, no momento em que a palavra de ordem, por lá, passa a ser “vamos fechar as fronteiras”.

A grande dúvida, agora, é se Trump presidente pelo menos baixará o tom em relação a Trump candidato. Mesmo considerando-se que ele foi eleito justamente por falar com essa parte da população que se sentia abandonada e atribuía o sumiço de seus empregos à globalização. A maioria republicana conquistada no Congresso dificilmente dará um cheque em branco a Trump, já que ele foi “adotado” pelo partido mas ainda encontra resistências das suas lideranças.

Mercados caíram pelo mundo, sob o impacto dessa surpresa. Teme-se que a guerra à globalização prometida por Trump – e que já havia se manifestado no Brexit – tenha desdobramentos em outras paragens. Teme-se, também, que as pressões do novo presidente contra o Fed produzam turbulências na política monetária do país, com reflexos no fluxo de capitais para todo o mundo. Enfim, certeza mesmo é de tempos de volatilidade pela frente.

Protecionista ou isolacionista? Distante ou de costas para a América Latina? Ainda atordoados com os resultados das eleições americanas, empresários, economistas e políticos passaram as últimas horas tentando decifrar o que representará o novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para o Brasil. Embaralhados todos os rótulos partidários – sim, lá também --, há muito perdeu sentido aquela máxima de que republicanos eram menos protecionistas do que democratas e, portanto, mais favoráveis aos interesses do Brasil. Os mais otimistas tentam se agarrar ao tom do discurso de vitória de Trump, mais sóbrio do que suas histriônicas falas de campanha. Em sua primeira manifestação, ele pregou a conciliação, comprometeu-se a trabalhar pelos americanos “esquecidos” e disse que os EUA irão se relacionar com todos os países.

A disputa feroz entre Hillary e Donald Trump pôs às claras diferenças importantes entre os dois candidatos. Mas, em termos de prioridade à América Latina e, em particular ao Brasil, nada de relevante apareceu na campanha. Simplesmente porque a região não estava no radar de nenhum dos dois candidatos – e, portanto, não estará no radar da Presidência dos EUA. Objetivamente, Trump foi eleito mirando o “coração” dos EUA, os tais americanos esquecidos, o que significa impor barreiras à imigração e rejeitar qualquer aproximação que favoreça concorrentes fora das fronteiras americanas – seja na Ásia, na Europa ou na América Latina.

Brasil e EUA tiveram uma relação conturbada durante toda a era petista. A afinidade existente entre Lula e George W. Bush não se repetiu com Obama. Houve apenas alguns momentos de distensão, como aquele em que o ex-presidente brasileiro foi chamado de “o cara” pelo colega americano. Com Dilma, ocorreu uma tentativa de renovação do diálogo. Mas o escândalo da espionagem de empresas brasileiras pela NSA, a agência de segurança do governo americano, acabou levando ao cancelamento da viagem da ex-presidente aos EUA, em 2013, e a um esfriamento das relações bilaterais. O degelo só veio com um pedido de desculpas de Obama, mas já era tarde para uma efetiva reaproximação.

O Brasil fez uma opção clara pelo diálogo Sul-Sul e pelas negociações multilaterais dentro da Organização Mundial do Comércio (OMC). E os EUA cultivaram tratados regionais, mas mantiveram suas ações protecionistas. É o caso das restrições ao algodão brasileiro – contencioso encerrado só em 2014, com um acordo favorável ao Brasil – e também ao aço. A parceria entre os dois países, porém, continua significativa: neste ano, a corrente de comércio totalizou US$ 38,4 bilhões, superada apenas pelos negócios Brasil-China.

Está claríssimo, porém, que Trump não é igual a Hillary. Por maior que seja o viés protecionista de Hillary, não tem a dimensão do explicitado por Trump. Ele prometeu rever não só o ambicioso Tratado Transpacífico (TPP), que deverá cortar barreiras comerciais em 12 países, ainda em formatação, como acordos já em vigor. Para o Brasil, o risco é que o governo Temer tenha decidido pelo realinhamento da diplomacia comercial, em direção aos EUA, no timing inadequado, ou seja, no momento em que a palavra de ordem, por lá, passa a ser “vamos fechar as fronteiras”.

A grande dúvida, agora, é se Trump presidente pelo menos baixará o tom em relação a Trump candidato. Mesmo considerando-se que ele foi eleito justamente por falar com essa parte da população que se sentia abandonada e atribuía o sumiço de seus empregos à globalização. A maioria republicana conquistada no Congresso dificilmente dará um cheque em branco a Trump, já que ele foi “adotado” pelo partido mas ainda encontra resistências das suas lideranças.

Mercados caíram pelo mundo, sob o impacto dessa surpresa. Teme-se que a guerra à globalização prometida por Trump – e que já havia se manifestado no Brexit – tenha desdobramentos em outras paragens. Teme-se, também, que as pressões do novo presidente contra o Fed produzam turbulências na política monetária do país, com reflexos no fluxo de capitais para todo o mundo. Enfim, certeza mesmo é de tempos de volatilidade pela frente.

Protecionista ou isolacionista? Distante ou de costas para a América Latina? Ainda atordoados com os resultados das eleições americanas, empresários, economistas e políticos passaram as últimas horas tentando decifrar o que representará o novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para o Brasil. Embaralhados todos os rótulos partidários – sim, lá também --, há muito perdeu sentido aquela máxima de que republicanos eram menos protecionistas do que democratas e, portanto, mais favoráveis aos interesses do Brasil. Os mais otimistas tentam se agarrar ao tom do discurso de vitória de Trump, mais sóbrio do que suas histriônicas falas de campanha. Em sua primeira manifestação, ele pregou a conciliação, comprometeu-se a trabalhar pelos americanos “esquecidos” e disse que os EUA irão se relacionar com todos os países.

A disputa feroz entre Hillary e Donald Trump pôs às claras diferenças importantes entre os dois candidatos. Mas, em termos de prioridade à América Latina e, em particular ao Brasil, nada de relevante apareceu na campanha. Simplesmente porque a região não estava no radar de nenhum dos dois candidatos – e, portanto, não estará no radar da Presidência dos EUA. Objetivamente, Trump foi eleito mirando o “coração” dos EUA, os tais americanos esquecidos, o que significa impor barreiras à imigração e rejeitar qualquer aproximação que favoreça concorrentes fora das fronteiras americanas – seja na Ásia, na Europa ou na América Latina.

Brasil e EUA tiveram uma relação conturbada durante toda a era petista. A afinidade existente entre Lula e George W. Bush não se repetiu com Obama. Houve apenas alguns momentos de distensão, como aquele em que o ex-presidente brasileiro foi chamado de “o cara” pelo colega americano. Com Dilma, ocorreu uma tentativa de renovação do diálogo. Mas o escândalo da espionagem de empresas brasileiras pela NSA, a agência de segurança do governo americano, acabou levando ao cancelamento da viagem da ex-presidente aos EUA, em 2013, e a um esfriamento das relações bilaterais. O degelo só veio com um pedido de desculpas de Obama, mas já era tarde para uma efetiva reaproximação.

O Brasil fez uma opção clara pelo diálogo Sul-Sul e pelas negociações multilaterais dentro da Organização Mundial do Comércio (OMC). E os EUA cultivaram tratados regionais, mas mantiveram suas ações protecionistas. É o caso das restrições ao algodão brasileiro – contencioso encerrado só em 2014, com um acordo favorável ao Brasil – e também ao aço. A parceria entre os dois países, porém, continua significativa: neste ano, a corrente de comércio totalizou US$ 38,4 bilhões, superada apenas pelos negócios Brasil-China.

Está claríssimo, porém, que Trump não é igual a Hillary. Por maior que seja o viés protecionista de Hillary, não tem a dimensão do explicitado por Trump. Ele prometeu rever não só o ambicioso Tratado Transpacífico (TPP), que deverá cortar barreiras comerciais em 12 países, ainda em formatação, como acordos já em vigor. Para o Brasil, o risco é que o governo Temer tenha decidido pelo realinhamento da diplomacia comercial, em direção aos EUA, no timing inadequado, ou seja, no momento em que a palavra de ordem, por lá, passa a ser “vamos fechar as fronteiras”.

A grande dúvida, agora, é se Trump presidente pelo menos baixará o tom em relação a Trump candidato. Mesmo considerando-se que ele foi eleito justamente por falar com essa parte da população que se sentia abandonada e atribuía o sumiço de seus empregos à globalização. A maioria republicana conquistada no Congresso dificilmente dará um cheque em branco a Trump, já que ele foi “adotado” pelo partido mas ainda encontra resistências das suas lideranças.

Mercados caíram pelo mundo, sob o impacto dessa surpresa. Teme-se que a guerra à globalização prometida por Trump – e que já havia se manifestado no Brexit – tenha desdobramentos em outras paragens. Teme-se, também, que as pressões do novo presidente contra o Fed produzam turbulências na política monetária do país, com reflexos no fluxo de capitais para todo o mundo. Enfim, certeza mesmo é de tempos de volatilidade pela frente.

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