Além da economia

Educação: o buraco é mais fundo


Pergunte a qualquer leigo como vai a educação no Brasil e ele certamente dirá que vai mal. Pergunte também se o problema é falta de dinheiro e ele responderá sim. A maioria dos especialistas, porém, não é tão taxativa pelo menos em relação à segunda questão. Que a educação pública tem muito a melhorar, não há dúvida: afinal, ela nem repete as boas condições exibidas pelo ensino público de outros tempos nem consegue se encaixar nas exigências dos dias de hoje. Que o problema se resume a falta de recursos, contudo, não há evidências.

Por Cida Damasco

Segundo levantamento da Instituição Fiscal Independente (IFI), órgão ligado ao Senado, em 10 anos os gastos com educação registraram um aumento de 184%, saindo de R$ 39,5 bilhões, em 2007, para R$ 112 bilhões, no ano passado - e a fatia no bolo dos gastos sociais cresceu no período de 19% para 29%. Essa alta é explicada não apenas pela ampliação da rede de ensino superior, mas também pelo aumento de gastos com ensino profissional, com o programa Fies e, em menor escala, com o Pronatece o Ciência sem Fronteiras - os três últimos "vendidos" como vitrines da administração Dilma e abatidos pela crise do setor público, ainda no seu governo.

Claro que não há abundância de investimentos na educação, apesar de todos os governantes prometerem prioridade à área, e da chamada vinculação do Orçamento, que carimba uma parcela específica das verbas para gastos em educação e saúde. Se tiver mais dinheiro, certamente será benvindo. O buraco, porém, é bem mais fundo, e aumenta com o uso inadequado dos recursos disponíveis - e aí se incluem tanto escolhas discutíveis para a destinação do dinheiro, como desvios por ineficiência pura e simples na sua aplicação ou por corrupção. Ou um pouco de tudo, como se pode imaginar.

O estudo Um Olhar sobre a Educação,  que abrange 35 países da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e 10 países fora desse bloco, mostra alguns dos desalinhamentos entre o Brasil e outros integrantes desse conjunto. Por esse levantamento, o Brasil gasta com estudantes universitários, proporcionalmente, tanto quanto vários países europeus e mais até do que a Coreia do Sul - sempre apontada como referência em matéria de educação. A média anual por aluno é de quase US$ 11,7 mil (R$ 36 mil) - em comparação com US$ 16,1 mil no conjunto da OCDE, US$ 11,8 mil em Portugal, US$ 12,5 mil na Espanha e US$ 11,5 mil na Itália, para citar alguns países.

continua após a publicidade

Em contrapartida, no ranking dos países por gastos com alunos do ensino fundamental e médio, o Brasil cai vertiginosamente. A média anual de gastos por aluno do primeiro ciclo do ensino fundamental, no Brasil, é de US$ 3,8 mil (R$ 11,7 mil), menos da metade do observado nos países da OCDE (US$ 8,7 mil) - a mesma quando se considera o final do ciclo fundamental e o ensino médio.

É exatamente o ensino médio que mostra hoje a face mais sombria da educação no Brasil. Como foi destacado no fórum sobre o tema promovido pelo Estado, 90% dos alunos que chegam ao fim do ensino médio não têm desempenho adequado em Matemática e 78% em Português. Além disso, cerca de 1,3 milhão de jovens entre 15 e 17 anos está fora da escola. E de 100 jovens do ensino fundamental só 65 chegam ao médio e só 7 à faculdade. Três exemplos claros e eloquentes dos problemas que se concentram nessa etapa do ensino.

Por isso mesmo, ganhou tanto destaque e provocou tanta polêmica a aprovação da reforma do ensino médio - criticada principalmente por ser implantada via Medida Provisória, sem o necessário debate na sociedade. Com currículos mais flexíveis e - pelo menos em teoria -- mais compatíveis com os interesses dos alunos, ênfase nos cursos integral e profissional, a reforma aqueceu as discussões e alimentou o Fla-Flu nas redes sociais, no ano passado, mas ainda precisa de muitos ajustes para sair do papel. A expectativa é que só depois de 2020 comece a virar realidade. E aos poucos. A implantação dos currículos flexíveis depende, antes de mais nada, da definição da Base Nacional Curricular, cuja proposta deve ser apresentada pelo ministério até o fim deste ano.

continua após a publicidade

Como se pode verificar, o que não falta é diagnóstico dos males que atingem a educação no Brasil. O que falta, sem dúvida, é avançar nas terapias. Para começo de conversa, se há uma recomendação unânime para o setor, essa é a melhora substancial na remuneração e na qualificação dos professores. Justamente o que não se vê por aí. Valorização dos professores, aliado a aumento de investimentos e melhorias em infraestrutura, é a base do Plano Nacional de Educação, que reúne 20 grandes metas a serem cumpridas em 10 anos, até 2024. Nos três primeiros anos, s ó 20% dos objetivos fixados para o período foram cumpridos.

A

 

continua após a publicidade

 

 

 

continua após a publicidade

 

 

 

continua após a publicidade

 

 

 

continua após a publicidade

 

Segundo levantamento da Instituição Fiscal Independente (IFI), órgão ligado ao Senado, em 10 anos os gastos com educação registraram um aumento de 184%, saindo de R$ 39,5 bilhões, em 2007, para R$ 112 bilhões, no ano passado - e a fatia no bolo dos gastos sociais cresceu no período de 19% para 29%. Essa alta é explicada não apenas pela ampliação da rede de ensino superior, mas também pelo aumento de gastos com ensino profissional, com o programa Fies e, em menor escala, com o Pronatece o Ciência sem Fronteiras - os três últimos "vendidos" como vitrines da administração Dilma e abatidos pela crise do setor público, ainda no seu governo.

Claro que não há abundância de investimentos na educação, apesar de todos os governantes prometerem prioridade à área, e da chamada vinculação do Orçamento, que carimba uma parcela específica das verbas para gastos em educação e saúde. Se tiver mais dinheiro, certamente será benvindo. O buraco, porém, é bem mais fundo, e aumenta com o uso inadequado dos recursos disponíveis - e aí se incluem tanto escolhas discutíveis para a destinação do dinheiro, como desvios por ineficiência pura e simples na sua aplicação ou por corrupção. Ou um pouco de tudo, como se pode imaginar.

O estudo Um Olhar sobre a Educação,  que abrange 35 países da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e 10 países fora desse bloco, mostra alguns dos desalinhamentos entre o Brasil e outros integrantes desse conjunto. Por esse levantamento, o Brasil gasta com estudantes universitários, proporcionalmente, tanto quanto vários países europeus e mais até do que a Coreia do Sul - sempre apontada como referência em matéria de educação. A média anual por aluno é de quase US$ 11,7 mil (R$ 36 mil) - em comparação com US$ 16,1 mil no conjunto da OCDE, US$ 11,8 mil em Portugal, US$ 12,5 mil na Espanha e US$ 11,5 mil na Itália, para citar alguns países.

Em contrapartida, no ranking dos países por gastos com alunos do ensino fundamental e médio, o Brasil cai vertiginosamente. A média anual de gastos por aluno do primeiro ciclo do ensino fundamental, no Brasil, é de US$ 3,8 mil (R$ 11,7 mil), menos da metade do observado nos países da OCDE (US$ 8,7 mil) - a mesma quando se considera o final do ciclo fundamental e o ensino médio.

É exatamente o ensino médio que mostra hoje a face mais sombria da educação no Brasil. Como foi destacado no fórum sobre o tema promovido pelo Estado, 90% dos alunos que chegam ao fim do ensino médio não têm desempenho adequado em Matemática e 78% em Português. Além disso, cerca de 1,3 milhão de jovens entre 15 e 17 anos está fora da escola. E de 100 jovens do ensino fundamental só 65 chegam ao médio e só 7 à faculdade. Três exemplos claros e eloquentes dos problemas que se concentram nessa etapa do ensino.

Por isso mesmo, ganhou tanto destaque e provocou tanta polêmica a aprovação da reforma do ensino médio - criticada principalmente por ser implantada via Medida Provisória, sem o necessário debate na sociedade. Com currículos mais flexíveis e - pelo menos em teoria -- mais compatíveis com os interesses dos alunos, ênfase nos cursos integral e profissional, a reforma aqueceu as discussões e alimentou o Fla-Flu nas redes sociais, no ano passado, mas ainda precisa de muitos ajustes para sair do papel. A expectativa é que só depois de 2020 comece a virar realidade. E aos poucos. A implantação dos currículos flexíveis depende, antes de mais nada, da definição da Base Nacional Curricular, cuja proposta deve ser apresentada pelo ministério até o fim deste ano.

Como se pode verificar, o que não falta é diagnóstico dos males que atingem a educação no Brasil. O que falta, sem dúvida, é avançar nas terapias. Para começo de conversa, se há uma recomendação unânime para o setor, essa é a melhora substancial na remuneração e na qualificação dos professores. Justamente o que não se vê por aí. Valorização dos professores, aliado a aumento de investimentos e melhorias em infraestrutura, é a base do Plano Nacional de Educação, que reúne 20 grandes metas a serem cumpridas em 10 anos, até 2024. Nos três primeiros anos, s ó 20% dos objetivos fixados para o período foram cumpridos.

A

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Segundo levantamento da Instituição Fiscal Independente (IFI), órgão ligado ao Senado, em 10 anos os gastos com educação registraram um aumento de 184%, saindo de R$ 39,5 bilhões, em 2007, para R$ 112 bilhões, no ano passado - e a fatia no bolo dos gastos sociais cresceu no período de 19% para 29%. Essa alta é explicada não apenas pela ampliação da rede de ensino superior, mas também pelo aumento de gastos com ensino profissional, com o programa Fies e, em menor escala, com o Pronatece o Ciência sem Fronteiras - os três últimos "vendidos" como vitrines da administração Dilma e abatidos pela crise do setor público, ainda no seu governo.

Claro que não há abundância de investimentos na educação, apesar de todos os governantes prometerem prioridade à área, e da chamada vinculação do Orçamento, que carimba uma parcela específica das verbas para gastos em educação e saúde. Se tiver mais dinheiro, certamente será benvindo. O buraco, porém, é bem mais fundo, e aumenta com o uso inadequado dos recursos disponíveis - e aí se incluem tanto escolhas discutíveis para a destinação do dinheiro, como desvios por ineficiência pura e simples na sua aplicação ou por corrupção. Ou um pouco de tudo, como se pode imaginar.

O estudo Um Olhar sobre a Educação,  que abrange 35 países da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e 10 países fora desse bloco, mostra alguns dos desalinhamentos entre o Brasil e outros integrantes desse conjunto. Por esse levantamento, o Brasil gasta com estudantes universitários, proporcionalmente, tanto quanto vários países europeus e mais até do que a Coreia do Sul - sempre apontada como referência em matéria de educação. A média anual por aluno é de quase US$ 11,7 mil (R$ 36 mil) - em comparação com US$ 16,1 mil no conjunto da OCDE, US$ 11,8 mil em Portugal, US$ 12,5 mil na Espanha e US$ 11,5 mil na Itália, para citar alguns países.

Em contrapartida, no ranking dos países por gastos com alunos do ensino fundamental e médio, o Brasil cai vertiginosamente. A média anual de gastos por aluno do primeiro ciclo do ensino fundamental, no Brasil, é de US$ 3,8 mil (R$ 11,7 mil), menos da metade do observado nos países da OCDE (US$ 8,7 mil) - a mesma quando se considera o final do ciclo fundamental e o ensino médio.

É exatamente o ensino médio que mostra hoje a face mais sombria da educação no Brasil. Como foi destacado no fórum sobre o tema promovido pelo Estado, 90% dos alunos que chegam ao fim do ensino médio não têm desempenho adequado em Matemática e 78% em Português. Além disso, cerca de 1,3 milhão de jovens entre 15 e 17 anos está fora da escola. E de 100 jovens do ensino fundamental só 65 chegam ao médio e só 7 à faculdade. Três exemplos claros e eloquentes dos problemas que se concentram nessa etapa do ensino.

Por isso mesmo, ganhou tanto destaque e provocou tanta polêmica a aprovação da reforma do ensino médio - criticada principalmente por ser implantada via Medida Provisória, sem o necessário debate na sociedade. Com currículos mais flexíveis e - pelo menos em teoria -- mais compatíveis com os interesses dos alunos, ênfase nos cursos integral e profissional, a reforma aqueceu as discussões e alimentou o Fla-Flu nas redes sociais, no ano passado, mas ainda precisa de muitos ajustes para sair do papel. A expectativa é que só depois de 2020 comece a virar realidade. E aos poucos. A implantação dos currículos flexíveis depende, antes de mais nada, da definição da Base Nacional Curricular, cuja proposta deve ser apresentada pelo ministério até o fim deste ano.

Como se pode verificar, o que não falta é diagnóstico dos males que atingem a educação no Brasil. O que falta, sem dúvida, é avançar nas terapias. Para começo de conversa, se há uma recomendação unânime para o setor, essa é a melhora substancial na remuneração e na qualificação dos professores. Justamente o que não se vê por aí. Valorização dos professores, aliado a aumento de investimentos e melhorias em infraestrutura, é a base do Plano Nacional de Educação, que reúne 20 grandes metas a serem cumpridas em 10 anos, até 2024. Nos três primeiros anos, s ó 20% dos objetivos fixados para o período foram cumpridos.

A

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.