Condições para controlar a inflação estão melhores, mas próximo governo não pode ser irresponsável


Dados mostram que a probabilidade de a economia mundial desaquecida prejudicar o crescimento brasileiro é bem maior do que a de gerar pressões inflacionárias

Por Claudio Adilson Gonçalez

A economia mundial está desacelerando e isso já começou a reduzir as pressões inflacionárias. As commodities metálicas são as que registram maiores quedas de preços, mas há recuos significativos também em petróleo e em produtos agropecuários, como algodão, leite, milho e trigo. Além disso, há indicadores mostrando que a normalização das cadeias globais de suprimento já está em andamento, como o Global Supply Chain Pressure Index (GSCPI), do Federal Reserve de Nova York, que atingiu em julho seu menor patamar desde janeiro de 2021.

Claro, muitos desses preços são voláteis e esta situação poderá se inverter a qualquer momento. No entanto, os dados mostram que a probabilidade de a economia mundial prejudicar o crescimento brasileiro é bem maior do que a de gerar pressões inflacionárias.

Indicadores mostram que a normalização das cadeias globais de suprimento já está em andamento Foto: Paul Ratje/AFP - 23/4/2020
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Internamente, muitos analistas temem que a demanda agregada, estimulada pela expansão fiscal e pela redução de tributos sobre o consumo, já estaria provocando excessivo aquecimento no mercado de trabalho, dada a forte e surpreendente queda da taxa de desocupação, que alcançou 9,3% na média do trimestre encerrado em junho. Esse nível já seria ligeiramente inferior à chamada taxa de desemprego neutra, aquela que não gera pressões inflacionárias ou deflacionárias, conhecida como Nairu (do inglês, non-accelerating inflation rate of unemployment). Baseados em dados passados, muitos economistas estimam que a Nairu no Brasil seja da ordem de 9,5%. Assim, se o desemprego caísse um pouco mais, surgiriam pressões inflacionárias decorrentes de aumentos salariais.

No entanto, conforme excelente artigo do economista Bráulio Borges, publicado em blog do Ibre/FGV, outros indicadores não são compatíveis com o mercado de trabalho apertado no Brasil. Por exemplo, a estatística Salariômetro da Fipe/USP mostra que, no primeiro semestre de 2022, cerca de 80% das convenções e acordos coletivos de trabalho foram fechados com reajustes iguais ou inferiores à inflação. Por sua vez, o custo unitário do trabalho (razão entre o rendimento médio do trabalho e a produtividade do trabalho), registrou forte queda no último biênio e não há sinais de que esteja por se elevar.

É muito provável, principalmente em decorrência da reforma trabalhista, que aumentou a segurança jurídica nos contratos de trabalho, reduziu os litígios e favoreceu a terceirização e o trabalho intermitente, que a Nairu brasileira tenha caído para algo na faixa de 8,0% a 8,5%. Isso significa que ainda há ociosidade na força de trabalho.

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Mas não se pode vacilar no combate à inflação. Ganhar uma batalha não significa ganhar a guerra. O Banco Central (BC) apertou a política monetária tempestivamente e, a meu ver, na magnitude correta. Espera-se que o governo a ser eleito em outubro não destrua esses avanços com uma política fiscal irresponsável.

A economia mundial está desacelerando e isso já começou a reduzir as pressões inflacionárias. As commodities metálicas são as que registram maiores quedas de preços, mas há recuos significativos também em petróleo e em produtos agropecuários, como algodão, leite, milho e trigo. Além disso, há indicadores mostrando que a normalização das cadeias globais de suprimento já está em andamento, como o Global Supply Chain Pressure Index (GSCPI), do Federal Reserve de Nova York, que atingiu em julho seu menor patamar desde janeiro de 2021.

Claro, muitos desses preços são voláteis e esta situação poderá se inverter a qualquer momento. No entanto, os dados mostram que a probabilidade de a economia mundial prejudicar o crescimento brasileiro é bem maior do que a de gerar pressões inflacionárias.

Indicadores mostram que a normalização das cadeias globais de suprimento já está em andamento Foto: Paul Ratje/AFP - 23/4/2020

Internamente, muitos analistas temem que a demanda agregada, estimulada pela expansão fiscal e pela redução de tributos sobre o consumo, já estaria provocando excessivo aquecimento no mercado de trabalho, dada a forte e surpreendente queda da taxa de desocupação, que alcançou 9,3% na média do trimestre encerrado em junho. Esse nível já seria ligeiramente inferior à chamada taxa de desemprego neutra, aquela que não gera pressões inflacionárias ou deflacionárias, conhecida como Nairu (do inglês, non-accelerating inflation rate of unemployment). Baseados em dados passados, muitos economistas estimam que a Nairu no Brasil seja da ordem de 9,5%. Assim, se o desemprego caísse um pouco mais, surgiriam pressões inflacionárias decorrentes de aumentos salariais.

No entanto, conforme excelente artigo do economista Bráulio Borges, publicado em blog do Ibre/FGV, outros indicadores não são compatíveis com o mercado de trabalho apertado no Brasil. Por exemplo, a estatística Salariômetro da Fipe/USP mostra que, no primeiro semestre de 2022, cerca de 80% das convenções e acordos coletivos de trabalho foram fechados com reajustes iguais ou inferiores à inflação. Por sua vez, o custo unitário do trabalho (razão entre o rendimento médio do trabalho e a produtividade do trabalho), registrou forte queda no último biênio e não há sinais de que esteja por se elevar.

É muito provável, principalmente em decorrência da reforma trabalhista, que aumentou a segurança jurídica nos contratos de trabalho, reduziu os litígios e favoreceu a terceirização e o trabalho intermitente, que a Nairu brasileira tenha caído para algo na faixa de 8,0% a 8,5%. Isso significa que ainda há ociosidade na força de trabalho.

Mas não se pode vacilar no combate à inflação. Ganhar uma batalha não significa ganhar a guerra. O Banco Central (BC) apertou a política monetária tempestivamente e, a meu ver, na magnitude correta. Espera-se que o governo a ser eleito em outubro não destrua esses avanços com uma política fiscal irresponsável.

A economia mundial está desacelerando e isso já começou a reduzir as pressões inflacionárias. As commodities metálicas são as que registram maiores quedas de preços, mas há recuos significativos também em petróleo e em produtos agropecuários, como algodão, leite, milho e trigo. Além disso, há indicadores mostrando que a normalização das cadeias globais de suprimento já está em andamento, como o Global Supply Chain Pressure Index (GSCPI), do Federal Reserve de Nova York, que atingiu em julho seu menor patamar desde janeiro de 2021.

Claro, muitos desses preços são voláteis e esta situação poderá se inverter a qualquer momento. No entanto, os dados mostram que a probabilidade de a economia mundial prejudicar o crescimento brasileiro é bem maior do que a de gerar pressões inflacionárias.

Indicadores mostram que a normalização das cadeias globais de suprimento já está em andamento Foto: Paul Ratje/AFP - 23/4/2020

Internamente, muitos analistas temem que a demanda agregada, estimulada pela expansão fiscal e pela redução de tributos sobre o consumo, já estaria provocando excessivo aquecimento no mercado de trabalho, dada a forte e surpreendente queda da taxa de desocupação, que alcançou 9,3% na média do trimestre encerrado em junho. Esse nível já seria ligeiramente inferior à chamada taxa de desemprego neutra, aquela que não gera pressões inflacionárias ou deflacionárias, conhecida como Nairu (do inglês, non-accelerating inflation rate of unemployment). Baseados em dados passados, muitos economistas estimam que a Nairu no Brasil seja da ordem de 9,5%. Assim, se o desemprego caísse um pouco mais, surgiriam pressões inflacionárias decorrentes de aumentos salariais.

No entanto, conforme excelente artigo do economista Bráulio Borges, publicado em blog do Ibre/FGV, outros indicadores não são compatíveis com o mercado de trabalho apertado no Brasil. Por exemplo, a estatística Salariômetro da Fipe/USP mostra que, no primeiro semestre de 2022, cerca de 80% das convenções e acordos coletivos de trabalho foram fechados com reajustes iguais ou inferiores à inflação. Por sua vez, o custo unitário do trabalho (razão entre o rendimento médio do trabalho e a produtividade do trabalho), registrou forte queda no último biênio e não há sinais de que esteja por se elevar.

É muito provável, principalmente em decorrência da reforma trabalhista, que aumentou a segurança jurídica nos contratos de trabalho, reduziu os litígios e favoreceu a terceirização e o trabalho intermitente, que a Nairu brasileira tenha caído para algo na faixa de 8,0% a 8,5%. Isso significa que ainda há ociosidade na força de trabalho.

Mas não se pode vacilar no combate à inflação. Ganhar uma batalha não significa ganhar a guerra. O Banco Central (BC) apertou a política monetária tempestivamente e, a meu ver, na magnitude correta. Espera-se que o governo a ser eleito em outubro não destrua esses avanços com uma política fiscal irresponsável.

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