Economista e diretor-presidente da MCM Consultores

Opinião|Baixa taxa de investimento é um problema crônico no Brasil


Investimento depende da consolidação fiscal, que reduza peso dos gastos obrigatórios e permita alocação dos recursos

Por Claudio Adilson Gonçalez

Para quem não está acostumado com o economês, cabe esclarecer que utilizarei o termo investimento no sentido das contas nacionais, ou seja, formação bruta de capital fixo (construções, máquinas e equipamentos e ativos intangíveis, como pesquisa e desenvolvimento e softwares). Ou seja, são bens que aumentam a capacidade de produção de outros bens e serviços no futuro.

O economista Francisco Pessoa Faria, da LCA Consultores, fez uma minuciosa tabulação de dados oficiais sobre a taxa de investimento como proporção do PIB, que possibilita comparações internacionais e revela alguns pontos interessantes.

O primeiro ponto é que a escassez de investimento é um problema crônico no Brasil, não sendo correto atribuí-la apenas às incertezas geradas pelo governo Lula da Silva. No período de 2000 a 2022, nossa taxa de investimento foi aproximadamente quatro pontos porcentuais inferior à média mundial e 3,6 pontos porcentuais aquém da observada nos países de renda média, em ambos os casos com exclusão da China e do próprio Brasil, para melhor comparação. Ressalte-se que, em todos os anos desse período, a taxa de investimento no Brasil ficou bem abaixo das verificadas nestes dois grupos.

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Essa diferença foi menor apenas no período 2010-2014, exatamente nos anos que antecederam o grande tombo recessivo de 2015 a 2017. É possível que isso se deva ao fato de que parte significativa dos investimentos nesse período tenha sido em projetos de baixa produtividade e elevado custo, como refinarias e frota naval que, infelizmente, o governo atual pretende retomar.

Investimento do governo depende da consolidação fiscal, que reduza o peso dos gastos obrigatórios e permita alocação mais eficiente dos recursos públicos.  Foto: Wilton Junior/Estadão

Um segundo ponto destacado na pesquisa de Francisco Pessoa é que em construções, tanto em infraestrutura como imobiliária, residem as maiores diferenças entre as nossas taxas de investimento e a dos grupos de países comparados. É possível que o baixo investimento público e a falta de poder aquisitivo da grande maioria da população para comprar imóveis sejam as principais causas disso.

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O Brasil também fica mal na foto nos investimentos em ativos intangíveis, principalmente pesquisa e desenvolvimento, possivelmente por falta de foco das políticas públicas. Novamente: isso vem ocorrendo há muitos anos, tanto em governos de esquerda como nos de direita.

O investimento do governo depende da consolidação fiscal, que reduza o peso dos gastos obrigatórios e permita alocação mais eficiente dos recursos públicos. O investimento privado é função das taxas de retornos esperadas dos projetos, e aqui entram muitas variáveis, destacando: taxa real de juros, incentivos governamentais corretos, acesso às fontes de financiamento, segurança jurídica, estabilidade política e macroeconômica, inovações, mão de obra qualificada e o próprio crescimento econômico, que é causa e consequência do investimento.

Os desafios são grandes e não há bala de prata para desatar este nó.

Para quem não está acostumado com o economês, cabe esclarecer que utilizarei o termo investimento no sentido das contas nacionais, ou seja, formação bruta de capital fixo (construções, máquinas e equipamentos e ativos intangíveis, como pesquisa e desenvolvimento e softwares). Ou seja, são bens que aumentam a capacidade de produção de outros bens e serviços no futuro.

O economista Francisco Pessoa Faria, da LCA Consultores, fez uma minuciosa tabulação de dados oficiais sobre a taxa de investimento como proporção do PIB, que possibilita comparações internacionais e revela alguns pontos interessantes.

O primeiro ponto é que a escassez de investimento é um problema crônico no Brasil, não sendo correto atribuí-la apenas às incertezas geradas pelo governo Lula da Silva. No período de 2000 a 2022, nossa taxa de investimento foi aproximadamente quatro pontos porcentuais inferior à média mundial e 3,6 pontos porcentuais aquém da observada nos países de renda média, em ambos os casos com exclusão da China e do próprio Brasil, para melhor comparação. Ressalte-se que, em todos os anos desse período, a taxa de investimento no Brasil ficou bem abaixo das verificadas nestes dois grupos.

Essa diferença foi menor apenas no período 2010-2014, exatamente nos anos que antecederam o grande tombo recessivo de 2015 a 2017. É possível que isso se deva ao fato de que parte significativa dos investimentos nesse período tenha sido em projetos de baixa produtividade e elevado custo, como refinarias e frota naval que, infelizmente, o governo atual pretende retomar.

Investimento do governo depende da consolidação fiscal, que reduza o peso dos gastos obrigatórios e permita alocação mais eficiente dos recursos públicos.  Foto: Wilton Junior/Estadão

Um segundo ponto destacado na pesquisa de Francisco Pessoa é que em construções, tanto em infraestrutura como imobiliária, residem as maiores diferenças entre as nossas taxas de investimento e a dos grupos de países comparados. É possível que o baixo investimento público e a falta de poder aquisitivo da grande maioria da população para comprar imóveis sejam as principais causas disso.

O Brasil também fica mal na foto nos investimentos em ativos intangíveis, principalmente pesquisa e desenvolvimento, possivelmente por falta de foco das políticas públicas. Novamente: isso vem ocorrendo há muitos anos, tanto em governos de esquerda como nos de direita.

O investimento do governo depende da consolidação fiscal, que reduza o peso dos gastos obrigatórios e permita alocação mais eficiente dos recursos públicos. O investimento privado é função das taxas de retornos esperadas dos projetos, e aqui entram muitas variáveis, destacando: taxa real de juros, incentivos governamentais corretos, acesso às fontes de financiamento, segurança jurídica, estabilidade política e macroeconômica, inovações, mão de obra qualificada e o próprio crescimento econômico, que é causa e consequência do investimento.

Os desafios são grandes e não há bala de prata para desatar este nó.

Para quem não está acostumado com o economês, cabe esclarecer que utilizarei o termo investimento no sentido das contas nacionais, ou seja, formação bruta de capital fixo (construções, máquinas e equipamentos e ativos intangíveis, como pesquisa e desenvolvimento e softwares). Ou seja, são bens que aumentam a capacidade de produção de outros bens e serviços no futuro.

O economista Francisco Pessoa Faria, da LCA Consultores, fez uma minuciosa tabulação de dados oficiais sobre a taxa de investimento como proporção do PIB, que possibilita comparações internacionais e revela alguns pontos interessantes.

O primeiro ponto é que a escassez de investimento é um problema crônico no Brasil, não sendo correto atribuí-la apenas às incertezas geradas pelo governo Lula da Silva. No período de 2000 a 2022, nossa taxa de investimento foi aproximadamente quatro pontos porcentuais inferior à média mundial e 3,6 pontos porcentuais aquém da observada nos países de renda média, em ambos os casos com exclusão da China e do próprio Brasil, para melhor comparação. Ressalte-se que, em todos os anos desse período, a taxa de investimento no Brasil ficou bem abaixo das verificadas nestes dois grupos.

Essa diferença foi menor apenas no período 2010-2014, exatamente nos anos que antecederam o grande tombo recessivo de 2015 a 2017. É possível que isso se deva ao fato de que parte significativa dos investimentos nesse período tenha sido em projetos de baixa produtividade e elevado custo, como refinarias e frota naval que, infelizmente, o governo atual pretende retomar.

Investimento do governo depende da consolidação fiscal, que reduza o peso dos gastos obrigatórios e permita alocação mais eficiente dos recursos públicos.  Foto: Wilton Junior/Estadão

Um segundo ponto destacado na pesquisa de Francisco Pessoa é que em construções, tanto em infraestrutura como imobiliária, residem as maiores diferenças entre as nossas taxas de investimento e a dos grupos de países comparados. É possível que o baixo investimento público e a falta de poder aquisitivo da grande maioria da população para comprar imóveis sejam as principais causas disso.

O Brasil também fica mal na foto nos investimentos em ativos intangíveis, principalmente pesquisa e desenvolvimento, possivelmente por falta de foco das políticas públicas. Novamente: isso vem ocorrendo há muitos anos, tanto em governos de esquerda como nos de direita.

O investimento do governo depende da consolidação fiscal, que reduza o peso dos gastos obrigatórios e permita alocação mais eficiente dos recursos públicos. O investimento privado é função das taxas de retornos esperadas dos projetos, e aqui entram muitas variáveis, destacando: taxa real de juros, incentivos governamentais corretos, acesso às fontes de financiamento, segurança jurídica, estabilidade política e macroeconômica, inovações, mão de obra qualificada e o próprio crescimento econômico, que é causa e consequência do investimento.

Os desafios são grandes e não há bala de prata para desatar este nó.

Para quem não está acostumado com o economês, cabe esclarecer que utilizarei o termo investimento no sentido das contas nacionais, ou seja, formação bruta de capital fixo (construções, máquinas e equipamentos e ativos intangíveis, como pesquisa e desenvolvimento e softwares). Ou seja, são bens que aumentam a capacidade de produção de outros bens e serviços no futuro.

O economista Francisco Pessoa Faria, da LCA Consultores, fez uma minuciosa tabulação de dados oficiais sobre a taxa de investimento como proporção do PIB, que possibilita comparações internacionais e revela alguns pontos interessantes.

O primeiro ponto é que a escassez de investimento é um problema crônico no Brasil, não sendo correto atribuí-la apenas às incertezas geradas pelo governo Lula da Silva. No período de 2000 a 2022, nossa taxa de investimento foi aproximadamente quatro pontos porcentuais inferior à média mundial e 3,6 pontos porcentuais aquém da observada nos países de renda média, em ambos os casos com exclusão da China e do próprio Brasil, para melhor comparação. Ressalte-se que, em todos os anos desse período, a taxa de investimento no Brasil ficou bem abaixo das verificadas nestes dois grupos.

Essa diferença foi menor apenas no período 2010-2014, exatamente nos anos que antecederam o grande tombo recessivo de 2015 a 2017. É possível que isso se deva ao fato de que parte significativa dos investimentos nesse período tenha sido em projetos de baixa produtividade e elevado custo, como refinarias e frota naval que, infelizmente, o governo atual pretende retomar.

Investimento do governo depende da consolidação fiscal, que reduza o peso dos gastos obrigatórios e permita alocação mais eficiente dos recursos públicos.  Foto: Wilton Junior/Estadão

Um segundo ponto destacado na pesquisa de Francisco Pessoa é que em construções, tanto em infraestrutura como imobiliária, residem as maiores diferenças entre as nossas taxas de investimento e a dos grupos de países comparados. É possível que o baixo investimento público e a falta de poder aquisitivo da grande maioria da população para comprar imóveis sejam as principais causas disso.

O Brasil também fica mal na foto nos investimentos em ativos intangíveis, principalmente pesquisa e desenvolvimento, possivelmente por falta de foco das políticas públicas. Novamente: isso vem ocorrendo há muitos anos, tanto em governos de esquerda como nos de direita.

O investimento do governo depende da consolidação fiscal, que reduza o peso dos gastos obrigatórios e permita alocação mais eficiente dos recursos públicos. O investimento privado é função das taxas de retornos esperadas dos projetos, e aqui entram muitas variáveis, destacando: taxa real de juros, incentivos governamentais corretos, acesso às fontes de financiamento, segurança jurídica, estabilidade política e macroeconômica, inovações, mão de obra qualificada e o próprio crescimento econômico, que é causa e consequência do investimento.

Os desafios são grandes e não há bala de prata para desatar este nó.

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Opinião por Claudio Adilson Gonçalez

Economista e diretor-presidente da MCM Consultores, foi consultor do Banco Mundial, subsecretário do Tesouro Nacional e chefe da Assessoria Econômica do Ministério da Fazenda

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