Economista e diretor-presidente da MCM Consultores

Opinião|Como a crise chinesa afetará a economia brasileira?


O importante é avaliar a gravidade e a duração da crise da China, pois efeitos podem ser distintos ou até mesmo opostos

Em meu último artigo neste espaço, alertei para os riscos externos que poderiam criar problemas para o Brasil em 2024. Na ocasião, destaquei a crise econômica na China. Volto ao tema para detalhar como isso pode afetar a economia brasileira, principalmente a política monetária.

Na verdade, a economia chinesa já está em crise. Dados sobre tráfego de carga nas ferrovias, consumo de energia, comércio exterior, preços dos ativos (ações e imóveis) não parecem compatíveis com o anúncio do governo chinês de que conseguiu atingir a meta de crescimento real de 5,5% para o PIB, em 2023.

Para o Brasil, o importante é avaliar a gravidade e a duração da crise chinesa pois, dependendo dessas características, os efeitos sobre nossa economia serão distintos ou até mesmo opostos.

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China está em deflação e seu principal índice de ações, Shanghai Composite, caiu 20% nos últimos 2 anos Foto: Ng Han Guan/AP Photo

Se a crise chinesa se mantiver moderada, poderá até mesmo ter alguns efeitos benignos para o Brasil. Por exemplo, um estudo realizado pela LCA Consultores, utilizando modelo estatístico com excelente capacidade preditiva, demonstrou que, se as projeções de consenso para a taxa de câmbio nos próximos dois anos (R$ 4,95 a R$ 5,00) e para as cotações das principais commodities se confirmarem, os preços ao produtor (IPA), apurados pela Fundação Getulio Vargas, deverão registrar deflação de 3% em 2024 e de 1,6% em 2025. Isso, que não está contemplado nas expectativas do mercado financeiro, certamente ajudaria a convergência da inflação ao consumidor (IPCA) para as metas, neste e no próximo ano.

No entanto, é possível que a crise chinesa seja severa, com quedas mais fortes e persistentes da taxa de crescimento, mesmo que as estatísticas oficiais referentes ao PIB não demonstrem isso claramente. Nesse caso, o crescimento da aversão ao risco e a queda do apetite externo para aplicar recursos em países emergentes exportadores de commodities, como o Brasil, poderiam provocar depreciação cambial bem mais intensa, superando a queda das cotações internacionais das commodities, principalmente agrícolas, que têm baixa elasticidade-renda.

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Nessa hipótese, tenderia a prevalecer o efeito inflacionário da taxa de câmbio, dado que esta afeta não somente o preço dos alimentos, mas também partes, peças, matérias-primas e vários bens de consumo final. Tudo o mais constante, seria o pior dos mundos para o Brasil: mais pressões inflacionárias e menos crescimento econômico.

O cenário delineado no parágrafo anterior não me parece o de maior probabilidade, mas é perfeitamente possível, especialmente se Donald Trump vencer a eleição presidencial nos Estados Unidos. Robert Lighthizer, um dos mais importantes assessores para política comercial do provável candidato republicano, é um inimigo feroz da China.

Para lidar com risco externo dessa magnitude, ao Brasil cabe praticar política fiscal responsável e gradualismo na flexibilização monetária.

Em meu último artigo neste espaço, alertei para os riscos externos que poderiam criar problemas para o Brasil em 2024. Na ocasião, destaquei a crise econômica na China. Volto ao tema para detalhar como isso pode afetar a economia brasileira, principalmente a política monetária.

Na verdade, a economia chinesa já está em crise. Dados sobre tráfego de carga nas ferrovias, consumo de energia, comércio exterior, preços dos ativos (ações e imóveis) não parecem compatíveis com o anúncio do governo chinês de que conseguiu atingir a meta de crescimento real de 5,5% para o PIB, em 2023.

Para o Brasil, o importante é avaliar a gravidade e a duração da crise chinesa pois, dependendo dessas características, os efeitos sobre nossa economia serão distintos ou até mesmo opostos.

China está em deflação e seu principal índice de ações, Shanghai Composite, caiu 20% nos últimos 2 anos Foto: Ng Han Guan/AP Photo

Se a crise chinesa se mantiver moderada, poderá até mesmo ter alguns efeitos benignos para o Brasil. Por exemplo, um estudo realizado pela LCA Consultores, utilizando modelo estatístico com excelente capacidade preditiva, demonstrou que, se as projeções de consenso para a taxa de câmbio nos próximos dois anos (R$ 4,95 a R$ 5,00) e para as cotações das principais commodities se confirmarem, os preços ao produtor (IPA), apurados pela Fundação Getulio Vargas, deverão registrar deflação de 3% em 2024 e de 1,6% em 2025. Isso, que não está contemplado nas expectativas do mercado financeiro, certamente ajudaria a convergência da inflação ao consumidor (IPCA) para as metas, neste e no próximo ano.

No entanto, é possível que a crise chinesa seja severa, com quedas mais fortes e persistentes da taxa de crescimento, mesmo que as estatísticas oficiais referentes ao PIB não demonstrem isso claramente. Nesse caso, o crescimento da aversão ao risco e a queda do apetite externo para aplicar recursos em países emergentes exportadores de commodities, como o Brasil, poderiam provocar depreciação cambial bem mais intensa, superando a queda das cotações internacionais das commodities, principalmente agrícolas, que têm baixa elasticidade-renda.

Nessa hipótese, tenderia a prevalecer o efeito inflacionário da taxa de câmbio, dado que esta afeta não somente o preço dos alimentos, mas também partes, peças, matérias-primas e vários bens de consumo final. Tudo o mais constante, seria o pior dos mundos para o Brasil: mais pressões inflacionárias e menos crescimento econômico.

O cenário delineado no parágrafo anterior não me parece o de maior probabilidade, mas é perfeitamente possível, especialmente se Donald Trump vencer a eleição presidencial nos Estados Unidos. Robert Lighthizer, um dos mais importantes assessores para política comercial do provável candidato republicano, é um inimigo feroz da China.

Para lidar com risco externo dessa magnitude, ao Brasil cabe praticar política fiscal responsável e gradualismo na flexibilização monetária.

Em meu último artigo neste espaço, alertei para os riscos externos que poderiam criar problemas para o Brasil em 2024. Na ocasião, destaquei a crise econômica na China. Volto ao tema para detalhar como isso pode afetar a economia brasileira, principalmente a política monetária.

Na verdade, a economia chinesa já está em crise. Dados sobre tráfego de carga nas ferrovias, consumo de energia, comércio exterior, preços dos ativos (ações e imóveis) não parecem compatíveis com o anúncio do governo chinês de que conseguiu atingir a meta de crescimento real de 5,5% para o PIB, em 2023.

Para o Brasil, o importante é avaliar a gravidade e a duração da crise chinesa pois, dependendo dessas características, os efeitos sobre nossa economia serão distintos ou até mesmo opostos.

China está em deflação e seu principal índice de ações, Shanghai Composite, caiu 20% nos últimos 2 anos Foto: Ng Han Guan/AP Photo

Se a crise chinesa se mantiver moderada, poderá até mesmo ter alguns efeitos benignos para o Brasil. Por exemplo, um estudo realizado pela LCA Consultores, utilizando modelo estatístico com excelente capacidade preditiva, demonstrou que, se as projeções de consenso para a taxa de câmbio nos próximos dois anos (R$ 4,95 a R$ 5,00) e para as cotações das principais commodities se confirmarem, os preços ao produtor (IPA), apurados pela Fundação Getulio Vargas, deverão registrar deflação de 3% em 2024 e de 1,6% em 2025. Isso, que não está contemplado nas expectativas do mercado financeiro, certamente ajudaria a convergência da inflação ao consumidor (IPCA) para as metas, neste e no próximo ano.

No entanto, é possível que a crise chinesa seja severa, com quedas mais fortes e persistentes da taxa de crescimento, mesmo que as estatísticas oficiais referentes ao PIB não demonstrem isso claramente. Nesse caso, o crescimento da aversão ao risco e a queda do apetite externo para aplicar recursos em países emergentes exportadores de commodities, como o Brasil, poderiam provocar depreciação cambial bem mais intensa, superando a queda das cotações internacionais das commodities, principalmente agrícolas, que têm baixa elasticidade-renda.

Nessa hipótese, tenderia a prevalecer o efeito inflacionário da taxa de câmbio, dado que esta afeta não somente o preço dos alimentos, mas também partes, peças, matérias-primas e vários bens de consumo final. Tudo o mais constante, seria o pior dos mundos para o Brasil: mais pressões inflacionárias e menos crescimento econômico.

O cenário delineado no parágrafo anterior não me parece o de maior probabilidade, mas é perfeitamente possível, especialmente se Donald Trump vencer a eleição presidencial nos Estados Unidos. Robert Lighthizer, um dos mais importantes assessores para política comercial do provável candidato republicano, é um inimigo feroz da China.

Para lidar com risco externo dessa magnitude, ao Brasil cabe praticar política fiscal responsável e gradualismo na flexibilização monetária.

Em meu último artigo neste espaço, alertei para os riscos externos que poderiam criar problemas para o Brasil em 2024. Na ocasião, destaquei a crise econômica na China. Volto ao tema para detalhar como isso pode afetar a economia brasileira, principalmente a política monetária.

Na verdade, a economia chinesa já está em crise. Dados sobre tráfego de carga nas ferrovias, consumo de energia, comércio exterior, preços dos ativos (ações e imóveis) não parecem compatíveis com o anúncio do governo chinês de que conseguiu atingir a meta de crescimento real de 5,5% para o PIB, em 2023.

Para o Brasil, o importante é avaliar a gravidade e a duração da crise chinesa pois, dependendo dessas características, os efeitos sobre nossa economia serão distintos ou até mesmo opostos.

China está em deflação e seu principal índice de ações, Shanghai Composite, caiu 20% nos últimos 2 anos Foto: Ng Han Guan/AP Photo

Se a crise chinesa se mantiver moderada, poderá até mesmo ter alguns efeitos benignos para o Brasil. Por exemplo, um estudo realizado pela LCA Consultores, utilizando modelo estatístico com excelente capacidade preditiva, demonstrou que, se as projeções de consenso para a taxa de câmbio nos próximos dois anos (R$ 4,95 a R$ 5,00) e para as cotações das principais commodities se confirmarem, os preços ao produtor (IPA), apurados pela Fundação Getulio Vargas, deverão registrar deflação de 3% em 2024 e de 1,6% em 2025. Isso, que não está contemplado nas expectativas do mercado financeiro, certamente ajudaria a convergência da inflação ao consumidor (IPCA) para as metas, neste e no próximo ano.

No entanto, é possível que a crise chinesa seja severa, com quedas mais fortes e persistentes da taxa de crescimento, mesmo que as estatísticas oficiais referentes ao PIB não demonstrem isso claramente. Nesse caso, o crescimento da aversão ao risco e a queda do apetite externo para aplicar recursos em países emergentes exportadores de commodities, como o Brasil, poderiam provocar depreciação cambial bem mais intensa, superando a queda das cotações internacionais das commodities, principalmente agrícolas, que têm baixa elasticidade-renda.

Nessa hipótese, tenderia a prevalecer o efeito inflacionário da taxa de câmbio, dado que esta afeta não somente o preço dos alimentos, mas também partes, peças, matérias-primas e vários bens de consumo final. Tudo o mais constante, seria o pior dos mundos para o Brasil: mais pressões inflacionárias e menos crescimento econômico.

O cenário delineado no parágrafo anterior não me parece o de maior probabilidade, mas é perfeitamente possível, especialmente se Donald Trump vencer a eleição presidencial nos Estados Unidos. Robert Lighthizer, um dos mais importantes assessores para política comercial do provável candidato republicano, é um inimigo feroz da China.

Para lidar com risco externo dessa magnitude, ao Brasil cabe praticar política fiscal responsável e gradualismo na flexibilização monetária.

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