Economista e diretor-presidente da MCM Consultores

Opinião|Deterioração fiscal global é mais um desafio para o Brasil


Efeitos para economias emergentes serão desafiantes; sem ajuda da política fiscal, ficará difícil para País reduzir a taxa real de juro

Por Claudio Adilson Gonçalez

Em 2013, o ex-secretário do Tesouro dos Estados Unidos e reputado economista Lawrence Summers resgatou a expressão “estagnação secular”, criada em 1938, por Alvin Hansen, para explicar os desafios para o crescimento econômico decorrentes da queda da taxa de investimento, como proporção do PIB.

Para simplificar, mas com algum prejuízo do rigor técnico, destaco aqui apenas a previsão de Summers de que o envelhecimento da população e a concentração da riqueza elevariam a taxa de poupança, enquanto a demanda por investimento tenderia a cair, sobretudo pelas inovações da economia digital, pois investimentos intangíveis demandam menos recursos para serem financiados. Esse excesso de poupança reduziria a taxa real de juros neutra (aquela que iguala o PIB efetivo ao potencial), que tenderia até mesmo a ficar negativa. O fraco crescimento médio dos Estados Unidos no período 2008/2016, com juros nominais quase nulos e inflação geralmente abaixo da meta de 2% ao ano, pareciam confirmar as ideias de Summers.

Claudio Adilson Gonçalez: a situação fiscal de várias economias vem se deteriorando significativamente.  Foto: Fábio Motta/Estadão
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Mas essa tendência começou a se inverter a partir de eventos como a pandemia de covid-19, o crescimento do risco geopolítico, a guerra comercial sino-americana e os grandes dispêndios necessários para substituição energética a favor de fontes com menor emissão de carbono. A globalização e as cadeias internacionais de suprimentos começaram a ceder lugar para políticas industriais protecionistas. A taxa de investimento, como proporção do PIB, ao contrário do que previa Summers, cresceu continuamente desde o mínimo de 18% em 2010, até 22% em 2022. E tudo indica que as políticas industriais e a substituição energética elevarão ainda mais a demanda por bens de capital.

Além disso, a situação fiscal de várias economias vem se deteriorando significativamente. Segundo dados do Monitor Fiscal do FMI, de abril de 2024, o déficit nominal global que foi de 5,5% do PIB em 2023 não voltará, pelo menos até 2029, ao patamar pré-covid, 3,6%, registrado em 2019. Ainda, segundo esse relatório, a dívida pública global, como proporção do PIB, crescerá de forma impressionante, com destaque para Estados Unidos, de 108% em 2019, para 134% em 2029 e China, de 60% para 110% no mesmo período.

Os financiamentos desses déficits e dos projetos de investimentos na substituição energética e nas políticas industriais tenderão a continuar pressionando a taxa real de juros de equilíbrio, principalmente nos Estados Unidos.

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Até há pouco tempo, o Fed, banco central norte-americano, estimava a taxa real de juros neutra no intervalo 0,5% a 0,6% ao ano. No entanto, é mais provável que ela tenderá a ficar próxima ao patamar atual de 2% ao ano.

Se esse quadro se concretizar, os efeitos para economias emergentes serão desafiantes. No Brasil, sem a ajuda da política fiscal, ficará bem mais difícil reduzir a taxa real de juro.

Em 2013, o ex-secretário do Tesouro dos Estados Unidos e reputado economista Lawrence Summers resgatou a expressão “estagnação secular”, criada em 1938, por Alvin Hansen, para explicar os desafios para o crescimento econômico decorrentes da queda da taxa de investimento, como proporção do PIB.

Para simplificar, mas com algum prejuízo do rigor técnico, destaco aqui apenas a previsão de Summers de que o envelhecimento da população e a concentração da riqueza elevariam a taxa de poupança, enquanto a demanda por investimento tenderia a cair, sobretudo pelas inovações da economia digital, pois investimentos intangíveis demandam menos recursos para serem financiados. Esse excesso de poupança reduziria a taxa real de juros neutra (aquela que iguala o PIB efetivo ao potencial), que tenderia até mesmo a ficar negativa. O fraco crescimento médio dos Estados Unidos no período 2008/2016, com juros nominais quase nulos e inflação geralmente abaixo da meta de 2% ao ano, pareciam confirmar as ideias de Summers.

Claudio Adilson Gonçalez: a situação fiscal de várias economias vem se deteriorando significativamente.  Foto: Fábio Motta/Estadão

Mas essa tendência começou a se inverter a partir de eventos como a pandemia de covid-19, o crescimento do risco geopolítico, a guerra comercial sino-americana e os grandes dispêndios necessários para substituição energética a favor de fontes com menor emissão de carbono. A globalização e as cadeias internacionais de suprimentos começaram a ceder lugar para políticas industriais protecionistas. A taxa de investimento, como proporção do PIB, ao contrário do que previa Summers, cresceu continuamente desde o mínimo de 18% em 2010, até 22% em 2022. E tudo indica que as políticas industriais e a substituição energética elevarão ainda mais a demanda por bens de capital.

Além disso, a situação fiscal de várias economias vem se deteriorando significativamente. Segundo dados do Monitor Fiscal do FMI, de abril de 2024, o déficit nominal global que foi de 5,5% do PIB em 2023 não voltará, pelo menos até 2029, ao patamar pré-covid, 3,6%, registrado em 2019. Ainda, segundo esse relatório, a dívida pública global, como proporção do PIB, crescerá de forma impressionante, com destaque para Estados Unidos, de 108% em 2019, para 134% em 2029 e China, de 60% para 110% no mesmo período.

Os financiamentos desses déficits e dos projetos de investimentos na substituição energética e nas políticas industriais tenderão a continuar pressionando a taxa real de juros de equilíbrio, principalmente nos Estados Unidos.

Até há pouco tempo, o Fed, banco central norte-americano, estimava a taxa real de juros neutra no intervalo 0,5% a 0,6% ao ano. No entanto, é mais provável que ela tenderá a ficar próxima ao patamar atual de 2% ao ano.

Se esse quadro se concretizar, os efeitos para economias emergentes serão desafiantes. No Brasil, sem a ajuda da política fiscal, ficará bem mais difícil reduzir a taxa real de juro.

Em 2013, o ex-secretário do Tesouro dos Estados Unidos e reputado economista Lawrence Summers resgatou a expressão “estagnação secular”, criada em 1938, por Alvin Hansen, para explicar os desafios para o crescimento econômico decorrentes da queda da taxa de investimento, como proporção do PIB.

Para simplificar, mas com algum prejuízo do rigor técnico, destaco aqui apenas a previsão de Summers de que o envelhecimento da população e a concentração da riqueza elevariam a taxa de poupança, enquanto a demanda por investimento tenderia a cair, sobretudo pelas inovações da economia digital, pois investimentos intangíveis demandam menos recursos para serem financiados. Esse excesso de poupança reduziria a taxa real de juros neutra (aquela que iguala o PIB efetivo ao potencial), que tenderia até mesmo a ficar negativa. O fraco crescimento médio dos Estados Unidos no período 2008/2016, com juros nominais quase nulos e inflação geralmente abaixo da meta de 2% ao ano, pareciam confirmar as ideias de Summers.

Claudio Adilson Gonçalez: a situação fiscal de várias economias vem se deteriorando significativamente.  Foto: Fábio Motta/Estadão

Mas essa tendência começou a se inverter a partir de eventos como a pandemia de covid-19, o crescimento do risco geopolítico, a guerra comercial sino-americana e os grandes dispêndios necessários para substituição energética a favor de fontes com menor emissão de carbono. A globalização e as cadeias internacionais de suprimentos começaram a ceder lugar para políticas industriais protecionistas. A taxa de investimento, como proporção do PIB, ao contrário do que previa Summers, cresceu continuamente desde o mínimo de 18% em 2010, até 22% em 2022. E tudo indica que as políticas industriais e a substituição energética elevarão ainda mais a demanda por bens de capital.

Além disso, a situação fiscal de várias economias vem se deteriorando significativamente. Segundo dados do Monitor Fiscal do FMI, de abril de 2024, o déficit nominal global que foi de 5,5% do PIB em 2023 não voltará, pelo menos até 2029, ao patamar pré-covid, 3,6%, registrado em 2019. Ainda, segundo esse relatório, a dívida pública global, como proporção do PIB, crescerá de forma impressionante, com destaque para Estados Unidos, de 108% em 2019, para 134% em 2029 e China, de 60% para 110% no mesmo período.

Os financiamentos desses déficits e dos projetos de investimentos na substituição energética e nas políticas industriais tenderão a continuar pressionando a taxa real de juros de equilíbrio, principalmente nos Estados Unidos.

Até há pouco tempo, o Fed, banco central norte-americano, estimava a taxa real de juros neutra no intervalo 0,5% a 0,6% ao ano. No entanto, é mais provável que ela tenderá a ficar próxima ao patamar atual de 2% ao ano.

Se esse quadro se concretizar, os efeitos para economias emergentes serão desafiantes. No Brasil, sem a ajuda da política fiscal, ficará bem mais difícil reduzir a taxa real de juro.

Em 2013, o ex-secretário do Tesouro dos Estados Unidos e reputado economista Lawrence Summers resgatou a expressão “estagnação secular”, criada em 1938, por Alvin Hansen, para explicar os desafios para o crescimento econômico decorrentes da queda da taxa de investimento, como proporção do PIB.

Para simplificar, mas com algum prejuízo do rigor técnico, destaco aqui apenas a previsão de Summers de que o envelhecimento da população e a concentração da riqueza elevariam a taxa de poupança, enquanto a demanda por investimento tenderia a cair, sobretudo pelas inovações da economia digital, pois investimentos intangíveis demandam menos recursos para serem financiados. Esse excesso de poupança reduziria a taxa real de juros neutra (aquela que iguala o PIB efetivo ao potencial), que tenderia até mesmo a ficar negativa. O fraco crescimento médio dos Estados Unidos no período 2008/2016, com juros nominais quase nulos e inflação geralmente abaixo da meta de 2% ao ano, pareciam confirmar as ideias de Summers.

Claudio Adilson Gonçalez: a situação fiscal de várias economias vem se deteriorando significativamente.  Foto: Fábio Motta/Estadão

Mas essa tendência começou a se inverter a partir de eventos como a pandemia de covid-19, o crescimento do risco geopolítico, a guerra comercial sino-americana e os grandes dispêndios necessários para substituição energética a favor de fontes com menor emissão de carbono. A globalização e as cadeias internacionais de suprimentos começaram a ceder lugar para políticas industriais protecionistas. A taxa de investimento, como proporção do PIB, ao contrário do que previa Summers, cresceu continuamente desde o mínimo de 18% em 2010, até 22% em 2022. E tudo indica que as políticas industriais e a substituição energética elevarão ainda mais a demanda por bens de capital.

Além disso, a situação fiscal de várias economias vem se deteriorando significativamente. Segundo dados do Monitor Fiscal do FMI, de abril de 2024, o déficit nominal global que foi de 5,5% do PIB em 2023 não voltará, pelo menos até 2029, ao patamar pré-covid, 3,6%, registrado em 2019. Ainda, segundo esse relatório, a dívida pública global, como proporção do PIB, crescerá de forma impressionante, com destaque para Estados Unidos, de 108% em 2019, para 134% em 2029 e China, de 60% para 110% no mesmo período.

Os financiamentos desses déficits e dos projetos de investimentos na substituição energética e nas políticas industriais tenderão a continuar pressionando a taxa real de juros de equilíbrio, principalmente nos Estados Unidos.

Até há pouco tempo, o Fed, banco central norte-americano, estimava a taxa real de juros neutra no intervalo 0,5% a 0,6% ao ano. No entanto, é mais provável que ela tenderá a ficar próxima ao patamar atual de 2% ao ano.

Se esse quadro se concretizar, os efeitos para economias emergentes serão desafiantes. No Brasil, sem a ajuda da política fiscal, ficará bem mais difícil reduzir a taxa real de juro.

Em 2013, o ex-secretário do Tesouro dos Estados Unidos e reputado economista Lawrence Summers resgatou a expressão “estagnação secular”, criada em 1938, por Alvin Hansen, para explicar os desafios para o crescimento econômico decorrentes da queda da taxa de investimento, como proporção do PIB.

Para simplificar, mas com algum prejuízo do rigor técnico, destaco aqui apenas a previsão de Summers de que o envelhecimento da população e a concentração da riqueza elevariam a taxa de poupança, enquanto a demanda por investimento tenderia a cair, sobretudo pelas inovações da economia digital, pois investimentos intangíveis demandam menos recursos para serem financiados. Esse excesso de poupança reduziria a taxa real de juros neutra (aquela que iguala o PIB efetivo ao potencial), que tenderia até mesmo a ficar negativa. O fraco crescimento médio dos Estados Unidos no período 2008/2016, com juros nominais quase nulos e inflação geralmente abaixo da meta de 2% ao ano, pareciam confirmar as ideias de Summers.

Claudio Adilson Gonçalez: a situação fiscal de várias economias vem se deteriorando significativamente.  Foto: Fábio Motta/Estadão

Mas essa tendência começou a se inverter a partir de eventos como a pandemia de covid-19, o crescimento do risco geopolítico, a guerra comercial sino-americana e os grandes dispêndios necessários para substituição energética a favor de fontes com menor emissão de carbono. A globalização e as cadeias internacionais de suprimentos começaram a ceder lugar para políticas industriais protecionistas. A taxa de investimento, como proporção do PIB, ao contrário do que previa Summers, cresceu continuamente desde o mínimo de 18% em 2010, até 22% em 2022. E tudo indica que as políticas industriais e a substituição energética elevarão ainda mais a demanda por bens de capital.

Além disso, a situação fiscal de várias economias vem se deteriorando significativamente. Segundo dados do Monitor Fiscal do FMI, de abril de 2024, o déficit nominal global que foi de 5,5% do PIB em 2023 não voltará, pelo menos até 2029, ao patamar pré-covid, 3,6%, registrado em 2019. Ainda, segundo esse relatório, a dívida pública global, como proporção do PIB, crescerá de forma impressionante, com destaque para Estados Unidos, de 108% em 2019, para 134% em 2029 e China, de 60% para 110% no mesmo período.

Os financiamentos desses déficits e dos projetos de investimentos na substituição energética e nas políticas industriais tenderão a continuar pressionando a taxa real de juros de equilíbrio, principalmente nos Estados Unidos.

Até há pouco tempo, o Fed, banco central norte-americano, estimava a taxa real de juros neutra no intervalo 0,5% a 0,6% ao ano. No entanto, é mais provável que ela tenderá a ficar próxima ao patamar atual de 2% ao ano.

Se esse quadro se concretizar, os efeitos para economias emergentes serão desafiantes. No Brasil, sem a ajuda da política fiscal, ficará bem mais difícil reduzir a taxa real de juro.

Opinião por Claudio Adilson Gonçalez

Economista e diretor-presidente da MCM Consultores, foi consultor do Banco Mundial, subsecretário do Tesouro Nacional e chefe da Assessoria Econômica do Ministério da Fazenda

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