Economista e diretor-presidente da MCM Consultores

Opinião|Não há nada de temerário no cenário internacional


O mais provável é que a economia mundial esteja apenas voltando à normalidade, ao contrário de estar entrando em crise

Por Claudio Adilson Gonçalez

O Banco Central do Brasil está correto quando diz que o cenário externo está desafiador, principalmente considerando a volatilidade dos preços dos ativos financeiros globais. No entanto, dadas as peculiaridades das fortes oscilações de variáveis econômicas durante e pós-pandemia, o mais provável é que a economia mundial esteja apenas voltando à normalidade, ao contrário de estar entrando em crise.

Sim, a China, maior parceira comercial do Brasil, está em desaceleração do crescimento econômico. No segundo trimestre de 2024, conforme dados oficiais, o PIB cresceu apenas 0,7% em relação ao trimestre anterior e 4,7% sobre igual período do ano passado. Para o ritmo chinês, são números pífios. Mas esse comportamento já estava previsto em praticamente todos os cenários de analistas especializados, desde o ano passado. De certa forma, os números atuais têm vindo até melhores do que os projetados.

Lujiazui, distrito financeiro de Xangai, China Foto: Hector Retamal/HECTOR RETAMAL
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Já com relação aos Estados Unidos, o que salta à vista são as mudanças bruscas de expectativas, com preços de ativos variando significativamente em resposta a dados econômicos de alta frequência, que são muito voláteis e tendem a induzir a erros de cenários.

Até o final de julho passado, o grande temor era de que a economia americana ainda estivesse superaquecida. Com isso, a inflação não convergiria para a meta de 2% e o FED, o Banco Central dos Estados Unidos, não poderia reduzir a taxa básica de juros, ou o faria em ritmo bem mais lento do que o previsto.

Bastou a divulgação no início de agosto de dados mais fracos relativos ao mercado de trabalho, como a geração líquida de empregos, a taxa de desemprego e o crescimento mais lento dos salários, para o mercado dar uma guinada de 180 graus e passar a temer forte recessão, provocando quedas expressivas nas bolsas de valores ao redor do mundo.

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Este pessimismo foi mera precipitação. Desprezando-se as conhecidas volatilidades de dados mensais, o desaquecimento no mercado de trabalho norte-americano foi modesto, tendo ocorrido o mesmo em várias outras economias avançadas. Análises especializadas mostram que a taxa de desemprego está mais se acomodando à volta à normalidade após os solavancos da pandemia do que sinalizando uma expressiva desaceleração econômica.

Outros indicadores como o Índice da Atividade Nacional do FED de Chicago (o CFNAI, na sigla em inglês), o Índice dos Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês), e um excelente modelo estatístico do FED de Nova York, mostram que a economia americana está apenas ligeiramente abaixo do pleno emprego e que a inflação está convergindo para a meta. Conclusão semelhante aplica-se à maioria das demais economias avançadas, apesar das volatilidades.

O Banco Central do Brasil está correto quando diz que o cenário externo está desafiador, principalmente considerando a volatilidade dos preços dos ativos financeiros globais. No entanto, dadas as peculiaridades das fortes oscilações de variáveis econômicas durante e pós-pandemia, o mais provável é que a economia mundial esteja apenas voltando à normalidade, ao contrário de estar entrando em crise.

Sim, a China, maior parceira comercial do Brasil, está em desaceleração do crescimento econômico. No segundo trimestre de 2024, conforme dados oficiais, o PIB cresceu apenas 0,7% em relação ao trimestre anterior e 4,7% sobre igual período do ano passado. Para o ritmo chinês, são números pífios. Mas esse comportamento já estava previsto em praticamente todos os cenários de analistas especializados, desde o ano passado. De certa forma, os números atuais têm vindo até melhores do que os projetados.

Lujiazui, distrito financeiro de Xangai, China Foto: Hector Retamal/HECTOR RETAMAL

Já com relação aos Estados Unidos, o que salta à vista são as mudanças bruscas de expectativas, com preços de ativos variando significativamente em resposta a dados econômicos de alta frequência, que são muito voláteis e tendem a induzir a erros de cenários.

Até o final de julho passado, o grande temor era de que a economia americana ainda estivesse superaquecida. Com isso, a inflação não convergiria para a meta de 2% e o FED, o Banco Central dos Estados Unidos, não poderia reduzir a taxa básica de juros, ou o faria em ritmo bem mais lento do que o previsto.

Bastou a divulgação no início de agosto de dados mais fracos relativos ao mercado de trabalho, como a geração líquida de empregos, a taxa de desemprego e o crescimento mais lento dos salários, para o mercado dar uma guinada de 180 graus e passar a temer forte recessão, provocando quedas expressivas nas bolsas de valores ao redor do mundo.

Este pessimismo foi mera precipitação. Desprezando-se as conhecidas volatilidades de dados mensais, o desaquecimento no mercado de trabalho norte-americano foi modesto, tendo ocorrido o mesmo em várias outras economias avançadas. Análises especializadas mostram que a taxa de desemprego está mais se acomodando à volta à normalidade após os solavancos da pandemia do que sinalizando uma expressiva desaceleração econômica.

Outros indicadores como o Índice da Atividade Nacional do FED de Chicago (o CFNAI, na sigla em inglês), o Índice dos Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês), e um excelente modelo estatístico do FED de Nova York, mostram que a economia americana está apenas ligeiramente abaixo do pleno emprego e que a inflação está convergindo para a meta. Conclusão semelhante aplica-se à maioria das demais economias avançadas, apesar das volatilidades.

O Banco Central do Brasil está correto quando diz que o cenário externo está desafiador, principalmente considerando a volatilidade dos preços dos ativos financeiros globais. No entanto, dadas as peculiaridades das fortes oscilações de variáveis econômicas durante e pós-pandemia, o mais provável é que a economia mundial esteja apenas voltando à normalidade, ao contrário de estar entrando em crise.

Sim, a China, maior parceira comercial do Brasil, está em desaceleração do crescimento econômico. No segundo trimestre de 2024, conforme dados oficiais, o PIB cresceu apenas 0,7% em relação ao trimestre anterior e 4,7% sobre igual período do ano passado. Para o ritmo chinês, são números pífios. Mas esse comportamento já estava previsto em praticamente todos os cenários de analistas especializados, desde o ano passado. De certa forma, os números atuais têm vindo até melhores do que os projetados.

Lujiazui, distrito financeiro de Xangai, China Foto: Hector Retamal/HECTOR RETAMAL

Já com relação aos Estados Unidos, o que salta à vista são as mudanças bruscas de expectativas, com preços de ativos variando significativamente em resposta a dados econômicos de alta frequência, que são muito voláteis e tendem a induzir a erros de cenários.

Até o final de julho passado, o grande temor era de que a economia americana ainda estivesse superaquecida. Com isso, a inflação não convergiria para a meta de 2% e o FED, o Banco Central dos Estados Unidos, não poderia reduzir a taxa básica de juros, ou o faria em ritmo bem mais lento do que o previsto.

Bastou a divulgação no início de agosto de dados mais fracos relativos ao mercado de trabalho, como a geração líquida de empregos, a taxa de desemprego e o crescimento mais lento dos salários, para o mercado dar uma guinada de 180 graus e passar a temer forte recessão, provocando quedas expressivas nas bolsas de valores ao redor do mundo.

Este pessimismo foi mera precipitação. Desprezando-se as conhecidas volatilidades de dados mensais, o desaquecimento no mercado de trabalho norte-americano foi modesto, tendo ocorrido o mesmo em várias outras economias avançadas. Análises especializadas mostram que a taxa de desemprego está mais se acomodando à volta à normalidade após os solavancos da pandemia do que sinalizando uma expressiva desaceleração econômica.

Outros indicadores como o Índice da Atividade Nacional do FED de Chicago (o CFNAI, na sigla em inglês), o Índice dos Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês), e um excelente modelo estatístico do FED de Nova York, mostram que a economia americana está apenas ligeiramente abaixo do pleno emprego e que a inflação está convergindo para a meta. Conclusão semelhante aplica-se à maioria das demais economias avançadas, apesar das volatilidades.

O Banco Central do Brasil está correto quando diz que o cenário externo está desafiador, principalmente considerando a volatilidade dos preços dos ativos financeiros globais. No entanto, dadas as peculiaridades das fortes oscilações de variáveis econômicas durante e pós-pandemia, o mais provável é que a economia mundial esteja apenas voltando à normalidade, ao contrário de estar entrando em crise.

Sim, a China, maior parceira comercial do Brasil, está em desaceleração do crescimento econômico. No segundo trimestre de 2024, conforme dados oficiais, o PIB cresceu apenas 0,7% em relação ao trimestre anterior e 4,7% sobre igual período do ano passado. Para o ritmo chinês, são números pífios. Mas esse comportamento já estava previsto em praticamente todos os cenários de analistas especializados, desde o ano passado. De certa forma, os números atuais têm vindo até melhores do que os projetados.

Lujiazui, distrito financeiro de Xangai, China Foto: Hector Retamal/HECTOR RETAMAL

Já com relação aos Estados Unidos, o que salta à vista são as mudanças bruscas de expectativas, com preços de ativos variando significativamente em resposta a dados econômicos de alta frequência, que são muito voláteis e tendem a induzir a erros de cenários.

Até o final de julho passado, o grande temor era de que a economia americana ainda estivesse superaquecida. Com isso, a inflação não convergiria para a meta de 2% e o FED, o Banco Central dos Estados Unidos, não poderia reduzir a taxa básica de juros, ou o faria em ritmo bem mais lento do que o previsto.

Bastou a divulgação no início de agosto de dados mais fracos relativos ao mercado de trabalho, como a geração líquida de empregos, a taxa de desemprego e o crescimento mais lento dos salários, para o mercado dar uma guinada de 180 graus e passar a temer forte recessão, provocando quedas expressivas nas bolsas de valores ao redor do mundo.

Este pessimismo foi mera precipitação. Desprezando-se as conhecidas volatilidades de dados mensais, o desaquecimento no mercado de trabalho norte-americano foi modesto, tendo ocorrido o mesmo em várias outras economias avançadas. Análises especializadas mostram que a taxa de desemprego está mais se acomodando à volta à normalidade após os solavancos da pandemia do que sinalizando uma expressiva desaceleração econômica.

Outros indicadores como o Índice da Atividade Nacional do FED de Chicago (o CFNAI, na sigla em inglês), o Índice dos Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês), e um excelente modelo estatístico do FED de Nova York, mostram que a economia americana está apenas ligeiramente abaixo do pleno emprego e que a inflação está convergindo para a meta. Conclusão semelhante aplica-se à maioria das demais economias avançadas, apesar das volatilidades.

Opinião por Claudio Adilson Gonçalez

Economista e diretor-presidente da MCM Consultores, foi consultor do Banco Mundial, subsecretário do Tesouro Nacional e chefe da Assessoria Econômica do Ministério da Fazenda

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