Economista e diretor-presidente da MCM Consultores

Opinião|Reformas estruturais não explicam subestimativas do PIB


Se tais reformas já tivessem aumentado a capacidade da economia brasileira na produção de bens e serviços, teria havido elevação da taxa de investimento

Por Claudio Adilson Gonçalez

De acordo com o dicionário Houaiss, surpresa é um fato inesperado, repentino, não anunciado previamente. Algo que ocorre repetidamente não é surpresa. Assim, as seguidas e expressivas subestimativas do PIB brasileiro, desde 2020, não são surpresas, mas sim erros de projeção, de magnitude não observável até 2019. Algo mudou a partir de 2020, e os analistas não estão se dando conta disso.

Muitos atribuem essas “surpresas” à não incorporação, nos modelos de projeção, dos efeitos positivos das reformas aprovadas nos governos Temer e Bolsonaro, tais como: teto de gastos; substituição, nos financiamentos do BNDES, da subsidiada Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) pela Taxa de Longo Prazo (TLP), mais próxima aos juros de mercado; reforma da previdência, reforma trabalhista, marco do saneamento e lei de liberdade econômica. No entanto, essa hipótese não encontra sustentação nos dados.

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Se tais reformas já tivessem aumentado a capacidade da economia brasileira na produção de bens e serviços (PIB potencial), teria havido elevação da taxa de investimento e/ou da produtividade total dos fatores de produção. Mas não é isso que os dados mostram.

Taxa de investimento mantém-se muito baixa e mal tem conseguido repor a depreciação dos bens de capital Foto: Filipe Araujo/AE

A taxa de investimento mantém-se muito baixa e mal tem conseguido repor a depreciação dos bens de capital. Segundo dados do Ipea, o estoque líquido de capital fixo registrou crescimento acumulado de apenas 1,4% no período 2016-2023, ou seja, ficou praticamente estagnado nos últimos oito anos. Tampouco é possível observar, de forma estatisticamente significativa, aumentos expressivos na produtividade total dos fatores de produção.

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Na verdade, a economia vinha operando com ociosidade desde a recessão do período Dilma Rousseff. Segundo minhas estimativas, só no segundo trimestre de 2024, o PIB efetivo alcançou o potencial. De forma mais simples: até meados de 2022, a taxa de desemprego persistiu acima de 12%, e até 2019, a utilização da capacidade instalada na indústria ficou próxima a 75%. E foi só com Roberto Campos Neto, a partir de julho/2019, que a taxa Selic teve reduções expressivas, chegando a 4,5% ao ano, mesmo antes da pandemia.

Assim, a primeira explicação para tais “surpresas” no PIB é que a economia brasileira vem crescendo, aproveitando a capacidade ociosa tanto em mão de obra como no estoque de capital.

Mas há outros dois fatores que provocaram expressivos estímulos de demanda para materializar esse crescimento. Entre o segundo trimestre de 2024 e a média de 2019, ocorreram, já descontada a inflação pelo deflator do PIB: 1) expansão de mais de 20% dos gastos primários do governo geral, principalmente devido a Estados e municípios e 2) crescimento de quase 40% na renda de recursos naturais (agropecuária e extrativa mineral), que se espalhou para outros setores.

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A má notícia é que esgotada a capacidade ociosa, não é mais possível manter o crescimento apenas com estímulos de demanda.

De acordo com o dicionário Houaiss, surpresa é um fato inesperado, repentino, não anunciado previamente. Algo que ocorre repetidamente não é surpresa. Assim, as seguidas e expressivas subestimativas do PIB brasileiro, desde 2020, não são surpresas, mas sim erros de projeção, de magnitude não observável até 2019. Algo mudou a partir de 2020, e os analistas não estão se dando conta disso.

Muitos atribuem essas “surpresas” à não incorporação, nos modelos de projeção, dos efeitos positivos das reformas aprovadas nos governos Temer e Bolsonaro, tais como: teto de gastos; substituição, nos financiamentos do BNDES, da subsidiada Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) pela Taxa de Longo Prazo (TLP), mais próxima aos juros de mercado; reforma da previdência, reforma trabalhista, marco do saneamento e lei de liberdade econômica. No entanto, essa hipótese não encontra sustentação nos dados.

Se tais reformas já tivessem aumentado a capacidade da economia brasileira na produção de bens e serviços (PIB potencial), teria havido elevação da taxa de investimento e/ou da produtividade total dos fatores de produção. Mas não é isso que os dados mostram.

Taxa de investimento mantém-se muito baixa e mal tem conseguido repor a depreciação dos bens de capital Foto: Filipe Araujo/AE

A taxa de investimento mantém-se muito baixa e mal tem conseguido repor a depreciação dos bens de capital. Segundo dados do Ipea, o estoque líquido de capital fixo registrou crescimento acumulado de apenas 1,4% no período 2016-2023, ou seja, ficou praticamente estagnado nos últimos oito anos. Tampouco é possível observar, de forma estatisticamente significativa, aumentos expressivos na produtividade total dos fatores de produção.

Na verdade, a economia vinha operando com ociosidade desde a recessão do período Dilma Rousseff. Segundo minhas estimativas, só no segundo trimestre de 2024, o PIB efetivo alcançou o potencial. De forma mais simples: até meados de 2022, a taxa de desemprego persistiu acima de 12%, e até 2019, a utilização da capacidade instalada na indústria ficou próxima a 75%. E foi só com Roberto Campos Neto, a partir de julho/2019, que a taxa Selic teve reduções expressivas, chegando a 4,5% ao ano, mesmo antes da pandemia.

Assim, a primeira explicação para tais “surpresas” no PIB é que a economia brasileira vem crescendo, aproveitando a capacidade ociosa tanto em mão de obra como no estoque de capital.

Mas há outros dois fatores que provocaram expressivos estímulos de demanda para materializar esse crescimento. Entre o segundo trimestre de 2024 e a média de 2019, ocorreram, já descontada a inflação pelo deflator do PIB: 1) expansão de mais de 20% dos gastos primários do governo geral, principalmente devido a Estados e municípios e 2) crescimento de quase 40% na renda de recursos naturais (agropecuária e extrativa mineral), que se espalhou para outros setores.

A má notícia é que esgotada a capacidade ociosa, não é mais possível manter o crescimento apenas com estímulos de demanda.

De acordo com o dicionário Houaiss, surpresa é um fato inesperado, repentino, não anunciado previamente. Algo que ocorre repetidamente não é surpresa. Assim, as seguidas e expressivas subestimativas do PIB brasileiro, desde 2020, não são surpresas, mas sim erros de projeção, de magnitude não observável até 2019. Algo mudou a partir de 2020, e os analistas não estão se dando conta disso.

Muitos atribuem essas “surpresas” à não incorporação, nos modelos de projeção, dos efeitos positivos das reformas aprovadas nos governos Temer e Bolsonaro, tais como: teto de gastos; substituição, nos financiamentos do BNDES, da subsidiada Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) pela Taxa de Longo Prazo (TLP), mais próxima aos juros de mercado; reforma da previdência, reforma trabalhista, marco do saneamento e lei de liberdade econômica. No entanto, essa hipótese não encontra sustentação nos dados.

Se tais reformas já tivessem aumentado a capacidade da economia brasileira na produção de bens e serviços (PIB potencial), teria havido elevação da taxa de investimento e/ou da produtividade total dos fatores de produção. Mas não é isso que os dados mostram.

Taxa de investimento mantém-se muito baixa e mal tem conseguido repor a depreciação dos bens de capital Foto: Filipe Araujo/AE

A taxa de investimento mantém-se muito baixa e mal tem conseguido repor a depreciação dos bens de capital. Segundo dados do Ipea, o estoque líquido de capital fixo registrou crescimento acumulado de apenas 1,4% no período 2016-2023, ou seja, ficou praticamente estagnado nos últimos oito anos. Tampouco é possível observar, de forma estatisticamente significativa, aumentos expressivos na produtividade total dos fatores de produção.

Na verdade, a economia vinha operando com ociosidade desde a recessão do período Dilma Rousseff. Segundo minhas estimativas, só no segundo trimestre de 2024, o PIB efetivo alcançou o potencial. De forma mais simples: até meados de 2022, a taxa de desemprego persistiu acima de 12%, e até 2019, a utilização da capacidade instalada na indústria ficou próxima a 75%. E foi só com Roberto Campos Neto, a partir de julho/2019, que a taxa Selic teve reduções expressivas, chegando a 4,5% ao ano, mesmo antes da pandemia.

Assim, a primeira explicação para tais “surpresas” no PIB é que a economia brasileira vem crescendo, aproveitando a capacidade ociosa tanto em mão de obra como no estoque de capital.

Mas há outros dois fatores que provocaram expressivos estímulos de demanda para materializar esse crescimento. Entre o segundo trimestre de 2024 e a média de 2019, ocorreram, já descontada a inflação pelo deflator do PIB: 1) expansão de mais de 20% dos gastos primários do governo geral, principalmente devido a Estados e municípios e 2) crescimento de quase 40% na renda de recursos naturais (agropecuária e extrativa mineral), que se espalhou para outros setores.

A má notícia é que esgotada a capacidade ociosa, não é mais possível manter o crescimento apenas com estímulos de demanda.

De acordo com o dicionário Houaiss, surpresa é um fato inesperado, repentino, não anunciado previamente. Algo que ocorre repetidamente não é surpresa. Assim, as seguidas e expressivas subestimativas do PIB brasileiro, desde 2020, não são surpresas, mas sim erros de projeção, de magnitude não observável até 2019. Algo mudou a partir de 2020, e os analistas não estão se dando conta disso.

Muitos atribuem essas “surpresas” à não incorporação, nos modelos de projeção, dos efeitos positivos das reformas aprovadas nos governos Temer e Bolsonaro, tais como: teto de gastos; substituição, nos financiamentos do BNDES, da subsidiada Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) pela Taxa de Longo Prazo (TLP), mais próxima aos juros de mercado; reforma da previdência, reforma trabalhista, marco do saneamento e lei de liberdade econômica. No entanto, essa hipótese não encontra sustentação nos dados.

Se tais reformas já tivessem aumentado a capacidade da economia brasileira na produção de bens e serviços (PIB potencial), teria havido elevação da taxa de investimento e/ou da produtividade total dos fatores de produção. Mas não é isso que os dados mostram.

Taxa de investimento mantém-se muito baixa e mal tem conseguido repor a depreciação dos bens de capital Foto: Filipe Araujo/AE

A taxa de investimento mantém-se muito baixa e mal tem conseguido repor a depreciação dos bens de capital. Segundo dados do Ipea, o estoque líquido de capital fixo registrou crescimento acumulado de apenas 1,4% no período 2016-2023, ou seja, ficou praticamente estagnado nos últimos oito anos. Tampouco é possível observar, de forma estatisticamente significativa, aumentos expressivos na produtividade total dos fatores de produção.

Na verdade, a economia vinha operando com ociosidade desde a recessão do período Dilma Rousseff. Segundo minhas estimativas, só no segundo trimestre de 2024, o PIB efetivo alcançou o potencial. De forma mais simples: até meados de 2022, a taxa de desemprego persistiu acima de 12%, e até 2019, a utilização da capacidade instalada na indústria ficou próxima a 75%. E foi só com Roberto Campos Neto, a partir de julho/2019, que a taxa Selic teve reduções expressivas, chegando a 4,5% ao ano, mesmo antes da pandemia.

Assim, a primeira explicação para tais “surpresas” no PIB é que a economia brasileira vem crescendo, aproveitando a capacidade ociosa tanto em mão de obra como no estoque de capital.

Mas há outros dois fatores que provocaram expressivos estímulos de demanda para materializar esse crescimento. Entre o segundo trimestre de 2024 e a média de 2019, ocorreram, já descontada a inflação pelo deflator do PIB: 1) expansão de mais de 20% dos gastos primários do governo geral, principalmente devido a Estados e municípios e 2) crescimento de quase 40% na renda de recursos naturais (agropecuária e extrativa mineral), que se espalhou para outros setores.

A má notícia é que esgotada a capacidade ociosa, não é mais possível manter o crescimento apenas com estímulos de demanda.

Opinião por Claudio Adilson Gonçalez

Economista e diretor-presidente da MCM Consultores, foi consultor do Banco Mundial, subsecretário do Tesouro Nacional e chefe da Assessoria Econômica do Ministério da Fazenda

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