Trem-bala Rio-São Paulo: questões de engenharia, ambientais e de custos inviabilizam projeto?


Para Cláudio Frischtak, da consultoria Inter.B, localização das estações fora dos centros das capitais vai na contramão do que ocorre no resto do mundo

Por Renée Pereira
Atualização:

Desde a primeira versão do projeto de construção de um trem de alta velocidade (TAV) entre São Paulo e Rio de Janeiro, surgida em 2007, no segundo mandato do presidente Lula, a viabilidade da iniciativa é questionada no Brasil. Em parte, porque o País não tem experiência no assunto. Mas também porque o empreendimento envolve questões complexas de engenharia e de operação. “É impossível fazer um trem-bala no Brasil? Não. Mas a pergunta é: a que custo?”, questiona o sócio da consultoria Inter.B, Cláudio Frischtak.

Custo para contornar todas as questões para implementar um trem-bala no Brasil é alto, diz Cláudio Frischtak Foto: Patrícia Cruz/Estadão

Por causa da velocidade, o traçado da linha precisa ser reto ou com curvas menos acentuadas. Isso significa que, para transpor a Serra do Mar, por exemplo, seria necessária uma série de obras, como viadutos e túneis. Com as novas tecnologias, o problema seria resolvido, mas o custo para contornar todas as questões é alto.

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Outro fator é a questão ambiental. No projeto anterior – e também no atual –, o trajeto atravessa áreas sensíveis, a exemplo da Serra do Mar. De São Paulo ao Rio, o trem passaria por cerca de 30 municípios, em áreas com construções já existente, de proteção ambiental, condomínios de luxo e mananciais (no projeto anterior, o trem passaria por Santa Isabel, a 57 km de São Paulo, onde 82% do território é considerado área de manancial).

Isso exige um complexo e turbulento processo de negociação com prefeitos, fazendeiros e empresas para desapropriação de áreas. “O TAV já foi tentado há cerca de 12 anos e chegou-se a conclusão de que não era viável”, diz Frischtak.

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Atualmente, afirma ele, existe apenas uma ideia, um conceito de projeto. “Isso é diferente de ter um projeto básico ou projeto executivo, que traz todos os detalhes da construção, dos obstáculos.” Um dos principais especialistas do setor de infraestrutura do País, o executivo destaca que seriam gastos entre R$ 1 bilhão e R$ 2 bilhões apenas para o projeto executivo.

Frischtak levanta outro ponto que torna o TAV ainda mais complexo: a localização das estações nas cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro. De acordo com a proposta, Pirituba, em São Paulo, e Santa Cruz, no Rio, seriam as duas pontas das capitais. “Não faz sentido isso. No mundo inteiro, os trens de alta velocidade saem ou chegam nos centros. O TAV vai competir com a ponte aérea, não com os ônibus.”

Ele afirma que há muitas pontas soltas. Ao acertar todas as arestas, o valor inicial de investimento pode subir ainda mais e inviabilizar o preço que seria cobrado da população. “O risco de um projeto de infraestrutura é sempre o passivo que pode cair no colo do contribuinte”, diz.

Desde a primeira versão do projeto de construção de um trem de alta velocidade (TAV) entre São Paulo e Rio de Janeiro, surgida em 2007, no segundo mandato do presidente Lula, a viabilidade da iniciativa é questionada no Brasil. Em parte, porque o País não tem experiência no assunto. Mas também porque o empreendimento envolve questões complexas de engenharia e de operação. “É impossível fazer um trem-bala no Brasil? Não. Mas a pergunta é: a que custo?”, questiona o sócio da consultoria Inter.B, Cláudio Frischtak.

Custo para contornar todas as questões para implementar um trem-bala no Brasil é alto, diz Cláudio Frischtak Foto: Patrícia Cruz/Estadão

Por causa da velocidade, o traçado da linha precisa ser reto ou com curvas menos acentuadas. Isso significa que, para transpor a Serra do Mar, por exemplo, seria necessária uma série de obras, como viadutos e túneis. Com as novas tecnologias, o problema seria resolvido, mas o custo para contornar todas as questões é alto.

Outro fator é a questão ambiental. No projeto anterior – e também no atual –, o trajeto atravessa áreas sensíveis, a exemplo da Serra do Mar. De São Paulo ao Rio, o trem passaria por cerca de 30 municípios, em áreas com construções já existente, de proteção ambiental, condomínios de luxo e mananciais (no projeto anterior, o trem passaria por Santa Isabel, a 57 km de São Paulo, onde 82% do território é considerado área de manancial).

Isso exige um complexo e turbulento processo de negociação com prefeitos, fazendeiros e empresas para desapropriação de áreas. “O TAV já foi tentado há cerca de 12 anos e chegou-se a conclusão de que não era viável”, diz Frischtak.

Atualmente, afirma ele, existe apenas uma ideia, um conceito de projeto. “Isso é diferente de ter um projeto básico ou projeto executivo, que traz todos os detalhes da construção, dos obstáculos.” Um dos principais especialistas do setor de infraestrutura do País, o executivo destaca que seriam gastos entre R$ 1 bilhão e R$ 2 bilhões apenas para o projeto executivo.

Frischtak levanta outro ponto que torna o TAV ainda mais complexo: a localização das estações nas cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro. De acordo com a proposta, Pirituba, em São Paulo, e Santa Cruz, no Rio, seriam as duas pontas das capitais. “Não faz sentido isso. No mundo inteiro, os trens de alta velocidade saem ou chegam nos centros. O TAV vai competir com a ponte aérea, não com os ônibus.”

Ele afirma que há muitas pontas soltas. Ao acertar todas as arestas, o valor inicial de investimento pode subir ainda mais e inviabilizar o preço que seria cobrado da população. “O risco de um projeto de infraestrutura é sempre o passivo que pode cair no colo do contribuinte”, diz.

Desde a primeira versão do projeto de construção de um trem de alta velocidade (TAV) entre São Paulo e Rio de Janeiro, surgida em 2007, no segundo mandato do presidente Lula, a viabilidade da iniciativa é questionada no Brasil. Em parte, porque o País não tem experiência no assunto. Mas também porque o empreendimento envolve questões complexas de engenharia e de operação. “É impossível fazer um trem-bala no Brasil? Não. Mas a pergunta é: a que custo?”, questiona o sócio da consultoria Inter.B, Cláudio Frischtak.

Custo para contornar todas as questões para implementar um trem-bala no Brasil é alto, diz Cláudio Frischtak Foto: Patrícia Cruz/Estadão

Por causa da velocidade, o traçado da linha precisa ser reto ou com curvas menos acentuadas. Isso significa que, para transpor a Serra do Mar, por exemplo, seria necessária uma série de obras, como viadutos e túneis. Com as novas tecnologias, o problema seria resolvido, mas o custo para contornar todas as questões é alto.

Outro fator é a questão ambiental. No projeto anterior – e também no atual –, o trajeto atravessa áreas sensíveis, a exemplo da Serra do Mar. De São Paulo ao Rio, o trem passaria por cerca de 30 municípios, em áreas com construções já existente, de proteção ambiental, condomínios de luxo e mananciais (no projeto anterior, o trem passaria por Santa Isabel, a 57 km de São Paulo, onde 82% do território é considerado área de manancial).

Isso exige um complexo e turbulento processo de negociação com prefeitos, fazendeiros e empresas para desapropriação de áreas. “O TAV já foi tentado há cerca de 12 anos e chegou-se a conclusão de que não era viável”, diz Frischtak.

Atualmente, afirma ele, existe apenas uma ideia, um conceito de projeto. “Isso é diferente de ter um projeto básico ou projeto executivo, que traz todos os detalhes da construção, dos obstáculos.” Um dos principais especialistas do setor de infraestrutura do País, o executivo destaca que seriam gastos entre R$ 1 bilhão e R$ 2 bilhões apenas para o projeto executivo.

Frischtak levanta outro ponto que torna o TAV ainda mais complexo: a localização das estações nas cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro. De acordo com a proposta, Pirituba, em São Paulo, e Santa Cruz, no Rio, seriam as duas pontas das capitais. “Não faz sentido isso. No mundo inteiro, os trens de alta velocidade saem ou chegam nos centros. O TAV vai competir com a ponte aérea, não com os ônibus.”

Ele afirma que há muitas pontas soltas. Ao acertar todas as arestas, o valor inicial de investimento pode subir ainda mais e inviabilizar o preço que seria cobrado da população. “O risco de um projeto de infraestrutura é sempre o passivo que pode cair no colo do contribuinte”, diz.

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