Bastidores do mundo dos negócios

Adoção de cartão e Pix pode saturar; Stone e PagBank sairiam perdendo


Morgan Stanley calcula que até o final do ano, 94% dos pagamentos no País serão eletrônicos

Por Matheus Piovesana
O Morgan Stanley acredita que PagBank e Stone crescerão menos nos próximos anos Foto: Gabriela Biló/Estadão

O Brasil deve terminar o ano de 2024 como a primeira economia a atingir saturação em pagamentos digitais, o que significa que o espaço para que cartões, Pix e outras formas eletrônicas de pagamento cresçam será mais próximo à variação da inflação e ao aumento do consumo. Hoje, os volumes de cartões e Pix sobem bem mais, porque estão tomando espaço do dinheiro vivo. A previsão, feita pelo banco americano Morgan Stanley, é uma má notícia para as empresas de maquininhas desvinculadas de bancos, como o PagBank (ex-PagSeguro) e a Stone, em um contexto em que o mercado tem reduzido o otimismo com o crescimento das duas empresas.

O Morgan calcula que até o final do ano, 94% dos gastos pessoais dos brasileiros serão pagos com métodos eletrônicos, como os cartões e o Pix. O sistema de transferências instantâneas gerido pelo Banco Central será o responsável por boa parte desse volume.

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Em tese, restariam os outros 6% para que o setor crescesse. No entanto, a equipe liderada pelo analista Jorge Kuri acredita que essa migração dificilmente acontecerá: os sistemas de gestão empresarial de setores como educação, saúde privada e pagamento de aluguéis, por exemplo, estariam bem servidos pelas formas de pagamento atuais, com pouco incentivo para adotar o Pix ou cartões. No comércio, em que as maquininhas são comuns, a mudança é mais simples e barata.

Já saturados

Na visão do banco, R$ 7 em cada R$ 10 em consumo pessoal no Brasil já estão “saturados” em termos de adoção de meios de pagamento eletrônicos. No turismo e no entretenimento, por exemplo, 98% dos pagamentos são eletrônicos. Nas compras de alimentos, o total chega a 95%.

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Daí porque o Morgan acredita que PagBank e Stone crescerão menos nos próximos anos. Com um bolo que aumenta de tamanho mais devagar, a casa afirma que credenciadoras ligadas a grandes bancos, como Rede e Cielo, provavelmente agirão de forma mais agressiva para manter as bases de clientes.

A nova “guerra das maquininhas” viria não nas taxas cobradas para processar as transações, como no passado, mas nas taxas cobradas para antecipar recebíveis aos comerciantes. Nas contas do banco, o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) dessas operações hoje é de até 70%, um índice muito alto, dado o baixo risco.

Avaliações

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Outros bancos têm manifestado visão menos otimista sobre as duas empresas, por razões diferentes. O Safra, por exemplo, deixou de recomendar a compra das ações do PagBank por considerar que em um cenário de competição mais forte, a empresa pode ter de enfrentar uma “escolha de Sofia”: manter as despesas em alta para segurar os clientes consigo, ou reduzir gastos.

O Itaú BBA, por sua vez, vê rivais de menor porte ganhando escala e, principalmente, rentabilidade no setor. Para o banco, o Mercado Pago, que pertence ao Mercado Livre, tem lucratividade superior à das duas companhias, e ao mesmo tempo, a vantagem de estar “nas entranhas” do shopping online do grupo, o que lhe dá acesso a dados e a uma base de clientes a custo zero.

A Stone vale atualmente cerca de R$ 20 bilhões na Nasdaq, enquanto o PagBank é avaliado em R$ 16,9 bilhões na Bolsa de Nova York. Em 2020, durante a pandemia, em um cenário de juros baixos, essas companhias chegaram a valer algo em torno de R$ 100 bilhões ou mais cada uma.

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Procurados, a Stone e o PagBank não se manifestaram.

Este texto foi publicado no Broadcast no dia 06/09/2024, às 17h20.

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O Morgan Stanley acredita que PagBank e Stone crescerão menos nos próximos anos Foto: Gabriela Biló/Estadão

O Brasil deve terminar o ano de 2024 como a primeira economia a atingir saturação em pagamentos digitais, o que significa que o espaço para que cartões, Pix e outras formas eletrônicas de pagamento cresçam será mais próximo à variação da inflação e ao aumento do consumo. Hoje, os volumes de cartões e Pix sobem bem mais, porque estão tomando espaço do dinheiro vivo. A previsão, feita pelo banco americano Morgan Stanley, é uma má notícia para as empresas de maquininhas desvinculadas de bancos, como o PagBank (ex-PagSeguro) e a Stone, em um contexto em que o mercado tem reduzido o otimismo com o crescimento das duas empresas.

O Morgan calcula que até o final do ano, 94% dos gastos pessoais dos brasileiros serão pagos com métodos eletrônicos, como os cartões e o Pix. O sistema de transferências instantâneas gerido pelo Banco Central será o responsável por boa parte desse volume.

Em tese, restariam os outros 6% para que o setor crescesse. No entanto, a equipe liderada pelo analista Jorge Kuri acredita que essa migração dificilmente acontecerá: os sistemas de gestão empresarial de setores como educação, saúde privada e pagamento de aluguéis, por exemplo, estariam bem servidos pelas formas de pagamento atuais, com pouco incentivo para adotar o Pix ou cartões. No comércio, em que as maquininhas são comuns, a mudança é mais simples e barata.

Já saturados

Na visão do banco, R$ 7 em cada R$ 10 em consumo pessoal no Brasil já estão “saturados” em termos de adoção de meios de pagamento eletrônicos. No turismo e no entretenimento, por exemplo, 98% dos pagamentos são eletrônicos. Nas compras de alimentos, o total chega a 95%.

Daí porque o Morgan acredita que PagBank e Stone crescerão menos nos próximos anos. Com um bolo que aumenta de tamanho mais devagar, a casa afirma que credenciadoras ligadas a grandes bancos, como Rede e Cielo, provavelmente agirão de forma mais agressiva para manter as bases de clientes.

A nova “guerra das maquininhas” viria não nas taxas cobradas para processar as transações, como no passado, mas nas taxas cobradas para antecipar recebíveis aos comerciantes. Nas contas do banco, o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) dessas operações hoje é de até 70%, um índice muito alto, dado o baixo risco.

Avaliações

Outros bancos têm manifestado visão menos otimista sobre as duas empresas, por razões diferentes. O Safra, por exemplo, deixou de recomendar a compra das ações do PagBank por considerar que em um cenário de competição mais forte, a empresa pode ter de enfrentar uma “escolha de Sofia”: manter as despesas em alta para segurar os clientes consigo, ou reduzir gastos.

O Itaú BBA, por sua vez, vê rivais de menor porte ganhando escala e, principalmente, rentabilidade no setor. Para o banco, o Mercado Pago, que pertence ao Mercado Livre, tem lucratividade superior à das duas companhias, e ao mesmo tempo, a vantagem de estar “nas entranhas” do shopping online do grupo, o que lhe dá acesso a dados e a uma base de clientes a custo zero.

A Stone vale atualmente cerca de R$ 20 bilhões na Nasdaq, enquanto o PagBank é avaliado em R$ 16,9 bilhões na Bolsa de Nova York. Em 2020, durante a pandemia, em um cenário de juros baixos, essas companhias chegaram a valer algo em torno de R$ 100 bilhões ou mais cada uma.

Procurados, a Stone e o PagBank não se manifestaram.

Este texto foi publicado no Broadcast no dia 06/09/2024, às 17h20.

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O Morgan calcula que até o final do ano, 94% dos gastos pessoais dos brasileiros serão pagos com métodos eletrônicos, como os cartões e o Pix. O sistema de transferências instantâneas gerido pelo Banco Central será o responsável por boa parte desse volume.

Em tese, restariam os outros 6% para que o setor crescesse. No entanto, a equipe liderada pelo analista Jorge Kuri acredita que essa migração dificilmente acontecerá: os sistemas de gestão empresarial de setores como educação, saúde privada e pagamento de aluguéis, por exemplo, estariam bem servidos pelas formas de pagamento atuais, com pouco incentivo para adotar o Pix ou cartões. No comércio, em que as maquininhas são comuns, a mudança é mais simples e barata.

Já saturados

Na visão do banco, R$ 7 em cada R$ 10 em consumo pessoal no Brasil já estão “saturados” em termos de adoção de meios de pagamento eletrônicos. No turismo e no entretenimento, por exemplo, 98% dos pagamentos são eletrônicos. Nas compras de alimentos, o total chega a 95%.

Daí porque o Morgan acredita que PagBank e Stone crescerão menos nos próximos anos. Com um bolo que aumenta de tamanho mais devagar, a casa afirma que credenciadoras ligadas a grandes bancos, como Rede e Cielo, provavelmente agirão de forma mais agressiva para manter as bases de clientes.

A nova “guerra das maquininhas” viria não nas taxas cobradas para processar as transações, como no passado, mas nas taxas cobradas para antecipar recebíveis aos comerciantes. Nas contas do banco, o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) dessas operações hoje é de até 70%, um índice muito alto, dado o baixo risco.

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Outros bancos têm manifestado visão menos otimista sobre as duas empresas, por razões diferentes. O Safra, por exemplo, deixou de recomendar a compra das ações do PagBank por considerar que em um cenário de competição mais forte, a empresa pode ter de enfrentar uma “escolha de Sofia”: manter as despesas em alta para segurar os clientes consigo, ou reduzir gastos.

O Itaú BBA, por sua vez, vê rivais de menor porte ganhando escala e, principalmente, rentabilidade no setor. Para o banco, o Mercado Pago, que pertence ao Mercado Livre, tem lucratividade superior à das duas companhias, e ao mesmo tempo, a vantagem de estar “nas entranhas” do shopping online do grupo, o que lhe dá acesso a dados e a uma base de clientes a custo zero.

A Stone vale atualmente cerca de R$ 20 bilhões na Nasdaq, enquanto o PagBank é avaliado em R$ 16,9 bilhões na Bolsa de Nova York. Em 2020, durante a pandemia, em um cenário de juros baixos, essas companhias chegaram a valer algo em torno de R$ 100 bilhões ou mais cada uma.

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O Brasil deve terminar o ano de 2024 como a primeira economia a atingir saturação em pagamentos digitais, o que significa que o espaço para que cartões, Pix e outras formas eletrônicas de pagamento cresçam será mais próximo à variação da inflação e ao aumento do consumo. Hoje, os volumes de cartões e Pix sobem bem mais, porque estão tomando espaço do dinheiro vivo. A previsão, feita pelo banco americano Morgan Stanley, é uma má notícia para as empresas de maquininhas desvinculadas de bancos, como o PagBank (ex-PagSeguro) e a Stone, em um contexto em que o mercado tem reduzido o otimismo com o crescimento das duas empresas.

O Morgan calcula que até o final do ano, 94% dos gastos pessoais dos brasileiros serão pagos com métodos eletrônicos, como os cartões e o Pix. O sistema de transferências instantâneas gerido pelo Banco Central será o responsável por boa parte desse volume.

Em tese, restariam os outros 6% para que o setor crescesse. No entanto, a equipe liderada pelo analista Jorge Kuri acredita que essa migração dificilmente acontecerá: os sistemas de gestão empresarial de setores como educação, saúde privada e pagamento de aluguéis, por exemplo, estariam bem servidos pelas formas de pagamento atuais, com pouco incentivo para adotar o Pix ou cartões. No comércio, em que as maquininhas são comuns, a mudança é mais simples e barata.

Já saturados

Na visão do banco, R$ 7 em cada R$ 10 em consumo pessoal no Brasil já estão “saturados” em termos de adoção de meios de pagamento eletrônicos. No turismo e no entretenimento, por exemplo, 98% dos pagamentos são eletrônicos. Nas compras de alimentos, o total chega a 95%.

Daí porque o Morgan acredita que PagBank e Stone crescerão menos nos próximos anos. Com um bolo que aumenta de tamanho mais devagar, a casa afirma que credenciadoras ligadas a grandes bancos, como Rede e Cielo, provavelmente agirão de forma mais agressiva para manter as bases de clientes.

A nova “guerra das maquininhas” viria não nas taxas cobradas para processar as transações, como no passado, mas nas taxas cobradas para antecipar recebíveis aos comerciantes. Nas contas do banco, o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) dessas operações hoje é de até 70%, um índice muito alto, dado o baixo risco.

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Outros bancos têm manifestado visão menos otimista sobre as duas empresas, por razões diferentes. O Safra, por exemplo, deixou de recomendar a compra das ações do PagBank por considerar que em um cenário de competição mais forte, a empresa pode ter de enfrentar uma “escolha de Sofia”: manter as despesas em alta para segurar os clientes consigo, ou reduzir gastos.

O Itaú BBA, por sua vez, vê rivais de menor porte ganhando escala e, principalmente, rentabilidade no setor. Para o banco, o Mercado Pago, que pertence ao Mercado Livre, tem lucratividade superior à das duas companhias, e ao mesmo tempo, a vantagem de estar “nas entranhas” do shopping online do grupo, o que lhe dá acesso a dados e a uma base de clientes a custo zero.

A Stone vale atualmente cerca de R$ 20 bilhões na Nasdaq, enquanto o PagBank é avaliado em R$ 16,9 bilhões na Bolsa de Nova York. Em 2020, durante a pandemia, em um cenário de juros baixos, essas companhias chegaram a valer algo em torno de R$ 100 bilhões ou mais cada uma.

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O Brasil deve terminar o ano de 2024 como a primeira economia a atingir saturação em pagamentos digitais, o que significa que o espaço para que cartões, Pix e outras formas eletrônicas de pagamento cresçam será mais próximo à variação da inflação e ao aumento do consumo. Hoje, os volumes de cartões e Pix sobem bem mais, porque estão tomando espaço do dinheiro vivo. A previsão, feita pelo banco americano Morgan Stanley, é uma má notícia para as empresas de maquininhas desvinculadas de bancos, como o PagBank (ex-PagSeguro) e a Stone, em um contexto em que o mercado tem reduzido o otimismo com o crescimento das duas empresas.

O Morgan calcula que até o final do ano, 94% dos gastos pessoais dos brasileiros serão pagos com métodos eletrônicos, como os cartões e o Pix. O sistema de transferências instantâneas gerido pelo Banco Central será o responsável por boa parte desse volume.

Em tese, restariam os outros 6% para que o setor crescesse. No entanto, a equipe liderada pelo analista Jorge Kuri acredita que essa migração dificilmente acontecerá: os sistemas de gestão empresarial de setores como educação, saúde privada e pagamento de aluguéis, por exemplo, estariam bem servidos pelas formas de pagamento atuais, com pouco incentivo para adotar o Pix ou cartões. No comércio, em que as maquininhas são comuns, a mudança é mais simples e barata.

Já saturados

Na visão do banco, R$ 7 em cada R$ 10 em consumo pessoal no Brasil já estão “saturados” em termos de adoção de meios de pagamento eletrônicos. No turismo e no entretenimento, por exemplo, 98% dos pagamentos são eletrônicos. Nas compras de alimentos, o total chega a 95%.

Daí porque o Morgan acredita que PagBank e Stone crescerão menos nos próximos anos. Com um bolo que aumenta de tamanho mais devagar, a casa afirma que credenciadoras ligadas a grandes bancos, como Rede e Cielo, provavelmente agirão de forma mais agressiva para manter as bases de clientes.

A nova “guerra das maquininhas” viria não nas taxas cobradas para processar as transações, como no passado, mas nas taxas cobradas para antecipar recebíveis aos comerciantes. Nas contas do banco, o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) dessas operações hoje é de até 70%, um índice muito alto, dado o baixo risco.

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Outros bancos têm manifestado visão menos otimista sobre as duas empresas, por razões diferentes. O Safra, por exemplo, deixou de recomendar a compra das ações do PagBank por considerar que em um cenário de competição mais forte, a empresa pode ter de enfrentar uma “escolha de Sofia”: manter as despesas em alta para segurar os clientes consigo, ou reduzir gastos.

O Itaú BBA, por sua vez, vê rivais de menor porte ganhando escala e, principalmente, rentabilidade no setor. Para o banco, o Mercado Pago, que pertence ao Mercado Livre, tem lucratividade superior à das duas companhias, e ao mesmo tempo, a vantagem de estar “nas entranhas” do shopping online do grupo, o que lhe dá acesso a dados e a uma base de clientes a custo zero.

A Stone vale atualmente cerca de R$ 20 bilhões na Nasdaq, enquanto o PagBank é avaliado em R$ 16,9 bilhões na Bolsa de Nova York. Em 2020, durante a pandemia, em um cenário de juros baixos, essas companhias chegaram a valer algo em torno de R$ 100 bilhões ou mais cada uma.

Procurados, a Stone e o PagBank não se manifestaram.

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