NOVA YORK - Especializado em crédito consignado, aquele que desconta as parcelas nas folhas de pagamento dos trabalhadores, o Agibank está diversificando as suas fontes de captação no exterior. Depois de levantar recursos com os pesos pesados de Wall Street, o banco prepara a primeira emissão de dívida no mercado internacional no valor de US$ 300 milhões até US$ 500 milhões no próximo ano, a depender das condições do mercado.
O objetivo do Agibank é obter recursos no exterior para irrigar a sua estratégia de crescimento nos próximos anos. O banco já teve conversas com investidores estrangeiros, o chamado non-deal roadshow no jargão do mercado, ou seja, sem um compromisso firme para a operação. O sindicato de bancos está sendo fechado.
“Tivemos bons feedbacks [dos investidores estrangeiros] e a ideia é encontrar um ponto ótimo de preço no primeiro semestre do ano que vem em meio à queda dos juros nos Estados Unidos”, diz o fundador do Agibank, Marciano Testa, em entrevista exclusiva ao Broadcast, durante passagem por Nova York.
Estabilidade e prazo
Segundo ele, acessar o mercado de dívida externa é importante para o banco devido à estabilidade e o vencimento mais longo comparado às fontes domésticas. Enquanto isso, o banco segue captando localmente. No mês passado, o Agibank fez a sua sexta emissão de letras financeiras, no valor de R$ 400 milhões.
Testa esteve em Nova York para receber uma homenagem do Instituto Caldeira, que busca recursos para a reconstrução do Rio Grande do Sul, após os estragos gerados pelas enchentes no Estado. O banqueiro, que morou na cidade durante a pandemia, aproveitou a passagem por Nova York para estreitar o relacionamento com Wall Street.
Em paralelo à estreia no mercado de dívida externa, o Agibank negocia uma nova linha de recursos no valor de até US$ 8 bilhões com bancos locais e estrangeiros para sustentar a sua estratégia de crescimento até 2030. Outros dois contratos já foram fechados anteriormente. O primeiro com o Citi, no valor de US$ 7 bilhões, e um segundo de US$ 8 bilhões com outro estrangeiro, cujo nome é mantido sob sigilo por cláusula de confidencialidade.
Instituição quer chegar a R$ 100 bi em crédito
“O foco é que as linhas permitam ao banco atingir R$ 100 bilhões em crédito até 2030. Temos feito esses acordos para garantir funding para esse crescimento, que é matematicamente possível”, diz Testa.
De acordo com ele, o banco tem mantido um ritmo de crescimento anual de ativos de mais de 50% nos últimos 4 anos, o que equivale a cinco vezes a média de mercado. De janeiro a setembro, sua carteira de crédito deu um salto de 55,2% em relação ao mesmo período do ano passado, para quase R$ 22 bilhões.
O avanço no crédito permitiu ao banco turbinar o seu lucro. Nos primeiros nove meses de 2024, o banco superou todo o resultado do ano passado - aliás, o feito já havia sido alcançado no primeiro semestre. “Isso é fruto de uma estratégia bem desenhada, investimentos massivos em tecnologia nos últimos anos e um modelo de negócio único no Brasil”, afirma Testa.
IPO não está no radar agora
Sobre a possibilidade de uma abertura de capital, ele diz que não está no radar no curto prazo, mas é um caminho que o banco pode trilhar no futuro. “Entre dois e três anos, estaremos com um tamanho para fazer uma operação bem relevante”, projeta.
O Agibank chegou a cogitar um lançamento de ações em 2018, mas teve os seus planos frustrados pelo momento do mercado, impactado pela greve dos caminhoneiros na ocasião. Desde então, o banco recebeu um aporte de cerca de R$ 400 milhões da gestora de private equity Vinci Partners, que o ajudou a aprimorar os processos de governança e a entender melhor o mercado, conforme Testa.
Com foco no crédito consignado, em especial do setor público, como os beneficiários do INSS, o banco vê bastante espaço para crescimento orgânico, mas não descarta aquisições. Duas frentes que interessam são negócios complementares como, por exemplo, que turbinem a sua via de depósitos, e ativos sinérgicos, que contribuam para acelerar o crescimento. “Temos uma área de M&A bem ativa. Estamos olhando oportunidades”, diz o banqueiro, sem dar detalhes.
Expansão de agências
O Agibank deve encerrar 2024 com ativos totais próximos de R$ 30 bilhões, prevê Testa. Ao fim de setembro, a cifra estava próxima de R$ 25,5 bilhões.
Do lado da expansão física, o banco inaugura este mês a sua agência de número mil. Presente em todo o Brasil, o Agibank opera sob um modelo híbrido, com uma estrutura digital e unidades físicas, chamadas de smart hubs, em cidades com mais de 100 mil habitantes.
Em paralelo, já prepara a segunda fase de expansão. O banco planeja abrir mais de 200 agências em 2025, desembarcando em cidades menores, de até 50 mil habitantes. “Vamos inaugurar um smart hub por dia útil”, prevê Testa.
Esta notícia foi publicada no Broadcast+ no dia 18/11/2024, às 14:02.
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