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Bastidores do mundo dos negócios

Ao menos 50 empresas querem fazer IPO no País, mas poucas devem ter sucesso


Ofertas têm potencial de movimentar mais de R$ 60 bilhões, mas boa parte delas não deve sair do papel em 2023

Por Altamiro Silva Junior e Cynthia Decloedt
Executivos de bancos estimam que a retomada no ritmo dos IPOs pode ocorrer só no 2º semestre
Executivos de bancos estimam que a retomada no ritmo dos IPOs pode ocorrer só no 2º semestre Foto: REUTERS/Amanda Perobelli

O ano de 2023 pode não ser tão fácil para as ofertas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês) como os agentes de mercado esperavam. A mudança na percepção sobre a direção da Selic no ano que vem em meio às dúvidas sobre a política econômica do novo governo esfriou o otimismo na Faria Lima. Executivos dos bancos de investimento estimam que a retomada no ritmo dos IPOs pode ocorrer somente no segundo semestre, mas com o investidor ainda bem seletivo.

Bolsa brasileira vive jejum de ofertas

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Para o primeiro trimestre há apenas uma operação com possibilidade de vir ao mercado, a da geradora de energia CTG Brasil, que pretende levantar entre R$ 4 bilhões e R$ 5 bilhões para investir na construção de novas geradoras e pagar dividendos. Dado o jejum de 16 meses sem nenhuma oferta na B3, o que se comenta é que ao menos 50 nomes estão represados e aguardam desde meados de 2021 uma reabertura de janela. São ofertas com potencial de movimentar mais de R$ 60 bilhões, nos cálculos de executivos do mercado. E boa parte não deve sair do papel.

As maiores expectativas recaem entre empresas de infraestrutura, especialmente aquelas ligadas ao setor de saneamento. Algumas delas, como BRK, Aegea e Iguá, já manifestaram a intenção de abrir capital, uma vez que necessitam de recursos para dar vazão aos investimentos programados com concessões assumidas nos últimos anos. Além delas, Elo, St Marchet, Madero, Bluefit, Oliveira Trust também são candidatas a IPO, mas com menos chance de sucesso no ambiente cauteloso previsto para 2023.

Transações de grande porte devem ter maior apelo

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Antes de a janela de captações se fechar, gestores comentavam que, das empresas que queriam abrir capital, cerca de 50% tinham viés de tecnologia. Agora, 75% são de setores mais tradicionais, como infraestrutura, e só 25% são de tecnologia.

”A diferença de 2022 para 2023 nas ofertas em bolsa será a retomada dos IPOs, algo como entre 10 e 15 IPOs, que terão de ter algumas características: transações grandes, de setores defensivos e companhias que desempenhem bem para engajar os investidores”, diz o responsável pelo mercado de renda variável do Citi, Marcelo Millen.

De acordo com o responsável pelo mercado de renda variável do Morgan Stanley, Eduardo Mendez, o número de empresas que esperava estrear em bolsa quando a “música parou”, no começo do ano, era grande. Muitas dessas empresas reprogramaram o fluxo de caixa e ajustaram a velocidade de crescimento para estender o caixa. No entanto, a grande maioria, ele observa, continua a tocar os negócios e precisarão recorrer ao mercado de capitais para seguir com os projetos.

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Para Mendez, é necessária alguma estabilidade na curva de juro para que as ofertas aconteçam, mesmo em ambiente de taxas mais altas. Para 2023 ser um ano bem-sucedido para os IPOs, o executivo do Morgan destaca que não é preciso repetir o patamar de ofertas de 2021 e de 2020. Se voltar à média histórica de ofertas na América Latina, de 22 a 23 operações ao ano, já seria um bom mercado.

Endividamento pode impulsionar ofertas

Mesmo para as ofertas subsequentes (follow-ons), de companhias já listadas e que são mais fáceis de atrair investidores, as projeções não extrapolam muito as 15 operações feitas este ano, envolvendo R$ 55 bilhões, considerando a oferta gigante da Eletrobras. O executivo do Citi calcula entre 20 e 30 ofertas subsequentes em 2023, e diz que as taxas de juros são o tema mais relevante do ano que vem, uma vez que as empresas estão bastante endividadas.

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De acordo com Millen, há dois grupos de empresas de olho no mercado acionário. As endividadas e que precisarão tomar recursos para adequar sua estrutura de capital e aquelas pouco alavancadas, mas que precisam financiar o crescimento. A aposta de Millen é que muitas desse segundo grupo vão colocar o pé no freio e aguardar por brechas melhores na bolsa. Entre as mais endividadas, a oferta em bolsa é uma boa opção, mesmo a um custo mais elevado.

O executivo do Citi afirma que as empresas tomaram dívida durante a pandemia como um paliativo. O remédio acabou caro demais e consumiu parte relevante da geração de caixa para pagamento de despesa financeira e, por consequência, do lucro líquido. “Uma adequação da estrutura da capital via bolsa pode ser mais interessante, trazendo desalavancagem e melhorando a capacidade de geração de dividendo”, avalia.

O co-head do banco de investimento do Goldman Sachs para o Brasil, Ricardo Bellissi, observa que os participantes do mercado olham para 2023 com cautela. No mercado doméstico, há dúvidas sobre qual o norte da política fiscal do novo governo, o que afeta a curva de juros futuros e, portanto, as captações no mercado de capitais. No cenário externo, além dos eventos geopolíticos, ainda é preciso mais clareza sobre os rumos da política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano).

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Participação de estrangeiros em ofertas deve crescer

Na Faria Lima, a expectativa é que a participação de investidores estrangeiros nas possíveis ofertas de 2023 cresça, sobretudo porque se espera operações maiores, acima de R$ 1 bilhão. Nos IPOs de 2020 e 2021, marcados por ofertas menores, investidores estrangeiros responderam por apenas 30% de participação, pois não compensava alocar ordens muito pequenas. Em 2023, a expectativa é que essa fatia aumente para a casa dos 50%.

“Estimamos uma demanda maior dos investidores internacionais para as Américas versus outras regiões do mundo. E nas Américas, para o Brasil”, afirma a outra corresponsável pelo banco de investimento no Brasil do Goldman Sachs, Cristina Estrada. Um dos indícios do maior interesse de investidores externos pelo País pode ser visto na B3, que recebeu em 2022 mais de R$ 100 bilhões de capital de não residentes.

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“O gringo vai entrar porque o Brasil está ganhando por WO. Não sobrou muito lugar para ir”, disse o gestor Luis Stuhlberger, sócio-fundador da Verde Asset. Ele destaca que outros mercados que poderiam concorrer com o Brasil, como Rússia e China, estão fora do radar dos grandes investidores internacionais devido a problemas internos e a questões geopolíticas, como a guerra na Ucrânia.

Este texto foi publicado no Broadcast no dia 23/12/2022, às 10h00

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Executivos de bancos estimam que a retomada no ritmo dos IPOs pode ocorrer só no 2º semestre Foto: REUTERS/Amanda Perobelli

O ano de 2023 pode não ser tão fácil para as ofertas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês) como os agentes de mercado esperavam. A mudança na percepção sobre a direção da Selic no ano que vem em meio às dúvidas sobre a política econômica do novo governo esfriou o otimismo na Faria Lima. Executivos dos bancos de investimento estimam que a retomada no ritmo dos IPOs pode ocorrer somente no segundo semestre, mas com o investidor ainda bem seletivo.

Bolsa brasileira vive jejum de ofertas

Para o primeiro trimestre há apenas uma operação com possibilidade de vir ao mercado, a da geradora de energia CTG Brasil, que pretende levantar entre R$ 4 bilhões e R$ 5 bilhões para investir na construção de novas geradoras e pagar dividendos. Dado o jejum de 16 meses sem nenhuma oferta na B3, o que se comenta é que ao menos 50 nomes estão represados e aguardam desde meados de 2021 uma reabertura de janela. São ofertas com potencial de movimentar mais de R$ 60 bilhões, nos cálculos de executivos do mercado. E boa parte não deve sair do papel.

As maiores expectativas recaem entre empresas de infraestrutura, especialmente aquelas ligadas ao setor de saneamento. Algumas delas, como BRK, Aegea e Iguá, já manifestaram a intenção de abrir capital, uma vez que necessitam de recursos para dar vazão aos investimentos programados com concessões assumidas nos últimos anos. Além delas, Elo, St Marchet, Madero, Bluefit, Oliveira Trust também são candidatas a IPO, mas com menos chance de sucesso no ambiente cauteloso previsto para 2023.

Transações de grande porte devem ter maior apelo

Antes de a janela de captações se fechar, gestores comentavam que, das empresas que queriam abrir capital, cerca de 50% tinham viés de tecnologia. Agora, 75% são de setores mais tradicionais, como infraestrutura, e só 25% são de tecnologia.

”A diferença de 2022 para 2023 nas ofertas em bolsa será a retomada dos IPOs, algo como entre 10 e 15 IPOs, que terão de ter algumas características: transações grandes, de setores defensivos e companhias que desempenhem bem para engajar os investidores”, diz o responsável pelo mercado de renda variável do Citi, Marcelo Millen.

De acordo com o responsável pelo mercado de renda variável do Morgan Stanley, Eduardo Mendez, o número de empresas que esperava estrear em bolsa quando a “música parou”, no começo do ano, era grande. Muitas dessas empresas reprogramaram o fluxo de caixa e ajustaram a velocidade de crescimento para estender o caixa. No entanto, a grande maioria, ele observa, continua a tocar os negócios e precisarão recorrer ao mercado de capitais para seguir com os projetos.

Para Mendez, é necessária alguma estabilidade na curva de juro para que as ofertas aconteçam, mesmo em ambiente de taxas mais altas. Para 2023 ser um ano bem-sucedido para os IPOs, o executivo do Morgan destaca que não é preciso repetir o patamar de ofertas de 2021 e de 2020. Se voltar à média histórica de ofertas na América Latina, de 22 a 23 operações ao ano, já seria um bom mercado.

Endividamento pode impulsionar ofertas

Mesmo para as ofertas subsequentes (follow-ons), de companhias já listadas e que são mais fáceis de atrair investidores, as projeções não extrapolam muito as 15 operações feitas este ano, envolvendo R$ 55 bilhões, considerando a oferta gigante da Eletrobras. O executivo do Citi calcula entre 20 e 30 ofertas subsequentes em 2023, e diz que as taxas de juros são o tema mais relevante do ano que vem, uma vez que as empresas estão bastante endividadas.

De acordo com Millen, há dois grupos de empresas de olho no mercado acionário. As endividadas e que precisarão tomar recursos para adequar sua estrutura de capital e aquelas pouco alavancadas, mas que precisam financiar o crescimento. A aposta de Millen é que muitas desse segundo grupo vão colocar o pé no freio e aguardar por brechas melhores na bolsa. Entre as mais endividadas, a oferta em bolsa é uma boa opção, mesmo a um custo mais elevado.

O executivo do Citi afirma que as empresas tomaram dívida durante a pandemia como um paliativo. O remédio acabou caro demais e consumiu parte relevante da geração de caixa para pagamento de despesa financeira e, por consequência, do lucro líquido. “Uma adequação da estrutura da capital via bolsa pode ser mais interessante, trazendo desalavancagem e melhorando a capacidade de geração de dividendo”, avalia.

O co-head do banco de investimento do Goldman Sachs para o Brasil, Ricardo Bellissi, observa que os participantes do mercado olham para 2023 com cautela. No mercado doméstico, há dúvidas sobre qual o norte da política fiscal do novo governo, o que afeta a curva de juros futuros e, portanto, as captações no mercado de capitais. No cenário externo, além dos eventos geopolíticos, ainda é preciso mais clareza sobre os rumos da política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano).

Participação de estrangeiros em ofertas deve crescer

Na Faria Lima, a expectativa é que a participação de investidores estrangeiros nas possíveis ofertas de 2023 cresça, sobretudo porque se espera operações maiores, acima de R$ 1 bilhão. Nos IPOs de 2020 e 2021, marcados por ofertas menores, investidores estrangeiros responderam por apenas 30% de participação, pois não compensava alocar ordens muito pequenas. Em 2023, a expectativa é que essa fatia aumente para a casa dos 50%.

“Estimamos uma demanda maior dos investidores internacionais para as Américas versus outras regiões do mundo. E nas Américas, para o Brasil”, afirma a outra corresponsável pelo banco de investimento no Brasil do Goldman Sachs, Cristina Estrada. Um dos indícios do maior interesse de investidores externos pelo País pode ser visto na B3, que recebeu em 2022 mais de R$ 100 bilhões de capital de não residentes.

“O gringo vai entrar porque o Brasil está ganhando por WO. Não sobrou muito lugar para ir”, disse o gestor Luis Stuhlberger, sócio-fundador da Verde Asset. Ele destaca que outros mercados que poderiam concorrer com o Brasil, como Rússia e China, estão fora do radar dos grandes investidores internacionais devido a problemas internos e a questões geopolíticas, como a guerra na Ucrânia.

Este texto foi publicado no Broadcast no dia 23/12/2022, às 10h00

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Executivos de bancos estimam que a retomada no ritmo dos IPOs pode ocorrer só no 2º semestre Foto: REUTERS/Amanda Perobelli

O ano de 2023 pode não ser tão fácil para as ofertas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês) como os agentes de mercado esperavam. A mudança na percepção sobre a direção da Selic no ano que vem em meio às dúvidas sobre a política econômica do novo governo esfriou o otimismo na Faria Lima. Executivos dos bancos de investimento estimam que a retomada no ritmo dos IPOs pode ocorrer somente no segundo semestre, mas com o investidor ainda bem seletivo.

Bolsa brasileira vive jejum de ofertas

Para o primeiro trimestre há apenas uma operação com possibilidade de vir ao mercado, a da geradora de energia CTG Brasil, que pretende levantar entre R$ 4 bilhões e R$ 5 bilhões para investir na construção de novas geradoras e pagar dividendos. Dado o jejum de 16 meses sem nenhuma oferta na B3, o que se comenta é que ao menos 50 nomes estão represados e aguardam desde meados de 2021 uma reabertura de janela. São ofertas com potencial de movimentar mais de R$ 60 bilhões, nos cálculos de executivos do mercado. E boa parte não deve sair do papel.

As maiores expectativas recaem entre empresas de infraestrutura, especialmente aquelas ligadas ao setor de saneamento. Algumas delas, como BRK, Aegea e Iguá, já manifestaram a intenção de abrir capital, uma vez que necessitam de recursos para dar vazão aos investimentos programados com concessões assumidas nos últimos anos. Além delas, Elo, St Marchet, Madero, Bluefit, Oliveira Trust também são candidatas a IPO, mas com menos chance de sucesso no ambiente cauteloso previsto para 2023.

Transações de grande porte devem ter maior apelo

Antes de a janela de captações se fechar, gestores comentavam que, das empresas que queriam abrir capital, cerca de 50% tinham viés de tecnologia. Agora, 75% são de setores mais tradicionais, como infraestrutura, e só 25% são de tecnologia.

”A diferença de 2022 para 2023 nas ofertas em bolsa será a retomada dos IPOs, algo como entre 10 e 15 IPOs, que terão de ter algumas características: transações grandes, de setores defensivos e companhias que desempenhem bem para engajar os investidores”, diz o responsável pelo mercado de renda variável do Citi, Marcelo Millen.

De acordo com o responsável pelo mercado de renda variável do Morgan Stanley, Eduardo Mendez, o número de empresas que esperava estrear em bolsa quando a “música parou”, no começo do ano, era grande. Muitas dessas empresas reprogramaram o fluxo de caixa e ajustaram a velocidade de crescimento para estender o caixa. No entanto, a grande maioria, ele observa, continua a tocar os negócios e precisarão recorrer ao mercado de capitais para seguir com os projetos.

Para Mendez, é necessária alguma estabilidade na curva de juro para que as ofertas aconteçam, mesmo em ambiente de taxas mais altas. Para 2023 ser um ano bem-sucedido para os IPOs, o executivo do Morgan destaca que não é preciso repetir o patamar de ofertas de 2021 e de 2020. Se voltar à média histórica de ofertas na América Latina, de 22 a 23 operações ao ano, já seria um bom mercado.

Endividamento pode impulsionar ofertas

Mesmo para as ofertas subsequentes (follow-ons), de companhias já listadas e que são mais fáceis de atrair investidores, as projeções não extrapolam muito as 15 operações feitas este ano, envolvendo R$ 55 bilhões, considerando a oferta gigante da Eletrobras. O executivo do Citi calcula entre 20 e 30 ofertas subsequentes em 2023, e diz que as taxas de juros são o tema mais relevante do ano que vem, uma vez que as empresas estão bastante endividadas.

De acordo com Millen, há dois grupos de empresas de olho no mercado acionário. As endividadas e que precisarão tomar recursos para adequar sua estrutura de capital e aquelas pouco alavancadas, mas que precisam financiar o crescimento. A aposta de Millen é que muitas desse segundo grupo vão colocar o pé no freio e aguardar por brechas melhores na bolsa. Entre as mais endividadas, a oferta em bolsa é uma boa opção, mesmo a um custo mais elevado.

O executivo do Citi afirma que as empresas tomaram dívida durante a pandemia como um paliativo. O remédio acabou caro demais e consumiu parte relevante da geração de caixa para pagamento de despesa financeira e, por consequência, do lucro líquido. “Uma adequação da estrutura da capital via bolsa pode ser mais interessante, trazendo desalavancagem e melhorando a capacidade de geração de dividendo”, avalia.

O co-head do banco de investimento do Goldman Sachs para o Brasil, Ricardo Bellissi, observa que os participantes do mercado olham para 2023 com cautela. No mercado doméstico, há dúvidas sobre qual o norte da política fiscal do novo governo, o que afeta a curva de juros futuros e, portanto, as captações no mercado de capitais. No cenário externo, além dos eventos geopolíticos, ainda é preciso mais clareza sobre os rumos da política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano).

Participação de estrangeiros em ofertas deve crescer

Na Faria Lima, a expectativa é que a participação de investidores estrangeiros nas possíveis ofertas de 2023 cresça, sobretudo porque se espera operações maiores, acima de R$ 1 bilhão. Nos IPOs de 2020 e 2021, marcados por ofertas menores, investidores estrangeiros responderam por apenas 30% de participação, pois não compensava alocar ordens muito pequenas. Em 2023, a expectativa é que essa fatia aumente para a casa dos 50%.

“Estimamos uma demanda maior dos investidores internacionais para as Américas versus outras regiões do mundo. E nas Américas, para o Brasil”, afirma a outra corresponsável pelo banco de investimento no Brasil do Goldman Sachs, Cristina Estrada. Um dos indícios do maior interesse de investidores externos pelo País pode ser visto na B3, que recebeu em 2022 mais de R$ 100 bilhões de capital de não residentes.

“O gringo vai entrar porque o Brasil está ganhando por WO. Não sobrou muito lugar para ir”, disse o gestor Luis Stuhlberger, sócio-fundador da Verde Asset. Ele destaca que outros mercados que poderiam concorrer com o Brasil, como Rússia e China, estão fora do radar dos grandes investidores internacionais devido a problemas internos e a questões geopolíticas, como a guerra na Ucrânia.

Este texto foi publicado no Broadcast no dia 23/12/2022, às 10h00

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