Em um novo ano que deve ser fraco em aberturas de capital (IPOs, na sigla em inglês) na B3, o Santander espera em 2025 aumento nos aportes em companhias por meio de transações privadas no Brasil, especialmente de fundos soberanos e de pensão estrangeiros, assim como os experientes em situações especiais, que já foram atores importantes este ano.
“Taxa de juro para cima e IPO são duas coisas que não combinam”, afirma o chefe do banco de investimento do Santander Brasil, Leonardo Cabral. A recente elevação da Selic para 12,25% e sinalização que pode superar os 14% no começo do ano que vem foi uma nova ducha de água fria sobre as expectativas de ofertas de ações nos próximos meses. A sangria de recursos dos fundos que compram estes papéis continua firme. Só os multimercados perderam mais de R$ 325 bilhões este ano em aplicações.
Nesse ambiente, a expectativa é de crescimento nas transações privadas, em que fundos ou outros investidores colocam recursos em companhias fechadas, em um passo anterior à estreia na Bolsa mais para frente. “Quem está precisando de capital, vai ter solução mais customizada, como um aumento de capital privado”, afirma o responsável pela área de Mercado de Capitais de Ações do Santander Brasil, Pedro Costa.
Expectativa é de mais de 50 operações
Nos últimos anos, sem nenhum IPO no mercado, já ocorreram vários aumentos de capital privados. Em média, cerca de 50 por ano. Com a entrada no quarto ano sem ofertas iniciais de ações na B3, esse número pode aumentar, acredita o banco. Como são negócios privados, muitos nem se tornam públicos, mas têm crescido os aumentos de capital privados mesmo nas empresas abertas, por conta das condições mais duras para captar no mercado ou em bancos. Entre nomes recentes que fizeram, estão a rede de vestuário Marisa, a rede de academias Smartfit, a Localiza e o Banco de Brasília (BRB), que recebeu injeção de R$ 1 bilhão.
O responsável pela área de fusões e aquisições do Santander Brasil, Thiago Rocha, avalia que fundos soberanos, situações especiais e gestoras de fortunas de famílias, que apostam em longo prazo e não interferem tanto na gestão das empresas, devem seguir mais ativos do que os fundos de private equity, especializados em comprar empresas, mas que costumam entrar na gestão e demandam alta governança das companhias.
A maior chance de estreia na B3 continua com empresas de grande porte, com endividamento sob controle, crescimento e lucratividade, que podem ser exportadoras e consigam fazer uma oferta ao redor dos US$ 500 milhões (cerca de R$ 3 bilhões). Só com esse tamanho é possível atrair o investidor estrangeiro, que precisa de papéis com liquidez, avaliam os executivos, que preferem não cravar qualquer data para um IPO em 2025.
Busca por moeda forte
Nas fusões e aquisições, além das capitalizações privadas, uma aposta do banco espanhol é que devem haver mais negócios de grandes empresas brasileiras comprando companhias no exterior, principalmente na Europa e Estados Unidos. São empresas em busca, segundo Rocha, de “novas avenidas de crescimento” e de exposição a moeda forte.
Esta notícia foi publicada no Broadcast+ no dia 16/12/2024, às 15:50.
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