Bastidores do mundo dos negócios

Atraso em acordo com Americanas afeta provisões e inadimplência de bancos


Empresa não divulga balanços financeiros desde o terceiro trimestre do ano passado

Por Matheus Piovesana, Cynthia Decloedt, Altamiro Silva Junior e Talita Nascimento
Plano de recuperação judicial da rede de varejo recebeu mais de 120 contestações judiciais por parte dos credores  Foto: TABA BENEDICTO / ESTADAO CONTEUDO

O atraso nas negociações da recuperação judicial da Americanas trouxe impactos para os grandes bancos no segundo trimestre deste ano. O Banco do Brasil, que havia feito provisões equivalentes a 50% dos créditos da varejista, aumentou o colchão para 70% do total, depois que os empréstimos entraram oficialmente em atraso. No Bradesco, também houve um aumento dos índices de atraso graças à demora para se chegar a um acordo. Maior credor da varejista, o banco da Cidade de Deus provisionou todos os valores no balanço do quarto trimestre do ano passado, divulgado em fevereiro.

No BB, a Americanas saiu do grau “F” de risco para o “G”, a um custo de R$ 339 milhões. Esses degraus são os das normas do Banco Central, que determinam que quanto pior a nota de um crédito, mais provisões ele precisa ter. Entre o “F” e o “G”, a provisão total sobe de 50% para 70%. No caso do BB, o volume provisionado agora passa de R$ 1 bilhão, dos cerca de R$ 1,6 bilhão que a companhia deve ao banco.

continua após a publicidade

Entre os quatro maiores bancos listados, Bradesco e BB foram os que mostraram efeitos do atraso do acordo com a Americanas no segundo trimestre. Em termos de provisão, o Itaú também já havia separado toda a exposição à companhia, enquanto o Santander separou 30% em janeiro, e elevou o “escudo” a 50% em março.

Índices de inadimplência do BB e do Bradesco subiram em junho

Tanto no BB quanto no Bradesco, os créditos da Americanas entraram em atraso oficialmente no segundo trimestre, o que puxou os índices de inadimplência. No Bradesco, a alta foi de 0,2% para 1,9%, no segmento de grandes empresas, entre março e junho. No BB, a linha de recebíveis viu o atraso saltar de 1,36% para 3% no mesmo período, impactada pela varejista.

continua após a publicidade

As conversas dos bancos com a Americanas se arrastam há mais de seis meses. Havia a perspectiva de se chegar a um acordo em junho ou julho, com o trio de acionistas de referência - Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles - disposto a fazer um aporte de R$ 10 bilhões na rede - com R$ 2 bilhões adicionais, se necessário - e os bancos aceitarem transformar parte importante da dívida em ações.

Sem a data para a assembleia de credores que vai discutir o plano de recuperação judicial da varejista nem a publicação de balanço de resultados desde o terceiro trimestre de 2022, as conversas emperraram. “Atrasou porque as auditorias estão todas conflitadas, e tiveram que contratar uma nova”, afirma uma fonte a par das negociações, sob anonimato. Internamente, com a troca de auditoria, já não se esperava que a companhia cumprisse o prazo de apresentar seus números até o fim de agosto. A data, então, foi adiada no início deste mês, sem nova previsão.”

CPI complicou ainda mais a costura para um acordo

continua após a publicidade

Um novo complicador para se chegar a um acordo foi a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre a Americanas na Câmara dos Deputados, que trouxe revelações até então desconhecidas dos bancos credores. Na CPI, a companhia falou pela primeira vez sobre a fraude de resultados e revelou que verbas de publicidade foram artificialmente criadas para melhorar o balanço. Nesse contexto, a ausência de um balanço auditado prejudica o entendimento sobre qual é a real capacidade de recuperação da rede, bem como a real extensão da crise.

Dentre as informações trazidas à tona pela CPI está o dado de que a fraude ajudou a incrementar os resultados da companhia ao longo do tempo em R$ 25,3 bilhões até o dia 30 de setembro de 2022. Foram trazidas ainda evidências de que a empresa forjava um Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) maior do que o real. Segundo e-mail trocado entre o ex-executivos, a companhia apresentou Ebitda negativo de R$ 733 milhões em 2021. No entanto, a versão chamada “visão conselho”, que é igual à apresentada ao mercado, mostrava Ebitda de R$ 2,885 bilhões.

Um termômetro recente da relação entre Americanas e credores foi o plano de recuperação judicial da rede de varejo, que recebeu mais de 120 contestações de judiciais, inclusive dos grandes bancos credores.

continua após a publicidade

Esta nota foi publicada no Broadcast no dia 10/08/23, às 17h55.

continua após a publicidade

O Broadcast+ é uma plataforma líder no mercado financeiro com notícias e cotações em tempo real, além de análises e outras funcionalidades para auxiliar na tomada de decisão.

Para saber mais sobre o Broadcast+ e solicitar uma demonstração, acesse.

Plano de recuperação judicial da rede de varejo recebeu mais de 120 contestações judiciais por parte dos credores  Foto: TABA BENEDICTO / ESTADAO CONTEUDO

O atraso nas negociações da recuperação judicial da Americanas trouxe impactos para os grandes bancos no segundo trimestre deste ano. O Banco do Brasil, que havia feito provisões equivalentes a 50% dos créditos da varejista, aumentou o colchão para 70% do total, depois que os empréstimos entraram oficialmente em atraso. No Bradesco, também houve um aumento dos índices de atraso graças à demora para se chegar a um acordo. Maior credor da varejista, o banco da Cidade de Deus provisionou todos os valores no balanço do quarto trimestre do ano passado, divulgado em fevereiro.

No BB, a Americanas saiu do grau “F” de risco para o “G”, a um custo de R$ 339 milhões. Esses degraus são os das normas do Banco Central, que determinam que quanto pior a nota de um crédito, mais provisões ele precisa ter. Entre o “F” e o “G”, a provisão total sobe de 50% para 70%. No caso do BB, o volume provisionado agora passa de R$ 1 bilhão, dos cerca de R$ 1,6 bilhão que a companhia deve ao banco.

Entre os quatro maiores bancos listados, Bradesco e BB foram os que mostraram efeitos do atraso do acordo com a Americanas no segundo trimestre. Em termos de provisão, o Itaú também já havia separado toda a exposição à companhia, enquanto o Santander separou 30% em janeiro, e elevou o “escudo” a 50% em março.

Índices de inadimplência do BB e do Bradesco subiram em junho

Tanto no BB quanto no Bradesco, os créditos da Americanas entraram em atraso oficialmente no segundo trimestre, o que puxou os índices de inadimplência. No Bradesco, a alta foi de 0,2% para 1,9%, no segmento de grandes empresas, entre março e junho. No BB, a linha de recebíveis viu o atraso saltar de 1,36% para 3% no mesmo período, impactada pela varejista.

As conversas dos bancos com a Americanas se arrastam há mais de seis meses. Havia a perspectiva de se chegar a um acordo em junho ou julho, com o trio de acionistas de referência - Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles - disposto a fazer um aporte de R$ 10 bilhões na rede - com R$ 2 bilhões adicionais, se necessário - e os bancos aceitarem transformar parte importante da dívida em ações.

Sem a data para a assembleia de credores que vai discutir o plano de recuperação judicial da varejista nem a publicação de balanço de resultados desde o terceiro trimestre de 2022, as conversas emperraram. “Atrasou porque as auditorias estão todas conflitadas, e tiveram que contratar uma nova”, afirma uma fonte a par das negociações, sob anonimato. Internamente, com a troca de auditoria, já não se esperava que a companhia cumprisse o prazo de apresentar seus números até o fim de agosto. A data, então, foi adiada no início deste mês, sem nova previsão.”

CPI complicou ainda mais a costura para um acordo

Um novo complicador para se chegar a um acordo foi a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre a Americanas na Câmara dos Deputados, que trouxe revelações até então desconhecidas dos bancos credores. Na CPI, a companhia falou pela primeira vez sobre a fraude de resultados e revelou que verbas de publicidade foram artificialmente criadas para melhorar o balanço. Nesse contexto, a ausência de um balanço auditado prejudica o entendimento sobre qual é a real capacidade de recuperação da rede, bem como a real extensão da crise.

Dentre as informações trazidas à tona pela CPI está o dado de que a fraude ajudou a incrementar os resultados da companhia ao longo do tempo em R$ 25,3 bilhões até o dia 30 de setembro de 2022. Foram trazidas ainda evidências de que a empresa forjava um Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) maior do que o real. Segundo e-mail trocado entre o ex-executivos, a companhia apresentou Ebitda negativo de R$ 733 milhões em 2021. No entanto, a versão chamada “visão conselho”, que é igual à apresentada ao mercado, mostrava Ebitda de R$ 2,885 bilhões.

Um termômetro recente da relação entre Americanas e credores foi o plano de recuperação judicial da rede de varejo, que recebeu mais de 120 contestações de judiciais, inclusive dos grandes bancos credores.

Esta nota foi publicada no Broadcast no dia 10/08/23, às 17h55.

O Broadcast+ é uma plataforma líder no mercado financeiro com notícias e cotações em tempo real, além de análises e outras funcionalidades para auxiliar na tomada de decisão.

Para saber mais sobre o Broadcast+ e solicitar uma demonstração, acesse.

Plano de recuperação judicial da rede de varejo recebeu mais de 120 contestações judiciais por parte dos credores  Foto: TABA BENEDICTO / ESTADAO CONTEUDO

O atraso nas negociações da recuperação judicial da Americanas trouxe impactos para os grandes bancos no segundo trimestre deste ano. O Banco do Brasil, que havia feito provisões equivalentes a 50% dos créditos da varejista, aumentou o colchão para 70% do total, depois que os empréstimos entraram oficialmente em atraso. No Bradesco, também houve um aumento dos índices de atraso graças à demora para se chegar a um acordo. Maior credor da varejista, o banco da Cidade de Deus provisionou todos os valores no balanço do quarto trimestre do ano passado, divulgado em fevereiro.

No BB, a Americanas saiu do grau “F” de risco para o “G”, a um custo de R$ 339 milhões. Esses degraus são os das normas do Banco Central, que determinam que quanto pior a nota de um crédito, mais provisões ele precisa ter. Entre o “F” e o “G”, a provisão total sobe de 50% para 70%. No caso do BB, o volume provisionado agora passa de R$ 1 bilhão, dos cerca de R$ 1,6 bilhão que a companhia deve ao banco.

Entre os quatro maiores bancos listados, Bradesco e BB foram os que mostraram efeitos do atraso do acordo com a Americanas no segundo trimestre. Em termos de provisão, o Itaú também já havia separado toda a exposição à companhia, enquanto o Santander separou 30% em janeiro, e elevou o “escudo” a 50% em março.

Índices de inadimplência do BB e do Bradesco subiram em junho

Tanto no BB quanto no Bradesco, os créditos da Americanas entraram em atraso oficialmente no segundo trimestre, o que puxou os índices de inadimplência. No Bradesco, a alta foi de 0,2% para 1,9%, no segmento de grandes empresas, entre março e junho. No BB, a linha de recebíveis viu o atraso saltar de 1,36% para 3% no mesmo período, impactada pela varejista.

As conversas dos bancos com a Americanas se arrastam há mais de seis meses. Havia a perspectiva de se chegar a um acordo em junho ou julho, com o trio de acionistas de referência - Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles - disposto a fazer um aporte de R$ 10 bilhões na rede - com R$ 2 bilhões adicionais, se necessário - e os bancos aceitarem transformar parte importante da dívida em ações.

Sem a data para a assembleia de credores que vai discutir o plano de recuperação judicial da varejista nem a publicação de balanço de resultados desde o terceiro trimestre de 2022, as conversas emperraram. “Atrasou porque as auditorias estão todas conflitadas, e tiveram que contratar uma nova”, afirma uma fonte a par das negociações, sob anonimato. Internamente, com a troca de auditoria, já não se esperava que a companhia cumprisse o prazo de apresentar seus números até o fim de agosto. A data, então, foi adiada no início deste mês, sem nova previsão.”

CPI complicou ainda mais a costura para um acordo

Um novo complicador para se chegar a um acordo foi a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre a Americanas na Câmara dos Deputados, que trouxe revelações até então desconhecidas dos bancos credores. Na CPI, a companhia falou pela primeira vez sobre a fraude de resultados e revelou que verbas de publicidade foram artificialmente criadas para melhorar o balanço. Nesse contexto, a ausência de um balanço auditado prejudica o entendimento sobre qual é a real capacidade de recuperação da rede, bem como a real extensão da crise.

Dentre as informações trazidas à tona pela CPI está o dado de que a fraude ajudou a incrementar os resultados da companhia ao longo do tempo em R$ 25,3 bilhões até o dia 30 de setembro de 2022. Foram trazidas ainda evidências de que a empresa forjava um Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) maior do que o real. Segundo e-mail trocado entre o ex-executivos, a companhia apresentou Ebitda negativo de R$ 733 milhões em 2021. No entanto, a versão chamada “visão conselho”, que é igual à apresentada ao mercado, mostrava Ebitda de R$ 2,885 bilhões.

Um termômetro recente da relação entre Americanas e credores foi o plano de recuperação judicial da rede de varejo, que recebeu mais de 120 contestações de judiciais, inclusive dos grandes bancos credores.

Esta nota foi publicada no Broadcast no dia 10/08/23, às 17h55.

O Broadcast+ é uma plataforma líder no mercado financeiro com notícias e cotações em tempo real, além de análises e outras funcionalidades para auxiliar na tomada de decisão.

Para saber mais sobre o Broadcast+ e solicitar uma demonstração, acesse.

Plano de recuperação judicial da rede de varejo recebeu mais de 120 contestações judiciais por parte dos credores  Foto: TABA BENEDICTO / ESTADAO CONTEUDO

O atraso nas negociações da recuperação judicial da Americanas trouxe impactos para os grandes bancos no segundo trimestre deste ano. O Banco do Brasil, que havia feito provisões equivalentes a 50% dos créditos da varejista, aumentou o colchão para 70% do total, depois que os empréstimos entraram oficialmente em atraso. No Bradesco, também houve um aumento dos índices de atraso graças à demora para se chegar a um acordo. Maior credor da varejista, o banco da Cidade de Deus provisionou todos os valores no balanço do quarto trimestre do ano passado, divulgado em fevereiro.

No BB, a Americanas saiu do grau “F” de risco para o “G”, a um custo de R$ 339 milhões. Esses degraus são os das normas do Banco Central, que determinam que quanto pior a nota de um crédito, mais provisões ele precisa ter. Entre o “F” e o “G”, a provisão total sobe de 50% para 70%. No caso do BB, o volume provisionado agora passa de R$ 1 bilhão, dos cerca de R$ 1,6 bilhão que a companhia deve ao banco.

Entre os quatro maiores bancos listados, Bradesco e BB foram os que mostraram efeitos do atraso do acordo com a Americanas no segundo trimestre. Em termos de provisão, o Itaú também já havia separado toda a exposição à companhia, enquanto o Santander separou 30% em janeiro, e elevou o “escudo” a 50% em março.

Índices de inadimplência do BB e do Bradesco subiram em junho

Tanto no BB quanto no Bradesco, os créditos da Americanas entraram em atraso oficialmente no segundo trimestre, o que puxou os índices de inadimplência. No Bradesco, a alta foi de 0,2% para 1,9%, no segmento de grandes empresas, entre março e junho. No BB, a linha de recebíveis viu o atraso saltar de 1,36% para 3% no mesmo período, impactada pela varejista.

As conversas dos bancos com a Americanas se arrastam há mais de seis meses. Havia a perspectiva de se chegar a um acordo em junho ou julho, com o trio de acionistas de referência - Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles - disposto a fazer um aporte de R$ 10 bilhões na rede - com R$ 2 bilhões adicionais, se necessário - e os bancos aceitarem transformar parte importante da dívida em ações.

Sem a data para a assembleia de credores que vai discutir o plano de recuperação judicial da varejista nem a publicação de balanço de resultados desde o terceiro trimestre de 2022, as conversas emperraram. “Atrasou porque as auditorias estão todas conflitadas, e tiveram que contratar uma nova”, afirma uma fonte a par das negociações, sob anonimato. Internamente, com a troca de auditoria, já não se esperava que a companhia cumprisse o prazo de apresentar seus números até o fim de agosto. A data, então, foi adiada no início deste mês, sem nova previsão.”

CPI complicou ainda mais a costura para um acordo

Um novo complicador para se chegar a um acordo foi a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre a Americanas na Câmara dos Deputados, que trouxe revelações até então desconhecidas dos bancos credores. Na CPI, a companhia falou pela primeira vez sobre a fraude de resultados e revelou que verbas de publicidade foram artificialmente criadas para melhorar o balanço. Nesse contexto, a ausência de um balanço auditado prejudica o entendimento sobre qual é a real capacidade de recuperação da rede, bem como a real extensão da crise.

Dentre as informações trazidas à tona pela CPI está o dado de que a fraude ajudou a incrementar os resultados da companhia ao longo do tempo em R$ 25,3 bilhões até o dia 30 de setembro de 2022. Foram trazidas ainda evidências de que a empresa forjava um Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) maior do que o real. Segundo e-mail trocado entre o ex-executivos, a companhia apresentou Ebitda negativo de R$ 733 milhões em 2021. No entanto, a versão chamada “visão conselho”, que é igual à apresentada ao mercado, mostrava Ebitda de R$ 2,885 bilhões.

Um termômetro recente da relação entre Americanas e credores foi o plano de recuperação judicial da rede de varejo, que recebeu mais de 120 contestações de judiciais, inclusive dos grandes bancos credores.

Esta nota foi publicada no Broadcast no dia 10/08/23, às 17h55.

O Broadcast+ é uma plataforma líder no mercado financeiro com notícias e cotações em tempo real, além de análises e outras funcionalidades para auxiliar na tomada de decisão.

Para saber mais sobre o Broadcast+ e solicitar uma demonstração, acesse.

Plano de recuperação judicial da rede de varejo recebeu mais de 120 contestações judiciais por parte dos credores  Foto: TABA BENEDICTO / ESTADAO CONTEUDO

O atraso nas negociações da recuperação judicial da Americanas trouxe impactos para os grandes bancos no segundo trimestre deste ano. O Banco do Brasil, que havia feito provisões equivalentes a 50% dos créditos da varejista, aumentou o colchão para 70% do total, depois que os empréstimos entraram oficialmente em atraso. No Bradesco, também houve um aumento dos índices de atraso graças à demora para se chegar a um acordo. Maior credor da varejista, o banco da Cidade de Deus provisionou todos os valores no balanço do quarto trimestre do ano passado, divulgado em fevereiro.

No BB, a Americanas saiu do grau “F” de risco para o “G”, a um custo de R$ 339 milhões. Esses degraus são os das normas do Banco Central, que determinam que quanto pior a nota de um crédito, mais provisões ele precisa ter. Entre o “F” e o “G”, a provisão total sobe de 50% para 70%. No caso do BB, o volume provisionado agora passa de R$ 1 bilhão, dos cerca de R$ 1,6 bilhão que a companhia deve ao banco.

Entre os quatro maiores bancos listados, Bradesco e BB foram os que mostraram efeitos do atraso do acordo com a Americanas no segundo trimestre. Em termos de provisão, o Itaú também já havia separado toda a exposição à companhia, enquanto o Santander separou 30% em janeiro, e elevou o “escudo” a 50% em março.

Índices de inadimplência do BB e do Bradesco subiram em junho

Tanto no BB quanto no Bradesco, os créditos da Americanas entraram em atraso oficialmente no segundo trimestre, o que puxou os índices de inadimplência. No Bradesco, a alta foi de 0,2% para 1,9%, no segmento de grandes empresas, entre março e junho. No BB, a linha de recebíveis viu o atraso saltar de 1,36% para 3% no mesmo período, impactada pela varejista.

As conversas dos bancos com a Americanas se arrastam há mais de seis meses. Havia a perspectiva de se chegar a um acordo em junho ou julho, com o trio de acionistas de referência - Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles - disposto a fazer um aporte de R$ 10 bilhões na rede - com R$ 2 bilhões adicionais, se necessário - e os bancos aceitarem transformar parte importante da dívida em ações.

Sem a data para a assembleia de credores que vai discutir o plano de recuperação judicial da varejista nem a publicação de balanço de resultados desde o terceiro trimestre de 2022, as conversas emperraram. “Atrasou porque as auditorias estão todas conflitadas, e tiveram que contratar uma nova”, afirma uma fonte a par das negociações, sob anonimato. Internamente, com a troca de auditoria, já não se esperava que a companhia cumprisse o prazo de apresentar seus números até o fim de agosto. A data, então, foi adiada no início deste mês, sem nova previsão.”

CPI complicou ainda mais a costura para um acordo

Um novo complicador para se chegar a um acordo foi a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre a Americanas na Câmara dos Deputados, que trouxe revelações até então desconhecidas dos bancos credores. Na CPI, a companhia falou pela primeira vez sobre a fraude de resultados e revelou que verbas de publicidade foram artificialmente criadas para melhorar o balanço. Nesse contexto, a ausência de um balanço auditado prejudica o entendimento sobre qual é a real capacidade de recuperação da rede, bem como a real extensão da crise.

Dentre as informações trazidas à tona pela CPI está o dado de que a fraude ajudou a incrementar os resultados da companhia ao longo do tempo em R$ 25,3 bilhões até o dia 30 de setembro de 2022. Foram trazidas ainda evidências de que a empresa forjava um Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) maior do que o real. Segundo e-mail trocado entre o ex-executivos, a companhia apresentou Ebitda negativo de R$ 733 milhões em 2021. No entanto, a versão chamada “visão conselho”, que é igual à apresentada ao mercado, mostrava Ebitda de R$ 2,885 bilhões.

Um termômetro recente da relação entre Americanas e credores foi o plano de recuperação judicial da rede de varejo, que recebeu mais de 120 contestações de judiciais, inclusive dos grandes bancos credores.

Esta nota foi publicada no Broadcast no dia 10/08/23, às 17h55.

O Broadcast+ é uma plataforma líder no mercado financeiro com notícias e cotações em tempo real, além de análises e outras funcionalidades para auxiliar na tomada de decisão.

Para saber mais sobre o Broadcast+ e solicitar uma demonstração, acesse.

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.