Bastidores do mundo dos negócios

Bancos aceitam desconto maior e diminuem exposição à dívida da Americanas


Itaú e Banco do Brasil optaram por entrar em leilão para receber em prazo mais curto

Por Matheus Piovesana e Talita Nascimento
Muitos credores venderam seus papéis na quinta-feira, 15, o que derrubou a ação da varejista em 57,58% Foto: Taba Benedicto /Estadão - 18/01/2023

No leilão no qual os credores da Americanas concederam descontos nas dívidas em troca de prazo menor para receber os valores, os bancos que participaram do processo optaram por receber parte dos valores com desconto maior, mas em prazo mais curto. Fez parte desse processo apenas uma parte dos débitos, já que, segundo o Plano de Recuperação Judicial, outra parcela seria convertida em ações e uma terceira em debêntures.

Foram os casos do Itaú Unibanco e do Banco do Brasil, que optaram por entrar no leilão reverso através do qual a Americanas pagou parte das dívidas à vista, com um desconto sobre o valor original. Desta forma, o montante que a empresa devia a esses dois bancos caiu. Eles também receberam ações, mas em escala menor.

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Na parte acionária, com a capitalização da companhia, feita pelos acionistas de referência e pela conversão de dívidas de credores, somado os bônus de subscrição, 49,5% das ações ficam com acionistas de referência e 48,1% das ações ficam com credores, o que deixou 2,4% para minoritários.

O Itaú ficou com 1% do capital da varejista, segundo apurou a Coluna. O BB ficou com 3%, e repassou essa fatia a um fundo. Ou seja: não se tornou acionista da Americanas de forma direta. Essa é uma estratégia comum em casos em que credores financeiros acabam se tornando acionistas das companhias, justamente para reduzir a exposição dos balanços aos ativos que passam a deter.

Razão de ser

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A opção por receber à vista, mesmo com o desconto, tem razão de ser. Ao entrarem no leilão feito pela Americanas, os bancos garantiram o recebimento dos valores e podem reverter o montante equivalente nas provisões que fizeram, o que aparece nos balanços a depender da estrutura de provisionamento de cada um. No caso da Americanas, os efeitos devem aparecer nos balanços dos bancos referentes ao terceiro trimestre.

Já a parcela recebida em ações embute um risco de mercado. Embora os bancos possam vender os papéis desde já, dificilmente o farão: cada papel foi subscrito por eles a um preço de R$ 1,33, muito mais alto que o preço de tela, que desabou para R$ 0,14 na quinta-feira, com a entrada em circulação das ações objeto da conversão. A valorização vai depender do desempenho da companhia daqui em diante.

Nem todos os credores têm a mesma visão. Muitos venderam seus papéis na própria quinta-feira, 15, quando terminou o prazo de impedimento de venda, o que derrubou a ação em 57,58%. “Não estou falando necessariamente dos bancos, mas há credores das mais diversas naturezas, que não necessariamente são investidores de longo prazo do mercado de capitais. Há pessoas que só querem fazer sua recuperação e ir embora”, disse à Coluna a CFO da Americanas, Camille Faria.

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Bradesco tem a maior fatia

O maior acionista entre os bancos é o Bradesco, que ficou com 10% do capital da Americanas. Em seguida, vêm BTG Pactual e Santander, com 7% cada. Os três bancos converteram suas dívidas integralmente. Logo após vêm o Safra, com 4%, o BB, o Itaú e a Caixa Econômica Federal, que também tem 1% do total. Faria diz que esses são sócios minoritários como quaisquer outros e que eles não têm ingerência sobre a operação da companhia. Os membros do Conselho de Administração indicados por eles, segundo ela, são independentes.

A Americanas recebeu uma capitalização de R$ 24 bilhões, metade vinda dos credores e outra metade, do trio de acionistas de referência, formado por Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira. Os três elevaram a oferta de capitalização após pressão dos bancos, que buscaram justamente aumentar a recuperação do crédito.

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O fim do impedimento de venda no mesmo dia de divulgação de resultados da varejista foi visto como uma infeliz coincidência por Faria. Para frente, ela não opina sobre a variação dos preços dos papéis, mas lembra que a quantidade de ações negociadas hoje é muito maior do que antes: “Isso depende da estratégia de cada credor, mas temos hoje cerca de 6 bilhões de ações recebidas pelos credores, que não têm lock-up. Se todo mundo quiser vender tudo, sim [a tendência de queda continua]. Se alguns quiserem segurar, não”, afirma.

Este texto foi publicado no Broadcast no dia 16/08/2024, às 16h51.

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Muitos credores venderam seus papéis na quinta-feira, 15, o que derrubou a ação da varejista em 57,58% Foto: Taba Benedicto /Estadão - 18/01/2023

No leilão no qual os credores da Americanas concederam descontos nas dívidas em troca de prazo menor para receber os valores, os bancos que participaram do processo optaram por receber parte dos valores com desconto maior, mas em prazo mais curto. Fez parte desse processo apenas uma parte dos débitos, já que, segundo o Plano de Recuperação Judicial, outra parcela seria convertida em ações e uma terceira em debêntures.

Foram os casos do Itaú Unibanco e do Banco do Brasil, que optaram por entrar no leilão reverso através do qual a Americanas pagou parte das dívidas à vista, com um desconto sobre o valor original. Desta forma, o montante que a empresa devia a esses dois bancos caiu. Eles também receberam ações, mas em escala menor.

Na parte acionária, com a capitalização da companhia, feita pelos acionistas de referência e pela conversão de dívidas de credores, somado os bônus de subscrição, 49,5% das ações ficam com acionistas de referência e 48,1% das ações ficam com credores, o que deixou 2,4% para minoritários.

O Itaú ficou com 1% do capital da varejista, segundo apurou a Coluna. O BB ficou com 3%, e repassou essa fatia a um fundo. Ou seja: não se tornou acionista da Americanas de forma direta. Essa é uma estratégia comum em casos em que credores financeiros acabam se tornando acionistas das companhias, justamente para reduzir a exposição dos balanços aos ativos que passam a deter.

Razão de ser

A opção por receber à vista, mesmo com o desconto, tem razão de ser. Ao entrarem no leilão feito pela Americanas, os bancos garantiram o recebimento dos valores e podem reverter o montante equivalente nas provisões que fizeram, o que aparece nos balanços a depender da estrutura de provisionamento de cada um. No caso da Americanas, os efeitos devem aparecer nos balanços dos bancos referentes ao terceiro trimestre.

Já a parcela recebida em ações embute um risco de mercado. Embora os bancos possam vender os papéis desde já, dificilmente o farão: cada papel foi subscrito por eles a um preço de R$ 1,33, muito mais alto que o preço de tela, que desabou para R$ 0,14 na quinta-feira, com a entrada em circulação das ações objeto da conversão. A valorização vai depender do desempenho da companhia daqui em diante.

Nem todos os credores têm a mesma visão. Muitos venderam seus papéis na própria quinta-feira, 15, quando terminou o prazo de impedimento de venda, o que derrubou a ação em 57,58%. “Não estou falando necessariamente dos bancos, mas há credores das mais diversas naturezas, que não necessariamente são investidores de longo prazo do mercado de capitais. Há pessoas que só querem fazer sua recuperação e ir embora”, disse à Coluna a CFO da Americanas, Camille Faria.

Bradesco tem a maior fatia

O maior acionista entre os bancos é o Bradesco, que ficou com 10% do capital da Americanas. Em seguida, vêm BTG Pactual e Santander, com 7% cada. Os três bancos converteram suas dívidas integralmente. Logo após vêm o Safra, com 4%, o BB, o Itaú e a Caixa Econômica Federal, que também tem 1% do total. Faria diz que esses são sócios minoritários como quaisquer outros e que eles não têm ingerência sobre a operação da companhia. Os membros do Conselho de Administração indicados por eles, segundo ela, são independentes.

A Americanas recebeu uma capitalização de R$ 24 bilhões, metade vinda dos credores e outra metade, do trio de acionistas de referência, formado por Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira. Os três elevaram a oferta de capitalização após pressão dos bancos, que buscaram justamente aumentar a recuperação do crédito.

O fim do impedimento de venda no mesmo dia de divulgação de resultados da varejista foi visto como uma infeliz coincidência por Faria. Para frente, ela não opina sobre a variação dos preços dos papéis, mas lembra que a quantidade de ações negociadas hoje é muito maior do que antes: “Isso depende da estratégia de cada credor, mas temos hoje cerca de 6 bilhões de ações recebidas pelos credores, que não têm lock-up. Se todo mundo quiser vender tudo, sim [a tendência de queda continua]. Se alguns quiserem segurar, não”, afirma.

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No leilão no qual os credores da Americanas concederam descontos nas dívidas em troca de prazo menor para receber os valores, os bancos que participaram do processo optaram por receber parte dos valores com desconto maior, mas em prazo mais curto. Fez parte desse processo apenas uma parte dos débitos, já que, segundo o Plano de Recuperação Judicial, outra parcela seria convertida em ações e uma terceira em debêntures.

Foram os casos do Itaú Unibanco e do Banco do Brasil, que optaram por entrar no leilão reverso através do qual a Americanas pagou parte das dívidas à vista, com um desconto sobre o valor original. Desta forma, o montante que a empresa devia a esses dois bancos caiu. Eles também receberam ações, mas em escala menor.

Na parte acionária, com a capitalização da companhia, feita pelos acionistas de referência e pela conversão de dívidas de credores, somado os bônus de subscrição, 49,5% das ações ficam com acionistas de referência e 48,1% das ações ficam com credores, o que deixou 2,4% para minoritários.

O Itaú ficou com 1% do capital da varejista, segundo apurou a Coluna. O BB ficou com 3%, e repassou essa fatia a um fundo. Ou seja: não se tornou acionista da Americanas de forma direta. Essa é uma estratégia comum em casos em que credores financeiros acabam se tornando acionistas das companhias, justamente para reduzir a exposição dos balanços aos ativos que passam a deter.

Razão de ser

A opção por receber à vista, mesmo com o desconto, tem razão de ser. Ao entrarem no leilão feito pela Americanas, os bancos garantiram o recebimento dos valores e podem reverter o montante equivalente nas provisões que fizeram, o que aparece nos balanços a depender da estrutura de provisionamento de cada um. No caso da Americanas, os efeitos devem aparecer nos balanços dos bancos referentes ao terceiro trimestre.

Já a parcela recebida em ações embute um risco de mercado. Embora os bancos possam vender os papéis desde já, dificilmente o farão: cada papel foi subscrito por eles a um preço de R$ 1,33, muito mais alto que o preço de tela, que desabou para R$ 0,14 na quinta-feira, com a entrada em circulação das ações objeto da conversão. A valorização vai depender do desempenho da companhia daqui em diante.

Nem todos os credores têm a mesma visão. Muitos venderam seus papéis na própria quinta-feira, 15, quando terminou o prazo de impedimento de venda, o que derrubou a ação em 57,58%. “Não estou falando necessariamente dos bancos, mas há credores das mais diversas naturezas, que não necessariamente são investidores de longo prazo do mercado de capitais. Há pessoas que só querem fazer sua recuperação e ir embora”, disse à Coluna a CFO da Americanas, Camille Faria.

Bradesco tem a maior fatia

O maior acionista entre os bancos é o Bradesco, que ficou com 10% do capital da Americanas. Em seguida, vêm BTG Pactual e Santander, com 7% cada. Os três bancos converteram suas dívidas integralmente. Logo após vêm o Safra, com 4%, o BB, o Itaú e a Caixa Econômica Federal, que também tem 1% do total. Faria diz que esses são sócios minoritários como quaisquer outros e que eles não têm ingerência sobre a operação da companhia. Os membros do Conselho de Administração indicados por eles, segundo ela, são independentes.

A Americanas recebeu uma capitalização de R$ 24 bilhões, metade vinda dos credores e outra metade, do trio de acionistas de referência, formado por Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira. Os três elevaram a oferta de capitalização após pressão dos bancos, que buscaram justamente aumentar a recuperação do crédito.

O fim do impedimento de venda no mesmo dia de divulgação de resultados da varejista foi visto como uma infeliz coincidência por Faria. Para frente, ela não opina sobre a variação dos preços dos papéis, mas lembra que a quantidade de ações negociadas hoje é muito maior do que antes: “Isso depende da estratégia de cada credor, mas temos hoje cerca de 6 bilhões de ações recebidas pelos credores, que não têm lock-up. Se todo mundo quiser vender tudo, sim [a tendência de queda continua]. Se alguns quiserem segurar, não”, afirma.

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Na parte acionária, com a capitalização da companhia, feita pelos acionistas de referência e pela conversão de dívidas de credores, somado os bônus de subscrição, 49,5% das ações ficam com acionistas de referência e 48,1% das ações ficam com credores, o que deixou 2,4% para minoritários.

O Itaú ficou com 1% do capital da varejista, segundo apurou a Coluna. O BB ficou com 3%, e repassou essa fatia a um fundo. Ou seja: não se tornou acionista da Americanas de forma direta. Essa é uma estratégia comum em casos em que credores financeiros acabam se tornando acionistas das companhias, justamente para reduzir a exposição dos balanços aos ativos que passam a deter.

Razão de ser

A opção por receber à vista, mesmo com o desconto, tem razão de ser. Ao entrarem no leilão feito pela Americanas, os bancos garantiram o recebimento dos valores e podem reverter o montante equivalente nas provisões que fizeram, o que aparece nos balanços a depender da estrutura de provisionamento de cada um. No caso da Americanas, os efeitos devem aparecer nos balanços dos bancos referentes ao terceiro trimestre.

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Bradesco tem a maior fatia

O maior acionista entre os bancos é o Bradesco, que ficou com 10% do capital da Americanas. Em seguida, vêm BTG Pactual e Santander, com 7% cada. Os três bancos converteram suas dívidas integralmente. Logo após vêm o Safra, com 4%, o BB, o Itaú e a Caixa Econômica Federal, que também tem 1% do total. Faria diz que esses são sócios minoritários como quaisquer outros e que eles não têm ingerência sobre a operação da companhia. Os membros do Conselho de Administração indicados por eles, segundo ela, são independentes.

A Americanas recebeu uma capitalização de R$ 24 bilhões, metade vinda dos credores e outra metade, do trio de acionistas de referência, formado por Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira. Os três elevaram a oferta de capitalização após pressão dos bancos, que buscaram justamente aumentar a recuperação do crédito.

O fim do impedimento de venda no mesmo dia de divulgação de resultados da varejista foi visto como uma infeliz coincidência por Faria. Para frente, ela não opina sobre a variação dos preços dos papéis, mas lembra que a quantidade de ações negociadas hoje é muito maior do que antes: “Isso depende da estratégia de cada credor, mas temos hoje cerca de 6 bilhões de ações recebidas pelos credores, que não têm lock-up. Se todo mundo quiser vender tudo, sim [a tendência de queda continua]. Se alguns quiserem segurar, não”, afirma.

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