Bastidores do mundo dos negócios

Bancos e demais credores se unem para negociar em bloco com Americanas


Grupo contratou o escritório Pinheiro Neto para conduzir as negociações para um acordo com a varejista e trabalhar no plano de recuperação

Por Cynthia Decloedt e Altamiro Silva Junior

Os bancos e detentores de títulos de dívida (debêntures) da Americanas contrataram o escritório Pinheiro Neto para conduzir as negociações, em bloco, para um acordo com Americanas e trabalhar no plano que será levado à Assembleia de Credores, sem data definida. O sócio Giuliano Colombo vai liderar os trabalhos. O plano de recuperação da empresa envolve uma capitalização dos principais acionistas da varejista - Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira. A expectativa é que esse assunto esteja resolvido até o fim de maio e envolva um aumento de capital na companhia.

Previsão é de aporte de R$ 12 bi na empresa

A proposta na mesa neste momento é de uma capitalização imediata de R$ 12 bilhões. Nesse total estão inclusos R$ 2 bilhões no formato DIP, empréstimo concedido para empresas em recuperação judicial, dos quais R$ 1 bilhão já chegou ao caixa da companhia.

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Proposta deve incluir trégua judicial

O acordo prevê ainda proibição de ações judiciais pelos credores contra os administradores e o trio de acionistas de referência. Também devem cessar as investigações paralelas, que alguns bancos vêm conduzindo, como o Bradesco, relacionadas a uma suposta fraude que levou a varejista à bancarrota.

Para entrar no acordo, o BTG Pactual está pressionando para que R$ 1,5 bilhão de seus créditos, de R$ 3,5 bilhões, contra Americanas deixem de ser quirografários, e fique de fora do cronograma de pagamento da recuperação judicial. Esse recurso corresponde ao montante que o BTG havia segurado da conta de risco sacado da Americanas antes do pedido de recuperação judicial e que virou um tema de disputa paralela na Justiça.

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As conversas estão em como esses recursos serão alocados dentro de Americanas e como será feito o aumento de capital, por meio de uma oferta de ações. Para que a operação esteja dentro das regras do mercado, as novas ações têm de ser oferecidas a outros acionistas e investidores.

Uma questão é se houver interesse de compra dos novos papéis por outros investidores, os acionistas de referência, que precisam manter 51% do capital da rede de varejo, poderiam ser diluídos.

Recuperação judicial da Americanas envolve dívidas de R$ 43 bilhões Foto: Taba Benedicto/Estadão
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Bancos querem evitar desgaste na imagem

Inicialmente os credores queriam uma capitalização de R$ 15 bilhões a R$ 18 bilhões, enquanto o trio de acionistas falava em R$ 6 bilhões. Embora ainda alguns queiram um montante maior, o valor está se acomodando em torno dos R$ 12 bilhões imediatos, porque os bancos não querem ficar com sua imagem desgastada, tendo em vista que suas gestoras colocaram dinheiro de terceiros - investidores - nos papéis da varejista.

A perda com Americanas está dada e agora é o momento de olhar para dentro e ver qual é a melhor estratégia. O custo para insistir nas investigações, que inclui outros países, é muito alto. Só um banco credor teve que pagar R$ 18 milhões para uma empresa fazer uma perícia, fora honorários de advogados no exterior.

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Credores pressionam para que varejista venda ativos

Por conta das negociações, os credores deram uma trégua de 30 dias para a rede de varejo, período em que não tomariam novas ações judiciais. Esse prazo deve ser prorrogado, por cada um dos bancos. Nas conversas, há uma pressão dos credores para que a Americanas venda ativos, mas não de forma discricionária. Os bancos não querem assinar carta branca. A companhia anunciou essa intenção, mas ainda não houve vendas. Procurado, o escritório Pinheiro Neto não comentou.

Esta coluna foi publicada no Broadcast no dia 28/04/2023, às 18h13

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Os bancos e detentores de títulos de dívida (debêntures) da Americanas contrataram o escritório Pinheiro Neto para conduzir as negociações, em bloco, para um acordo com Americanas e trabalhar no plano que será levado à Assembleia de Credores, sem data definida. O sócio Giuliano Colombo vai liderar os trabalhos. O plano de recuperação da empresa envolve uma capitalização dos principais acionistas da varejista - Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira. A expectativa é que esse assunto esteja resolvido até o fim de maio e envolva um aumento de capital na companhia.

Previsão é de aporte de R$ 12 bi na empresa

A proposta na mesa neste momento é de uma capitalização imediata de R$ 12 bilhões. Nesse total estão inclusos R$ 2 bilhões no formato DIP, empréstimo concedido para empresas em recuperação judicial, dos quais R$ 1 bilhão já chegou ao caixa da companhia.

Proposta deve incluir trégua judicial

O acordo prevê ainda proibição de ações judiciais pelos credores contra os administradores e o trio de acionistas de referência. Também devem cessar as investigações paralelas, que alguns bancos vêm conduzindo, como o Bradesco, relacionadas a uma suposta fraude que levou a varejista à bancarrota.

Para entrar no acordo, o BTG Pactual está pressionando para que R$ 1,5 bilhão de seus créditos, de R$ 3,5 bilhões, contra Americanas deixem de ser quirografários, e fique de fora do cronograma de pagamento da recuperação judicial. Esse recurso corresponde ao montante que o BTG havia segurado da conta de risco sacado da Americanas antes do pedido de recuperação judicial e que virou um tema de disputa paralela na Justiça.

As conversas estão em como esses recursos serão alocados dentro de Americanas e como será feito o aumento de capital, por meio de uma oferta de ações. Para que a operação esteja dentro das regras do mercado, as novas ações têm de ser oferecidas a outros acionistas e investidores.

Uma questão é se houver interesse de compra dos novos papéis por outros investidores, os acionistas de referência, que precisam manter 51% do capital da rede de varejo, poderiam ser diluídos.

Recuperação judicial da Americanas envolve dívidas de R$ 43 bilhões Foto: Taba Benedicto/Estadão

Bancos querem evitar desgaste na imagem

Inicialmente os credores queriam uma capitalização de R$ 15 bilhões a R$ 18 bilhões, enquanto o trio de acionistas falava em R$ 6 bilhões. Embora ainda alguns queiram um montante maior, o valor está se acomodando em torno dos R$ 12 bilhões imediatos, porque os bancos não querem ficar com sua imagem desgastada, tendo em vista que suas gestoras colocaram dinheiro de terceiros - investidores - nos papéis da varejista.

A perda com Americanas está dada e agora é o momento de olhar para dentro e ver qual é a melhor estratégia. O custo para insistir nas investigações, que inclui outros países, é muito alto. Só um banco credor teve que pagar R$ 18 milhões para uma empresa fazer uma perícia, fora honorários de advogados no exterior.

Credores pressionam para que varejista venda ativos

Por conta das negociações, os credores deram uma trégua de 30 dias para a rede de varejo, período em que não tomariam novas ações judiciais. Esse prazo deve ser prorrogado, por cada um dos bancos. Nas conversas, há uma pressão dos credores para que a Americanas venda ativos, mas não de forma discricionária. Os bancos não querem assinar carta branca. A companhia anunciou essa intenção, mas ainda não houve vendas. Procurado, o escritório Pinheiro Neto não comentou.

Esta coluna foi publicada no Broadcast no dia 28/04/2023, às 18h13

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Previsão é de aporte de R$ 12 bi na empresa

A proposta na mesa neste momento é de uma capitalização imediata de R$ 12 bilhões. Nesse total estão inclusos R$ 2 bilhões no formato DIP, empréstimo concedido para empresas em recuperação judicial, dos quais R$ 1 bilhão já chegou ao caixa da companhia.

Proposta deve incluir trégua judicial

O acordo prevê ainda proibição de ações judiciais pelos credores contra os administradores e o trio de acionistas de referência. Também devem cessar as investigações paralelas, que alguns bancos vêm conduzindo, como o Bradesco, relacionadas a uma suposta fraude que levou a varejista à bancarrota.

Para entrar no acordo, o BTG Pactual está pressionando para que R$ 1,5 bilhão de seus créditos, de R$ 3,5 bilhões, contra Americanas deixem de ser quirografários, e fique de fora do cronograma de pagamento da recuperação judicial. Esse recurso corresponde ao montante que o BTG havia segurado da conta de risco sacado da Americanas antes do pedido de recuperação judicial e que virou um tema de disputa paralela na Justiça.

As conversas estão em como esses recursos serão alocados dentro de Americanas e como será feito o aumento de capital, por meio de uma oferta de ações. Para que a operação esteja dentro das regras do mercado, as novas ações têm de ser oferecidas a outros acionistas e investidores.

Uma questão é se houver interesse de compra dos novos papéis por outros investidores, os acionistas de referência, que precisam manter 51% do capital da rede de varejo, poderiam ser diluídos.

Recuperação judicial da Americanas envolve dívidas de R$ 43 bilhões Foto: Taba Benedicto/Estadão

Bancos querem evitar desgaste na imagem

Inicialmente os credores queriam uma capitalização de R$ 15 bilhões a R$ 18 bilhões, enquanto o trio de acionistas falava em R$ 6 bilhões. Embora ainda alguns queiram um montante maior, o valor está se acomodando em torno dos R$ 12 bilhões imediatos, porque os bancos não querem ficar com sua imagem desgastada, tendo em vista que suas gestoras colocaram dinheiro de terceiros - investidores - nos papéis da varejista.

A perda com Americanas está dada e agora é o momento de olhar para dentro e ver qual é a melhor estratégia. O custo para insistir nas investigações, que inclui outros países, é muito alto. Só um banco credor teve que pagar R$ 18 milhões para uma empresa fazer uma perícia, fora honorários de advogados no exterior.

Credores pressionam para que varejista venda ativos

Por conta das negociações, os credores deram uma trégua de 30 dias para a rede de varejo, período em que não tomariam novas ações judiciais. Esse prazo deve ser prorrogado, por cada um dos bancos. Nas conversas, há uma pressão dos credores para que a Americanas venda ativos, mas não de forma discricionária. Os bancos não querem assinar carta branca. A companhia anunciou essa intenção, mas ainda não houve vendas. Procurado, o escritório Pinheiro Neto não comentou.

Esta coluna foi publicada no Broadcast no dia 28/04/2023, às 18h13

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