Bastidores do mundo dos negócios

Bancos preparam mais de R$ 20 bi em ofertas de ações até o fim de 2023


Mercado vê com otimismo ofertas de ações previstas para o segundo semestre

Por Cynthia Decloedt, Altamiro Silva Junior e Circe Bonatelli
Atualização:
Total captado pelas companhias por meio de ofertas subsequentes de ações desde janeiro soma R$ 22,6 bilhões Foto: Amanda Perobelli / Reuters

Depois de encostar no volume total captado durante todo o ano de 2022, o mercado olha com otimismo as perspectivas para as ofertas subsequentes de ações (follow-ons, em inglês) previstas para o segundo semestre. As projeções são de que até o final do ano pelo menos mais R$ 20 bilhões sejam ofertados, elevando para algo entre R$ 40 bilhões e R$ 50 bilhões o volume de transações de empresas já listadas na bolsa.

O pano de fundo é a continuidade do fluxo de notícias positivas, com a elevação nesta quarta-feira do rating soberano do Brasil pela Fitch, o avanço das reformas e a expectativa pelo corte nos juros, com o primeiro previsto para a reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) na semana que vem, dias 1 e 2 de agosto.

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Após as ofertas subsequentes bilionárias de MRV e Vamos, a Viveo prepara um follow-on que pode chegar a R$ 1,4 bilhão para o primeiro dia de agosto. A Copel, empresa de energia elétrica do Paraná, faz uma oferta que pode chegar a R$ 5 bilhões na semana seguinte, com definição de preço marcada para 8 de agosto.

Maior parte das ofertas deve ocorrer a partir de setembro

O mais provável é que o grosso das ofertas previstas para serem lançadas no segundo semestre comece em setembro, após as férias de verão no Hemisfério Norte, que esvazia as bolsas no exterior e, como consequência, aqui. Os comentários na Faria Lima são de que três grandes ofertas já estão sendo preparadas pelos bancos, da ordem de R$ 4 bilhões a R$ 5 bilhões cada.

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“É um número bastante factível”, diz o responsável pelo banco de investimento da XP, Vitor Saraiva, sobre a perspectiva de o volume de ofertas dobrar frente ao ano passado - excluindo a megaoferta da Eletrobras em junho de 2022.

O total captado pelas companhias por meio de follow-ons de janeiro até agora soma R$ 22,6 bilhões, sendo R$ 15,55 bilhões a partir de junho. Em 2022, as companhias levantaram R$ 24 bilhões, sem contar Eletrobras, que sozinha movimentou R$ 34 bilhões na oferta que privatizou a empresa.

Mercado mudou muito rápido, diz executivo

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“O mercado mudou muito rápido”, acrescentou o responsável pelo banco de investimentos do Bradesco, Felipe Thut. Segundo ele, dificilmente não haverá corte da taxa Selic no próximo mês e a queda de 1,5% nas taxas futuras de longo prazo é muito relevante para a demanda no mercado de ações. Tanto que as ofertas mais recentes saíram com preços pouco descontados, em meio a uma demanda bastante saudável, acrescenta Thut.

“O comportamento da bolsa mostra que os investidores locais e estrangeiros estão se reposicionando de forma consistente”, afirmou uma fonte da Faria Lima. Esta fonte observa que os estrangeiros entraram em bolsa em junho com cerca de R$ 5 bilhões, mesmo com a apreciação das ações. “O estrangeiro não realizou os lucros e foi embora, manteve sua aposta em Brasil, o que dá sinalização de que o segundo semestre continua construtivo. Não houve voo de galinha”, observou.

O investidor local, por sua vez, embora mais cauteloso, já está migrando posições das empresas mais tradicionais e líquidas. Thut, do Bradesco, acrescenta que nos follow-ons conduzidos até agora, os investidores locais ficaram, em média, com cerca de 60% das ações ofertadas.

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Endividamento alto levou empresas a captar na bolsa

Outros fatores que atraem algumas empresas para a captação via bolsa é o fato de estarem com suas métricas de alavancagem - relação entre dívida e Ebitda - próximas do limite que desejam. Então, para não comprometer esse número, a opção é recorrer às ofertas de ações. Ebitda é a sigla em inglês para “lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização”, uma medida da capacidade de geração de caixa de uma companhia.

Conta também o custo de captação com emissão de títulos de dívida, como debêntures, ainda alto comparativamente a anos anteriores. Na bolsa, mesmo com a valorização recente, os papéis ainda estão relativamente baratos. Na realidade, isso é um desestímulo para as empresas que não gostam de vender ações a preços baixos. Mas não é verdade para todos os setores. Sempre há motivações relacionadas às necessidades dos negócios que podem levar os empresários a enxergar sentido nessas operações.

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O setor de construção já teve duas ofertas subsequentes de ações e pode vir mais por aí. A MRV levantou R$ 1 bilhão para pagamento das dívidas e redução das despesas com juros, enquanto a Direcional atraiu investimentos de R$ 430 milhões para reforçar o crescimento. Outras empresas do setor consideram a possibilidade de abrir captações, como é o caso da Plano & Plano. O dinheiro aí seria usado para aumentar o volume de negócios. MRV, Direcional e Plano & Plano atuam dentro do Minha Casa Minha Vida, que passou por ajustes recentes facilitando o acesso à compra de imóveis.

Esta nota foi publicada no Broadcast no dia 26/07/23, às 12h42.

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Total captado pelas companhias por meio de ofertas subsequentes de ações desde janeiro soma R$ 22,6 bilhões Foto: Amanda Perobelli / Reuters

Depois de encostar no volume total captado durante todo o ano de 2022, o mercado olha com otimismo as perspectivas para as ofertas subsequentes de ações (follow-ons, em inglês) previstas para o segundo semestre. As projeções são de que até o final do ano pelo menos mais R$ 20 bilhões sejam ofertados, elevando para algo entre R$ 40 bilhões e R$ 50 bilhões o volume de transações de empresas já listadas na bolsa.

O pano de fundo é a continuidade do fluxo de notícias positivas, com a elevação nesta quarta-feira do rating soberano do Brasil pela Fitch, o avanço das reformas e a expectativa pelo corte nos juros, com o primeiro previsto para a reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) na semana que vem, dias 1 e 2 de agosto.

Após as ofertas subsequentes bilionárias de MRV e Vamos, a Viveo prepara um follow-on que pode chegar a R$ 1,4 bilhão para o primeiro dia de agosto. A Copel, empresa de energia elétrica do Paraná, faz uma oferta que pode chegar a R$ 5 bilhões na semana seguinte, com definição de preço marcada para 8 de agosto.

Maior parte das ofertas deve ocorrer a partir de setembro

O mais provável é que o grosso das ofertas previstas para serem lançadas no segundo semestre comece em setembro, após as férias de verão no Hemisfério Norte, que esvazia as bolsas no exterior e, como consequência, aqui. Os comentários na Faria Lima são de que três grandes ofertas já estão sendo preparadas pelos bancos, da ordem de R$ 4 bilhões a R$ 5 bilhões cada.

“É um número bastante factível”, diz o responsável pelo banco de investimento da XP, Vitor Saraiva, sobre a perspectiva de o volume de ofertas dobrar frente ao ano passado - excluindo a megaoferta da Eletrobras em junho de 2022.

O total captado pelas companhias por meio de follow-ons de janeiro até agora soma R$ 22,6 bilhões, sendo R$ 15,55 bilhões a partir de junho. Em 2022, as companhias levantaram R$ 24 bilhões, sem contar Eletrobras, que sozinha movimentou R$ 34 bilhões na oferta que privatizou a empresa.

Mercado mudou muito rápido, diz executivo

“O mercado mudou muito rápido”, acrescentou o responsável pelo banco de investimentos do Bradesco, Felipe Thut. Segundo ele, dificilmente não haverá corte da taxa Selic no próximo mês e a queda de 1,5% nas taxas futuras de longo prazo é muito relevante para a demanda no mercado de ações. Tanto que as ofertas mais recentes saíram com preços pouco descontados, em meio a uma demanda bastante saudável, acrescenta Thut.

“O comportamento da bolsa mostra que os investidores locais e estrangeiros estão se reposicionando de forma consistente”, afirmou uma fonte da Faria Lima. Esta fonte observa que os estrangeiros entraram em bolsa em junho com cerca de R$ 5 bilhões, mesmo com a apreciação das ações. “O estrangeiro não realizou os lucros e foi embora, manteve sua aposta em Brasil, o que dá sinalização de que o segundo semestre continua construtivo. Não houve voo de galinha”, observou.

O investidor local, por sua vez, embora mais cauteloso, já está migrando posições das empresas mais tradicionais e líquidas. Thut, do Bradesco, acrescenta que nos follow-ons conduzidos até agora, os investidores locais ficaram, em média, com cerca de 60% das ações ofertadas.

Endividamento alto levou empresas a captar na bolsa

Outros fatores que atraem algumas empresas para a captação via bolsa é o fato de estarem com suas métricas de alavancagem - relação entre dívida e Ebitda - próximas do limite que desejam. Então, para não comprometer esse número, a opção é recorrer às ofertas de ações. Ebitda é a sigla em inglês para “lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização”, uma medida da capacidade de geração de caixa de uma companhia.

Conta também o custo de captação com emissão de títulos de dívida, como debêntures, ainda alto comparativamente a anos anteriores. Na bolsa, mesmo com a valorização recente, os papéis ainda estão relativamente baratos. Na realidade, isso é um desestímulo para as empresas que não gostam de vender ações a preços baixos. Mas não é verdade para todos os setores. Sempre há motivações relacionadas às necessidades dos negócios que podem levar os empresários a enxergar sentido nessas operações.

O setor de construção já teve duas ofertas subsequentes de ações e pode vir mais por aí. A MRV levantou R$ 1 bilhão para pagamento das dívidas e redução das despesas com juros, enquanto a Direcional atraiu investimentos de R$ 430 milhões para reforçar o crescimento. Outras empresas do setor consideram a possibilidade de abrir captações, como é o caso da Plano & Plano. O dinheiro aí seria usado para aumentar o volume de negócios. MRV, Direcional e Plano & Plano atuam dentro do Minha Casa Minha Vida, que passou por ajustes recentes facilitando o acesso à compra de imóveis.

Esta nota foi publicada no Broadcast no dia 26/07/23, às 12h42.

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Total captado pelas companhias por meio de ofertas subsequentes de ações desde janeiro soma R$ 22,6 bilhões Foto: Amanda Perobelli / Reuters

Depois de encostar no volume total captado durante todo o ano de 2022, o mercado olha com otimismo as perspectivas para as ofertas subsequentes de ações (follow-ons, em inglês) previstas para o segundo semestre. As projeções são de que até o final do ano pelo menos mais R$ 20 bilhões sejam ofertados, elevando para algo entre R$ 40 bilhões e R$ 50 bilhões o volume de transações de empresas já listadas na bolsa.

O pano de fundo é a continuidade do fluxo de notícias positivas, com a elevação nesta quarta-feira do rating soberano do Brasil pela Fitch, o avanço das reformas e a expectativa pelo corte nos juros, com o primeiro previsto para a reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) na semana que vem, dias 1 e 2 de agosto.

Após as ofertas subsequentes bilionárias de MRV e Vamos, a Viveo prepara um follow-on que pode chegar a R$ 1,4 bilhão para o primeiro dia de agosto. A Copel, empresa de energia elétrica do Paraná, faz uma oferta que pode chegar a R$ 5 bilhões na semana seguinte, com definição de preço marcada para 8 de agosto.

Maior parte das ofertas deve ocorrer a partir de setembro

O mais provável é que o grosso das ofertas previstas para serem lançadas no segundo semestre comece em setembro, após as férias de verão no Hemisfério Norte, que esvazia as bolsas no exterior e, como consequência, aqui. Os comentários na Faria Lima são de que três grandes ofertas já estão sendo preparadas pelos bancos, da ordem de R$ 4 bilhões a R$ 5 bilhões cada.

“É um número bastante factível”, diz o responsável pelo banco de investimento da XP, Vitor Saraiva, sobre a perspectiva de o volume de ofertas dobrar frente ao ano passado - excluindo a megaoferta da Eletrobras em junho de 2022.

O total captado pelas companhias por meio de follow-ons de janeiro até agora soma R$ 22,6 bilhões, sendo R$ 15,55 bilhões a partir de junho. Em 2022, as companhias levantaram R$ 24 bilhões, sem contar Eletrobras, que sozinha movimentou R$ 34 bilhões na oferta que privatizou a empresa.

Mercado mudou muito rápido, diz executivo

“O mercado mudou muito rápido”, acrescentou o responsável pelo banco de investimentos do Bradesco, Felipe Thut. Segundo ele, dificilmente não haverá corte da taxa Selic no próximo mês e a queda de 1,5% nas taxas futuras de longo prazo é muito relevante para a demanda no mercado de ações. Tanto que as ofertas mais recentes saíram com preços pouco descontados, em meio a uma demanda bastante saudável, acrescenta Thut.

“O comportamento da bolsa mostra que os investidores locais e estrangeiros estão se reposicionando de forma consistente”, afirmou uma fonte da Faria Lima. Esta fonte observa que os estrangeiros entraram em bolsa em junho com cerca de R$ 5 bilhões, mesmo com a apreciação das ações. “O estrangeiro não realizou os lucros e foi embora, manteve sua aposta em Brasil, o que dá sinalização de que o segundo semestre continua construtivo. Não houve voo de galinha”, observou.

O investidor local, por sua vez, embora mais cauteloso, já está migrando posições das empresas mais tradicionais e líquidas. Thut, do Bradesco, acrescenta que nos follow-ons conduzidos até agora, os investidores locais ficaram, em média, com cerca de 60% das ações ofertadas.

Endividamento alto levou empresas a captar na bolsa

Outros fatores que atraem algumas empresas para a captação via bolsa é o fato de estarem com suas métricas de alavancagem - relação entre dívida e Ebitda - próximas do limite que desejam. Então, para não comprometer esse número, a opção é recorrer às ofertas de ações. Ebitda é a sigla em inglês para “lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização”, uma medida da capacidade de geração de caixa de uma companhia.

Conta também o custo de captação com emissão de títulos de dívida, como debêntures, ainda alto comparativamente a anos anteriores. Na bolsa, mesmo com a valorização recente, os papéis ainda estão relativamente baratos. Na realidade, isso é um desestímulo para as empresas que não gostam de vender ações a preços baixos. Mas não é verdade para todos os setores. Sempre há motivações relacionadas às necessidades dos negócios que podem levar os empresários a enxergar sentido nessas operações.

O setor de construção já teve duas ofertas subsequentes de ações e pode vir mais por aí. A MRV levantou R$ 1 bilhão para pagamento das dívidas e redução das despesas com juros, enquanto a Direcional atraiu investimentos de R$ 430 milhões para reforçar o crescimento. Outras empresas do setor consideram a possibilidade de abrir captações, como é o caso da Plano & Plano. O dinheiro aí seria usado para aumentar o volume de negócios. MRV, Direcional e Plano & Plano atuam dentro do Minha Casa Minha Vida, que passou por ajustes recentes facilitando o acesso à compra de imóveis.

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