Bastidores do mundo dos negócios

Risco de novo crédito pesa na avaliação dos bancos sobre compra da Braskem


Bancos credores da Novonor conversam com J&F e preferem pagamento à vista pela petroquímica, que já conta com duas outras ofertas

Por Cynthia Decloedt
Bancos credores - Bradesco, Itaú Unibanco, Santander, Banco do Brasil e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) - têm R$ 15 bilhões a receber da Novonor, antiga Odebrecht e proprietária da Braskem Foto: HELCIO NAGAMINE / ESTADAO CONTEUDO

Os bancos credores da Novonor têm tido conversas com os interessados nas ações que eles detêm da Braskem, incluindo a J&F, que ainda não formalizou uma proposta. O interesse da holding dos irmãos Batista, donos da gigante de proteínas JBS, se estende desde que a petroquímica foi colocada à venda, mas não ao mesmo preço dos demais interessados. A conversa em torno de preço seria para o pagamento da fatia da ex-Odebrecht à vista. Mas para ter os recursos em mãos de uma única vez, os bancos teriam de aceitar um desconto em relação aos níveis que as ações têm operado na Bolsa, ao redor de R$ 30,00, impulsionadas pelas ofertas que se tornaram públicas feitas por Apollo/Adnoc e Unipar, de R$ 47,00 e R$ 36,50 por ação, respectivamente. A J&F tem demonstrado que o interesse maior em entrar na disputa pela fatia de 38,3% do capital total da Braskem está a um valor mais próximo de R$ 20,00 e abaixo de R$ 30 por ação. Considerando a média de R$ 25,00 por ação, a oferta ficaria em torno de R$ 7,6 bilhões, em uma conta simples.

A avaliação dos bancos é a de que a ideia de receber o valor à vista é bastante atraente, pois evitaria que concedessem crédito aos outros dois atuais interessados. As propostas de aquisição da gestora norte-americana Apollo e da petroleira de Abu Dabhi Adnoc, assim como da petroquímica brasileira Unipar, envolvem parte do pagamento por meio de troca de dívida. O pagamento à vista evitaria que os bancos ficassem novamente expostos a um risco de crédito, relacionado à Braskem.

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“Quão mais simples for a proposta, mais atraente ela será, mas sabemos que temos um ativo de valor em mãos, assim como os interessados sabem disso”, disse o executivo de uma das instituições credoras. Ao contrário do ano passado, os esforços da Novonor e dos bancos para a venda da Braskem são agora bastante claros.

Oferta da J&F seria inferior, mas teria pagamento à vista

Em grandes números, a oferta da J&F seria inferior às feitas pelas duas outras interessadas, mas os pagamentos das concorrentes não são à vista, tem desconto e componente de financiamento. No caso da Apollo, uma parte do pagamento ainda está relacionada ao desempenho da Braskem. A análise das ofertas, embora complexa, se resume naquela que proporcione maior recuperação dos R$ 15 bilhões que um grupo de bancos - Bradesco, Itaú Unibanco, Santander, Banco do Brasil e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) - emprestaram para a então Odebrecht .

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Nas propostas da Apollo/Adnoc e da Unipar, a avaliação do desconto no valor de sua dívida se relaciona com a estrutura do empréstimo prevista pelos bancos credores ao comprador, incluindo obviamente o juro. Em uma compra financiada por eles, os bancos citam ainda preferência por empresas com relevante solidez financeira. No caso da J&F, a vantagem seria também a interlocução mais fluida com o atual governo, que controla a Petrobras e tem se posicionado por continuar na Braskem.

Apollo/Adnoc deixam circular que sua proposta por toda a Braskem poderia alcançar R$ 37 bilhões, mas além da incerteza sobre a possibilidade da Petrobras vender sua fatia, está a baixa probabilidade de o atual governo deixar que a gigante petroquímica vá para as mãos de um estrangeiro. A oferta da Unipar resulta em R$ 10 bilhões por quase a totalidade da fatia da Novonor, que ficaria com uma participação mínima na Braskem. Mas se comprar as ações dos minoritários, terá de desembolsar quase o dobro, segundo analistas. No mercado, há muitas dúvidas sobre a capacidade de a Unipar, uma empresa comparativamente pequena, se financiar sozinha nessa operação.

Procuradas, a Novonor e a J&F não comentaram.

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Esta nota foi publicada no Broadcast no dia 29/06/23, às 16h.

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Bancos credores - Bradesco, Itaú Unibanco, Santander, Banco do Brasil e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) - têm R$ 15 bilhões a receber da Novonor, antiga Odebrecht e proprietária da Braskem Foto: HELCIO NAGAMINE / ESTADAO CONTEUDO

Os bancos credores da Novonor têm tido conversas com os interessados nas ações que eles detêm da Braskem, incluindo a J&F, que ainda não formalizou uma proposta. O interesse da holding dos irmãos Batista, donos da gigante de proteínas JBS, se estende desde que a petroquímica foi colocada à venda, mas não ao mesmo preço dos demais interessados. A conversa em torno de preço seria para o pagamento da fatia da ex-Odebrecht à vista. Mas para ter os recursos em mãos de uma única vez, os bancos teriam de aceitar um desconto em relação aos níveis que as ações têm operado na Bolsa, ao redor de R$ 30,00, impulsionadas pelas ofertas que se tornaram públicas feitas por Apollo/Adnoc e Unipar, de R$ 47,00 e R$ 36,50 por ação, respectivamente. A J&F tem demonstrado que o interesse maior em entrar na disputa pela fatia de 38,3% do capital total da Braskem está a um valor mais próximo de R$ 20,00 e abaixo de R$ 30 por ação. Considerando a média de R$ 25,00 por ação, a oferta ficaria em torno de R$ 7,6 bilhões, em uma conta simples.

A avaliação dos bancos é a de que a ideia de receber o valor à vista é bastante atraente, pois evitaria que concedessem crédito aos outros dois atuais interessados. As propostas de aquisição da gestora norte-americana Apollo e da petroleira de Abu Dabhi Adnoc, assim como da petroquímica brasileira Unipar, envolvem parte do pagamento por meio de troca de dívida. O pagamento à vista evitaria que os bancos ficassem novamente expostos a um risco de crédito, relacionado à Braskem.

“Quão mais simples for a proposta, mais atraente ela será, mas sabemos que temos um ativo de valor em mãos, assim como os interessados sabem disso”, disse o executivo de uma das instituições credoras. Ao contrário do ano passado, os esforços da Novonor e dos bancos para a venda da Braskem são agora bastante claros.

Oferta da J&F seria inferior, mas teria pagamento à vista

Em grandes números, a oferta da J&F seria inferior às feitas pelas duas outras interessadas, mas os pagamentos das concorrentes não são à vista, tem desconto e componente de financiamento. No caso da Apollo, uma parte do pagamento ainda está relacionada ao desempenho da Braskem. A análise das ofertas, embora complexa, se resume naquela que proporcione maior recuperação dos R$ 15 bilhões que um grupo de bancos - Bradesco, Itaú Unibanco, Santander, Banco do Brasil e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) - emprestaram para a então Odebrecht .

Nas propostas da Apollo/Adnoc e da Unipar, a avaliação do desconto no valor de sua dívida se relaciona com a estrutura do empréstimo prevista pelos bancos credores ao comprador, incluindo obviamente o juro. Em uma compra financiada por eles, os bancos citam ainda preferência por empresas com relevante solidez financeira. No caso da J&F, a vantagem seria também a interlocução mais fluida com o atual governo, que controla a Petrobras e tem se posicionado por continuar na Braskem.

Apollo/Adnoc deixam circular que sua proposta por toda a Braskem poderia alcançar R$ 37 bilhões, mas além da incerteza sobre a possibilidade da Petrobras vender sua fatia, está a baixa probabilidade de o atual governo deixar que a gigante petroquímica vá para as mãos de um estrangeiro. A oferta da Unipar resulta em R$ 10 bilhões por quase a totalidade da fatia da Novonor, que ficaria com uma participação mínima na Braskem. Mas se comprar as ações dos minoritários, terá de desembolsar quase o dobro, segundo analistas. No mercado, há muitas dúvidas sobre a capacidade de a Unipar, uma empresa comparativamente pequena, se financiar sozinha nessa operação.

Procuradas, a Novonor e a J&F não comentaram.

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Os bancos credores da Novonor têm tido conversas com os interessados nas ações que eles detêm da Braskem, incluindo a J&F, que ainda não formalizou uma proposta. O interesse da holding dos irmãos Batista, donos da gigante de proteínas JBS, se estende desde que a petroquímica foi colocada à venda, mas não ao mesmo preço dos demais interessados. A conversa em torno de preço seria para o pagamento da fatia da ex-Odebrecht à vista. Mas para ter os recursos em mãos de uma única vez, os bancos teriam de aceitar um desconto em relação aos níveis que as ações têm operado na Bolsa, ao redor de R$ 30,00, impulsionadas pelas ofertas que se tornaram públicas feitas por Apollo/Adnoc e Unipar, de R$ 47,00 e R$ 36,50 por ação, respectivamente. A J&F tem demonstrado que o interesse maior em entrar na disputa pela fatia de 38,3% do capital total da Braskem está a um valor mais próximo de R$ 20,00 e abaixo de R$ 30 por ação. Considerando a média de R$ 25,00 por ação, a oferta ficaria em torno de R$ 7,6 bilhões, em uma conta simples.

A avaliação dos bancos é a de que a ideia de receber o valor à vista é bastante atraente, pois evitaria que concedessem crédito aos outros dois atuais interessados. As propostas de aquisição da gestora norte-americana Apollo e da petroleira de Abu Dabhi Adnoc, assim como da petroquímica brasileira Unipar, envolvem parte do pagamento por meio de troca de dívida. O pagamento à vista evitaria que os bancos ficassem novamente expostos a um risco de crédito, relacionado à Braskem.

“Quão mais simples for a proposta, mais atraente ela será, mas sabemos que temos um ativo de valor em mãos, assim como os interessados sabem disso”, disse o executivo de uma das instituições credoras. Ao contrário do ano passado, os esforços da Novonor e dos bancos para a venda da Braskem são agora bastante claros.

Oferta da J&F seria inferior, mas teria pagamento à vista

Em grandes números, a oferta da J&F seria inferior às feitas pelas duas outras interessadas, mas os pagamentos das concorrentes não são à vista, tem desconto e componente de financiamento. No caso da Apollo, uma parte do pagamento ainda está relacionada ao desempenho da Braskem. A análise das ofertas, embora complexa, se resume naquela que proporcione maior recuperação dos R$ 15 bilhões que um grupo de bancos - Bradesco, Itaú Unibanco, Santander, Banco do Brasil e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) - emprestaram para a então Odebrecht .

Nas propostas da Apollo/Adnoc e da Unipar, a avaliação do desconto no valor de sua dívida se relaciona com a estrutura do empréstimo prevista pelos bancos credores ao comprador, incluindo obviamente o juro. Em uma compra financiada por eles, os bancos citam ainda preferência por empresas com relevante solidez financeira. No caso da J&F, a vantagem seria também a interlocução mais fluida com o atual governo, que controla a Petrobras e tem se posicionado por continuar na Braskem.

Apollo/Adnoc deixam circular que sua proposta por toda a Braskem poderia alcançar R$ 37 bilhões, mas além da incerteza sobre a possibilidade da Petrobras vender sua fatia, está a baixa probabilidade de o atual governo deixar que a gigante petroquímica vá para as mãos de um estrangeiro. A oferta da Unipar resulta em R$ 10 bilhões por quase a totalidade da fatia da Novonor, que ficaria com uma participação mínima na Braskem. Mas se comprar as ações dos minoritários, terá de desembolsar quase o dobro, segundo analistas. No mercado, há muitas dúvidas sobre a capacidade de a Unipar, uma empresa comparativamente pequena, se financiar sozinha nessa operação.

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